domingo, 30 de setembro de 2018

Trago comigo um lenço de seda branco


Trago comigo um lenço de seda branco
E um par de brincos madrepérola
Deixo-me levar por onde o vento faz a curva
Até que a linha da minha vida se rompa.

Passo os olhos por debaixo da montanha
Cruzando as linhas que a cigana leu em mim
Busco a sombra que emudece a bruta noite
Porque ser mulher é bom.

Carregando em meu bolso os duros sonhos
Que construíram no universo um bem maior
Junto os cacos do que um dia foi usado
Numa história que escreveste a chorar.

E a jornada que meu lenço fez menção
Cegou-me o riso, calou meu sono,
Pintou a história, cortou a linha,
Um pesadelo que de tão duro me fez morrer.

Angela Natel – 06/11/2014

sábado, 29 de setembro de 2018

Amigo utilitário



Sinto nem sempre ser útil
e poder te ajudar.
Sinto quando preciso te dar algo
mas não sei nem de onde tirar.

Sinto porque muitas vezes me procuras
somente pelo que posso oferecer
sinto porque meu valor se resume
naquilo que te vou fazer.

Sinto, porque penso que amizade
não gira em torno de favores
sinto porque respeito e consideração
não dependem de penhores.

Sinto, pois não sirvo muitas vezes
Para o que querem e esperam de mim.
Sinto porque buscam e procuram
quem somente lhes diga 'sim'.

E neste mundo pragmático de meu Deus
permanece o mesmo cenário
dos que procuram no tempo e no espaço
em mim somente um amigo utilitário.

Angela Natel - 06/11/2014.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Sinto informar...



Sinto informar, mas frequentar um lugar não transforma a mente e o coração.
Sinto informar, mas sorrir prá mim não te torna meu irmão.
Sinto informar, mas matar a fome é muito mais do que repartir o pão.
Sinto informar, pera aí, não sinto, não.

Angela Natel

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Janela



Quero olhar pela janela e ver
tudo o que o mundo tem a me oferecer.
Quero olhar e ter aquela
sensação de livre ser.

Quero ter sempre à mão
mil e uma possibilidades.
Quero ver o meu irmão
transpor maiores dificuldades.

Olho e vejo muito além
do que aqueles que me condenam.
Posso crer e ver também
que ao condenar-me se alienam.

Mesmo sendo protegida
por aqueles que me amam
Não me sinto constrangida
de atender aos que a mim clamam.

Por isso sei que vou partir
e sempre pronta vou estar
Quero sem demora ir
prá onde Cristo me chamar.

Angela Natel – out/2014

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Causa perdida



Se fossem humanos
com a mesma intensidade
Com a qual exigem
minha humanidade,
Se me tratassem com o respeito
Que esperam que eu lhes trate
Se fossem tão dedicados em relação a mim
Quanto o trabalho que lhes dedico
E valorizassem o tempo
E o esforço investido
Se lessem os documentos que me pedem
Com tanto rigor e pressa
- e se leram, que prestassem atenção -
Às informações, e as respeitassem,
Se por acaso seguissem
Os prazos como querem que eu siga
E fossem tão rigorosos consigo mesmos
Como o são comigo
Em suas exigências e cobranças
Em suas expectativas
E sua tão famosa ‘humanidade’
- a mesma que não consigo enxergar –
Eu teria em mim as mais belas esperanças
De poder continuar
De acreditar em algo além do mercado
Além do nome, da fama, dos interesses.
Seria uma causa
pela qual lutar
Seria uma casa
 onde eu ainda desejaria morar.
Seria um serviço que,
não importasse o preço,
Eu me alegraria em realizar.

Angela Natel – 08/10/2014.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Pedidos:


Se me perguntares o que quero que me faças
Peço que me tires de dentro de mim
Que cancele a dívida que sempre me ameaça
Que toda acusação chegue ao seu fim.

Peço também que me compreenda e me aceites
Que me abrace nesta solidão.
Que nenhuma suposição a meu respeito se apresente
Sem que a verdade seja veiculada em primeira mão.

Quero ser livre em meu direito de escolher
E preservar as relações com meus irmãos
Quero viver sem medo e em paz morrer
Sem mais pesar nem repetir discursos vãos.

Quero agir em favor do outro sem nenhum retorno
Ser escritora, e com isso deixar um legado
Viver com pouco, repartir muito – seja meu adorno
Misericórdia e justiça – seja o meu brado.

O que desejo é não ser mais pressionada
A me casar e enquadrar-me no sistema
Quero ser, se for prá bem, só encontrada
por quem buscar o mesmo alvo sem nenhum dilema.

Que eu tenha sempre mais livros que sapatos
aprender sempre e, se possível, ensinar
libertar-me dos venenos dos boatos
e ir além que qualquer um possa imaginar.

Angela Natel – 06/10/2014.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Mal acostumada



Acho que fiquei mal acostumada:
Quando faço um favor, espero ouvir 'Obrigado'.

Acho que fiquei mal acostumada:
Quando me torno acessível, espero um amigo, não ser usada.

Me desculpe, acho que fiquei mal acostumada:
não desejo que usem o que publico contra mim, contra ninguém,
nem como desculpa para cobrar nada de quem quer que seja.

Acho que fiquei mal acostumada:
espero gentileza, educação, humanidade.
Esqueci que essas coisas há muito
não fazem mais parte da normalidade.

Me perdoe, acho que errei a porta, disquei o número errado,
e esperei compreensão, não ser por isso condenada.

Acho que fiquei mal acostumada,
e esperei ser tratada como pessoa, com dignidade.
Esperei receber pelo meu trabalho,
esperei não ser maltratada,
muito menos rotulada.

Me perdoe, ninguém tem culpa, nem responsabilidade.
Apenas eu, que fiquei mal acostumada.
Me perdoe as falsas expectativas, as cobranças, a rispidez.
Fiquei mal acostumada, foi estupidez.

Angela Natel - 05/09/2014

domingo, 23 de setembro de 2018

Livros



Os livros ajudam a reconstruir-me
Quando sou feita em pedaços.
Sou reconstruída a partir daqueles
Que já não são mais
Mas deixaram um legado.

Sou reconstruída sobre os que já não são
Cujas memórias remontam um tempo
que já não existe.
São pensamentos, vivências,
Experiências
De interioridade que os olhos não vão alcançar.

Interpretações da verdade,
Ideias e ideais
Permeadas de mística e religiosidade.
São críticas afiadas
Que me desafiam
A soltar as amarras de minha própria alma.

Livros me ajudam porque estabelecem uma ponte
Com aqueles cujo pensamento me atinge de longe.
Os reconheço
Trabalho com eles
E vivo cercada por tais testemunhas
que mesmo após a morte me ajudam
na reconstrução de minha própria identidade.

Sou reconstruída
A cada dia de uma maneira diferente
Pois são diversas as leituras
Infinitas as possibilidades,
Interpretações da verdade,
Do Deus que me molda,
Que justifica minha busca.

Livros, meu legado.
O que deixarei após minha morte
Partes de mim que compartilho a outros
Os mesmos pedaços que me reconstroem
Diariamente
E sob cujas páginas escondem tesouros
Da eternidade.

Angela Natel – 27/08/2014

sábado, 22 de setembro de 2018

Se quer me fazer uma pergunta


Sim, pergunte-me o que quiser,
não trago respostas,
lhe aponto o caminho.

Peça-me explicações
mas compreenda
que este é meu trabalho
de onde tiro meu sustento.

Não hesite em questionar
apenas preciso de tempo
para comer, dormir e descansar.

Leio muito, vivo a pesquisar
mas você também pode fazê-lo
não custa tentar.

Tenho muitas respostas
sim, não, não sei, talvez.
As mais longas
pagam as minhas contas do mês.

Por isso é difícil ser professora,
filosofar, ensinar, pesquisar.
O intervalo custa a chegar.

Porque não há tempo
e pode ser até ofensivo
deixar de ser o que faço
para ser quem realmente sou.

Angela Natel - 16/08/2014

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Segredo



Contei um segredo
Espalhou-se o medo.
Pedi por sigilo
Neon sobre o Nilo.

Apenas sussurro
Levanta-se o muro.
Falei sem medida
Confiança perdida.

Conversa privada
Tornou-se piada.
Apelo servil
Que me denegriu.

Mesmo ajudando
Em ovos pisando.
Hoje bem perto
Futuro incerto.

Promessa bendita
Já foi esquecida.
Do que me acusou
Foi ali que errou.

Angela Natel – 01/08/2014

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Choro



Me diz, meu Deus
Como é que se vive neste mundo
Porque acho que não sei mais.

Queria pintar, criar, produzir
Viver uma vida sem medo
Viver
Sem ser recriminada
Quando peço ajuda
Quando as coisas saem do controle.
Queria conseguir escrever
E terminar o que comecei.
Não fugir, mudar
Sem desistir,
Sem parar
No meio do caminho.
Me ensina a viver, Deus,
Porque acho que não sei mais.
Tremi minha voz
Não ensinei como devia,
Sufoquei minha dor
Por coisas que parecem nada
Para os outros são nada,
Mas são vida prá mim.
Não sei mais explicar
Não quero mais ir
Aos lugares que quis
Quero gritar
Não consigo pensar.
Sou verme,
Sou nada,
Um vento a soprar.
Transborda meu cálice
De lágrimas, pesar.
Me sinto culpada,
Intrusa onde moro,
Estorvo num canto
Tropeçam em mim.
Não sei prá onde ir,
Não quero ficar,
Tristeza sem fim
Um barco sem mar.

Angela Natel – 19/07/2014

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Questão de vida e morte

REVOLUTION (SECRET PROJECT) by MADONNA & STEVEN KLEIN (Legendado) from Rafael Froner on Vimeo.


No momento em que sentimentos contraditórios tomam conta da nação,
imersos em um mundo de guerra e opressão,
quem somos, pelo que lutamos
questões de vida e de morte.

Um time de futebol que perde o jogo
bandeiras, símbolos da pátria, queimadas pelo chão.
Uma nação que lança mísseis contra outra nação.
Pessoas queimadas vivas, guerra, destruição.

Brasil, Palestina, Israel, Venezuela.
Falta vida, falta, saúde, educação.
Falta paz, solidariedade nesta terra
Porém o que mais falta é amor pelo irmão.

Por isso levanto um clamor neste dia
que nosso interesse não conduza a oração
nem só Israel, nem só Brasil carrega nossa alegria
Somos gente, somos humanos, somos uma única nação.

Por isso deixo com este vídeo, um desafio.
Refletir e lutar pelo que vale a pena
uma revolução de amor que apague o pavio
perdão, vida e paz entrando em cena.

Angela Natel

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Enquanto leio...


Enquanto leio me reinvento,
aprendo,
percebo,
compreendo.
Vício bendito que me aproxima
do outro, de além.
Sou reconstruída,
admitida
num mundo de ninguém.

Angela Natel – 06/07/2014

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Ser gente



Me aproximo do animalesco nesta vida
Prá tentar me humanizar.
Sou tentada a largar a minha lida
No intento de um muro derrubar.

Perdão, segurança, liberdade.
Utopia de uma vida surreal.
Aprendendo com o que sofre de vaidade
Me rasgo inteira neste mundo desigual.

Pelo tempo que me gasto trabalhando
Sou questionada e tratada sem valor
Quando aviso que ao sair estou ajudando
Não entendem minha prova de amor.

Quando o erro vem do outro não se julga
A intenção é o que prova seu valor
Quando o erro vem de mim, se põe a culpa
Não importa que me cause tanta dor.

O que não percebo ao meu redor
É a humanização que se defende
Produtividade vem de meu suor
Mas o caminho que eu faço não se entende.

Sinalizo o que preciso prá viver
E tento equilibrar a situação
Que seja eu se alguém vir a perder
Nome, posse ou titulação.

Por isso agora tenho buscado chegar mais perto
Do que privado foi de liberdade, de uma vida decente.
Prá que, de algum jeito, fique mais claro o certo
Prá que de uma vez por todas eu vire gente.

Angela Natel – 28/06/2014

domingo, 16 de setembro de 2018

Pão e Circo



A gente não quer só futebol
A gente quer futebol, justiça, educação e saúde
A gente não quer só ganhar
A gente quer ganhar segurança e paz.

A gente não quer só um gol
A gente quer um gol prá balançar a rede
A gente não quer só lançar
A gente quer lançar fora a corrupção.

A gente não quer só ser Hexa
A gente quer ser Hexa sem politicagem.
A gente não quer só a Copa
A gente quer a copa sem malandragem.

A gente não quer só jogada
A gente quer jogado fora o homicídio.
A gente não quer só vencer
A gente quer vencer o infanticídio.

A gente não quer só o circo
Que nos oferecem sem compaixão
A gente quer dignidade
E um emprego prá ganhar o pão.

Angela Natel – 23/06/2014.

sábado, 15 de setembro de 2018

Poeira que o vento levanta


Poeira que o vento levanta
Percorre o caminho do mar
Desenho que a todos encanta
Se mostra no céu a dançar.

Por entre as folhas desliza
Girando em redemoinho
E dele cai numa brisa
Passando por cima de um ninho.

Parece um lençol estendido
Dando um rasante na estrada
Um pouco entra no ouvido
Do cão peludo que ladra.

O que justifica a lambança
Dessa corrida sem fim:
O pó que evoca a lembrança
O vento trouxe prá mim.

Angela Natel – 23/06/2014

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Todos discriminam, todos somos discriminados



Nesta sociedade de disparates, 
há mais diferenças do que semelhanças
o diferente intimida, separa
vivemos em busca de alianças.

O evangélico quer se afastar do "mundo"
esquece de onde vive e de quem deve amar
muitos se afastam de evangélicos
por ideias ouvidas ou pela atitude que os fez calar.

Mas a atitude de um não representa opinião de todos
a generalização é o erro de todos os lados
como um que faz escândalo não representa o todo
o que maltratou não representa o total dos fatos.

Não quero rótulos para mim mesma
quero amar evangélicos e tatuados
anárquicos, empresários, corruptos e necessitados
(independentemente de sua sexualidade)
mas para isso preciso negar o egoísmo de minha essência.

Por isso, desafio a todos os leitores
a serem amigos, questionadores
não aceitarem rótulos nem prá si mesmos nem para outros
para podermos ultrapassar fronteiras em busca de um tesouro.

Por isso não adianta reclamar
que se é discriminado
porque todos discriminam, separam
todos lutamos por direitos de defesa contra o diferente.

E a maior riqueza que podemos ter
é sermos amados como somos 
e sermos livres para amar a quem quer que seja
independente de nossa origem ou nossas diferenças.

Angela Natel - 18/12/2011

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Qual o seu partido? (A Missão Real)



Qual o seu partido?
Seu lado, sua tendência, sua pendência?
Nessa nossa luta dialética de cada dia
Interagindo nas redes, nas relações
Mostramos nossa verdadeira face
Antes oculta sob as máscaras da conveniência.

Então, qual o seu partido?
Seu lado – o que determina suas escolhas e discursos?
É Batista? Presbiteriano? Anabatista? Luterano?
Sim, qual o seu partido?
Já que estes, há muito, deixaram de seguir o original plano.

Como bons brasileiros seguimos deslumbrados
Com tudo o que procede dos Estados Unidos da América
E como bons seguidores pisamos no mesmo caminho
Levantando bandeiras,
Transformando nossos clubes/igrejas em sedes partidárias
Aonde servimos uma mensagem não acessível a todos.

Evangelho? Qual deles?
O da Bíblia mal interpretada, o da bala para quem não se encaixa,
Ou o que serve ao interesse de alguns?
A escolha é livre, o choro também.

E como os irmãos do Norte,
seguimos defendendo e repetindo discurso alheio,
adestrados por porta vozes vendidos,
prostituídos em sua missão.

A bancada evangélica tem muitos representantes
espalhados pelas esquinas e organizações do país.
Segue em seu grito alucinante
De que é preciso sempre ganhar
Desumanizar e até matar
Para ser feliz.

De que partido você é?
Batista, Presbiteriano, Anabatista, Luterano?
Na missão real há rostos, etnias, diferença,
não bandeiras nacionais - representações das conquistas coloniais.
Porque na missão real não há espaço para triunfalismo,
não há chance para partidarismos denominacionais.

Entretanto, se você não se conformar
Ao padrão desses partidos
Nem se encaixar na visão desses gritos
Então enxergará a missão real que se nos foi apresentada.

Fácil é emitirem veredictos a respeito
Dos que se engajam nessa missão
sem contexto, sem conhecimento de causa.
Encaixotando Deus e seus servos
na imagem criada sistematicamente em suas mentes e liturgia.

Na missão real você chora, ri, lamenta, reclama,
porque é feito de carne e osso, não de ferro.
Alguns missionários já tentaram suicídio, outros conseguiram,
enquanto os autodenominados cristãos devoram-se uns aos outros
por causa de seus posicionamentos, de seu partidarismo
e de seu evangelho, que não é para todos.

Muitas das vezes, na missão real,
você tomará decisões sem muita convicção
de que está fazendo a coisa certa.
Porque na missão real não há espaço para triunfalismo,
não há chance para partidarismos denominacionais.
Nem tudo é preto e branco, fácil de distinguir.

Na missão real há lágrimas, tristeza,
decepção e dúvida,
já que todas as certezas encontram-se na verdade relacional.

E a verdade?
A verdade é uma pessoa,
não uma ideia a ser defendida com unhas e dentes.
A verdade é testemunhada na missão,
não provada com argumentos e ódio.

É por isso que na missão real
Se tem consciência das limitações,
É um aprendizado e constante, diária correção.
Por isso não é mau mudar de ideia,
parar um pouco, confessar.
Faz bem, faz jus ao nome de cristão.

Mas o que se vê hoje em dia é o avesso da real missão:
máscaras por todo lado,
vida colocada numa balança para ver se é digna de viver
Missionários encaixotados, podados, chantageados
- caso não se encaixem, só tem a perder.

Angela Natel – 20/02/2018

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Batalha contra o verdadeiro Halloween



Mentiras, sinais e maravilhas
Sonhos, revelações,  que mais parecem adivinhações
Previsões do futuro, para que mesmo são?
Marcham contra um halloween  desconhecido
Com base num texto mal interpretado,
Porque ignoram as práticas que sutilmente
Se infiltraram
A busca incansável por manifestações
Sinais, sobrenatural,
Línguas estranhas e dons
Viraram marca de propriedade
Testemunhas da verdade,
Não mais caráter, justiça
Muito menos misericórdia,
Não há dor, nem aprendizado pelo sofrimento
Fogem da cruz, é outro momento
Povo de Deus desfigurado
Que busca prosperidade, curas e milagres
Que não quer sofrer nem se doar
Que quer prever o futuro
E profetizar
Determinar a vitória
E proclamar
Independente de caráter
Quer controlar
Busca honra aos seus líderes
Não quer servir
Quer autoridade na terra
Quer progredir.
Halloween perto disso
É jardim de infância
Porque arrependimento não vem
Quando há jactância.

Angela Natel – 27/10/2011

Trago comigo um lenço de seda branco


Trago comigo um lenço de seda branco
E um par de brincos madrepérola
Deixo-me levar por onde o vento faz a curva
Até que a linha da minha vida se rompa.

Passo os olhos por debaixo da montanha
Cruzando as linhas que a cigana leu em mim
Busco a sombra que emudece a bruta noite
Porque ser mulher é bom.

Carregando em meu bolso os duros sonhos
Que construíram no universo um bem maior
Junto os cacos do que um dia foi usado
Numa história que escreveste a chorar.

E a jornada que meu lenço fez menção
Cegou-me o riso, calou meu sono,
Pintou a história, cortou a linha,
Um pesadelo que de tão duro me fez morrer.

Angela Natel – 06/11/2014

Amigo utilitário



Sinto nem sempre ser útil
e poder te ajudar.
Sinto quando preciso te dar algo
mas não sei nem de onde tirar.

Sinto porque muitas vezes me procuras
somente pelo que posso oferecer
sinto porque meu valor se resume
naquilo que te vou fazer.

Sinto, porque penso que amizade
não gira em torno de favores
sinto porque respeito e consideração
não dependem de penhores.

Sinto, pois não sirvo muitas vezes
Para o que querem e esperam de mim.
Sinto porque buscam e procuram
quem somente lhes diga 'sim'.

E neste mundo pragmático de meu Deus
permanece o mesmo cenário
dos que procuram no tempo e no espaço
em mim somente um amigo utilitário.

Angela Natel - 06/11/2014.

Sinto informar...



Sinto informar, mas frequentar um lugar não transforma a mente e o coração.
Sinto informar, mas sorrir prá mim não te torna meu irmão.
Sinto informar, mas matar a fome é muito mais do que repartir o pão.
Sinto informar, pera aí, não sinto, não.

Angela Natel

Janela



Quero olhar pela janela e ver
tudo o que o mundo tem a me oferecer.
Quero olhar e ter aquela
sensação de livre ser.

Quero ter sempre à mão
mil e uma possibilidades.
Quero ver o meu irmão
transpor maiores dificuldades.

Olho e vejo muito além
do que aqueles que me condenam.
Posso crer e ver também
que ao condenar-me se alienam.

Mesmo sendo protegida
por aqueles que me amam
Não me sinto constrangida
de atender aos que a mim clamam.

Por isso sei que vou partir
e sempre pronta vou estar
Quero sem demora ir
prá onde Cristo me chamar.

Angela Natel – out/2014

Causa perdida



Se fossem humanos
com a mesma intensidade
Com a qual exigem
minha humanidade,
Se me tratassem com o respeito
Que esperam que eu lhes trate
Se fossem tão dedicados em relação a mim
Quanto o trabalho que lhes dedico
E valorizassem o tempo
E o esforço investido
Se lessem os documentos que me pedem
Com tanto rigor e pressa
- e se leram, que prestassem atenção -
Às informações, e as respeitassem,
Se por acaso seguissem
Os prazos como querem que eu siga
E fossem tão rigorosos consigo mesmos
Como o são comigo
Em suas exigências e cobranças
Em suas expectativas
E sua tão famosa ‘humanidade’
- a mesma que não consigo enxergar –
Eu teria em mim as mais belas esperanças
De poder continuar
De acreditar em algo além do mercado
Além do nome, da fama, dos interesses.
Seria uma causa
pela qual lutar
Seria uma casa
 onde eu ainda desejaria morar.
Seria um serviço que,
não importasse o preço,
Eu me alegraria em realizar.

Angela Natel – 08/10/2014.

Pedidos:


Se me perguntares o que quero que me faças
Peço que me tires de dentro de mim
Que cancele a dívida que sempre me ameaça
Que toda acusação chegue ao seu fim.

Peço também que me compreenda e me aceites
Que me abrace nesta solidão.
Que nenhuma suposição a meu respeito se apresente
Sem que a verdade seja veiculada em primeira mão.

Quero ser livre em meu direito de escolher
E preservar as relações com meus irmãos
Quero viver sem medo e em paz morrer
Sem mais pesar nem repetir discursos vãos.

Quero agir em favor do outro sem nenhum retorno
Ser escritora, e com isso deixar um legado
Viver com pouco, repartir muito – seja meu adorno
Misericórdia e justiça – seja o meu brado.

O que desejo é não ser mais pressionada
A me casar e enquadrar-me no sistema
Quero ser, se for prá bem, só encontrada
por quem buscar o mesmo alvo sem nenhum dilema.

Que eu tenha sempre mais livros que sapatos
aprender sempre e, se possível, ensinar
libertar-me dos venenos dos boatos
e ir além que qualquer um possa imaginar.

Angela Natel – 06/10/2014.

Mal acostumada



Acho que fiquei mal acostumada:
Quando faço um favor, espero ouvir 'Obrigado'.

Acho que fiquei mal acostumada:
Quando me torno acessível, espero um amigo, não ser usada.

Me desculpe, acho que fiquei mal acostumada:
não desejo que usem o que publico contra mim, contra ninguém,
nem como desculpa para cobrar nada de quem quer que seja.

Acho que fiquei mal acostumada:
espero gentileza, educação, humanidade.
Esqueci que essas coisas há muito
não fazem mais parte da normalidade.

Me perdoe, acho que errei a porta, disquei o número errado,
e esperei compreensão, não ser por isso condenada.

Acho que fiquei mal acostumada,
e esperei ser tratada como pessoa, com dignidade.
Esperei receber pelo meu trabalho,
esperei não ser maltratada,
muito menos rotulada.

Me perdoe, ninguém tem culpa, nem responsabilidade.
Apenas eu, que fiquei mal acostumada.
Me perdoe as falsas expectativas, as cobranças, a rispidez.
Fiquei mal acostumada, foi estupidez.

Angela Natel - 05/09/2014

Livros



Os livros ajudam a reconstruir-me
Quando sou feita em pedaços.
Sou reconstruída a partir daqueles
Que já não são mais
Mas deixaram um legado.

Sou reconstruída sobre os que já não são
Cujas memórias remontam um tempo
que já não existe.
São pensamentos, vivências,
Experiências
De interioridade que os olhos não vão alcançar.

Interpretações da verdade,
Ideias e ideais
Permeadas de mística e religiosidade.
São críticas afiadas
Que me desafiam
A soltar as amarras de minha própria alma.

Livros me ajudam porque estabelecem uma ponte
Com aqueles cujo pensamento me atinge de longe.
Os reconheço
Trabalho com eles
E vivo cercada por tais testemunhas
que mesmo após a morte me ajudam
na reconstrução de minha própria identidade.

Sou reconstruída
A cada dia de uma maneira diferente
Pois são diversas as leituras
Infinitas as possibilidades,
Interpretações da verdade,
Do Deus que me molda,
Que justifica minha busca.

Livros, meu legado.
O que deixarei após minha morte
Partes de mim que compartilho a outros
Os mesmos pedaços que me reconstroem
Diariamente
E sob cujas páginas escondem tesouros
Da eternidade.

Angela Natel – 27/08/2014

Se quer me fazer uma pergunta


Sim, pergunte-me o que quiser,
não trago respostas,
lhe aponto o caminho.

Peça-me explicações
mas compreenda
que este é meu trabalho
de onde tiro meu sustento.

Não hesite em questionar
apenas preciso de tempo
para comer, dormir e descansar.

Leio muito, vivo a pesquisar
mas você também pode fazê-lo
não custa tentar.

Tenho muitas respostas
sim, não, não sei, talvez.
As mais longas
pagam as minhas contas do mês.

Por isso é difícil ser professora,
filosofar, ensinar, pesquisar.
O intervalo custa a chegar.

Porque não há tempo
e pode ser até ofensivo
deixar de ser o que faço
para ser quem realmente sou.

Angela Natel - 16/08/2014

Segredo



Contei um segredo
Espalhou-se o medo.
Pedi por sigilo
Neon sobre o Nilo.

Apenas sussurro
Levanta-se o muro.
Falei sem medida
Confiança perdida.

Conversa privada
Tornou-se piada.
Apelo servil
Que me denegriu.

Mesmo ajudando
Em ovos pisando.
Hoje bem perto
Futuro incerto.

Promessa bendita
Já foi esquecida.
Do que me acusou
Foi ali que errou.

Angela Natel – 01/08/2014

Choro



Me diz, meu Deus
Como é que se vive neste mundo
Porque acho que não sei mais.

Queria pintar, criar, produzir
Viver uma vida sem medo
Viver
Sem ser recriminada
Quando peço ajuda
Quando as coisas saem do controle.
Queria conseguir escrever
E terminar o que comecei.
Não fugir, mudar
Sem desistir,
Sem parar
No meio do caminho.
Me ensina a viver, Deus,
Porque acho que não sei mais.
Tremi minha voz
Não ensinei como devia,
Sufoquei minha dor
Por coisas que parecem nada
Para os outros são nada,
Mas são vida prá mim.
Não sei mais explicar
Não quero mais ir
Aos lugares que quis
Quero gritar
Não consigo pensar.
Sou verme,
Sou nada,
Um vento a soprar.
Transborda meu cálice
De lágrimas, pesar.
Me sinto culpada,
Intrusa onde moro,
Estorvo num canto
Tropeçam em mim.
Não sei prá onde ir,
Não quero ficar,
Tristeza sem fim
Um barco sem mar.

Angela Natel – 19/07/2014

Questão de vida e morte

REVOLUTION (SECRET PROJECT) by MADONNA & STEVEN KLEIN (Legendado) from Rafael Froner on Vimeo.


No momento em que sentimentos contraditórios tomam conta da nação,
imersos em um mundo de guerra e opressão,
quem somos, pelo que lutamos
questões de vida e de morte.

Um time de futebol que perde o jogo
bandeiras, símbolos da pátria, queimadas pelo chão.
Uma nação que lança mísseis contra outra nação.
Pessoas queimadas vivas, guerra, destruição.

Brasil, Palestina, Israel, Venezuela.
Falta vida, falta, saúde, educação.
Falta paz, solidariedade nesta terra
Porém o que mais falta é amor pelo irmão.

Por isso levanto um clamor neste dia
que nosso interesse não conduza a oração
nem só Israel, nem só Brasil carrega nossa alegria
Somos gente, somos humanos, somos uma única nação.

Por isso deixo com este vídeo, um desafio.
Refletir e lutar pelo que vale a pena
uma revolução de amor que apague o pavio
perdão, vida e paz entrando em cena.

Angela Natel

Enquanto leio...


Enquanto leio me reinvento,
aprendo,
percebo,
compreendo.
Vício bendito que me aproxima
do outro, de além.
Sou reconstruída,
admitida
num mundo de ninguém.

Angela Natel – 06/07/2014

Ser gente



Me aproximo do animalesco nesta vida
Prá tentar me humanizar.
Sou tentada a largar a minha lida
No intento de um muro derrubar.

Perdão, segurança, liberdade.
Utopia de uma vida surreal.
Aprendendo com o que sofre de vaidade
Me rasgo inteira neste mundo desigual.

Pelo tempo que me gasto trabalhando
Sou questionada e tratada sem valor
Quando aviso que ao sair estou ajudando
Não entendem minha prova de amor.

Quando o erro vem do outro não se julga
A intenção é o que prova seu valor
Quando o erro vem de mim, se põe a culpa
Não importa que me cause tanta dor.

O que não percebo ao meu redor
É a humanização que se defende
Produtividade vem de meu suor
Mas o caminho que eu faço não se entende.

Sinalizo o que preciso prá viver
E tento equilibrar a situação
Que seja eu se alguém vir a perder
Nome, posse ou titulação.

Por isso agora tenho buscado chegar mais perto
Do que privado foi de liberdade, de uma vida decente.
Prá que, de algum jeito, fique mais claro o certo
Prá que de uma vez por todas eu vire gente.

Angela Natel – 28/06/2014

Pão e Circo



A gente não quer só futebol
A gente quer futebol, justiça, educação e saúde
A gente não quer só ganhar
A gente quer ganhar segurança e paz.

A gente não quer só um gol
A gente quer um gol prá balançar a rede
A gente não quer só lançar
A gente quer lançar fora a corrupção.

A gente não quer só ser Hexa
A gente quer ser Hexa sem politicagem.
A gente não quer só a Copa
A gente quer a copa sem malandragem.

A gente não quer só jogada
A gente quer jogado fora o homicídio.
A gente não quer só vencer
A gente quer vencer o infanticídio.

A gente não quer só o circo
Que nos oferecem sem compaixão
A gente quer dignidade
E um emprego prá ganhar o pão.

Angela Natel – 23/06/2014.

Poeira que o vento levanta


Poeira que o vento levanta
Percorre o caminho do mar
Desenho que a todos encanta
Se mostra no céu a dançar.

Por entre as folhas desliza
Girando em redemoinho
E dele cai numa brisa
Passando por cima de um ninho.

Parece um lençol estendido
Dando um rasante na estrada
Um pouco entra no ouvido
Do cão peludo que ladra.

O que justifica a lambança
Dessa corrida sem fim:
O pó que evoca a lembrança
O vento trouxe prá mim.

Angela Natel – 23/06/2014

Todos discriminam, todos somos discriminados



Nesta sociedade de disparates, 
há mais diferenças do que semelhanças
o diferente intimida, separa
vivemos em busca de alianças.

O evangélico quer se afastar do "mundo"
esquece de onde vive e de quem deve amar
muitos se afastam de evangélicos
por ideias ouvidas ou pela atitude que os fez calar.

Mas a atitude de um não representa opinião de todos
a generalização é o erro de todos os lados
como um que faz escândalo não representa o todo
o que maltratou não representa o total dos fatos.

Não quero rótulos para mim mesma
quero amar evangélicos e tatuados
anárquicos, empresários, corruptos e necessitados
(independentemente de sua sexualidade)
mas para isso preciso negar o egoísmo de minha essência.

Por isso, desafio a todos os leitores
a serem amigos, questionadores
não aceitarem rótulos nem prá si mesmos nem para outros
para podermos ultrapassar fronteiras em busca de um tesouro.

Por isso não adianta reclamar
que se é discriminado
porque todos discriminam, separam
todos lutamos por direitos de defesa contra o diferente.

E a maior riqueza que podemos ter
é sermos amados como somos 
e sermos livres para amar a quem quer que seja
independente de nossa origem ou nossas diferenças.

Angela Natel - 18/12/2011

Qual o seu partido? (A Missão Real)



Qual o seu partido?
Seu lado, sua tendência, sua pendência?
Nessa nossa luta dialética de cada dia
Interagindo nas redes, nas relações
Mostramos nossa verdadeira face
Antes oculta sob as máscaras da conveniência.

Então, qual o seu partido?
Seu lado – o que determina suas escolhas e discursos?
É Batista? Presbiteriano? Anabatista? Luterano?
Sim, qual o seu partido?
Já que estes, há muito, deixaram de seguir o original plano.

Como bons brasileiros seguimos deslumbrados
Com tudo o que procede dos Estados Unidos da América
E como bons seguidores pisamos no mesmo caminho
Levantando bandeiras,
Transformando nossos clubes/igrejas em sedes partidárias
Aonde servimos uma mensagem não acessível a todos.

Evangelho? Qual deles?
O da Bíblia mal interpretada, o da bala para quem não se encaixa,
Ou o que serve ao interesse de alguns?
A escolha é livre, o choro também.

E como os irmãos do Norte,
seguimos defendendo e repetindo discurso alheio,
adestrados por porta vozes vendidos,
prostituídos em sua missão.

A bancada evangélica tem muitos representantes
espalhados pelas esquinas e organizações do país.
Segue em seu grito alucinante
De que é preciso sempre ganhar
Desumanizar e até matar
Para ser feliz.

De que partido você é?
Batista, Presbiteriano, Anabatista, Luterano?
Na missão real há rostos, etnias, diferença,
não bandeiras nacionais - representações das conquistas coloniais.
Porque na missão real não há espaço para triunfalismo,
não há chance para partidarismos denominacionais.

Entretanto, se você não se conformar
Ao padrão desses partidos
Nem se encaixar na visão desses gritos
Então enxergará a missão real que se nos foi apresentada.

Fácil é emitirem veredictos a respeito
Dos que se engajam nessa missão
sem contexto, sem conhecimento de causa.
Encaixotando Deus e seus servos
na imagem criada sistematicamente em suas mentes e liturgia.

Na missão real você chora, ri, lamenta, reclama,
porque é feito de carne e osso, não de ferro.
Alguns missionários já tentaram suicídio, outros conseguiram,
enquanto os autodenominados cristãos devoram-se uns aos outros
por causa de seus posicionamentos, de seu partidarismo
e de seu evangelho, que não é para todos.

Muitas das vezes, na missão real,
você tomará decisões sem muita convicção
de que está fazendo a coisa certa.
Porque na missão real não há espaço para triunfalismo,
não há chance para partidarismos denominacionais.
Nem tudo é preto e branco, fácil de distinguir.

Na missão real há lágrimas, tristeza,
decepção e dúvida,
já que todas as certezas encontram-se na verdade relacional.

E a verdade?
A verdade é uma pessoa,
não uma ideia a ser defendida com unhas e dentes.
A verdade é testemunhada na missão,
não provada com argumentos e ódio.

É por isso que na missão real
Se tem consciência das limitações,
É um aprendizado e constante, diária correção.
Por isso não é mau mudar de ideia,
parar um pouco, confessar.
Faz bem, faz jus ao nome de cristão.

Mas o que se vê hoje em dia é o avesso da real missão:
máscaras por todo lado,
vida colocada numa balança para ver se é digna de viver
Missionários encaixotados, podados, chantageados
- caso não se encaixem, só tem a perder.

Angela Natel – 20/02/2018

Batalha contra o verdadeiro Halloween



Mentiras, sinais e maravilhas
Sonhos, revelações,  que mais parecem adivinhações
Previsões do futuro, para que mesmo são?
Marcham contra um halloween  desconhecido
Com base num texto mal interpretado,
Porque ignoram as práticas que sutilmente
Se infiltraram
A busca incansável por manifestações
Sinais, sobrenatural,
Línguas estranhas e dons
Viraram marca de propriedade
Testemunhas da verdade,
Não mais caráter, justiça
Muito menos misericórdia,
Não há dor, nem aprendizado pelo sofrimento
Fogem da cruz, é outro momento
Povo de Deus desfigurado
Que busca prosperidade, curas e milagres
Que não quer sofrer nem se doar
Que quer prever o futuro
E profetizar
Determinar a vitória
E proclamar
Independente de caráter
Quer controlar
Busca honra aos seus líderes
Não quer servir
Quer autoridade na terra
Quer progredir.
Halloween perto disso
É jardim de infância
Porque arrependimento não vem
Quando há jactância.

Angela Natel – 27/10/2011