sábado, 26 de dezembro de 2015

Minha outra metade



A metade divertida do meu ser
não mora comigo, você pode ver.
Ela é esperta, sociável,
tem sorriso contagiante, é amável.
Ela se preocupa comigo, com meu bem estar,
é a metade de mim que me protege,
que sabe me amar.
Junto a esta metade, me sinto segura,
ela me cerca de ternura.
Mesmo assim ela me corrige,
e ao rir de mim, às vezes me aflige.
Porém não vivo sem essa metade,
que está onde não estou,
vivendo da mesma verdade.
A metade agradável de meu ser,
ela me traz sorte, é meu talismã,
é o outro lado de minha moeda,
ela é minha irmã.

Angela Natel - para minha irmã Angelita por seu aniversário - 26/12/2015.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Justiça e Misericórdia

Hoje é um bom dia para falar sobre certas coisas: Ontem à noite vi, pela TV, o pronunciamento da Presidente Dilma a respeito do processo de impeachment em andamento. Ouço falar que, pela manhã foi anunciado que o Parlamento Inglês, por voto, decidiu bombardear a Síria. E o Natal está chegando...
Na moda do boicote, estou definitivamente boicotando o Papai Noel - este senhor idoso que rege sua vida segundo a meritocracia. Nunca ouviu falar de misericórdia, não? – postei hoje em meu facebook.
Sob esta mesma linha de pensamento, fica difícil ser coerente num mundo de injustiças. Uns, para não serem punidos, atacam ferozmente outros a fim de desviar a atenção e manipular o povo segundo o seu bel prazer: o sujo falando do mal lavado – e isso se aplica, não somente aos políticos brasileiros, mas até mesmo ao povo brasileiro que, em suas mazelas e pequenas corrupções do dia-a-dia, ainda se ergue para exigir justiça e punição àqueles que eles mesmos elegeram para os governar.
Em outra instância, sob o lema da justiça, decide-se atacar um povo destituído de condições de defesa, num emaranhado político/econômico/ideológico.
E num ângulo bem mais próximo de nossa experiência diária, há aquelas situações em que nos deparamos com uma busca desenfreada por fazer tudo certinho, medir palmo a palmo os gastos e despesas, sem deixar nada de fora, no âmago por ser justo e correto. E nesse meio tempo, atropelamos quem nos surja pelo caminho, cegos em nossa integridade, a fim de não nos desviarmos das leis que impusemos a todos os que nos cercam. São lágrimas que ignoramos, mãos estendidas que não cabem em nossa justiça, um peso que devemos colocar sobre todos, sem ao menos perceber a distinta condição de cada pessoa.
Não, neste mundo cão não há espaço para a misericórdia. Não vivemos numa democracia, nem lutamos por coisa alguma além de uma vil e cruel meritocracia.
            Será que seria o caso de começarmos por medirmos a nós mesmos se não vivemos recompensando somente os fortes, os esforçados, aqueles que atendem às nossas expectativas? Será que não seria o caso de olharmos o outro nos olhos antes de batermos o martelo da justiça, determinando um peso igual a todos – que, tragicamente virá a massacrar alguns?
            Será que não seria o caso de desmontarmos nossos sistemas de justiça, recompensa e punição, pararmos de ‘dar nome aos bois’ e analisarmos a vida humana acima dos sistemas políticos e econômicos?
            É claro que escrevo e falo segundo o filtro da própria corrupção que habita em mim. Porém não posso me calar quando a ânsia por misericórdia e graça gritam em cada alma humana nestes dias tão cruéis.
            É difícil ao ser humano aceitar a misericórdia, já que para isso é necessário se desarmar, se despir de suas ideologias e justificações, trazer o outro que o desafia no mesmo patamar para ouvi-lo, atender suas necessidades e promover a reconciliação.
            Ideias como estas são por demais subversivas, já que não premiam o esforçado, o mais forte, nem o mais justo. Isso ataca nossos brios e nos coloca a todos no mesmo nível, sob a mesma condição. E mesmo em situações concretas, como o iminente bombardeio inglês sobre a Síria, o processo de impeachment sobre nossa presidente ou nossas ações e decisões no dia a dia, não é fácil delimitar onde exercer justiça com misericórdia, e onde desconstruir para depois construir novamente.
            A maior dificuldade em tudo isso é enxergar além dos rótulos, das ideologias, dos sistemas políticos e econômicos que já estão encrustados em nossa pele, em nosso sangue e em nossa história. O pensamento que é regido desde a infância pela meritocracia dificilmente sairá ileso caso decida fugir das linhas que limitam sua justiça própria.

Angela Natel

03/12/2015

angelanatel.wordpress.com

https://www.facebook.com/Angela-Natel-137128436426391/

Minha outra metade



A metade divertida do meu ser
não mora comigo, você pode ver.
Ela é esperta, sociável,
tem sorriso contagiante, é amável.
Ela se preocupa comigo, com meu bem estar,
é a metade de mim que me protege,
que sabe me amar.
Junto a esta metade, me sinto segura,
ela me cerca de ternura.
Mesmo assim ela me corrige,
e ao rir de mim, às vezes me aflige.
Porém não vivo sem essa metade,
que está onde não estou,
vivendo da mesma verdade.
A metade agradável de meu ser,
ela me traz sorte, é meu talismã,
é o outro lado de minha moeda,
ela é minha irmã.

Angela Natel - para minha irmã Angelita por seu aniversário - 26/12/2015.

Justiça e Misericórdia

Hoje é um bom dia para falar sobre certas coisas: Ontem à noite vi, pela TV, o pronunciamento da Presidente Dilma a respeito do processo de impeachment em andamento. Ouço falar que, pela manhã foi anunciado que o Parlamento Inglês, por voto, decidiu bombardear a Síria. E o Natal está chegando...
Na moda do boicote, estou definitivamente boicotando o Papai Noel - este senhor idoso que rege sua vida segundo a meritocracia. Nunca ouviu falar de misericórdia, não? – postei hoje em meu facebook.
Sob esta mesma linha de pensamento, fica difícil ser coerente num mundo de injustiças. Uns, para não serem punidos, atacam ferozmente outros a fim de desviar a atenção e manipular o povo segundo o seu bel prazer: o sujo falando do mal lavado – e isso se aplica, não somente aos políticos brasileiros, mas até mesmo ao povo brasileiro que, em suas mazelas e pequenas corrupções do dia-a-dia, ainda se ergue para exigir justiça e punição àqueles que eles mesmos elegeram para os governar.
Em outra instância, sob o lema da justiça, decide-se atacar um povo destituído de condições de defesa, num emaranhado político/econômico/ideológico.
E num ângulo bem mais próximo de nossa experiência diária, há aquelas situações em que nos deparamos com uma busca desenfreada por fazer tudo certinho, medir palmo a palmo os gastos e despesas, sem deixar nada de fora, no âmago por ser justo e correto. E nesse meio tempo, atropelamos quem nos surja pelo caminho, cegos em nossa integridade, a fim de não nos desviarmos das leis que impusemos a todos os que nos cercam. São lágrimas que ignoramos, mãos estendidas que não cabem em nossa justiça, um peso que devemos colocar sobre todos, sem ao menos perceber a distinta condição de cada pessoa.
Não, neste mundo cão não há espaço para a misericórdia. Não vivemos numa democracia, nem lutamos por coisa alguma além de uma vil e cruel meritocracia.
            Será que seria o caso de começarmos por medirmos a nós mesmos se não vivemos recompensando somente os fortes, os esforçados, aqueles que atendem às nossas expectativas? Será que não seria o caso de olharmos o outro nos olhos antes de batermos o martelo da justiça, determinando um peso igual a todos – que, tragicamente virá a massacrar alguns?
            Será que não seria o caso de desmontarmos nossos sistemas de justiça, recompensa e punição, pararmos de ‘dar nome aos bois’ e analisarmos a vida humana acima dos sistemas políticos e econômicos?
            É claro que escrevo e falo segundo o filtro da própria corrupção que habita em mim. Porém não posso me calar quando a ânsia por misericórdia e graça gritam em cada alma humana nestes dias tão cruéis.
            É difícil ao ser humano aceitar a misericórdia, já que para isso é necessário se desarmar, se despir de suas ideologias e justificações, trazer o outro que o desafia no mesmo patamar para ouvi-lo, atender suas necessidades e promover a reconciliação.
            Ideias como estas são por demais subversivas, já que não premiam o esforçado, o mais forte, nem o mais justo. Isso ataca nossos brios e nos coloca a todos no mesmo nível, sob a mesma condição. E mesmo em situações concretas, como o iminente bombardeio inglês sobre a Síria, o processo de impeachment sobre nossa presidente ou nossas ações e decisões no dia a dia, não é fácil delimitar onde exercer justiça com misericórdia, e onde desconstruir para depois construir novamente.
            A maior dificuldade em tudo isso é enxergar além dos rótulos, das ideologias, dos sistemas políticos e econômicos que já estão encrustados em nossa pele, em nosso sangue e em nossa história. O pensamento que é regido desde a infância pela meritocracia dificilmente sairá ileso caso decida fugir das linhas que limitam sua justiça própria.

Angela Natel

03/12/2015

angelanatel.wordpress.com

https://www.facebook.com/Angela-Natel-137128436426391/