quinta-feira, 28 de maio de 2015

Vou-me Embora pra Pasárgada



Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto extraído do livro "
Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90

Manuel Bandeirasua vida e sua obra estão em "Biografias".

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Sorteio "Nietzsche para o dia dos namorados"


Sorteio do livro HUMANO, DEMASIADO HUMANO - Friedrich Nietzsche (válido somente para território brasileiro)

Publicado em 1878, 'Humano, demasiado humano' marcou o afastamento de Nietzsche em relação ao romantismo de Wagner e ao pessimismo de Schopenhauer. Influenciado pelos moralistas franceses, Nietzsche adotou e expandiu a forma do aforismo, que neste livro aborda temas como metafísica, moral, religião, arte, literatura, amor, política e relações sociais. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de Souza.

Para participar, é só curtir a página Angela Natel, entrar no link da promoção e clicar em quero participar:

1) Curta a página:
https://www.facebook.com/pages/Angela-Natel/137128436426391

2) Clique em ‘quero participar’ no link:
https://www.sorteiefb.com.br/tab/promocao/458270

O resultado do sorteio será divulgado dia 12/06/2015 (dia dos namorados) na página Angela Natel a partir das 18h:
https://www.facebook.com/pages/Angela-Natel/137128436426391

Aproveite e compartilhe com quem você ama!

terça-feira, 26 de maio de 2015

A antropologia brasileira e a banalização da vida: o infanticídio indígena - a omissão da intelectualidade



O infanticídio indígena não é uma questão de cultura, mas de falta de informação. E se essa informação não chega nas aldeias, é a sociedade brasileira que está falhando e se omitindo na sua responsabilidade com os povos indígenas.
Pensando e lendo sobre o infanticídio indígena em várias fontes, entendi o seguinte: 1. a cultura é dinâmica; 2. a cultura não é determinante; 3. a cultura precisa somar elementos positivos na vida de um grupo ou sociedade; 4. a cultura expressa a identidade de um grupo social, ou seja, é um identificador de hábitos, costumes, relacionamentos, enfim.
Quando pessoas – antropólogos ou órgãos de um governo – determinam que não se pode interferir na prática do infanticídio indígena (por ser uma questão cultural, entendendo que os indígenas mesmos é têm que resolver essa questão), não estamos tratando de “respeito cultural”. Isso é banalização da vida, ou seja, omissão da intelectualidade e de órgãos oficiais.
Digo isso por quê? Não somos uma cultura superior aos indígenas; somos uma cultura que tem mais informação.
Se uma mãe indígena, assim como seus parentes, pudesse compreender que gêmeos não são uma aberração ou uma maldição (alguns grupos entendem que um é do bem e outro é um espírito do mal) ou se soubessem que existem tratamentos para seus filhos que nascem com alguma deformidade ou doença, não buscariam essa opção ao invés de matá-los? Há um peso e trauma sobre os pais indígenas, assim como em toda a tribo que sofre quando eles têm que tomar essa decisão. Não gostariam eles de se sentirem aliviados por não precisar mais se utilizarem dessa prática? Casos de gêmeos ou de deformações não são questão de cultura, mas de genética. O respeito à cultura requer, então, informação e esclarecimento por parte daqueles que detém o conhecimento científico. O respeito jamais justifica a omissão.
O infanticídio indígena não é uma questão de cultura, mas de falta de informação. Se essa informação não chega nas aldeias, é a sociedade brasileira que está falhando na sua responsabilidade com os povos indígenas.
A informação, assim como o conhecimento, quando têm por objetivo trazer melhores condições de vida a uma população, nunca “estragam” uma cultura, mas lhe dão possibilidades de se aperfeiçoar. Nós, na sociedade brasileira, estamos impedindo que o conhecimento chegue às tribos indígenas. Alegamos que estaríamos estragando ou adulterando a cultura indígena. Isso, na verdade, é um sofisma para justificar omissão e falta de interesse.
Voz igreja indígena

https://www.facebook.com/vozigrejaindigena?fref=nf

sábado, 23 de maio de 2015

Mad Max: Fury Road - Official Main Trailer [HD]





Mad Max: Estrada da Fúria - Eu sou testemunha dessa maravilhosa loucura!
Enquanto o mundo desmoronava, a ‪#‎loucura‬ começou
Acho que preciso de uma bolsa de sangue dessas.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Tristeza

O lugar que deveria ser seu refúgio
Os braços que deveriam te acalentar
E tirar as dores d’alma com suas cores
Não passa de um vento a te derrubar.

Para onde se queria ter o desejo de voltar
Busca-se a distância, o esquecimento
Ignoram a impotência e a necessidade
Eis a razão para tal lamento.

Com a desculpa de não se poder ajudar
Material e financeiramente
Deixam de lado o carinho e o incentivo
Tornando a convivência insuportável.

Os dias que se passam longe
São refrigério, um descanso
E quanto mais se aproxima o retorno
Mais o coração aperta de tristeza.

Angela Natel

Maio/2015

sexta-feira, 15 de maio de 2015

O sorteio dos 9 livros é hoje: ainda dá tempo de participar!



Atenção para os passos para participar do Sorteio de 9 livros para 9 diferentes ganhadores que será na próxima semana!
2) Clique em ‘quero participar’ no link:
https://www.sorteiefb.com.br/tab/promocao/446047
O resultado do sorteio será divulgado dia 15/05/2015 na página Angela Natel a partir das 18h:
https://www.facebook.com/pages/Angela-Natel/137128436426391

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O sorteio dos 9 livros é nesta sexta-feira!



Atenção para os passos para participar do Sorteio de 9 livros para 9 diferentes ganhadores que será na próxima semana!
2) Clique em ‘quero participar’ no link:
https://www.sorteiefb.com.br/tab/promocao/446047
O resultado do sorteio será divulgado dia 15/05/2015 na página Angela Natel a partir das 18h:
https://www.facebook.com/pages/Angela-Natel/137128436426391

quinta-feira, 7 de maio de 2015

O DEUS DE FRANKENSTEIN

O deus mais adorado em nossos dias é o deus de Frankenstein. Parece loucura, mas não é. Pode-se observar facilmente como nossa busca pelo transcendente tem caído num antropomorfismo exacerbado.
Isso significa que em nosso desespero por algo além de nós mesmos acabamos por criar uma divindade ou um ser transcendente que não passa de um produto de nossa própria imaginação, um deus 'à nossa imagem e semelhança' e não o contrário.
Trata-se de uma divindade cujas características que reconhecemos são as que nos são convenientes - escolho na Bíblia ou em outras literaturas religiosas somente aquilo que entendo, concordo e aceito, e monto meu deus de Frankenstein conforme minhas necessidades, anseios e lógicas.
Não se trata de um Criador, mas de uma criatura de minha própria imaginação. Posso pensar nesse deus como uma força ao mesmo tempo em que, incoerentemente, me reconheço como sua imagem e semelhança. Falo dele como salvador, poderoso, ao mesmo tempo em que o trato como um gênio da lâmpada totalmente a meu dispôr. Posso reconhecer sua existência e divindade, mas na prática lido com ele como se fosse meu servo, um Papai Noel do ano todo, punindo os maus e recompensando os bons.
Dessa forma, monto meu deus de Frankenstein com peças de inúmeras teologias, mitos e fontes religiosas, sem nem ao menos elaborar uma noção coerente do que pode ser uma divindade.
Um deus que me é conveniente, que atenda às minhas necessidades sem comprometer minhas vontades, um deus construído a partir de minha imagem e limitações.
Sim, e ainda posso querer defendê-lo perante outros, pois é inadmissível para minha teologia qualquer tipo de questionamento.
Este é o deus de Frankenstein, que mais se parece comigo do que eu com ele, apesar de ter sido construído de partes diferentes do espaço e do tempo no imaginário humano. Um deus que nada tem em comum com uma divindade específica dentro de uma unidade de fé - seja cristã, muçulmana, judaica, hindu, animista, etc.
Por si só é uma incoerência existencial, assim como o monstro de Frankenstein, criado a partir do ser humano, sem a possibilidade de interagir de modo saudável com o mesmo, devido às suas inúmeras limitações.
Um deus de Frankenstein é limitado e confuso, incapaz de preencher as lacunas da alma humana, exatamente porque se restringe a ela. Sua dimensão não alcança os limites do inexplicável.
Infelizmente, por ser muito comum em nossos dias, o deus de Frankenstein toma o espaço do transcendente em nossas vidas - nos dá conforto, alivia momentaneamente a consciência, tapa alguns buracos no sistema explicatório de nossa cosmovisão. Sistematizamos facilmente esta divindade, porque cabe em nossa mente, podemos sondá-lo em todas as suas dimensões. Assim, fica mais difícil sairmos da zona de conforto em busca de algo maior do que nós mesmos - um Deus inexplicável, pessoal, diferente e acima de todas as coisas criadas.
Sempre gostei da história do monstro de Frankenstein. Só nunca antes tinha imaginado que pudéssemos nos dobrar a uma divindade semelhante a ele.
Por esta razão decidi de uma vez por todas que prefiro mil vezes ser compreendida a compreender, e me dobro ante o inexplicável.
Que meus monstros interiores não tomem o lugar que só a Deus pertence, e que este Deus inexplicável nunca se limite ao tamanho de minha teologia.


Angela Natel

quarta-feira, 6 de maio de 2015

NIETZSCHE: A MORTE DE DEUS

Deus está morto ("Gott ist tot" em alemão) é uma famosa citação do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Aparece pela primeira vez em A gaia ciência e se tornou popular em uma de suas mais famosas obras, Assim falava Zaratustra.
 O erudito filósofo, filho de pastor protestante, não quis dizer o que comumente as pessoas acreditam significar a frase, isto é, simples expressão do ateísmo. Seria uma atitude grosseira pretender afirmar especulativamente a morte de Deus. Só morre alguém que existe, e se um dia Deus existiu, por ser eterno, não pode morrer. Se nunca existiu não há como morrer. O sentido da máxima “Deus está morto” tem uma conotação simbólica. Ela sintetiza uma relação histórica entre Deus e o homem. Nesse enfoque o que perece é a crença do homem em Deus e o que a ele estava vinculado.
Dentro do contexto da época, a morte de Deus foi uma crítica sobre a história do pensamento humano. Para o filósofo a história do pensamento humano foi engendrada por uma interpretação socrático-platônica, ou seja, fomos vítimas de uma interpretação. A ideia que o pensamento é superior ao corpo e que o mundo não é somente o que vivemos influenciou o pensamento ocidental, inclusive o cristianismo.
Por ter nascido em uma cultura cristã e estar imerso entre a modernidade, cristianismo e o pensamento arcaico, criou-se uma “guerra de pensamentos” na cabeça do filósofo. Ele cita, “não sou humano, sou uma dinamite” (o que fez explodir um pensamento rico para a época). A dinamite explodiu no mundo moderno. Para ele a história do pensamento humano era a história da negação da vida. A construção de um modelo de homem que nunca existiu e nem existirá.
A morte de Deus é anunciada inicialmente na obra A Gaia Ciência (1882) no aforismo 125:
O homem louco – “Não ouviste falar daquele homem louco que, em plena manhã clara, acendeu um candeeiro, correu para o mercado e gritava incessantemente: Estou procurando Deus! Estou procurando Deus! Então como lá se reunissem justamente muitos daqueles que não acreditavam em Deus, provocou ele então grande gargalhada. (…) O homem louco saltou em meio a eles e disse: nós o matamos, vós e eu! (…) Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! (…) A grandeza deste feito não é demasiado grande para nós? Não teríamos que nos tornar, nós próprios, deuses, para apenas parecer dignos dela?”
O homem louco entendeu que o pensamento moderno tinha tirado o trono de Deus na medida em que os homens rejeitaram as explicações teológicas e passaram a acreditar na razão enquanto divindade. Nesse sentido, Deus apenas perdeu o trono para o “deus Razão”. Da mesma forma, esta mesma razão era usada como fio condutor pelos ateístas para desapreciar as religiões; contudo Nietzsche também atingiu os ateus, pois eles deixaram de crer em Deus e passaram a crer na razão.
 Nietzsche revelou-se quase que um “profeta” de um momento que viria a se instaurar: o contexto atual que uns chamam de pós-modernismo, isto é, uma época marcada pelo “nada”. Nem Deus e nem Razão, o Nada e o Vazio são características do pensamento do homem atual. Não nos importamos com o conhecimento enquanto busca de sentido e superação num fazer-desfazer criativo da vida.
Os problemas existenciais e as angústias dos homens são “acobertados” em nome do homem liberal que só tem tempo para o trabalho e acúmulo de riquezas. Buscamos aquele “conhecimento receituário”, instantâneo, dos cursos técnicos e operacionais que formam cada vez mais “especialistas” que só conseguem perceber o mundo sob a ótica de sua lente. Somente buscamos consolo nas mercadorias de tal forma que nossa felicidade sempre está na vitrine e nunca conosco, somos “isso” ou “aquilo” dependendo do que consumimos.
O alvo da crítica de Nietzsche à metafísica encontra-se em Sócrates e Platão. Estes são responsáveis pela criação do mundo fictício e adotado como verdades eternas e imutáveis. A estrutura metafísica dualista da concepção filosófica de Platão instala-se no cristianismo que, para Nietzsche, nada mais é do que um “platonismo para o povo”. No cristianismo “platonizado” Deus vai ser a personificação do supra-sensível. Deus será agora o verdadeiro ser e tudo o que a ele for aliado será eticamente bom. Da união entre platonismo e cristianismo que se constitui e se fundamenta, segundo Nietzsche, a cultura ocidental. Dessa forma, o louco não fala do Deus de quem tem fé, mas sim do que Deus representou e significou para a cultura enquanto crença coletiva. Ali onde Deus estava no centro do conhecimento e da moral, há agora um grande vazio. Tanto a ciência quanto a filosofia dispensaram e tornaram irrelevante a idéia de Deus. Nesse sentido o dito de Nietzsche é muito mais profundo do que uma simples confissão de ateísmo. Trata-se antes de um assassinato e não de uma promulgação de não-existência. No aforismo referido a palavra “acontecimento” é como uma chave para essa interpretação. “Esse acontecimento enorme está a caminho, ainda anda: não chegou ainda aos ouvidos dos homens”. Trata-se, pois, de um acontecimento histórico, um evento da modernidade, mesmo que os homens não tenham plena consciência disso e que ao louco cabe anunciar. É sobre um transfundo histórico que a parábola ganha significação. É por isso que o louco grita: “Nós o matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos!”

Professor Jeferson Albrecht

terça-feira, 5 de maio de 2015

NIETZSCHE EM ‘A GAIA CIÊNCIA’, 125

O homem louco – Não ouvimos falar daquele homem louco que em plena manhã acendeu uma lanterna e correu ao mercado, e pôs-se a gritar inceantemente: “Procuro Deus! Procuro Deus!”? – E como lá se encontrassem muitos daqueles que não criam em Deus, ele despertou com isso uma grande gargalhada. Então ele está perdido? Perguntou um deles. Ele se perdeu como uma criança? Disse um outro. Está se escondendo? Ele tem medo de nós? Embarcou num navio? Emigrou? – gritavam e riam uns para os outros. O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. “Para onde foi Deus?”, gritou ele, “já lhes direi: Nós o matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a terra do seu sol? Para onde se move ela agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caímos continuamente? Para trás, para os lados, para a frente, em todas as direções? Existem ainda ‘em cima’ e embaixo’? Não vagamos como que através de um nada infinito? Não sentimos na pele o sopro do vácuo? Não se tornou ele mais frio? Não anoitece eternamente? Não temos que acender lanternas de manhã?
Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós, assassinos entre os assassinos? O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuíra sangrou inteiro sob os nossos punhais – quem nos limpará este sangue? Com que água poderíamos nos lavar? Que ritos expiatórios, que jogos sagrados teremos de inventar? A grandeza desse ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele? Nunca houve um ato maior – e quem vier depois de nós pertencerá, por causa desse ato, a uma história mais elevada que toda a história até então!” Nesse momento silenciou o homem louco, e novamente olhou para seus ouvintes: eles também ficaram em silêncio, olhando espantados para ele. “Eu venho cedo demais”, disse então, “não é ainda meu tempo. Esse acontecimento enorme está a caminho, ainda anda: não chegou ainda aos ouvidos dos homens. O corisco e o trovão precisam de tempo, a luz das estrelas precisa de tempo, os atos, mesmo depois de feitos, precisam de tempo para serem vistos e ouvidos. Esse ato ainda lhes é mais distante que a mais longínqua constelação – e no entanto eles o cometeram!” – Conta-se também que no mesmo dia o homem louco irrompeu em várias igrejas, e em cada uma entoou o seu Requiem aeternam deo. Levado para fora e interrogado, limitava-se a responder: “O que são ainda essas igrejas, se não os mausoléus e túmulos de Deus?”.


A Gaia Ciênciahttp://filosofia.uol.com.br/filosofia/imagens/icone_informacoes_txt.gif
Lançado em 1882, A Gaia Ciência (Die fröhliche Wissenschaft) foi escrito no estilo aforismático característico de Friedrich Wilhelm Nietzsche. Nessa obra, Nietzsche mencionou pela primeira vez Zaratustra, o profeta persa, personagem central de seu livro mais famoso, Assim Falou Zaratustra.


 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Sorteio de 9 livros para 9 diferentes ganhadores (dia 15 de maio)!



Aproveite o novo sorteio de 9 (nove) livros:

Para participar, é só curtir a página Angela Natel, entrar no link da promoção e clicar em quero participar:

1) Curta a página:
https://www.facebook.com/pages/Angela-Natel/137128436426391

2) Clique em ‘quero participar’ no link:
https://www.sorteiefb.com.br/tab/promocao/446047

O resultado do sorteio será divulgado dia 15/05/2015 na página Angela Natel a partir das 18h:
https://www.facebook.com/pages/Angela-Natel/137128436426391

Vou-me Embora pra Pasárgada



Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto extraído do livro "
Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90

Manuel Bandeirasua vida e sua obra estão em "Biografias".

Sorteio "Nietzsche para o dia dos namorados"


Sorteio do livro HUMANO, DEMASIADO HUMANO - Friedrich Nietzsche (válido somente para território brasileiro)

Publicado em 1878, 'Humano, demasiado humano' marcou o afastamento de Nietzsche em relação ao romantismo de Wagner e ao pessimismo de Schopenhauer. Influenciado pelos moralistas franceses, Nietzsche adotou e expandiu a forma do aforismo, que neste livro aborda temas como metafísica, moral, religião, arte, literatura, amor, política e relações sociais. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de Souza.

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O infanticídio indígena não é uma questão de cultura, mas de falta de informação. E se essa informação não chega nas aldeias, é a sociedade brasileira que está falhando e se omitindo na sua responsabilidade com os povos indígenas.
Pensando e lendo sobre o infanticídio indígena em várias fontes, entendi o seguinte: 1. a cultura é dinâmica; 2. a cultura não é determinante; 3. a cultura precisa somar elementos positivos na vida de um grupo ou sociedade; 4. a cultura expressa a identidade de um grupo social, ou seja, é um identificador de hábitos, costumes, relacionamentos, enfim.
Quando pessoas – antropólogos ou órgãos de um governo – determinam que não se pode interferir na prática do infanticídio indígena (por ser uma questão cultural, entendendo que os indígenas mesmos é têm que resolver essa questão), não estamos tratando de “respeito cultural”. Isso é banalização da vida, ou seja, omissão da intelectualidade e de órgãos oficiais.
Digo isso por quê? Não somos uma cultura superior aos indígenas; somos uma cultura que tem mais informação.
Se uma mãe indígena, assim como seus parentes, pudesse compreender que gêmeos não são uma aberração ou uma maldição (alguns grupos entendem que um é do bem e outro é um espírito do mal) ou se soubessem que existem tratamentos para seus filhos que nascem com alguma deformidade ou doença, não buscariam essa opção ao invés de matá-los? Há um peso e trauma sobre os pais indígenas, assim como em toda a tribo que sofre quando eles têm que tomar essa decisão. Não gostariam eles de se sentirem aliviados por não precisar mais se utilizarem dessa prática? Casos de gêmeos ou de deformações não são questão de cultura, mas de genética. O respeito à cultura requer, então, informação e esclarecimento por parte daqueles que detém o conhecimento científico. O respeito jamais justifica a omissão.
O infanticídio indígena não é uma questão de cultura, mas de falta de informação. Se essa informação não chega nas aldeias, é a sociedade brasileira que está falhando na sua responsabilidade com os povos indígenas.
A informação, assim como o conhecimento, quando têm por objetivo trazer melhores condições de vida a uma população, nunca “estragam” uma cultura, mas lhe dão possibilidades de se aperfeiçoar. Nós, na sociedade brasileira, estamos impedindo que o conhecimento chegue às tribos indígenas. Alegamos que estaríamos estragando ou adulterando a cultura indígena. Isso, na verdade, é um sofisma para justificar omissão e falta de interesse.
Voz igreja indígena

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Enquanto o mundo desmoronava, a ‪#‎loucura‬ começou
Acho que preciso de uma bolsa de sangue dessas.

Tristeza

O lugar que deveria ser seu refúgio
Os braços que deveriam te acalentar
E tirar as dores d’alma com suas cores
Não passa de um vento a te derrubar.

Para onde se queria ter o desejo de voltar
Busca-se a distância, o esquecimento
Ignoram a impotência e a necessidade
Eis a razão para tal lamento.

Com a desculpa de não se poder ajudar
Material e financeiramente
Deixam de lado o carinho e o incentivo
Tornando a convivência insuportável.

Os dias que se passam longe
São refrigério, um descanso
E quanto mais se aproxima o retorno
Mais o coração aperta de tristeza.

Angela Natel

Maio/2015

O sorteio dos 9 livros é hoje: ainda dá tempo de participar!



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O sorteio dos 9 livros é nesta sexta-feira!



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O DEUS DE FRANKENSTEIN

O deus mais adorado em nossos dias é o deus de Frankenstein. Parece loucura, mas não é. Pode-se observar facilmente como nossa busca pelo transcendente tem caído num antropomorfismo exacerbado.
Isso significa que em nosso desespero por algo além de nós mesmos acabamos por criar uma divindade ou um ser transcendente que não passa de um produto de nossa própria imaginação, um deus 'à nossa imagem e semelhança' e não o contrário.
Trata-se de uma divindade cujas características que reconhecemos são as que nos são convenientes - escolho na Bíblia ou em outras literaturas religiosas somente aquilo que entendo, concordo e aceito, e monto meu deus de Frankenstein conforme minhas necessidades, anseios e lógicas.
Não se trata de um Criador, mas de uma criatura de minha própria imaginação. Posso pensar nesse deus como uma força ao mesmo tempo em que, incoerentemente, me reconheço como sua imagem e semelhança. Falo dele como salvador, poderoso, ao mesmo tempo em que o trato como um gênio da lâmpada totalmente a meu dispôr. Posso reconhecer sua existência e divindade, mas na prática lido com ele como se fosse meu servo, um Papai Noel do ano todo, punindo os maus e recompensando os bons.
Dessa forma, monto meu deus de Frankenstein com peças de inúmeras teologias, mitos e fontes religiosas, sem nem ao menos elaborar uma noção coerente do que pode ser uma divindade.
Um deus que me é conveniente, que atenda às minhas necessidades sem comprometer minhas vontades, um deus construído a partir de minha imagem e limitações.
Sim, e ainda posso querer defendê-lo perante outros, pois é inadmissível para minha teologia qualquer tipo de questionamento.
Este é o deus de Frankenstein, que mais se parece comigo do que eu com ele, apesar de ter sido construído de partes diferentes do espaço e do tempo no imaginário humano. Um deus que nada tem em comum com uma divindade específica dentro de uma unidade de fé - seja cristã, muçulmana, judaica, hindu, animista, etc.
Por si só é uma incoerência existencial, assim como o monstro de Frankenstein, criado a partir do ser humano, sem a possibilidade de interagir de modo saudável com o mesmo, devido às suas inúmeras limitações.
Um deus de Frankenstein é limitado e confuso, incapaz de preencher as lacunas da alma humana, exatamente porque se restringe a ela. Sua dimensão não alcança os limites do inexplicável.
Infelizmente, por ser muito comum em nossos dias, o deus de Frankenstein toma o espaço do transcendente em nossas vidas - nos dá conforto, alivia momentaneamente a consciência, tapa alguns buracos no sistema explicatório de nossa cosmovisão. Sistematizamos facilmente esta divindade, porque cabe em nossa mente, podemos sondá-lo em todas as suas dimensões. Assim, fica mais difícil sairmos da zona de conforto em busca de algo maior do que nós mesmos - um Deus inexplicável, pessoal, diferente e acima de todas as coisas criadas.
Sempre gostei da história do monstro de Frankenstein. Só nunca antes tinha imaginado que pudéssemos nos dobrar a uma divindade semelhante a ele.
Por esta razão decidi de uma vez por todas que prefiro mil vezes ser compreendida a compreender, e me dobro ante o inexplicável.
Que meus monstros interiores não tomem o lugar que só a Deus pertence, e que este Deus inexplicável nunca se limite ao tamanho de minha teologia.


Angela Natel

NIETZSCHE: A MORTE DE DEUS

Deus está morto ("Gott ist tot" em alemão) é uma famosa citação do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Aparece pela primeira vez em A gaia ciência e se tornou popular em uma de suas mais famosas obras, Assim falava Zaratustra.
 O erudito filósofo, filho de pastor protestante, não quis dizer o que comumente as pessoas acreditam significar a frase, isto é, simples expressão do ateísmo. Seria uma atitude grosseira pretender afirmar especulativamente a morte de Deus. Só morre alguém que existe, e se um dia Deus existiu, por ser eterno, não pode morrer. Se nunca existiu não há como morrer. O sentido da máxima “Deus está morto” tem uma conotação simbólica. Ela sintetiza uma relação histórica entre Deus e o homem. Nesse enfoque o que perece é a crença do homem em Deus e o que a ele estava vinculado.
Dentro do contexto da época, a morte de Deus foi uma crítica sobre a história do pensamento humano. Para o filósofo a história do pensamento humano foi engendrada por uma interpretação socrático-platônica, ou seja, fomos vítimas de uma interpretação. A ideia que o pensamento é superior ao corpo e que o mundo não é somente o que vivemos influenciou o pensamento ocidental, inclusive o cristianismo.
Por ter nascido em uma cultura cristã e estar imerso entre a modernidade, cristianismo e o pensamento arcaico, criou-se uma “guerra de pensamentos” na cabeça do filósofo. Ele cita, “não sou humano, sou uma dinamite” (o que fez explodir um pensamento rico para a época). A dinamite explodiu no mundo moderno. Para ele a história do pensamento humano era a história da negação da vida. A construção de um modelo de homem que nunca existiu e nem existirá.
A morte de Deus é anunciada inicialmente na obra A Gaia Ciência (1882) no aforismo 125:
O homem louco – “Não ouviste falar daquele homem louco que, em plena manhã clara, acendeu um candeeiro, correu para o mercado e gritava incessantemente: Estou procurando Deus! Estou procurando Deus! Então como lá se reunissem justamente muitos daqueles que não acreditavam em Deus, provocou ele então grande gargalhada. (…) O homem louco saltou em meio a eles e disse: nós o matamos, vós e eu! (…) Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! (…) A grandeza deste feito não é demasiado grande para nós? Não teríamos que nos tornar, nós próprios, deuses, para apenas parecer dignos dela?”
O homem louco entendeu que o pensamento moderno tinha tirado o trono de Deus na medida em que os homens rejeitaram as explicações teológicas e passaram a acreditar na razão enquanto divindade. Nesse sentido, Deus apenas perdeu o trono para o “deus Razão”. Da mesma forma, esta mesma razão era usada como fio condutor pelos ateístas para desapreciar as religiões; contudo Nietzsche também atingiu os ateus, pois eles deixaram de crer em Deus e passaram a crer na razão.
 Nietzsche revelou-se quase que um “profeta” de um momento que viria a se instaurar: o contexto atual que uns chamam de pós-modernismo, isto é, uma época marcada pelo “nada”. Nem Deus e nem Razão, o Nada e o Vazio são características do pensamento do homem atual. Não nos importamos com o conhecimento enquanto busca de sentido e superação num fazer-desfazer criativo da vida.
Os problemas existenciais e as angústias dos homens são “acobertados” em nome do homem liberal que só tem tempo para o trabalho e acúmulo de riquezas. Buscamos aquele “conhecimento receituário”, instantâneo, dos cursos técnicos e operacionais que formam cada vez mais “especialistas” que só conseguem perceber o mundo sob a ótica de sua lente. Somente buscamos consolo nas mercadorias de tal forma que nossa felicidade sempre está na vitrine e nunca conosco, somos “isso” ou “aquilo” dependendo do que consumimos.
O alvo da crítica de Nietzsche à metafísica encontra-se em Sócrates e Platão. Estes são responsáveis pela criação do mundo fictício e adotado como verdades eternas e imutáveis. A estrutura metafísica dualista da concepção filosófica de Platão instala-se no cristianismo que, para Nietzsche, nada mais é do que um “platonismo para o povo”. No cristianismo “platonizado” Deus vai ser a personificação do supra-sensível. Deus será agora o verdadeiro ser e tudo o que a ele for aliado será eticamente bom. Da união entre platonismo e cristianismo que se constitui e se fundamenta, segundo Nietzsche, a cultura ocidental. Dessa forma, o louco não fala do Deus de quem tem fé, mas sim do que Deus representou e significou para a cultura enquanto crença coletiva. Ali onde Deus estava no centro do conhecimento e da moral, há agora um grande vazio. Tanto a ciência quanto a filosofia dispensaram e tornaram irrelevante a idéia de Deus. Nesse sentido o dito de Nietzsche é muito mais profundo do que uma simples confissão de ateísmo. Trata-se antes de um assassinato e não de uma promulgação de não-existência. No aforismo referido a palavra “acontecimento” é como uma chave para essa interpretação. “Esse acontecimento enorme está a caminho, ainda anda: não chegou ainda aos ouvidos dos homens”. Trata-se, pois, de um acontecimento histórico, um evento da modernidade, mesmo que os homens não tenham plena consciência disso e que ao louco cabe anunciar. É sobre um transfundo histórico que a parábola ganha significação. É por isso que o louco grita: “Nós o matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos!”

Professor Jeferson Albrecht

NIETZSCHE EM ‘A GAIA CIÊNCIA’, 125

O homem louco – Não ouvimos falar daquele homem louco que em plena manhã acendeu uma lanterna e correu ao mercado, e pôs-se a gritar inceantemente: “Procuro Deus! Procuro Deus!”? – E como lá se encontrassem muitos daqueles que não criam em Deus, ele despertou com isso uma grande gargalhada. Então ele está perdido? Perguntou um deles. Ele se perdeu como uma criança? Disse um outro. Está se escondendo? Ele tem medo de nós? Embarcou num navio? Emigrou? – gritavam e riam uns para os outros. O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. “Para onde foi Deus?”, gritou ele, “já lhes direi: Nós o matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a terra do seu sol? Para onde se move ela agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caímos continuamente? Para trás, para os lados, para a frente, em todas as direções? Existem ainda ‘em cima’ e embaixo’? Não vagamos como que através de um nada infinito? Não sentimos na pele o sopro do vácuo? Não se tornou ele mais frio? Não anoitece eternamente? Não temos que acender lanternas de manhã?
Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós, assassinos entre os assassinos? O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuíra sangrou inteiro sob os nossos punhais – quem nos limpará este sangue? Com que água poderíamos nos lavar? Que ritos expiatórios, que jogos sagrados teremos de inventar? A grandeza desse ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele? Nunca houve um ato maior – e quem vier depois de nós pertencerá, por causa desse ato, a uma história mais elevada que toda a história até então!” Nesse momento silenciou o homem louco, e novamente olhou para seus ouvintes: eles também ficaram em silêncio, olhando espantados para ele. “Eu venho cedo demais”, disse então, “não é ainda meu tempo. Esse acontecimento enorme está a caminho, ainda anda: não chegou ainda aos ouvidos dos homens. O corisco e o trovão precisam de tempo, a luz das estrelas precisa de tempo, os atos, mesmo depois de feitos, precisam de tempo para serem vistos e ouvidos. Esse ato ainda lhes é mais distante que a mais longínqua constelação – e no entanto eles o cometeram!” – Conta-se também que no mesmo dia o homem louco irrompeu em várias igrejas, e em cada uma entoou o seu Requiem aeternam deo. Levado para fora e interrogado, limitava-se a responder: “O que são ainda essas igrejas, se não os mausoléus e túmulos de Deus?”.


A Gaia Ciênciahttp://filosofia.uol.com.br/filosofia/imagens/icone_informacoes_txt.gif
Lançado em 1882, A Gaia Ciência (Die fröhliche Wissenschaft) foi escrito no estilo aforismático característico de Friedrich Wilhelm Nietzsche. Nessa obra, Nietzsche mencionou pela primeira vez Zaratustra, o profeta persa, personagem central de seu livro mais famoso, Assim Falou Zaratustra.


 

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