sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Guiados pela Verdade

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
João 8:32

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.”
João 14:6

“Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.”
João 16:13

Ainda meditando a respeito da Verdade, como podemos saber se estamos sendo ou não guiados por ela?
Na atualidade, nos dizemos cristãos, colocamos adesivos em nossos carros, vestimos camisetas e fazemos marchas com o nome de Cristo. Porém, nada disso é evidência de que somos guiados pela Verdade.
Uma vez que desejamos ser libertos...

Não somos guiados pela verdade...
Quando tratamos como inimigo a quem devemos amar.
Quando acusamos no secreto e aplaudimos em público.
Quando pedimos e buscamos honra e glória para nós mesmos.
Quando buscamos tirar vantagem em toda e qualquer situação.
Quando usamos títulos (ainda que ‘cristãos’) para nos promover.
Quando usamos o nome de Deus, de Sua obra e de Seu Reino em benefício próprio.
Quando culpamos o outro por nossas decisões e atitudes.
Quando nossa oferta é um peso e traz contenda entre nós.
Quando usamos a Palavra e o nome de Deus uns contra os outros.
Quando assumimos compromissos guiados por emoção, sem calcularmos o real preço a ser pago.
Quando, em vez de nos alegrarmos com a conquista que o outro alcançou, procuramos o que podemos ganhar com isso.
Quando não enxergamos que as coisas de maior valor não podem ser compradas com dinheiro.

Mas, como podemos saber se estamos sendo guiados pela Verdade?
A verdade é Cristo. Portanto, somente aquilo que o próprio Jesus falaria ou faria pode ser considerado viver na Verdade.
Assim...

Somos guiados pela Verdade...
Quando decidimos amar incondicionalmente.
Quando abençoamos sem cobranças.
Quando buscamos a glória e a honra de Deus, não a nossa.
Quando tratamos os outros como superiores a nós mesmos, independentemente de quem sejam (veja Filipenses 2:5-11).
Quando não julgamos por aparência.
Quando entendemos que santidade é marcada, fundamentalmente, no interior da pessoa, e não em seu exterior.
Quando não ferimos com palavras.
Quando somente assumimos compromissos pelos quais iremos zelar.
Quando não fazemos as coisas para as pessoas, mas como para o Senhor.
Quando nos responsabilizamos por nossas decisões e atitudes.
Quando defendemos o outro em vez de expô-lo.
Quando servimos o outro sem esperar reconhecimento.
Quando perdoamos e ‘damos a outra face’ nas situações em que somos feridos.
Quando recusamos receber ofertas, glória, títulos e honra que só a Deus pertence.
Quando preferimos viver com pouco com o objetivo de repartir com quem precisa.
Quando ofertamos somente de coração voluntário, isto é, sem esperar mérito ou reconhecimento.
Quando buscamos a Palavra de Deus para sermos transformados.
Quando só usamos o nome de Deus no que está claro em Sua Palavra.
Quando permitimos que o outro seja abençoado sem que necessitemos aparecer.
Quando temos a mesma atitude no particular e no público.
Quando finalmente entendemos na prática que as coisas de maior valor não podem ser compradas com dinheiro.

Sermos guiados pela Verdade é viver como Jesus, falar como Jesus e buscar somente o que Ele buscaria.
A obra do Espírito Santo em nós é nos tornar parecidos com o Senhor Jesus, que é a Verdade! Eis o maior desafio para nós, cristãos...
Uma vida guiada pela Verdade não pensa na própria reputação, não busca os próprios interesses. O verdadeiro discernimento que vem do Espírito de Deus nos torna pessoas capazes de decidir com firmeza em favor do outro, e sermos fieis até a morte em nossas decisões – como Cristo fez.
Nossa vida de oração precisa resultar em atitudes responsáveis a fim de deixarmos de ser vítimas das circunstâncias para assumirmos nosso papel de abençoar a todos os que nos cercam ou estão ao nosso alcance.
Como Jesus, guiados pela Verdade, podemos olhar nos olhos de todo e qualquer ser humano e enxergar nele uma vida pela qual Jesus Cristo morreu – e nisso não há diferença entre homem e mulher, escravo ou livre (veja Gálatas 3:28).
É tempo de nos arrependermos de nossa vida vivida somente em função de nós mesmos.
Quando a honra é direcionada somente a Deus, sem reservas, quando a bênção é entregue ao próximo sem peso nem acusação, quando nosso trabalho e esforço não se restringe ao acúmulo de bens nem ao conforto pessoal, mas é direcionado para o serviço ao próximo, podemos seguir em frente, e crescermos nisso, a fim de continuarmos sendo guiados pela Verdade.
Você deseja ser guiado pela Verdade?



Angela Natel

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Batman X Superman – o drama da mãe em comum



E lá vamos nós assistir ao filme que tem dado o que falar há muito tempo. Spoilers à parte, a crítica já tinha previsto um desastre de bilheteria, e os quadrinhos prepararam para o que iríamos ver.
Acabei me apaixonando pelo vilão – como de costume – muito bem delineado, com diálogos brilhantes e muito Nietzsche por detrás.
Mas a polarização de forças chamou a atenção de qualquer maneira, mostrando uma manipulação ferrenha que bem poderia ser chamada de República Federativa do Brasil.
Sim, eu vou falar de política, bem como de teologia.
O Filme Batman X Superman é um retrato bem colocado de nossa situação. No fim das contas há os que torcem para o de vermelho e os demais, porém tudo muito bem arquitetado por alguém por debaixo dos panos (que não aparenta torcer para ninguém além dele mesmo).
E o que me assusta mais, nessa situação, é o ódio ferrenho que observo nos ataques verbais aparentemente justificados. Até parece que a teologia tem se reduzido a uma posição política, uma vez que quem decide se posicionar como lhe é de direito, mas não concorda com boa parte do grupo, é automaticamente lançado na fogueira da inquisição hipócrita que assola os que se esquecem que nossa salvação não se relaciona de forma alguma com o posicionamento político que assumimos. Não, não se relaciona. Aliás, se fôssemos realmente analisar, a anarquia é a forma que mais se adequaria aos interesses do Reino de Deus – diga-se de passagem.
Mas por aí vai: uns gritam para matar o de vermelho, outros querem uma solução sobrenatural (como se Deus vestisse a camisa de algum partido ou juiz humano), outros ainda só querem ver o circo pegar fogo – ops, não tem Coringa nessa história.
E, de repente, o inesperado acontece: o nome da mãe do Batman é Martha – assim como o nome da mãe (adotiva) do Superman!
Sim, esse foi o turning point da história: temos, afinal, a mesma mãe!
E, simples assim, a história muda de rumo, de foco, de intensidade até. Aliás, foi só depois disso que a Mulher Maravilha decide ajudar – ah, a esperteza das mulheres!
Então, penso que parte da solução para nossos óculos turvos da hipocrisia, da desumanidade em nossos argumentos e da falta de senso ao não permitir a livre expressão do outro encontra-se na conscientização de que temos, afinal, os mesmos progenitores – somos todos filhos de Eva – a nossa Martha - e por isso nosso inimigo é comum.
Não nos cabe, portanto, jogar a primeira pedra, como se fôssemos os reis da cocada preta.
Não nos cabe argumentar com o outro sem levarmos em conta que nossa posição diante de Deus é a mesma, e que nenhum posicionamento político é capaz de melhorar nossa condição de pecadores.
Não nos cabe reduzir o bem ou o mal a uma cor – não, o diabo não veste vermelho – nem um acerto definir uma única pessoa como salvadora da pátria.
Ao lembrarmos de nossa mãe Eva em comum, nos conscientizemos de que o mundo não é polarizado em duas vertentes, mas que todos estamos sujeitos a uma manipulação que nos carregaria ao precipício da destruição mútua.
Só espero que o arrependimento e a mudança de conduta para com quem pensa diferente não aconteça num ponto em que estragos maiores já tenham sido feitos. Nesse caso, toda uma vida de bom testemunho pode ser jogada fora quando o discurso político se torna mais importante que os valores do Reino de Deus – e digo isso no sentido de evitarmos condenar alguém por causa de sua posição política – ou apenas condenar, já que esta não é uma tarefa que nos cabe.
Todos possuem o direito à livre expressão de pensamento, e o direito de não ser condenado por isso. Negar esse direito é desumanizar o outro, endeusar-se a si mesmo e colocar-se acima da lei.
Temos a mesma mãe, olhemos para o inimigo comum: o que poda nosso direito de compartilhar o solo de nossa pátria com liberdade.
Ofensas e discurso de ódio e condenação apenas revelam nosso ímpeto em atirar a primeira pedra, sem levarmos em conta o Único que tem o direito de fazê-lo: Cristo.

Angela Natel

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Há quase 11 anos livre do descaso e dos maus tratos.


Há quase 11 anos livre do descaso e dos maus tratos.
Há quase 7 anos livre legalmente de todo laço que poderia me subjugar.

Ainda há os que pensam que foi uma situação simples, passageira... que há "esperança".
Esperança para voltar a ser agredida psicológica e fisicamente?
Não, obrigada.
Perdoar pelas agressões não significa se submeter novamente aos caprichos do agressor.

Só Deus sabe o que passei.
Por isso, celebro esses 7 anos de liberdade para uma nova vida, e a chance de poder trabalhar e viver feliz e realizada.
Triste é ainda ter que aguentar a perseguição do ex. Triste é perceber pessoas queridas 'tentando ajudar', mantendo contato com o ex, como se ele não tivesse cometido crime algum.

Celebro hoje minha liberdade de não mais ser submetida a maus tratos físicos e psicológicos.
Apenas peço que se reflita no quanto alguém tem condições de dar palpites baseado no que desconhece.
De toda e qualquer maneira, sou contra a violência doméstica, porque por experiência, sei que a vida humana vale mais que um casamento de fachada.

Angela Natel


terça-feira, 27 de novembro de 2018

Aceita que dói menos?


* Você perderá todo e qualquer benefício porque não se pode ter dois pesos e duas medidas, já que não é possível beneficiar a todos, entretanto essa regra não vale quando outra pessoa com posição considerada mais importante for beneficiada em detrimento de outros.

* Um professor deve ser processado caso o aluno ou seus responsáveis entendam que houve algum tipo de assédio ideológico, entretanto essa regra não vale quando um líder religioso diz que os membros de sua comunidade devem votar em determinada pessoa ou partido.

* Você deve ficar à mercê do que as pessoas supõem a seu respeito, entretanto essa regra não vale para quem se considera mais adulto ou responsável que você.

Angela Natel

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Três dias seguidos de lágrimas

Três dias seguidos de lágrimas
Fazia tempo que isso não me acontecia.
Realidade do esquecimento
Da dor, do desentendimento.

Foram palavras duras que ouvi
Pessoas que amo que me esqueceram
Algumas com quem contei, que me desapontaram
E ainda outras que insistem em me ignorar.

De repente vejo quem resiste à repreensão
Divulga ser alguém que não é.
Ouço profetas defendendo o que Cristo não defenderia
Paráfrase mal feita da verdade.

Lágrimas pela solidão
Ansiosa por liberdade
Dessa maldade sentida na pele
Que vem de dentro e de fora.

Lágrimas de tristeza
Dor n’alma que não cessa
Pela necessidade não suprida
Pelas desculpas que sobejam.

Lágrimas de desapontamento
Por não ter sido compreendida
Por ver quem vai ensinar se recusando a aprender
E o desperdício de uma jornada perceber.

Angela Natel

domingo, 25 de novembro de 2018

Quero firmar meu passo ao lado de quem me ama.

Quero firmar meu passo ao lado de quem me ama.
Olhar mais nos olhos de quem não tem vergonha de mim.
Perceber as lições de vida de quem me aguenta em meio à dor.
E sentir-me mais parte do mundo daquele que não foge de meus monstros interiores.


Quero ouvir com atenção as palavras de quem me diz a verdade,
e caminhar ao lado dos que me estendem a mão e não me ignoram.
Abraçar os que não perdem a paciência com meus limites
e passar mais tempo ajudando quem, de fato, reconhece sua necessidade.


Quero me dedicar a quem não me trata com desprezo,
e conversar um bom tempo com quem nem sempre quer ter razão.
E assim viver muito bem cada momento
trazendo em tempo a esperança ao coração.


Angela Natel 

sábado, 24 de novembro de 2018

Descredo



Não creio no deus que criou apenas aquilo que considero santo e bom, deus limitado e explicável por sua criação.
Não creio no deus que precisa ser apaziguado para comigo se relacionar, limitado em seu poder de acordo com a vontade e ação humana, que depende da oração para intervir, que não pode fazer algo se um crente não der o primeiro passo.
Não creio no deus que só está onde é louvado, cuja presença depende do ambiente, do preparo, da ação e reação humana, deus que depende de mim, de minha semeadura, daquilo que faço ou deixo de fazer para que possa agir.
Não creio no deus cujo conhecimento é limitado àquilo que lhe confesso.

Não creio no cristo que não se identifica com o ser humano, que faz questão de estar sempre por cima.
Nem no cristo que me serve, que está 24h/dia disposto a realizar meus sonhos e desejos, a conceder todos os desígnios do meu coração.
Não creio no cristo que não incomoda o sistema político por dizer que seu Reino não é deste mundo, que defende e exalta patriotismo e nacionalidade, um cristo cuja pátria está aqui na terra, que serve à minha ideologia política, que é slogan de candidato, nem no cristo que toma partido a fim de respaldar poder de uns sobre os outros, que compactua com violência e exploração.
Não creio no cristo que prefere matar a morrer, que não dá a outra face, que se cansa de perdoar, no cristo que julga pela aparência, que é rápido em denunciar, que não ouve antes de falar, o cristo sem cruz, que foge do sofrimento, que defende seus direitos e vive de triunfalismo.
Não creio no cristo que não contraria as picuinhas religiosas e moralistas dos crentes, que se preocupa com a moral e os bons costumes, nem naquele que atenta em provar a si mesmo diante das pessoas. Nem no cristo que não vê humanidade em toda e qualquer pessoa, que demoniza gente, que quer saber cada detalhe da biografia do caído no caminho para saber se vale a pena socorrê-lo, que dá voz e microfone a demônio, que exclui pessoas e vem para condenar.
Não creio no cristo que privilegia denominações e detentores da Ortodoxia para conceder seu favor, que só trabalha com quem segue uma cartilha, uma caixinha denominacional, nem no cristo que permanece morto, deixando nas mãos daqueles que dizem levar seu nome toda a responsabilidade de sua vontade na terra, o cristo ausente e inerte na missão, ou preso às nossas estratégias e programações.
Não creio no cristo da desesperança, da condenação, do medo, da chantagem, que barganha salvação, que vende benção e prosperidade, que troca favores por uma hora, um evento, uma noite de oração.
Não creio no cristo que tem medo das pessoas em vez de amá-las, que nos deixou ao “deus dará”, que nos dá carta branca para dizer qualquer asneira em seu nome, nem no que justifica clubes com nomes de igrejas e organizações cristãs, no cristo que é demonstrado por elas.
Não creio no cristo cuja história ignoro, cujos fatos faço questão de não conhecer, no cristo a respeito de quem só ouço falar.
Não creio no cristo que convive pacificamente com Mamom, que precisa de dinheiro, que põe preço em sua criação, que dá e recebe dinheiro num sistema de perdas e lucro, que forma juízes e não discípulos, que envergonha os pobres e privilegia os ricos.
Não creio que ficaremos impunes por seguir e adorar estes falsos cristos.

Não creio no espírito que muitos chamam “santo”, que mais parece uma energia impessoal, cujo objetivo é atrair a atenção para espetáculos pirotécnicos de poder e ilusão.
Não creio na santidade da igreja instituição, nem na falsa unidade por ela apregoada a fim de manter aparências. Não creio que alguma linha teológica específica, doutrina ou denominação seja dona da patente da graça de Deus.
Não creio que nenhum sistema econômico ou linha política sejam exclusivos como marca registrada de quem é seguidor de Jesus Cristo.
Não creio que haja perdão quando o Espírito de Deus é blasfemado entre aqueles que se dizem seus.
Por isso, não creio que sairemos ilesos do julgamento que nos espera.
Porque nenhuma vida além da vida de Deus é eterna.
Não creio que, para nossa salvação e santificação, devemos crer em nada além do que está exposto no verdadeiro Credo Apostólico.

 Angela Natel e Dalva Del Vigna
22 e 24/11/2018

Morrendo


Morrer é ser esquecido
Partir definitivamente
Ainda que respirando
Desaparecer.

Às vezes sinto-me morrendo
Sendo esquecida
Apagada da mente
E do coração.

Pessoas com quem não tenho contato
Aqueles que me deixam no vácuo
Ou simplesmente ignoram
Sem nenhuma reação.

Há os que prontamente respondem,
Demonstram preocupação.
Porém logo silenciam
Como se nada tivesse acontecido.

Ainda há os que me fizeram promessas,
Falam de amor
Porém não possibilitam uma conversa saudável
Sem acusações.

E finalmente aqueles
Para quem devo algo,
É como se por causa disso
Eu deixasse de existir.

Estou morta para os que me vêem
somente pelo que posso fazer,
Pelo que posso oferecer.
Para estes não existo.

Morro quando sou lembrada
Somente quando sou útil
E quando sou ignorada
Desapareci.

E ao compartilhar algo
Não vejo empatia
Apenas competição
Ou uma distorcida relação.

Assim vou morrendo aos poucos
Sendo esquecida
Sem lar aqui nem lá
Sou pó.

Angela Natel

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Confronto



Teus olhos revelam
Só incompreensão.
Confusa eu sinto
Tua reprovação.

Diariamente
Sou confrontada
Não te compadeces
Por ti sou calada.

Me acusas, me julgas,
E mostras meus erros.
Não me elogias,
Me viras do avesso.

Sem dó ou amor
Te encaro em minha dor.
Tortura é viver
Em companhia te ter.

Se eu pudesse, um dia,
Sozinha seguia
Mas tu me persegues
Sem mim não consegues.

Sou aprisionada
À tua visão.
Postura que amarga
A minha emoção.

Por isso eu busco
Me libertar.
Um dia, de um susto,
Irei te quebrar.

Com um soco, em tempo
Vou te estilhaçar,
Maldito espelho
A me revelar.

Angela Natel – 05/06/2016.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Verdade



Quando se quer a verdade
Corre-se riscos
De ser decepcionado
De se sentir ofendido
De surtar, morrer.

A verdade é um confronto de valores
Numa pessoa singular.
A verdade não são ideias, nem filosofia
É a pessoa de Cristo.

Por isso quando me exponho a Ele
Sou confrontada.
Minhas limitações borbulham.
Desejo forte de me esconder, de sumir.
Sou um caos.

Os amigos que me conhecem são poucos.
A família, que escolha tem?
Onde trabalho, sou um desafio.
Faço arte, faço tudo, faço nada,
Sou estabanada.

E quando a ansiedade, como ondas, me engole a seco
Sou inundada de amargo desespero.
Não meço palavras, o choro vem.
O que fazer?
Depois, a cada silêncio sinto-me apunhalada.
E quem não mede palavras mais machuca do que ensina.

A verdade?
Meu maior problema sou eu mesma.
Uma luta constante até o fim dos meus dias.
Uma realidade distorcida,
Emoções à flor da pele.
Cansaço, dor, insegurança.
Como viver nessa dança?

Angela Natel – 24/05/2016.

Guiados pela Verdade

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
João 8:32

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.”
João 14:6

“Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.”
João 16:13

Ainda meditando a respeito da Verdade, como podemos saber se estamos sendo ou não guiados por ela?
Na atualidade, nos dizemos cristãos, colocamos adesivos em nossos carros, vestimos camisetas e fazemos marchas com o nome de Cristo. Porém, nada disso é evidência de que somos guiados pela Verdade.
Uma vez que desejamos ser libertos...

Não somos guiados pela verdade...
Quando tratamos como inimigo a quem devemos amar.
Quando acusamos no secreto e aplaudimos em público.
Quando pedimos e buscamos honra e glória para nós mesmos.
Quando buscamos tirar vantagem em toda e qualquer situação.
Quando usamos títulos (ainda que ‘cristãos’) para nos promover.
Quando usamos o nome de Deus, de Sua obra e de Seu Reino em benefício próprio.
Quando culpamos o outro por nossas decisões e atitudes.
Quando nossa oferta é um peso e traz contenda entre nós.
Quando usamos a Palavra e o nome de Deus uns contra os outros.
Quando assumimos compromissos guiados por emoção, sem calcularmos o real preço a ser pago.
Quando, em vez de nos alegrarmos com a conquista que o outro alcançou, procuramos o que podemos ganhar com isso.
Quando não enxergamos que as coisas de maior valor não podem ser compradas com dinheiro.

Mas, como podemos saber se estamos sendo guiados pela Verdade?
A verdade é Cristo. Portanto, somente aquilo que o próprio Jesus falaria ou faria pode ser considerado viver na Verdade.
Assim...

Somos guiados pela Verdade...
Quando decidimos amar incondicionalmente.
Quando abençoamos sem cobranças.
Quando buscamos a glória e a honra de Deus, não a nossa.
Quando tratamos os outros como superiores a nós mesmos, independentemente de quem sejam (veja Filipenses 2:5-11).
Quando não julgamos por aparência.
Quando entendemos que santidade é marcada, fundamentalmente, no interior da pessoa, e não em seu exterior.
Quando não ferimos com palavras.
Quando somente assumimos compromissos pelos quais iremos zelar.
Quando não fazemos as coisas para as pessoas, mas como para o Senhor.
Quando nos responsabilizamos por nossas decisões e atitudes.
Quando defendemos o outro em vez de expô-lo.
Quando servimos o outro sem esperar reconhecimento.
Quando perdoamos e ‘damos a outra face’ nas situações em que somos feridos.
Quando recusamos receber ofertas, glória, títulos e honra que só a Deus pertence.
Quando preferimos viver com pouco com o objetivo de repartir com quem precisa.
Quando ofertamos somente de coração voluntário, isto é, sem esperar mérito ou reconhecimento.
Quando buscamos a Palavra de Deus para sermos transformados.
Quando só usamos o nome de Deus no que está claro em Sua Palavra.
Quando permitimos que o outro seja abençoado sem que necessitemos aparecer.
Quando temos a mesma atitude no particular e no público.
Quando finalmente entendemos na prática que as coisas de maior valor não podem ser compradas com dinheiro.

Sermos guiados pela Verdade é viver como Jesus, falar como Jesus e buscar somente o que Ele buscaria.
A obra do Espírito Santo em nós é nos tornar parecidos com o Senhor Jesus, que é a Verdade! Eis o maior desafio para nós, cristãos...
Uma vida guiada pela Verdade não pensa na própria reputação, não busca os próprios interesses. O verdadeiro discernimento que vem do Espírito de Deus nos torna pessoas capazes de decidir com firmeza em favor do outro, e sermos fieis até a morte em nossas decisões – como Cristo fez.
Nossa vida de oração precisa resultar em atitudes responsáveis a fim de deixarmos de ser vítimas das circunstâncias para assumirmos nosso papel de abençoar a todos os que nos cercam ou estão ao nosso alcance.
Como Jesus, guiados pela Verdade, podemos olhar nos olhos de todo e qualquer ser humano e enxergar nele uma vida pela qual Jesus Cristo morreu – e nisso não há diferença entre homem e mulher, escravo ou livre (veja Gálatas 3:28).
É tempo de nos arrependermos de nossa vida vivida somente em função de nós mesmos.
Quando a honra é direcionada somente a Deus, sem reservas, quando a bênção é entregue ao próximo sem peso nem acusação, quando nosso trabalho e esforço não se restringe ao acúmulo de bens nem ao conforto pessoal, mas é direcionado para o serviço ao próximo, podemos seguir em frente, e crescermos nisso, a fim de continuarmos sendo guiados pela Verdade.
Você deseja ser guiado pela Verdade?



Angela Natel

Batman X Superman – o drama da mãe em comum



E lá vamos nós assistir ao filme que tem dado o que falar há muito tempo. Spoilers à parte, a crítica já tinha previsto um desastre de bilheteria, e os quadrinhos prepararam para o que iríamos ver.
Acabei me apaixonando pelo vilão – como de costume – muito bem delineado, com diálogos brilhantes e muito Nietzsche por detrás.
Mas a polarização de forças chamou a atenção de qualquer maneira, mostrando uma manipulação ferrenha que bem poderia ser chamada de República Federativa do Brasil.
Sim, eu vou falar de política, bem como de teologia.
O Filme Batman X Superman é um retrato bem colocado de nossa situação. No fim das contas há os que torcem para o de vermelho e os demais, porém tudo muito bem arquitetado por alguém por debaixo dos panos (que não aparenta torcer para ninguém além dele mesmo).
E o que me assusta mais, nessa situação, é o ódio ferrenho que observo nos ataques verbais aparentemente justificados. Até parece que a teologia tem se reduzido a uma posição política, uma vez que quem decide se posicionar como lhe é de direito, mas não concorda com boa parte do grupo, é automaticamente lançado na fogueira da inquisição hipócrita que assola os que se esquecem que nossa salvação não se relaciona de forma alguma com o posicionamento político que assumimos. Não, não se relaciona. Aliás, se fôssemos realmente analisar, a anarquia é a forma que mais se adequaria aos interesses do Reino de Deus – diga-se de passagem.
Mas por aí vai: uns gritam para matar o de vermelho, outros querem uma solução sobrenatural (como se Deus vestisse a camisa de algum partido ou juiz humano), outros ainda só querem ver o circo pegar fogo – ops, não tem Coringa nessa história.
E, de repente, o inesperado acontece: o nome da mãe do Batman é Martha – assim como o nome da mãe (adotiva) do Superman!
Sim, esse foi o turning point da história: temos, afinal, a mesma mãe!
E, simples assim, a história muda de rumo, de foco, de intensidade até. Aliás, foi só depois disso que a Mulher Maravilha decide ajudar – ah, a esperteza das mulheres!
Então, penso que parte da solução para nossos óculos turvos da hipocrisia, da desumanidade em nossos argumentos e da falta de senso ao não permitir a livre expressão do outro encontra-se na conscientização de que temos, afinal, os mesmos progenitores – somos todos filhos de Eva – a nossa Martha - e por isso nosso inimigo é comum.
Não nos cabe, portanto, jogar a primeira pedra, como se fôssemos os reis da cocada preta.
Não nos cabe argumentar com o outro sem levarmos em conta que nossa posição diante de Deus é a mesma, e que nenhum posicionamento político é capaz de melhorar nossa condição de pecadores.
Não nos cabe reduzir o bem ou o mal a uma cor – não, o diabo não veste vermelho – nem um acerto definir uma única pessoa como salvadora da pátria.
Ao lembrarmos de nossa mãe Eva em comum, nos conscientizemos de que o mundo não é polarizado em duas vertentes, mas que todos estamos sujeitos a uma manipulação que nos carregaria ao precipício da destruição mútua.
Só espero que o arrependimento e a mudança de conduta para com quem pensa diferente não aconteça num ponto em que estragos maiores já tenham sido feitos. Nesse caso, toda uma vida de bom testemunho pode ser jogada fora quando o discurso político se torna mais importante que os valores do Reino de Deus – e digo isso no sentido de evitarmos condenar alguém por causa de sua posição política – ou apenas condenar, já que esta não é uma tarefa que nos cabe.
Todos possuem o direito à livre expressão de pensamento, e o direito de não ser condenado por isso. Negar esse direito é desumanizar o outro, endeusar-se a si mesmo e colocar-se acima da lei.
Temos a mesma mãe, olhemos para o inimigo comum: o que poda nosso direito de compartilhar o solo de nossa pátria com liberdade.
Ofensas e discurso de ódio e condenação apenas revelam nosso ímpeto em atirar a primeira pedra, sem levarmos em conta o Único que tem o direito de fazê-lo: Cristo.

Angela Natel

Há quase 11 anos livre do descaso e dos maus tratos.


Há quase 11 anos livre do descaso e dos maus tratos.
Há quase 7 anos livre legalmente de todo laço que poderia me subjugar.

Ainda há os que pensam que foi uma situação simples, passageira... que há "esperança".
Esperança para voltar a ser agredida psicológica e fisicamente?
Não, obrigada.
Perdoar pelas agressões não significa se submeter novamente aos caprichos do agressor.

Só Deus sabe o que passei.
Por isso, celebro esses 7 anos de liberdade para uma nova vida, e a chance de poder trabalhar e viver feliz e realizada.
Triste é ainda ter que aguentar a perseguição do ex. Triste é perceber pessoas queridas 'tentando ajudar', mantendo contato com o ex, como se ele não tivesse cometido crime algum.

Celebro hoje minha liberdade de não mais ser submetida a maus tratos físicos e psicológicos.
Apenas peço que se reflita no quanto alguém tem condições de dar palpites baseado no que desconhece.
De toda e qualquer maneira, sou contra a violência doméstica, porque por experiência, sei que a vida humana vale mais que um casamento de fachada.

Angela Natel


Aceita que dói menos?


* Você perderá todo e qualquer benefício porque não se pode ter dois pesos e duas medidas, já que não é possível beneficiar a todos, entretanto essa regra não vale quando outra pessoa com posição considerada mais importante for beneficiada em detrimento de outros.

* Um professor deve ser processado caso o aluno ou seus responsáveis entendam que houve algum tipo de assédio ideológico, entretanto essa regra não vale quando um líder religioso diz que os membros de sua comunidade devem votar em determinada pessoa ou partido.

* Você deve ficar à mercê do que as pessoas supõem a seu respeito, entretanto essa regra não vale para quem se considera mais adulto ou responsável que você.

Angela Natel

Três dias seguidos de lágrimas

Três dias seguidos de lágrimas
Fazia tempo que isso não me acontecia.
Realidade do esquecimento
Da dor, do desentendimento.

Foram palavras duras que ouvi
Pessoas que amo que me esqueceram
Algumas com quem contei, que me desapontaram
E ainda outras que insistem em me ignorar.

De repente vejo quem resiste à repreensão
Divulga ser alguém que não é.
Ouço profetas defendendo o que Cristo não defenderia
Paráfrase mal feita da verdade.

Lágrimas pela solidão
Ansiosa por liberdade
Dessa maldade sentida na pele
Que vem de dentro e de fora.

Lágrimas de tristeza
Dor n’alma que não cessa
Pela necessidade não suprida
Pelas desculpas que sobejam.

Lágrimas de desapontamento
Por não ter sido compreendida
Por ver quem vai ensinar se recusando a aprender
E o desperdício de uma jornada perceber.

Angela Natel

Quero firmar meu passo ao lado de quem me ama.

Quero firmar meu passo ao lado de quem me ama.
Olhar mais nos olhos de quem não tem vergonha de mim.
Perceber as lições de vida de quem me aguenta em meio à dor.
E sentir-me mais parte do mundo daquele que não foge de meus monstros interiores.


Quero ouvir com atenção as palavras de quem me diz a verdade,
e caminhar ao lado dos que me estendem a mão e não me ignoram.
Abraçar os que não perdem a paciência com meus limites
e passar mais tempo ajudando quem, de fato, reconhece sua necessidade.


Quero me dedicar a quem não me trata com desprezo,
e conversar um bom tempo com quem nem sempre quer ter razão.
E assim viver muito bem cada momento
trazendo em tempo a esperança ao coração.


Angela Natel 

Descredo



Não creio no deus que criou apenas aquilo que considero santo e bom, deus limitado e explicável por sua criação.
Não creio no deus que precisa ser apaziguado para comigo se relacionar, limitado em seu poder de acordo com a vontade e ação humana, que depende da oração para intervir, que não pode fazer algo se um crente não der o primeiro passo.
Não creio no deus que só está onde é louvado, cuja presença depende do ambiente, do preparo, da ação e reação humana, deus que depende de mim, de minha semeadura, daquilo que faço ou deixo de fazer para que possa agir.
Não creio no deus cujo conhecimento é limitado àquilo que lhe confesso.

Não creio no cristo que não se identifica com o ser humano, que faz questão de estar sempre por cima.
Nem no cristo que me serve, que está 24h/dia disposto a realizar meus sonhos e desejos, a conceder todos os desígnios do meu coração.
Não creio no cristo que não incomoda o sistema político por dizer que seu Reino não é deste mundo, que defende e exalta patriotismo e nacionalidade, um cristo cuja pátria está aqui na terra, que serve à minha ideologia política, que é slogan de candidato, nem no cristo que toma partido a fim de respaldar poder de uns sobre os outros, que compactua com violência e exploração.
Não creio no cristo que prefere matar a morrer, que não dá a outra face, que se cansa de perdoar, no cristo que julga pela aparência, que é rápido em denunciar, que não ouve antes de falar, o cristo sem cruz, que foge do sofrimento, que defende seus direitos e vive de triunfalismo.
Não creio no cristo que não contraria as picuinhas religiosas e moralistas dos crentes, que se preocupa com a moral e os bons costumes, nem naquele que atenta em provar a si mesmo diante das pessoas. Nem no cristo que não vê humanidade em toda e qualquer pessoa, que demoniza gente, que quer saber cada detalhe da biografia do caído no caminho para saber se vale a pena socorrê-lo, que dá voz e microfone a demônio, que exclui pessoas e vem para condenar.
Não creio no cristo que privilegia denominações e detentores da Ortodoxia para conceder seu favor, que só trabalha com quem segue uma cartilha, uma caixinha denominacional, nem no cristo que permanece morto, deixando nas mãos daqueles que dizem levar seu nome toda a responsabilidade de sua vontade na terra, o cristo ausente e inerte na missão, ou preso às nossas estratégias e programações.
Não creio no cristo da desesperança, da condenação, do medo, da chantagem, que barganha salvação, que vende benção e prosperidade, que troca favores por uma hora, um evento, uma noite de oração.
Não creio no cristo que tem medo das pessoas em vez de amá-las, que nos deixou ao “deus dará”, que nos dá carta branca para dizer qualquer asneira em seu nome, nem no que justifica clubes com nomes de igrejas e organizações cristãs, no cristo que é demonstrado por elas.
Não creio no cristo cuja história ignoro, cujos fatos faço questão de não conhecer, no cristo a respeito de quem só ouço falar.
Não creio no cristo que convive pacificamente com Mamom, que precisa de dinheiro, que põe preço em sua criação, que dá e recebe dinheiro num sistema de perdas e lucro, que forma juízes e não discípulos, que envergonha os pobres e privilegia os ricos.
Não creio que ficaremos impunes por seguir e adorar estes falsos cristos.

Não creio no espírito que muitos chamam “santo”, que mais parece uma energia impessoal, cujo objetivo é atrair a atenção para espetáculos pirotécnicos de poder e ilusão.
Não creio na santidade da igreja instituição, nem na falsa unidade por ela apregoada a fim de manter aparências. Não creio que alguma linha teológica específica, doutrina ou denominação seja dona da patente da graça de Deus.
Não creio que nenhum sistema econômico ou linha política sejam exclusivos como marca registrada de quem é seguidor de Jesus Cristo.
Não creio que haja perdão quando o Espírito de Deus é blasfemado entre aqueles que se dizem seus.
Por isso, não creio que sairemos ilesos do julgamento que nos espera.
Porque nenhuma vida além da vida de Deus é eterna.
Não creio que, para nossa salvação e santificação, devemos crer em nada além do que está exposto no verdadeiro Credo Apostólico.

 Angela Natel e Dalva Del Vigna
22 e 24/11/2018

Morrendo


Morrer é ser esquecido
Partir definitivamente
Ainda que respirando
Desaparecer.

Às vezes sinto-me morrendo
Sendo esquecida
Apagada da mente
E do coração.

Pessoas com quem não tenho contato
Aqueles que me deixam no vácuo
Ou simplesmente ignoram
Sem nenhuma reação.

Há os que prontamente respondem,
Demonstram preocupação.
Porém logo silenciam
Como se nada tivesse acontecido.

Ainda há os que me fizeram promessas,
Falam de amor
Porém não possibilitam uma conversa saudável
Sem acusações.

E finalmente aqueles
Para quem devo algo,
É como se por causa disso
Eu deixasse de existir.

Estou morta para os que me vêem
somente pelo que posso fazer,
Pelo que posso oferecer.
Para estes não existo.

Morro quando sou lembrada
Somente quando sou útil
E quando sou ignorada
Desapareci.

E ao compartilhar algo
Não vejo empatia
Apenas competição
Ou uma distorcida relação.

Assim vou morrendo aos poucos
Sendo esquecida
Sem lar aqui nem lá
Sou pó.

Angela Natel

Confronto



Teus olhos revelam
Só incompreensão.
Confusa eu sinto
Tua reprovação.

Diariamente
Sou confrontada
Não te compadeces
Por ti sou calada.

Me acusas, me julgas,
E mostras meus erros.
Não me elogias,
Me viras do avesso.

Sem dó ou amor
Te encaro em minha dor.
Tortura é viver
Em companhia te ter.

Se eu pudesse, um dia,
Sozinha seguia
Mas tu me persegues
Sem mim não consegues.

Sou aprisionada
À tua visão.
Postura que amarga
A minha emoção.

Por isso eu busco
Me libertar.
Um dia, de um susto,
Irei te quebrar.

Com um soco, em tempo
Vou te estilhaçar,
Maldito espelho
A me revelar.

Angela Natel – 05/06/2016.

Verdade



Quando se quer a verdade
Corre-se riscos
De ser decepcionado
De se sentir ofendido
De surtar, morrer.

A verdade é um confronto de valores
Numa pessoa singular.
A verdade não são ideias, nem filosofia
É a pessoa de Cristo.

Por isso quando me exponho a Ele
Sou confrontada.
Minhas limitações borbulham.
Desejo forte de me esconder, de sumir.
Sou um caos.

Os amigos que me conhecem são poucos.
A família, que escolha tem?
Onde trabalho, sou um desafio.
Faço arte, faço tudo, faço nada,
Sou estabanada.

E quando a ansiedade, como ondas, me engole a seco
Sou inundada de amargo desespero.
Não meço palavras, o choro vem.
O que fazer?
Depois, a cada silêncio sinto-me apunhalada.
E quem não mede palavras mais machuca do que ensina.

A verdade?
Meu maior problema sou eu mesma.
Uma luta constante até o fim dos meus dias.
Uma realidade distorcida,
Emoções à flor da pele.
Cansaço, dor, insegurança.
Como viver nessa dança?

Angela Natel – 24/05/2016.