terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Muito se fala que Jesus é amor, mas que amor seria esse?

 


Muito se fala que Jesus é amor, mas que amor seria esse?

Não é suficiente falarmos de amor, de bem e de moral descolados das lógicas que os sustentam.

A ideologia monoteísta cristã é essencialmente violenta, pois para se provar que ama o suposto único deus verdadeiro, é preciso que não se possa adorar outros deuses. Aliás, orienta-se que estes sejam combatidos e odiados, como acontece no racismo religioso.

O deus monoteísta é monogâmico, diz sentir ciúme e ira quando seu povo adora outros deuses (I Corintios, 10:22).

Sim, Jesus é amor, mas amor a quem se converte à sua ideologia, pois "quem não crer já está condenado ao inferno" (João 3:18).

É mesmo uma escolha livre ser monoteísta cristão quando se é proibido, ameaçado e punido o adorar a outros deuses? É a mesma lógica na monogamia.

Por que os milagres de multiplicação dos pães e da cura das doenças atingiram poucas pessoas e não toda a humanidade?

Sendo deus onipotente, ele teria condições de fazê-lo, então porque não fez?

Aí que entra o livre-arbítrio e a culpa. Se alguém não alcança a cura de suas doenças ou não tem sua fome sanada, é porque lhe faltou fé.

A lógica capitalista empresta do cristianismo a meritocracia. Em ambos sistemas apenas alguns mereciam ter direito a alimentação, moradia, saúde.

A ideologia cristã condiciona suas bênçãos apenas a quem a ela se converte (e olhe lá). Por isso mesmo tendo poder para tal, dentro dessa filosofia, Jesus não acabou com a fome nem com as doenças de todos, apenas daqueles que se "arrependessem".

A lógica do milagre e da exceção fecha bem com o vestibular celeste de Cristo: muitos seriam chamados, mas apenas poucos escolhidos para as disputadas vagas no Reino dos céus.

Nesse sentido, o mundo não precisa de mais amor, não se for esse amor cristão. Quanto menos desse amor, melhor.

Que o bem viver seja coletivo e o acesso ao mínimo não seja condicionado a mérito nenhum.

Não temos que pagar uma dívida inventada para nos causar culpa e auto ódio.

Nem tudo de bom, nem de mal, que nos acontece merecemos, nem tudo tem um motivo e não há para todas as coisas do mundo um propósito humanoterraplanista.

Para nos libertarmos da culpa precisamos nos libertar do mérito. 

Geni Núñez


Fonte:  https://www.instagram.com/p/CXhdp7RrE9J/




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Muito se fala que Jesus é amor, mas que amor seria esse?

 


Muito se fala que Jesus é amor, mas que amor seria esse?

Não é suficiente falarmos de amor, de bem e de moral descolados das lógicas que os sustentam.

A ideologia monoteísta cristã é essencialmente violenta, pois para se provar que ama o suposto único deus verdadeiro, é preciso que não se possa adorar outros deuses. Aliás, orienta-se que estes sejam combatidos e odiados, como acontece no racismo religioso.

O deus monoteísta é monogâmico, diz sentir ciúme e ira quando seu povo adora outros deuses (I Corintios, 10:22).

Sim, Jesus é amor, mas amor a quem se converte à sua ideologia, pois "quem não crer já está condenado ao inferno" (João 3:18).

É mesmo uma escolha livre ser monoteísta cristão quando se é proibido, ameaçado e punido o adorar a outros deuses? É a mesma lógica na monogamia.

Por que os milagres de multiplicação dos pães e da cura das doenças atingiram poucas pessoas e não toda a humanidade?

Sendo deus onipotente, ele teria condições de fazê-lo, então porque não fez?

Aí que entra o livre-arbítrio e a culpa. Se alguém não alcança a cura de suas doenças ou não tem sua fome sanada, é porque lhe faltou fé.

A lógica capitalista empresta do cristianismo a meritocracia. Em ambos sistemas apenas alguns mereciam ter direito a alimentação, moradia, saúde.

A ideologia cristã condiciona suas bênçãos apenas a quem a ela se converte (e olhe lá). Por isso mesmo tendo poder para tal, dentro dessa filosofia, Jesus não acabou com a fome nem com as doenças de todos, apenas daqueles que se "arrependessem".

A lógica do milagre e da exceção fecha bem com o vestibular celeste de Cristo: muitos seriam chamados, mas apenas poucos escolhidos para as disputadas vagas no Reino dos céus.

Nesse sentido, o mundo não precisa de mais amor, não se for esse amor cristão. Quanto menos desse amor, melhor.

Que o bem viver seja coletivo e o acesso ao mínimo não seja condicionado a mérito nenhum.

Não temos que pagar uma dívida inventada para nos causar culpa e auto ódio.

Nem tudo de bom, nem de mal, que nos acontece merecemos, nem tudo tem um motivo e não há para todas as coisas do mundo um propósito humanoterraplanista.

Para nos libertarmos da culpa precisamos nos libertar do mérito. 

Geni Núñez


Fonte:  https://www.instagram.com/p/CXhdp7RrE9J/