quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Sorteio de livros “Homenagem pelo dia do professor" no facebook


São 30 (trinta) livros para 15 (quinze) diferentes ganhadores – 2 livros para cada ganhador! – Muitas chances para você ganhar!
- válido somente para território brasileiro - livros de minha biblioteca particular (e, portanto, usados)
Para o 1º nome sorteado: Prêmio 1) ‘Médico de Homens e de Almas’ (Taylor Caldwell) e ‘Modelos e Líderes’ (Max Scheler)
Para o 2º nome sorteado: Prêmio 2) ‘Um breve guia ilustrado para compreender o Islã’ e ‘Potência, Limites e Sedução do Poder’
Para o 3º nome sorteado: Prêmio 3) ‘O Profeta do Islam: Muhammad’ e ‘Descobertas na terra dos Maias’
Para o 4º nome sorteado: Prêmio 4) ‘A Mensagem do Islã’ e ‘300 quebra-gelo’
Para o 5º nome sorteado: Prêmio 5) ‘Cristianismo diabólico’ e ‘A nova des-ordem mundial’
Para o 6º nome sorteado: Prêmio 6) ‘Galileu Galilei’ e ‘Como viver acima da mediocridade’
Para o 7º nome sorteado: Prêmio 7) ‘Albert Einstein’ e ‘Ego transformado’
Para o 8º nome sorteado: Prêmio 8) ‘The secret garden’ e ‘Quem você pensa que é?’
Para o 9º nome sorteado: Prêmio 9) ‘The grapes of wrath’ e ‘O caminho do peregrino’
Para o 10º nome sorteado: Prêmio 10) ‘Petrarca – Triunfos’ e ‘O quatrilho’
Para o 11º nome sorteado: Prêmio 11) ‘Montanha russa’ e ‘Grandes astros do cinema’
Para o 12º nome sorteado: Prêmio 12) ‘Na moda’ e ‘ Carta sobre a felicidade’
Para o 13º nome sorteado: Prêmio 13) ‘A divina comédia’ e ‘Trabalho compulsório e trabalho livre na história do Brasil’
Para o 14º nome sorteado: Prêmio 14) ‘Da felicidade’ e ‘Richard Rorty: filósofo da cultura’
Para o 15º nome sorteado: Prêmio 15) ‘Filosofia de viagem’ e ‘Análise do Discurso’

ATENÇÃO PARA AS NOVAS REGRAS: Para participar, é só curtir a página Angela Natel, compartilhar este anúncio em modo público no seu mural e entrar no link da promoção e clicar no botão verde escrito “quero participar”:

2) Compartilhe este anúncio em modo público no seu mural
https://www.facebook.com/137128436426391/photos/a.137140053091896.28836.137128436426391/586171311522099/?type=3&theater


3) Clique no botão verde escrito ‘quero participar’ no link:
https://www.sorteiefb.com.br/tab/promocao/493168

O resultado do sorteio será divulgado dia 15/10/2015 (quinta-feira) na página Angela Natel a partir das 18h:
https://www.facebook.com/pages/Angela-Natel/137128436426391
Os ganhadores terão até dia 19 de outubro para entrarem em contato por e-mail divulgado no dia do sorteio a fim de receberem seus prêmios.

Aproveite e compartilhe com seus amigos!

sábado, 26 de setembro de 2015

A Idade Média do Brasil hoje



Le Goff, em um texto muito significativo para o entendimento das possibilidades de interpretação sobre a Idade Média, expõe as visões de Michelet sobre o medievo. Esse capítulo exemplar do medievalista francês – quem, acho eu, morreu antes de sua morte natural – tem me sido relembrado por imagens como essa. Não é a primeira vez que a vejo, certamente não será a última, e a cada vez que leio seu enunciado tenho maior convicção do erro ao qual ela nos remete. Um duplo erro: enquanto péssimos conhecedores do passado, e piores ainda enquanto capazes de reconhecer os problemas de nossa contemporaneidade.
Primeira, a Idade Média. A mensagem carregada por esses pixels na tela de um computador apresenta uma medievalidade pautada exclusivamente em um âmbito religioso, dando a entender que o a Igreja – ali expressa pelo processo de condenação de uma bruxa, ou seja, a Inquisição – foi capaz de manter um domínio sobre as decisões políticas do espaço que hoje conhecemos como Europa. Ora, que engano! Mesmo em períodos em que teóricos religiosos dedicaram suas linhas a defesa da autoridade papal sobre os imperadores e reis, não é consenso entre os medievalistas que esse objetivo tenha sido atingido.
A imagem carrega ainda a ideia de um período de completa penúria e violência causada pelo discurso religioso. Outro engano. É importante lembrar que a presença de um pensamento religioso – mais que de uma autoridade religiosa – orientou práticas como a do cuidado com os leprosos, ou as inúmeras casas de cuidados orientadas aos que se encontravam em situação de risco, sejam quais fossem suas mazelas– caso das ações de D. Dinis e a rainha Sta. Isabel, em Portugal. É também no sentido de ampliar o entendimento acerca de conflitos religiosos que podemos lembrar o fato de a Corte de Alfonso X de Castela, a qual manteve o cuidado de abrigar judeus e muçulmanos em sua formação e mesmo as cidades possuíam bairros para as pessoas com essas orientações religiosas – apesar dos tributos pagos para que ali permanecessem.
Segundo, a contemporaneidade. Ao olhar para a Idade Média e pinçar o aspecto religioso como determinante e provocador de calamidades, a imagem não apenas provoca o desentendimento acerca da Idade Média, mas ainda induz aquele que a vê a atribuir apenas ao passado os conflitos que vivemos em nossa contemporaneidade. Ora, mais de quinhentos anos de passaram desde o fim daquele período histórico (marco didático), será que o pensamento medieval é responsável pelo que vivemos hoje? Ou seriamos nós, enquanto sociedade, que, passados os cinco séculos que os separam dos medievais, ainda não fomos capazes de avançar em um entendimento que nos habilite a viver mais como humanos, e menos em uma multiplicidade de binômios?
Em resumo, a imagem presta um duplo desserviço: deturpa o conhecimento sobre a Idade Média, e ainda nos isenta da responsabilidade que nós, contemporâneos, temos sobre a atual sociedade. Religiões e políticas passaram por profundas modificações desde o medievo, e qualquer comparação simplista apenas nos deixa mais distante de analisarmos e entendermos os nossos problemas, sejam religiosos, políticos ou o perigoso misto da bancada evangélica.
OBS: Medidas tomadas essa semana pelo Japão e Austrália de retirar o ensino de humanidades em detrimento de conhecimentos mais significativos para a sociedade – no entendimento do governo daqueles países – apenas ampliarão erros como o dessa imagem. Instrução sem reflexão não passa de automação de humanos.
* É preciso esclarecer que esse pequeno texto está longe de resolver os problemas e o debate que essa imagem suscita. Essas palavras não são apenas apontamento mais do que superficiais de um debate que exigiria muitas páginas mais.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1070776762935538&set=a.303354933011062.83732.100000096745766&type=3&theater

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Pregar o verdadeiro evangelho é prejudicial ao seu bolso



O ministério do movimento go$pel adverte, pregar o verdadeiro evangelho é prejudicial ao seu bolso. (Paulo Poeta)

Atesto isso com minha própria vida. Enquanto eu ensinava o erro, pregava o que os outros queriam ouvir, era popular e me comportava de maneira a não desagradar a multidão, tudo sobejava. 
Até o dia em que me arrependi de viver contra minha própria consciência, me arrependi de ser falsa testemunha da verdade. Dobrei-me ante a graça e a misericórdia de Jesus, que não prega religião alguma, porque Ele mesmo é a verdade.
Agora sinto na pele as consequências desta reviravolta na vida. Porque a multidão investe no que lhe agrada os olhos e o coração. A verdade não é agradável aos ouvidos, nem atraente...
Projetos que nos fazem doar quem somos sem retribuição dependem da boa vontade do coração humano. É amigos, ser honesto com a própria consciência é prejudicial ao bolso. 
Angela Natel
https://www.facebook.com/Angela-Natel-137128436426391/timeline/?ref=bookmarks

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Doença



Estamos doentes
Nossa teologia é doente
Nosso coração é mau, viciado
E nossa mente é cativa.

Liberdade de ir e vi
Para contagiar a todos
Os que convivem conosco.
Febre amarela
Nos fazendo alucinar.

Estamos doentes.
Traumatizamos
A quem queremos ensinar.
Doença social
Que mata a quem devemos amar.

O cavaleiro do cavalo amarelo
Cavalga livremente entre nós.
Peste entre nós,
Tortura, mas não mata.

Estamos doentes,
Psicopatas,
Sociopatas.
Vivemos a coçar e a arranhar uns aos outros
Enquanto lambemos nossas próprias feridas.


Angela Natel – 20/09/2015

terça-feira, 15 de setembro de 2015

(Rubem Alves - Perguntaram-Me Se Acredito em Deus)

"É preciso esquecer os nomes de Deus que as religiões inventaram para encontrá-lo sem nome no assombro da vida. Não precisamos dizer o nome ´rosa` para sentir o seu perfume. Muitas pessoas que jamais pronunciam o nome de Deus o conhecem como reverência pela vida. Há pessoas que se sentem religiosas por acreditar em Deus. De que vale isso? Os demônios também acreditam e estremecem ao ouvir o seu nome (Tiago 2.19). Os homens religiosos, quando alguém morre, dizem: ´Deus o levou para si`. Então, enquanto vivo, ele estava distante de Deus? Deus é Deus dos mortos ou Deus dos vivos? Deus não mora no mundo dos mortos. Ele mora no nosso mundo, passeia pelo jardim. Deus é beleza. Quer ver Deus? Veja a beleza do Sol que se põe, sem pensar em Deus. Quer ouvir Deus? Entregue-se à beleza da música, sem pensar em Deus. Quer sentir o cheiro de Deus? Respire fundo o cheiro do jasmim, sem pensar em Deus. Quer saber como é o coração de Deus? Empurre uma criança num balanço porque Deus tem um coração de criança, sem pensar em Deus. Há beleza demais no Universo. Mas o tempo vai-nos roubando as coisas que amamos. Vai-se o arbusto, vai-se a montanha, vão-se os riachos cristalinos, vão-se as pessoas amadas, vamos nós… O tempo é um monstro que devora os seus filhos. Fica a saudade. Saudade é a presença da ausência das coisas que amamos e nos foram roubadas pelo tempo. Quando se pronuncia o nome sagrado, está-se afirmando que a beleza amada não está perdida no passado. Está escrito num poema sagrado: ´Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o encontrarás…` (Eclesiastes 11.1). As águas dos rios são circulares, o tempo é circular, o que foi perdido volta, um eterno retorno… Deus existe para nos curar da saudade… Eu gostaria de dar um conselho: ´Não sejam curiosos a respeito de Deus, pois eu sou curioso sobre todas as coisas e não sou curioso a respeito de Deus. Não há palavra capaz de dizer quando eu me sinto em paz perante Deus e a morte. Escuto e vejo Deus em todos os objetos, embora de Deus eu não entenda nem um pouquinho… Eu vejo Deus em cada uma das vinte e quatro horas e em cada instante de cada uma delas, nos rostos dos homens e das mulheres eu vejo Deus…` (Walt Whitman) ´Sejamos simples e calmos como os regatos e as árvores, e Deus amar-nos-á fazendo de nós belos como as árvores e os regatos, e dar-nos-á verdor na sua primavera e um rio aonde ir ter quando acabemos` (Alberto Caeiro)"

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

MANUAL DE EMER­GÊN­CIA DO OBSER­VA­DOR DE CATÁSTROFES - Paulo Brabo


A cons­pi­ra­ção contra a raça humana (2010), de Thomas Ligotti, foi recebido como o livro mais pes­si­mista de todos os tempos, tendo entre outros méritos inspirado os discursos do policial niilista da primeira temporada de True Detective. Thomas Ligotti é um escritor que me deixa otimista com relação às pos­si­bi­li­da­des da lite­ra­tura de horror; seus textos de ficção, reunidos em outros livros, são a única coisa con­tem­po­râ­nea que chegou até mim e se aproxima da vertigem que é Lovecraft.
Na qualidade de pes­si­mista, no entanto, Ligotti tem ainda muito a aprender. Comigo.
Diversas vezes tive de inter­rom­per a leitura de A cons­pi­ra­ção contra a raça humana para balançar ceri­mo­ni­al­mente a cabeça e refletir sobre o estado deplo­rá­vel do pes­si­mismo con­tem­po­râ­neo. “Então esse é o pior cenário que Ligotti consegue conceber?”, eu pensava. “A vida não faz sentido, mimimi? Púats, que amador.” A cons­pi­ra­ção é um livro curioso, mas encontro fonte mais segura de desespero e de horror naquelas contas de frases moti­va­ci­o­nais do instagram.
Como eu ia dizendo, sou o cara mais pes­si­mista que conheço. Tomando Ligotti como parâmetro, não tenho qualquer evidência de que não sou o cara mais pes­si­mista que já existiu. Como os pes­si­mis­tas genuínos (está ouvindo, Luiz Henrique), falo raramente sobre o meu pes­si­mismo – porque, natu­ral­mente, não adianta.
Se toco no assunto é porque estes são dias gloriosos para nós, obser­va­do­res de catás­tro­fes. Chegou a hora da retri­bui­ção, inclusive para nós.
É há décadas (milênios?) que pes­si­mis­tas bem infor­ma­dos (em outro tempo o ofício do pes­si­mismo era chamado de profético) vêm dizendo que a assolação estava chegando para cobrar as nossas pro­mis­só­rias e as pro­mis­só­rias que nos deixaram as gerações. Mas agora que a casa está caindo, tudo ruindo e começando tudo a carcomer, é tarefa difícil escolher para onde olhar.
Para o isento obser­va­dor de catás­tro­fes, qual cenário apo­ca­líp­tico deve ter a pre­ce­dên­cia? Devo dar con­ti­nui­dade às crônicas dos conflitos no Brasil, retomar o estado emble­má­tico da Europa ou começar a falar sobre o Estado Islâmico? Encontro quem sabe tempo para falar sobre o clima?
Século vinte, você acha que empurrar uma Guerra Mundial atrás da outra serviu para garantir a sua pre­ce­dên­cia na calçada da infâmia? A propósito, você chama aquilo de Guerra Mundial? Veja isto e aprenda.
Diante do número de per­so­na­gens e da com­ple­xi­dade dos cenários apo­ca­líp­ti­cos, mesmo o mais expe­ri­men­tado pes­si­mista pode precisar de ajuda para preencher as linhas pon­ti­lha­das e decupar os conflitos. Con­si­de­rando que este é o último espe­tá­culo da Terra, seria grave des­per­dí­cio você não saber para onde olhar. Para sua con­ve­ni­ên­cia, deito aqui um breve

Manual de emer­gên­cia do obser­va­dor de catástrofes

Crise de refu­gi­a­dos na Europa? Índios arro­cha­dos no Mato Grosso do Sul? Mercado inter­na­ci­o­nal seques­trado pela depen­dên­cia da China? Guerra no Oriente Médio entra para o Patrimô­nio da Huma­ni­dade? Crise de abas­te­ci­mento de água em São Paulo? Proposta da ONU para incluir o des­ma­ta­mento da Amazônia na lista de direitos humanos? 2015 é já o ano mais quente jamais regis­trado? Fracasso econômico da política desen­vol­vi­men­tista do PT está sendo corrigido com mais e mais acelerado desenvolvimentismo?
As veias abertas do Apo­ca­lipse são tantas e suas hemor­ra­gias tão exu­be­ran­tes que nenhuma lista será completa o bastante para guiar a atenção do obser­va­dor de catás­tro­fes. A vantagem é que, macro ou micro, a catás­trofe que o amigo pes­si­mista escolher observar estará con­ve­ni­en­te­mente submetida à mesma e didática lógica fundamental.
► 1 Você está olhando para os resul­ta­dos de uma monocultura
A história das economias locais demons­trou vez após outra que é insen­sa­tez acreditar que há esta­bi­li­dade nas mono­cul­tu­ras. Quando uma mono­cul­tura dá errado, tudo debaixo da sua esfera de influên­cia dá errado (pergunte ao ciclo da borracha, ao do café). No século 21 estamos colhendo pela primeira vez os frutos impen­sá­veis (ou, melhor dizendo, a impen­sá­vel infer­ti­li­dade) de uma mono­cul­tura global.
Em algum momento pro­ces­sual do século vinte, como resultado da invenção da ideia de país sub­de­sen­vol­vido, as culturas do globo deixaram de se acreditar sufi­ci­en­tes. Países e civi­li­za­ções inteiras tinham vivido por milênios debaixo da noção (e retro­a­ti­va­mente enten­de­mos o quanto essa noção era sub­ver­siva) de que seus modos locais de fazer e de olhar o mundo tinham legi­ti­mi­dade inerente, e vantagens inerentes sobre as soluções de outras culturas.
Todas essas pers­pec­ti­vas se deixaram esmagar pela mono­cul­tura do capi­ta­lismo global e urbano. Que o mundo inteiro esteja desejando as mesmas coisas é por si mesmo uma for­mi­dá­vel catás­trofe, mas dessa fonte bebem todas as outras.
► 2 Você está olhando para os resul­ta­dos de uma crença sem fundamento
A mes­qui­nha­ria branca foi sempre embalada por alguma sorte de crença prag­má­tica, sem qualquer cor­res­pon­dên­cia com as hesi­ta­ções e pausas da poesia. Os ingre­di­en­tes são os mesmos, mas nova é a embalagem, a ideia de promover crenças con­ve­ni­en­tes e sem fun­da­mento pelo método manhoso de chamá-las de racionais.
Os conflitos que assolam a presente iteração da Google Earth nascem das impli­ca­ções e com­pli­ca­ções de um único artigo de fé:
A crença de que os bens a que tem acesso uma minoria pri­vi­le­gi­ada podem chegar a ser possuídos pela maioria que deseja ter acesso a eles.
O obser­va­dor de catás­tro­fes vai encontrar inúmeros deleites em reler o parágrafo acima (encontrei a frase, perfeita como está, neste artigo de Pankaj Mishra ). Pode haver receita mais for­mi­dá­vel ou mais certa para o desastre? O magistral é que essa crença – de que os des­pos­suí­dos podem chegar a aquistar aquilo a que tem acesso os pri­vi­le­gi­a­dos – per­ma­ne­ce­ria sem fun­da­mento mesmo num mundo de recursos ili­mi­ta­dos, coisa que o nosso está longe de ser.
► 3 Você está olhando para os resul­ta­dos de uma evan­ge­li­za­ção universal bem sucedida
Uma boa nova não precisa ter fun­da­mento para ser pregada pelas elites e abraçada pela multidão; basta que pareça com­pa­ra­ti­va­mente boa para a maioria e se mostre de fato boa para os mais privilegiados.
A vontade de enri­que­cer foi tra­di­ci­o­nal­mente usada como com­bus­tí­vel para toda sorte de injus­ti­ças (veja-se a história da colo­ni­za­ção da África e das Américas), mas até recen­te­mente esse apelo não tinha sido arti­cu­lado em sua versão mais absur­dista. “Estamos sendo pouco ambi­ci­o­sos aqui”, disse um homem branco de gravata em alguma reunião. “Em vez de partirmos da lorota de que todos querem ficar ricos, por que não partirmos da lorota de que todos podem ficar ricos?”
Nenhuma outra pregação ou ortodoxia mostrou-se mais eficaz do que a do capi­ta­lismo/fundamentalismo de mercado, porque antes dele não tinha ocorrido a ninguém articular a singela (e dupla­mente mentirosa) ideia de que toda desi­gual­dade é justa porque ricos todos podem ficar.
A insa­tis­fa­ção das massas já foi represada com a promessa de uma eter­ni­dade de abun­dân­cia no céu; hoje em dia a mesma insa­tis­fa­ção é represada com a pos­si­bi­li­dade de momentos de riqueza na terra. Como se vê, as massas se mostram cada vez menos exigentes e mais crédulas, e a sua apa­zi­guada insa­tis­fa­ção pode ser, de maneira mais eficaz do quem em qualquer sistema anterior, cana­li­zada em favor da causa das elites.
O fun­da­men­ta­lismo de mercado é a mono­cul­tura do mundo. Por um lado, todos dentro do sistema podem ser apa­zi­gua­dos à plena submissão: Então você não quer um mundo em que qualquer um possa ficar rico, inclusive você? Sai do caminho que não é por interesse próprio, é por amor à igualdade que estou der­ru­bando essa floresta, seu comu­nis­ti­nha de merda.
Por outro, a invi­a­bi­li­dade e a popu­la­ri­dade do projeto capi­ta­lista fazem com que um enorme número de pessoas dentro do sistema conheça medidas des­fi­gu­ran­tes de frus­tra­ção pessoal. Esses decep­ci­o­na­dos com a fé podem ser facil­mente aliciados por sistemas ali­men­ta­dos pela mesma frus­tra­ção, como o Estado Islâmico (que é em muitos sentidos uma versão Apple Incor­po­ra­ted –extra focused e intei­ra­mente design-oriented – do ter­ro­rismo tradicional).
► 4 Você ainda não viu nada
Como dizia um pes­si­mista que já partiu desta para melhor, este é só o começo das dores.
A boa notícia é que a justiça poética existe: a promessa de riqueza universal do capi­ta­lismo não poderia produzir outra coisa além de miséria universal. Se parás­se­mos hoje mesmo, fechando a lojinha, dei­xa­ría­mos uma esma­ga­dora quan­ti­dade de pro­mis­só­rias não pagas para as gerações pos­te­ri­o­res. Natu­ral­mente, estamos longe de parar.
Se tudo der certo, se houver amanhã, seremos lembrados como a geração mais irres­pon­sá­vel da história, isso na história nada insig­ni­fi­cante das irres­pon­sa­bi­li­da­des humanas. Por décadas o mundo se perguntou como os alemães sob o nazismo puderam não reagir às arbi­tra­ri­e­da­des, tru­cu­lên­cias e injus­ti­ças sempre cres­cen­tes que cul­mi­na­ram no Holo­causto. Agora sabemos de primeira mão como se faz o que eles fizeram.

Paulo Brabo @SAOBRABO


http://www.baciadasalmas.com/manual-de-emergencia-do-observador-de-catastrofes/

sábado, 12 de setembro de 2015

Se você crê


Chesterton sobre os contos de fadas

"A timidez da criança ou do selvagem é inteiramente razoável: alarmam-se com este mundo, porque o mundo é um lugar muito alarmante. Não gostam de estar sozinhos porque estar sozinho é realmente uma idéia terrível. Os bárbaros temem o desconhecido pela mesma razão por que os agnósticos o adoram - porque é um fato. Dessa forma, os contos de fadas não são responsáveis por produzir nas crianças o medo ou qualquer uma de suas formas; os contos de fadas não dão à criança a idéia do mau ou do feio; estas já estão nela, porque já estão no mundo. Os contos de fadas não dão à criança sua primeira idéia de fantasma. O que lhe dão é a sua primeira idéia clara da possível derrota de um fantasma. O bebê conhece intimamente o dragão desde que começa a imaginar. O que o conto lhe dá é um São Jorge para matá-lo. O que o conto de fadas faz é exatamente isto: acostuma-a, através de uma série de imagens claras, à idéia de que esses terrores ilimitados têm um limite, que esses inimigos sem forma têm como inimigos os cavaleiros de Deus, que há no universo algo mais místico do que a escuridão e mais forte do que o medo intenso."

- Trecho da crônica "O Anjo Vermelho", extraído do livro "Tremendas Trivialidades", editado pela Ecclesiae.

www.comoeducarseusfilhos.com.br

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Ironias da Independência.


- presidente ex-guerrilheira aplaudir o exército.
- presidente do País não fala seu discurso ao povo como é de tradição.
- o povo não pode ver o desfile.
- há um muro de contenção feito em alumínio que se transforma numa "panela gigante"para repelir a população.
- acessória mal elaborada da uma panela para o povo promover o panelaço.
- TVs nacionais não divulgam nada!
- há dois bonecos gigantes contra o Governo e ninguém vê.
- o governo tem 7% de aprovação e coloca dentro da área de desfile apenas sindicalistas.
- na dependência de Portugal os impostos eram de 20%, hoje beira os 40%.
Não, não está tudo bem.


Bruno Barroso
https://www.facebook.com/bruno.barroso.980?fref=nf

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Uma Chamada ao afeto, ou pela criação de cidades-refúgio

Texto da prefeita de Barcelona Ada Colau traduzido para o português. Me parece que a carapuça nos serve - e que precisamos vesti-la com urgência.


Antes de ontem 50 pessoas morreram por asfixia no porão de um barco. Hoje, mais de 70 pessoas dentro de um caminhão. Hoje acordamos com dois naufrágios: pode ser mais uma centena de mortos. Temos um mar que está cheio de mortos. Limites que são preenchidos com fios, pregos, lâminas ... e pessoas mortas.
Homens, mulheres e crianças, mortos.
E uma parte da Europa chora, grita, quer que sejam salvos, quer que eles não morram, mas ... mas que não venham, que se vão, que vão embora, que não existam e que parem de vê-los na TV, e menos ainda em nossas ruas, com seus cobertores, no metrô, ou nos degraus de nossas casas.
Alguns de forma irresponsável promovem o medo ao "outro", ao "ilegal", "àqueles que vêm para vender sem licença", "gastar a nossa saúde", "ficar com nossos recursos", "para ocupar o nosso lugar nas escolas" , "vão pedir", "vão mendigar" "vão delinquir" ...
Mas o medo é apenas isso: medo. Nosso medo de viver um pouco pior contra o seu medo de não sobreviver. Nosso medo de ter de compartilhar uma pequena parte do bem-estar contra o seu medo da fome e da morte, tão profundo que lhes deu a coragem de arriscar tudo, para vir com outra equipagem do que o próprio medo ele mesmo.
Medo contra medo. E o deles é mais forte. Então, Europa, europeus: devemos abrir nossos olhos. Não haverão muros ou arames farpados suficientes para parar isso. Nem bombas de gás lacrimogêneo ou balas de borracha. Ou assumimos o drama humano desde a capacidade de amar que nos torna humanos, ou acabaremos todos desumanizados. E haverá mais mortes, muitas mais. Esta não é uma batalha para proteger-nos "dos outros". Agora mesmo esta é uma guerra contra a vida.
Que os governos parem de ameaçar com o "Efeito chamada". O que a Europa precisa urgentemente é de uma "Chamada ao afeto", uma chamada para a empatia. Poderiam ser nossos filhos, irmãs ou mães. Poderia ser nós mesmos, como também foram exilados muitos dos nossos avós.
Embora esta seja uma questão de competência nacional e europeia, a partir de Barcelona, vamos fazer tudo que pudermos para participar de uma rede de cidades-refúgio. Queremos cidades comprometidas com os direitos humanos e com a vida, cidades de que se orgulhar".
Ada Colau Ballano
Prefeita de Barcelona

fonte:
https://www.facebook.com/reflexoesdeumalagarta/photos/a.299532290245200.1073741828.299079846957111/393652704166491/?type=1&theater

Sorteio de livros “Homenagem pelo dia do professor" no facebook


São 30 (trinta) livros para 15 (quinze) diferentes ganhadores – 2 livros para cada ganhador! – Muitas chances para você ganhar!
- válido somente para território brasileiro - livros de minha biblioteca particular (e, portanto, usados)
Para o 1º nome sorteado: Prêmio 1) ‘Médico de Homens e de Almas’ (Taylor Caldwell) e ‘Modelos e Líderes’ (Max Scheler)
Para o 2º nome sorteado: Prêmio 2) ‘Um breve guia ilustrado para compreender o Islã’ e ‘Potência, Limites e Sedução do Poder’
Para o 3º nome sorteado: Prêmio 3) ‘O Profeta do Islam: Muhammad’ e ‘Descobertas na terra dos Maias’
Para o 4º nome sorteado: Prêmio 4) ‘A Mensagem do Islã’ e ‘300 quebra-gelo’
Para o 5º nome sorteado: Prêmio 5) ‘Cristianismo diabólico’ e ‘A nova des-ordem mundial’
Para o 6º nome sorteado: Prêmio 6) ‘Galileu Galilei’ e ‘Como viver acima da mediocridade’
Para o 7º nome sorteado: Prêmio 7) ‘Albert Einstein’ e ‘Ego transformado’
Para o 8º nome sorteado: Prêmio 8) ‘The secret garden’ e ‘Quem você pensa que é?’
Para o 9º nome sorteado: Prêmio 9) ‘The grapes of wrath’ e ‘O caminho do peregrino’
Para o 10º nome sorteado: Prêmio 10) ‘Petrarca – Triunfos’ e ‘O quatrilho’
Para o 11º nome sorteado: Prêmio 11) ‘Montanha russa’ e ‘Grandes astros do cinema’
Para o 12º nome sorteado: Prêmio 12) ‘Na moda’ e ‘ Carta sobre a felicidade’
Para o 13º nome sorteado: Prêmio 13) ‘A divina comédia’ e ‘Trabalho compulsório e trabalho livre na história do Brasil’
Para o 14º nome sorteado: Prêmio 14) ‘Da felicidade’ e ‘Richard Rorty: filósofo da cultura’
Para o 15º nome sorteado: Prêmio 15) ‘Filosofia de viagem’ e ‘Análise do Discurso’

ATENÇÃO PARA AS NOVAS REGRAS: Para participar, é só curtir a página Angela Natel, compartilhar este anúncio em modo público no seu mural e entrar no link da promoção e clicar no botão verde escrito “quero participar”:

2) Compartilhe este anúncio em modo público no seu mural
https://www.facebook.com/137128436426391/photos/a.137140053091896.28836.137128436426391/586171311522099/?type=3&theater


3) Clique no botão verde escrito ‘quero participar’ no link:
https://www.sorteiefb.com.br/tab/promocao/493168

O resultado do sorteio será divulgado dia 15/10/2015 (quinta-feira) na página Angela Natel a partir das 18h:
https://www.facebook.com/pages/Angela-Natel/137128436426391
Os ganhadores terão até dia 19 de outubro para entrarem em contato por e-mail divulgado no dia do sorteio a fim de receberem seus prêmios.

Aproveite e compartilhe com seus amigos!

A Idade Média do Brasil hoje



Le Goff, em um texto muito significativo para o entendimento das possibilidades de interpretação sobre a Idade Média, expõe as visões de Michelet sobre o medievo. Esse capítulo exemplar do medievalista francês – quem, acho eu, morreu antes de sua morte natural – tem me sido relembrado por imagens como essa. Não é a primeira vez que a vejo, certamente não será a última, e a cada vez que leio seu enunciado tenho maior convicção do erro ao qual ela nos remete. Um duplo erro: enquanto péssimos conhecedores do passado, e piores ainda enquanto capazes de reconhecer os problemas de nossa contemporaneidade.
Primeira, a Idade Média. A mensagem carregada por esses pixels na tela de um computador apresenta uma medievalidade pautada exclusivamente em um âmbito religioso, dando a entender que o a Igreja – ali expressa pelo processo de condenação de uma bruxa, ou seja, a Inquisição – foi capaz de manter um domínio sobre as decisões políticas do espaço que hoje conhecemos como Europa. Ora, que engano! Mesmo em períodos em que teóricos religiosos dedicaram suas linhas a defesa da autoridade papal sobre os imperadores e reis, não é consenso entre os medievalistas que esse objetivo tenha sido atingido.
A imagem carrega ainda a ideia de um período de completa penúria e violência causada pelo discurso religioso. Outro engano. É importante lembrar que a presença de um pensamento religioso – mais que de uma autoridade religiosa – orientou práticas como a do cuidado com os leprosos, ou as inúmeras casas de cuidados orientadas aos que se encontravam em situação de risco, sejam quais fossem suas mazelas– caso das ações de D. Dinis e a rainha Sta. Isabel, em Portugal. É também no sentido de ampliar o entendimento acerca de conflitos religiosos que podemos lembrar o fato de a Corte de Alfonso X de Castela, a qual manteve o cuidado de abrigar judeus e muçulmanos em sua formação e mesmo as cidades possuíam bairros para as pessoas com essas orientações religiosas – apesar dos tributos pagos para que ali permanecessem.
Segundo, a contemporaneidade. Ao olhar para a Idade Média e pinçar o aspecto religioso como determinante e provocador de calamidades, a imagem não apenas provoca o desentendimento acerca da Idade Média, mas ainda induz aquele que a vê a atribuir apenas ao passado os conflitos que vivemos em nossa contemporaneidade. Ora, mais de quinhentos anos de passaram desde o fim daquele período histórico (marco didático), será que o pensamento medieval é responsável pelo que vivemos hoje? Ou seriamos nós, enquanto sociedade, que, passados os cinco séculos que os separam dos medievais, ainda não fomos capazes de avançar em um entendimento que nos habilite a viver mais como humanos, e menos em uma multiplicidade de binômios?
Em resumo, a imagem presta um duplo desserviço: deturpa o conhecimento sobre a Idade Média, e ainda nos isenta da responsabilidade que nós, contemporâneos, temos sobre a atual sociedade. Religiões e políticas passaram por profundas modificações desde o medievo, e qualquer comparação simplista apenas nos deixa mais distante de analisarmos e entendermos os nossos problemas, sejam religiosos, políticos ou o perigoso misto da bancada evangélica.
OBS: Medidas tomadas essa semana pelo Japão e Austrália de retirar o ensino de humanidades em detrimento de conhecimentos mais significativos para a sociedade – no entendimento do governo daqueles países – apenas ampliarão erros como o dessa imagem. Instrução sem reflexão não passa de automação de humanos.
* É preciso esclarecer que esse pequeno texto está longe de resolver os problemas e o debate que essa imagem suscita. Essas palavras não são apenas apontamento mais do que superficiais de um debate que exigiria muitas páginas mais.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1070776762935538&set=a.303354933011062.83732.100000096745766&type=3&theater

Pregar o verdadeiro evangelho é prejudicial ao seu bolso



O ministério do movimento go$pel adverte, pregar o verdadeiro evangelho é prejudicial ao seu bolso. (Paulo Poeta)

Atesto isso com minha própria vida. Enquanto eu ensinava o erro, pregava o que os outros queriam ouvir, era popular e me comportava de maneira a não desagradar a multidão, tudo sobejava. 
Até o dia em que me arrependi de viver contra minha própria consciência, me arrependi de ser falsa testemunha da verdade. Dobrei-me ante a graça e a misericórdia de Jesus, que não prega religião alguma, porque Ele mesmo é a verdade.
Agora sinto na pele as consequências desta reviravolta na vida. Porque a multidão investe no que lhe agrada os olhos e o coração. A verdade não é agradável aos ouvidos, nem atraente...
Projetos que nos fazem doar quem somos sem retribuição dependem da boa vontade do coração humano. É amigos, ser honesto com a própria consciência é prejudicial ao bolso. 
Angela Natel
https://www.facebook.com/Angela-Natel-137128436426391/timeline/?ref=bookmarks

Doença



Estamos doentes
Nossa teologia é doente
Nosso coração é mau, viciado
E nossa mente é cativa.

Liberdade de ir e vi
Para contagiar a todos
Os que convivem conosco.
Febre amarela
Nos fazendo alucinar.

Estamos doentes.
Traumatizamos
A quem queremos ensinar.
Doença social
Que mata a quem devemos amar.

O cavaleiro do cavalo amarelo
Cavalga livremente entre nós.
Peste entre nós,
Tortura, mas não mata.

Estamos doentes,
Psicopatas,
Sociopatas.
Vivemos a coçar e a arranhar uns aos outros
Enquanto lambemos nossas próprias feridas.


Angela Natel – 20/09/2015

Apoio aos professores


Parabéns para a Cortez Editora pela brilhante campanha! Essa eu apoio!

(Rubem Alves - Perguntaram-Me Se Acredito em Deus)

"É preciso esquecer os nomes de Deus que as religiões inventaram para encontrá-lo sem nome no assombro da vida. Não precisamos dizer o nome ´rosa` para sentir o seu perfume. Muitas pessoas que jamais pronunciam o nome de Deus o conhecem como reverência pela vida. Há pessoas que se sentem religiosas por acreditar em Deus. De que vale isso? Os demônios também acreditam e estremecem ao ouvir o seu nome (Tiago 2.19). Os homens religiosos, quando alguém morre, dizem: ´Deus o levou para si`. Então, enquanto vivo, ele estava distante de Deus? Deus é Deus dos mortos ou Deus dos vivos? Deus não mora no mundo dos mortos. Ele mora no nosso mundo, passeia pelo jardim. Deus é beleza. Quer ver Deus? Veja a beleza do Sol que se põe, sem pensar em Deus. Quer ouvir Deus? Entregue-se à beleza da música, sem pensar em Deus. Quer sentir o cheiro de Deus? Respire fundo o cheiro do jasmim, sem pensar em Deus. Quer saber como é o coração de Deus? Empurre uma criança num balanço porque Deus tem um coração de criança, sem pensar em Deus. Há beleza demais no Universo. Mas o tempo vai-nos roubando as coisas que amamos. Vai-se o arbusto, vai-se a montanha, vão-se os riachos cristalinos, vão-se as pessoas amadas, vamos nós… O tempo é um monstro que devora os seus filhos. Fica a saudade. Saudade é a presença da ausência das coisas que amamos e nos foram roubadas pelo tempo. Quando se pronuncia o nome sagrado, está-se afirmando que a beleza amada não está perdida no passado. Está escrito num poema sagrado: ´Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o encontrarás…` (Eclesiastes 11.1). As águas dos rios são circulares, o tempo é circular, o que foi perdido volta, um eterno retorno… Deus existe para nos curar da saudade… Eu gostaria de dar um conselho: ´Não sejam curiosos a respeito de Deus, pois eu sou curioso sobre todas as coisas e não sou curioso a respeito de Deus. Não há palavra capaz de dizer quando eu me sinto em paz perante Deus e a morte. Escuto e vejo Deus em todos os objetos, embora de Deus eu não entenda nem um pouquinho… Eu vejo Deus em cada uma das vinte e quatro horas e em cada instante de cada uma delas, nos rostos dos homens e das mulheres eu vejo Deus…` (Walt Whitman) ´Sejamos simples e calmos como os regatos e as árvores, e Deus amar-nos-á fazendo de nós belos como as árvores e os regatos, e dar-nos-á verdor na sua primavera e um rio aonde ir ter quando acabemos` (Alberto Caeiro)"

MANUAL DE EMER­GÊN­CIA DO OBSER­VA­DOR DE CATÁSTROFES - Paulo Brabo


A cons­pi­ra­ção contra a raça humana (2010), de Thomas Ligotti, foi recebido como o livro mais pes­si­mista de todos os tempos, tendo entre outros méritos inspirado os discursos do policial niilista da primeira temporada de True Detective. Thomas Ligotti é um escritor que me deixa otimista com relação às pos­si­bi­li­da­des da lite­ra­tura de horror; seus textos de ficção, reunidos em outros livros, são a única coisa con­tem­po­râ­nea que chegou até mim e se aproxima da vertigem que é Lovecraft.
Na qualidade de pes­si­mista, no entanto, Ligotti tem ainda muito a aprender. Comigo.
Diversas vezes tive de inter­rom­per a leitura de A cons­pi­ra­ção contra a raça humana para balançar ceri­mo­ni­al­mente a cabeça e refletir sobre o estado deplo­rá­vel do pes­si­mismo con­tem­po­râ­neo. “Então esse é o pior cenário que Ligotti consegue conceber?”, eu pensava. “A vida não faz sentido, mimimi? Púats, que amador.” A cons­pi­ra­ção é um livro curioso, mas encontro fonte mais segura de desespero e de horror naquelas contas de frases moti­va­ci­o­nais do instagram.
Como eu ia dizendo, sou o cara mais pes­si­mista que conheço. Tomando Ligotti como parâmetro, não tenho qualquer evidência de que não sou o cara mais pes­si­mista que já existiu. Como os pes­si­mis­tas genuínos (está ouvindo, Luiz Henrique), falo raramente sobre o meu pes­si­mismo – porque, natu­ral­mente, não adianta.
Se toco no assunto é porque estes são dias gloriosos para nós, obser­va­do­res de catás­tro­fes. Chegou a hora da retri­bui­ção, inclusive para nós.
É há décadas (milênios?) que pes­si­mis­tas bem infor­ma­dos (em outro tempo o ofício do pes­si­mismo era chamado de profético) vêm dizendo que a assolação estava chegando para cobrar as nossas pro­mis­só­rias e as pro­mis­só­rias que nos deixaram as gerações. Mas agora que a casa está caindo, tudo ruindo e começando tudo a carcomer, é tarefa difícil escolher para onde olhar.
Para o isento obser­va­dor de catás­tro­fes, qual cenário apo­ca­líp­tico deve ter a pre­ce­dên­cia? Devo dar con­ti­nui­dade às crônicas dos conflitos no Brasil, retomar o estado emble­má­tico da Europa ou começar a falar sobre o Estado Islâmico? Encontro quem sabe tempo para falar sobre o clima?
Século vinte, você acha que empurrar uma Guerra Mundial atrás da outra serviu para garantir a sua pre­ce­dên­cia na calçada da infâmia? A propósito, você chama aquilo de Guerra Mundial? Veja isto e aprenda.
Diante do número de per­so­na­gens e da com­ple­xi­dade dos cenários apo­ca­líp­ti­cos, mesmo o mais expe­ri­men­tado pes­si­mista pode precisar de ajuda para preencher as linhas pon­ti­lha­das e decupar os conflitos. Con­si­de­rando que este é o último espe­tá­culo da Terra, seria grave des­per­dí­cio você não saber para onde olhar. Para sua con­ve­ni­ên­cia, deito aqui um breve

Manual de emer­gên­cia do obser­va­dor de catástrofes

Crise de refu­gi­a­dos na Europa? Índios arro­cha­dos no Mato Grosso do Sul? Mercado inter­na­ci­o­nal seques­trado pela depen­dên­cia da China? Guerra no Oriente Médio entra para o Patrimô­nio da Huma­ni­dade? Crise de abas­te­ci­mento de água em São Paulo? Proposta da ONU para incluir o des­ma­ta­mento da Amazônia na lista de direitos humanos? 2015 é já o ano mais quente jamais regis­trado? Fracasso econômico da política desen­vol­vi­men­tista do PT está sendo corrigido com mais e mais acelerado desenvolvimentismo?
As veias abertas do Apo­ca­lipse são tantas e suas hemor­ra­gias tão exu­be­ran­tes que nenhuma lista será completa o bastante para guiar a atenção do obser­va­dor de catás­tro­fes. A vantagem é que, macro ou micro, a catás­trofe que o amigo pes­si­mista escolher observar estará con­ve­ni­en­te­mente submetida à mesma e didática lógica fundamental.
► 1 Você está olhando para os resul­ta­dos de uma monocultura
A história das economias locais demons­trou vez após outra que é insen­sa­tez acreditar que há esta­bi­li­dade nas mono­cul­tu­ras. Quando uma mono­cul­tura dá errado, tudo debaixo da sua esfera de influên­cia dá errado (pergunte ao ciclo da borracha, ao do café). No século 21 estamos colhendo pela primeira vez os frutos impen­sá­veis (ou, melhor dizendo, a impen­sá­vel infer­ti­li­dade) de uma mono­cul­tura global.
Em algum momento pro­ces­sual do século vinte, como resultado da invenção da ideia de país sub­de­sen­vol­vido, as culturas do globo deixaram de se acreditar sufi­ci­en­tes. Países e civi­li­za­ções inteiras tinham vivido por milênios debaixo da noção (e retro­a­ti­va­mente enten­de­mos o quanto essa noção era sub­ver­siva) de que seus modos locais de fazer e de olhar o mundo tinham legi­ti­mi­dade inerente, e vantagens inerentes sobre as soluções de outras culturas.
Todas essas pers­pec­ti­vas se deixaram esmagar pela mono­cul­tura do capi­ta­lismo global e urbano. Que o mundo inteiro esteja desejando as mesmas coisas é por si mesmo uma for­mi­dá­vel catás­trofe, mas dessa fonte bebem todas as outras.
► 2 Você está olhando para os resul­ta­dos de uma crença sem fundamento
A mes­qui­nha­ria branca foi sempre embalada por alguma sorte de crença prag­má­tica, sem qualquer cor­res­pon­dên­cia com as hesi­ta­ções e pausas da poesia. Os ingre­di­en­tes são os mesmos, mas nova é a embalagem, a ideia de promover crenças con­ve­ni­en­tes e sem fun­da­mento pelo método manhoso de chamá-las de racionais.
Os conflitos que assolam a presente iteração da Google Earth nascem das impli­ca­ções e com­pli­ca­ções de um único artigo de fé:
A crença de que os bens a que tem acesso uma minoria pri­vi­le­gi­ada podem chegar a ser possuídos pela maioria que deseja ter acesso a eles.
O obser­va­dor de catás­tro­fes vai encontrar inúmeros deleites em reler o parágrafo acima (encontrei a frase, perfeita como está, neste artigo de Pankaj Mishra ). Pode haver receita mais for­mi­dá­vel ou mais certa para o desastre? O magistral é que essa crença – de que os des­pos­suí­dos podem chegar a aquistar aquilo a que tem acesso os pri­vi­le­gi­a­dos – per­ma­ne­ce­ria sem fun­da­mento mesmo num mundo de recursos ili­mi­ta­dos, coisa que o nosso está longe de ser.
► 3 Você está olhando para os resul­ta­dos de uma evan­ge­li­za­ção universal bem sucedida
Uma boa nova não precisa ter fun­da­mento para ser pregada pelas elites e abraçada pela multidão; basta que pareça com­pa­ra­ti­va­mente boa para a maioria e se mostre de fato boa para os mais privilegiados.
A vontade de enri­que­cer foi tra­di­ci­o­nal­mente usada como com­bus­tí­vel para toda sorte de injus­ti­ças (veja-se a história da colo­ni­za­ção da África e das Américas), mas até recen­te­mente esse apelo não tinha sido arti­cu­lado em sua versão mais absur­dista. “Estamos sendo pouco ambi­ci­o­sos aqui”, disse um homem branco de gravata em alguma reunião. “Em vez de partirmos da lorota de que todos querem ficar ricos, por que não partirmos da lorota de que todos podem ficar ricos?”
Nenhuma outra pregação ou ortodoxia mostrou-se mais eficaz do que a do capi­ta­lismo/fundamentalismo de mercado, porque antes dele não tinha ocorrido a ninguém articular a singela (e dupla­mente mentirosa) ideia de que toda desi­gual­dade é justa porque ricos todos podem ficar.
A insa­tis­fa­ção das massas já foi represada com a promessa de uma eter­ni­dade de abun­dân­cia no céu; hoje em dia a mesma insa­tis­fa­ção é represada com a pos­si­bi­li­dade de momentos de riqueza na terra. Como se vê, as massas se mostram cada vez menos exigentes e mais crédulas, e a sua apa­zi­guada insa­tis­fa­ção pode ser, de maneira mais eficaz do quem em qualquer sistema anterior, cana­li­zada em favor da causa das elites.
O fun­da­men­ta­lismo de mercado é a mono­cul­tura do mundo. Por um lado, todos dentro do sistema podem ser apa­zi­gua­dos à plena submissão: Então você não quer um mundo em que qualquer um possa ficar rico, inclusive você? Sai do caminho que não é por interesse próprio, é por amor à igualdade que estou der­ru­bando essa floresta, seu comu­nis­ti­nha de merda.
Por outro, a invi­a­bi­li­dade e a popu­la­ri­dade do projeto capi­ta­lista fazem com que um enorme número de pessoas dentro do sistema conheça medidas des­fi­gu­ran­tes de frus­tra­ção pessoal. Esses decep­ci­o­na­dos com a fé podem ser facil­mente aliciados por sistemas ali­men­ta­dos pela mesma frus­tra­ção, como o Estado Islâmico (que é em muitos sentidos uma versão Apple Incor­po­ra­ted –extra focused e intei­ra­mente design-oriented – do ter­ro­rismo tradicional).
► 4 Você ainda não viu nada
Como dizia um pes­si­mista que já partiu desta para melhor, este é só o começo das dores.
A boa notícia é que a justiça poética existe: a promessa de riqueza universal do capi­ta­lismo não poderia produzir outra coisa além de miséria universal. Se parás­se­mos hoje mesmo, fechando a lojinha, dei­xa­ría­mos uma esma­ga­dora quan­ti­dade de pro­mis­só­rias não pagas para as gerações pos­te­ri­o­res. Natu­ral­mente, estamos longe de parar.
Se tudo der certo, se houver amanhã, seremos lembrados como a geração mais irres­pon­sá­vel da história, isso na história nada insig­ni­fi­cante das irres­pon­sa­bi­li­da­des humanas. Por décadas o mundo se perguntou como os alemães sob o nazismo puderam não reagir às arbi­tra­ri­e­da­des, tru­cu­lên­cias e injus­ti­ças sempre cres­cen­tes que cul­mi­na­ram no Holo­causto. Agora sabemos de primeira mão como se faz o que eles fizeram.

Paulo Brabo @SAOBRABO


http://www.baciadasalmas.com/manual-de-emergencia-do-observador-de-catastrofes/

Se você crê


Chesterton sobre os contos de fadas

"A timidez da criança ou do selvagem é inteiramente razoável: alarmam-se com este mundo, porque o mundo é um lugar muito alarmante. Não gostam de estar sozinhos porque estar sozinho é realmente uma idéia terrível. Os bárbaros temem o desconhecido pela mesma razão por que os agnósticos o adoram - porque é um fato. Dessa forma, os contos de fadas não são responsáveis por produzir nas crianças o medo ou qualquer uma de suas formas; os contos de fadas não dão à criança a idéia do mau ou do feio; estas já estão nela, porque já estão no mundo. Os contos de fadas não dão à criança sua primeira idéia de fantasma. O que lhe dão é a sua primeira idéia clara da possível derrota de um fantasma. O bebê conhece intimamente o dragão desde que começa a imaginar. O que o conto lhe dá é um São Jorge para matá-lo. O que o conto de fadas faz é exatamente isto: acostuma-a, através de uma série de imagens claras, à idéia de que esses terrores ilimitados têm um limite, que esses inimigos sem forma têm como inimigos os cavaleiros de Deus, que há no universo algo mais místico do que a escuridão e mais forte do que o medo intenso."

- Trecho da crônica "O Anjo Vermelho", extraído do livro "Tremendas Trivialidades", editado pela Ecclesiae.

www.comoeducarseusfilhos.com.br

Ironias da Independência.


- presidente ex-guerrilheira aplaudir o exército.
- presidente do País não fala seu discurso ao povo como é de tradição.
- o povo não pode ver o desfile.
- há um muro de contenção feito em alumínio que se transforma numa "panela gigante"para repelir a população.
- acessória mal elaborada da uma panela para o povo promover o panelaço.
- TVs nacionais não divulgam nada!
- há dois bonecos gigantes contra o Governo e ninguém vê.
- o governo tem 7% de aprovação e coloca dentro da área de desfile apenas sindicalistas.
- na dependência de Portugal os impostos eram de 20%, hoje beira os 40%.
Não, não está tudo bem.


Bruno Barroso
https://www.facebook.com/bruno.barroso.980?fref=nf

Uma Chamada ao afeto, ou pela criação de cidades-refúgio

Texto da prefeita de Barcelona Ada Colau traduzido para o português. Me parece que a carapuça nos serve - e que precisamos vesti-la com urgência.


Antes de ontem 50 pessoas morreram por asfixia no porão de um barco. Hoje, mais de 70 pessoas dentro de um caminhão. Hoje acordamos com dois naufrágios: pode ser mais uma centena de mortos. Temos um mar que está cheio de mortos. Limites que são preenchidos com fios, pregos, lâminas ... e pessoas mortas.
Homens, mulheres e crianças, mortos.
E uma parte da Europa chora, grita, quer que sejam salvos, quer que eles não morram, mas ... mas que não venham, que se vão, que vão embora, que não existam e que parem de vê-los na TV, e menos ainda em nossas ruas, com seus cobertores, no metrô, ou nos degraus de nossas casas.
Alguns de forma irresponsável promovem o medo ao "outro", ao "ilegal", "àqueles que vêm para vender sem licença", "gastar a nossa saúde", "ficar com nossos recursos", "para ocupar o nosso lugar nas escolas" , "vão pedir", "vão mendigar" "vão delinquir" ...
Mas o medo é apenas isso: medo. Nosso medo de viver um pouco pior contra o seu medo de não sobreviver. Nosso medo de ter de compartilhar uma pequena parte do bem-estar contra o seu medo da fome e da morte, tão profundo que lhes deu a coragem de arriscar tudo, para vir com outra equipagem do que o próprio medo ele mesmo.
Medo contra medo. E o deles é mais forte. Então, Europa, europeus: devemos abrir nossos olhos. Não haverão muros ou arames farpados suficientes para parar isso. Nem bombas de gás lacrimogêneo ou balas de borracha. Ou assumimos o drama humano desde a capacidade de amar que nos torna humanos, ou acabaremos todos desumanizados. E haverá mais mortes, muitas mais. Esta não é uma batalha para proteger-nos "dos outros". Agora mesmo esta é uma guerra contra a vida.
Que os governos parem de ameaçar com o "Efeito chamada". O que a Europa precisa urgentemente é de uma "Chamada ao afeto", uma chamada para a empatia. Poderiam ser nossos filhos, irmãs ou mães. Poderia ser nós mesmos, como também foram exilados muitos dos nossos avós.
Embora esta seja uma questão de competência nacional e europeia, a partir de Barcelona, vamos fazer tudo que pudermos para participar de uma rede de cidades-refúgio. Queremos cidades comprometidas com os direitos humanos e com a vida, cidades de que se orgulhar".
Ada Colau Ballano
Prefeita de Barcelona

fonte:
https://www.facebook.com/reflexoesdeumalagarta/photos/a.299532290245200.1073741828.299079846957111/393652704166491/?type=1&theater