terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Cão que late...


pois é, não morde.
É muita gente publicando suas contas em dia
Enquanto chega atrasado em compromisso.
Muita gente buscando quem lhe sorria
Mas deixando de estender o braço amigo.
Muita gente fazendo doutorado
e ignorando o próximo (ô, gente ignorante!).
É muito orientador desorientado
Mais interesseiro do que interessante.
Muita gente arrotando uma lagosta,
Enquanto se entope de sardinha.
É muito vídeo e imagem tosca
Prá quem se acha top de linha.
É muito show prá quem logo esmorece,
Muita propaganda de papel higiênico.
É muito cobertor que não aquece,
Muita doçura para um gole de arsênico.
É muito elogio prá depois vir jogar pedra.
Muita criatividade lançada pela janela.
É muito encanto que facilmente quebra
É muita escuridão prá tão pouca vela.
É muito abuso querendo consertar os outros
Da parte de quem nunca se conserta.
É muita gente querendo receber os louros
do trabalho de pouca gente alerta.
É muito rótulo prá pouco produto,
Muito barulho por nada.
É muito acessório num único adulto,
muito carro prá pouca vaga.
É muita expectativa em cima mim,
prá pouca cooperação alheia.
É muito pé descalço por aí
prá tão pouca meia.
O que estou dizendo pode parecer absurdo,
Mas vai ver só, esse é o mundo:
Cão que late, esnoba, coloca na vitrine
Não morde, não fede e nem cheira,
Não há quem o ensine.
Angela Natel - Parte integrante do livro 'As fontes que habitam em mim', disponível em e-book em https://www.amazon.com.br/fontes-que-habitam-…/…/ref=sr_1_1…



quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Amizade verdadeira

Como ter certeza de que se encontrou um amigo verdadeiro?
Vale a pena a reflexão.
De que maneira entenderei que posso confiar
E encontrar apoio e compreensão?

Como saber se o cuidado não é tentativa de controle
E me sentir livre ao me expressar?
De que forma sei que não serei de primeira condenada
Ao me despir das máscaras de verdadeiramente me mostrar?

Como falar do que me inquieta
Sem ser de cara rechaçada?
Como compartilhar coisas que amo
E ainda ser incentivada?

E, ao trabalhar, será que serei respeitada
Em meu silêncio e necessidade de isolamento?
Será que preciso o tempo todo ser disponibilizada
e ter que concordar em qualquer momento?

Amigos verdadeiros são raros de encontrar
Mesmo que alguns pensem que não.
Quem acha ser amigo precisa, então, pensar
Se reclamam de tudo mas exigem aceitação.

Por isso o que penso ser um amigo de verdade
Gira em torno de muito respeito
Um apreciar do outro a singularidade
E não impôr-se do seu modo e do seu jeito.

Nesse sentido, cada um tem seu limite
De tempo, espaço e emoções
Cada um busca alguém que o abrigue
Diferentes, porém companheiros corações.

Angela Natel – 18/01/2017.
https://www.facebook.com/angelanatel.escritora/

Cão que late...


pois é, não morde.
É muita gente publicando suas contas em dia
Enquanto chega atrasado em compromisso.
Muita gente buscando quem lhe sorria
Mas deixando de estender o braço amigo.
Muita gente fazendo doutorado
e ignorando o próximo (ô, gente ignorante!).
É muito orientador desorientado
Mais interesseiro do que interessante.
Muita gente arrotando uma lagosta,
Enquanto se entope de sardinha.
É muito vídeo e imagem tosca
Prá quem se acha top de linha.
É muito show prá quem logo esmorece,
Muita propaganda de papel higiênico.
É muito cobertor que não aquece,
Muita doçura para um gole de arsênico.
É muito elogio prá depois vir jogar pedra.
Muita criatividade lançada pela janela.
É muito encanto que facilmente quebra
É muita escuridão prá tão pouca vela.
É muito abuso querendo consertar os outros
Da parte de quem nunca se conserta.
É muita gente querendo receber os louros
do trabalho de pouca gente alerta.
É muito rótulo prá pouco produto,
Muito barulho por nada.
É muito acessório num único adulto,
muito carro prá pouca vaga.
É muita expectativa em cima mim,
prá pouca cooperação alheia.
É muito pé descalço por aí
prá tão pouca meia.
O que estou dizendo pode parecer absurdo,
Mas vai ver só, esse é o mundo:
Cão que late, esnoba, coloca na vitrine
Não morde, não fede e nem cheira,
Não há quem o ensine.
Angela Natel - Parte integrante do livro 'As fontes que habitam em mim', disponível em e-book em https://www.amazon.com.br/fontes-que-habitam-…/…/ref=sr_1_1…



Amizade verdadeira

Como ter certeza de que se encontrou um amigo verdadeiro?
Vale a pena a reflexão.
De que maneira entenderei que posso confiar
E encontrar apoio e compreensão?

Como saber se o cuidado não é tentativa de controle
E me sentir livre ao me expressar?
De que forma sei que não serei de primeira condenada
Ao me despir das máscaras de verdadeiramente me mostrar?

Como falar do que me inquieta
Sem ser de cara rechaçada?
Como compartilhar coisas que amo
E ainda ser incentivada?

E, ao trabalhar, será que serei respeitada
Em meu silêncio e necessidade de isolamento?
Será que preciso o tempo todo ser disponibilizada
e ter que concordar em qualquer momento?

Amigos verdadeiros são raros de encontrar
Mesmo que alguns pensem que não.
Quem acha ser amigo precisa, então, pensar
Se reclamam de tudo mas exigem aceitação.

Por isso o que penso ser um amigo de verdade
Gira em torno de muito respeito
Um apreciar do outro a singularidade
E não impôr-se do seu modo e do seu jeito.

Nesse sentido, cada um tem seu limite
De tempo, espaço e emoções
Cada um busca alguém que o abrigue
Diferentes, porém companheiros corações.

Angela Natel – 18/01/2017.
https://www.facebook.com/angelanatel.escritora/