sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Carta aos amigos


Estimados amigos:
Há vários anos tive a oportunidade de fazer o Curso de Linguística e Missiologia (CLM) da Missão ALEM – Associação Linguística Evangélica Missionária, cujos projetos concentram-se nas áreas de Tradução da Bíblia e Educação Bilíngue e Intercultural. Nos últimos anos tenho voltado a servir junto ao ministério da ALEM, especialmente como professora voluntária do CLM em diversas disciplinas. 
Reconheço sua presença em minha vida e trabalho, apesar das distâncias geográficas, e seu apoio com tanto carinho para com minha vida. Por tudo isso, quero expressar minha gratidão e compartilhar os últimos desafios ministeriais que me foram feitos.
No mês de julho, fui convidada pela Direção de Cursos da ALEM para ser a nova coordenadora do CLM, a partir de 2016. Pela graça e para a glória de Deus aceitei o desafio e tenho passado por um tempo de transição e preparo, já no trabalho para o próximo ano. Reconhecendo que nada pode ser feito sem apoio, tanto financeiro como em oração, gostaria de te convidar a se envolver neste serviço para o treinamento de tradutores e educadores interculturais. Embora o trabalho desenvolvido seja na base da ALEM, na cidade de Brasília, é um ministério missionário de alcance transcultural e mundial, pois, nossos alunos, posteriormente ao curso, são enviados por suas comunidades eclesiásticas a diferentes povos em diversos países do mundo. Hoje, por meio dos nossos alunos, atuamos em todos os continentes.
Os desafios financeiros existem, tanto para minha manutenção pessoal básica quanto na continuidade do tratamento médico de que necessito: R$ 2.000,00 mensais (aluguel, alimentação, higiene pessoal e medicamentos) a partir de novembro de 2015 (quando preciso mudar-me para a base em Brasília). A ideia é que amigos e colaboradores que desejem fazer parte desse ministério assumam o compromisso no valor de sua escolha para depositar com alegria mensalmente na conta abaixo:
Banco do Brasil
Agência 2823-1
C/C: 40006-8
Dessa forma podemos alcançar um sustento mensal mínimo a fim de que o trabalho possa ser realizado no campo que o Senhor Jesus tem escolhido para que eu O sirva neste momento: a base de treinamento de missionários da ALEM. É com muita alegria que me dirijo a você para expressar gratidão pelo seu apoio para com minha vida e trabalho. Assim Deus vai escrevendo Sua História através de nossas vidas como equipe. A Ele toda a glória, no nosso meio e entre todos os povos.
Pela graça e para a glória de Jesus Cristo
Angela Natel

www.missaoalem.org.br/



Produções:

Blogs:

Editoria Online do Jornal: Direitos Humanos em Foco


Outras redes:
Twitter: @AngelNN

domingo, 23 de agosto de 2015

F. W. Nietzsche, Dionísio e Cristo — por Gilles Deleuze


Em Dionísio e em Cristo o martírio é o mesmo, a paixão é a mesma. É o mesmo fenômeno, mas são dois sentidos opostos. Por um lado, a vida que justifica o sofrimento, que afirma o sofrimento; por outro, o sofrimento que acusa a vida, que testemunha contra ela, que faz da vida alguma coisa que deve ser justificada. Haver sofrido na vida significa primeiramente, para o cristianismo, que ela não é justa, que ela é essencialmente injusta, que paga com sofrimento uma injustiça essencial: ela é culpada, visto que sofre. Em seguida, significa que ela deve ser justificada, isto é, que ela deve ser redimida de sua injustiça ou salva, salva por este mesmo sofrimento que há pouco a acusava: ela deve sofrer visto que é culpada. Estes dois aspectos do cristianismo formam o que Nietzsche chama “a má consciência” ou “interiorização da dor”. Eles definem o niilismo propriamente cristão, ou seja, a maneira pela qual o cristianismo nega a vida: por um lado a máquina de fabricar culpa, a horrível equação dor-castigo; por outro lado, a máquina que multiplica a dor, a justificação pela dor, a máquina imunda. Mesmo quando o cristianismo canta o amor e a vida, que imprecações neste canto, que ódio neste amor! Ele ama a vida como a ave de rapina ama o cordeiro: tenra, mutilada, moribunda. O dialético coloca o amor cristão como uma antítese, por exemplo, como uma antítese do amor judaico. Estabelecer “antíteses” em toda parte onde há avaliações mais delicadas a serem feitas, “coordenações” a serem interpretadas, é o oficio e a missão do dialético. A flor é a antítese da folha, ela “refuta” a folha, eis aí uma descoberta célebre cara à dialética. É deste modo também que a flor do amor cristão “refuta” o ódio, isto é, de um modo inteiramente fictício. Que não se imagine que o amor se desenvolveu, como antítese do ódio judaico. Não; exatamente o contrário. O amor saiu deste ódio, expandiu-se como sua coroa, uma coroa triunfante que se alegre sob os quentes raios de tini sol de pureza, mas que, nesse domínio novo sob esse reino da luz e do sublime, persegue sempre interiorizada e, por este meio, oferecida a Deus, colocada em Deus. “Este paradoxo de um Deus crucificado, este mistério de uma inimaginável e última crueldade”, é a mania propriamente cristã, mania já totalmente dialética.
Quão estranho se tornou este aspecto ao verdadeiro Dionísio! O Dionísio de "A Origem da Tragédia" ainda “resolvia” a dor; a alegria que ele experimentava ainda era uma alegria de resolvê-la e também de leva-la à unidade primitiva. Mas agora Dionísio capitou precisamente o sentido e o valor de suas próprias metamorfoses: ele é o deus para quem a vida não é para ser justificada, para quem a vida é essencialmente justa. Mais do que isso, é ela quem se carrega, “ela afirma até mesmo o mais áspero sofrimento”. Compreendamos: ela não resolve a dor interiorizando-a, afirmando-a no elemento de sua exterioridade. E, a partir daí, a oposição entre Dionísio e Cristo se desenvolve ponto por ponto, como a afirmação da vida (sua extrema apreciação) e a negação da vida (sua depreciação extrema). A “mania” dionisíaca à mania cristã; a embriaguez dionisíaca, à uma embriaguez cristã; a laceração dionisíaca, à crucificação cristã; a ressurreição dionisíaca, a ressurreição cristã; a transvaloração dionisíaca, à transubstanciação cristã. Pois há duas espécies de sofrimentos e de sofredores. “Aqueles que sofrem de superabundância de vida” fazem do sofrimento uma afirmação, assim como fazem da embriaguez uma atividade; na laceração de Dionísio eles reconhecem a forma extrema da afirmação, sem possibilidade de subtração, de exceção nem escolha. “Aqueles que sofrem, ao contrário, de empobrecimento de vida” fazem da embriaguez uma convulsão ou torpor; fazem do sofrimento um meio de acusar a vida, de contradize-la e também um meio de justificar a vida, de resolver a contradição. Na verdade, tudo isso entra na ideia de um salvador; não há salvador mais belo que aquele que é ao mesmo tempo carrasco, vítima e consolador, a santa Trindade — o sonho prodigioso da má consciência. Do ponto de vista de um salvador, “a vida deve ser o caminho que leva à santidade”; do ponto de vista do Dionísio, a existência parece bastante santa por si mesma para justificar ainda uma imensidão de sofrimento. A laceração dionisíaca é o símbolo máximo da afirmação múltipla; a cruz de Cristo, o sinal da cruz, são a imagem da contradição de da sua resolução, a vida submetida ao trabalho do negativo. Contradição resolvida, resolução da contradição, reconciliação dos contraditórios: todas essas noções se tornaram estranhas a Nietzsche. É Zaratustra que grita: “Alguma coisa mais elevada do que a reconciliação” — a afirmação. Alguma coisa mais elevada do que toda contradição desenvolvida, resolvida, suprimida — a transvaloração. Este é o ponto em comum de Zaratustra e Dionísio: “Eu coloco em todos os abismos minha afirmação que abençoa” (Zaratustra)... mas isto, ainda uma vez, é a própria ideia de Dionísio”. A oposição entre Dionísio ou Zaratustra e o Cristo não é a dialética e sim a oposição à própria dialética: a afirmação diferencial contra a negação dialética, contra todo niilismo e contra esta forma particular do niilismo.
— Gilles Deleuze, in “Nietzsche e a Filosofia” – capítulo 01, texto “Dionísio e Cristo”, página 10.

Fonte: https://www.facebook.com/479564978876804/photos/a.479569158876386.1073741828.479564978876804/479568975543071/?type=1&theater

As injustiças da vida e os dois sentidos do sofrimento... catártico! - Angela Natel

Carta aos amigos


Estimados amigos:
Há vários anos tive a oportunidade de fazer o Curso de Linguística e Missiologia (CLM) da Missão ALEM – Associação Linguística Evangélica Missionária, cujos projetos concentram-se nas áreas de Tradução da Bíblia e Educação Bilíngue e Intercultural. Nos últimos anos tenho voltado a servir junto ao ministério da ALEM, especialmente como professora voluntária do CLM em diversas disciplinas. 
Reconheço sua presença em minha vida e trabalho, apesar das distâncias geográficas, e seu apoio com tanto carinho para com minha vida. Por tudo isso, quero expressar minha gratidão e compartilhar os últimos desafios ministeriais que me foram feitos.
No mês de julho, fui convidada pela Direção de Cursos da ALEM para ser a nova coordenadora do CLM, a partir de 2016. Pela graça e para a glória de Deus aceitei o desafio e tenho passado por um tempo de transição e preparo, já no trabalho para o próximo ano. Reconhecendo que nada pode ser feito sem apoio, tanto financeiro como em oração, gostaria de te convidar a se envolver neste serviço para o treinamento de tradutores e educadores interculturais. Embora o trabalho desenvolvido seja na base da ALEM, na cidade de Brasília, é um ministério missionário de alcance transcultural e mundial, pois, nossos alunos, posteriormente ao curso, são enviados por suas comunidades eclesiásticas a diferentes povos em diversos países do mundo. Hoje, por meio dos nossos alunos, atuamos em todos os continentes.
Os desafios financeiros existem, tanto para minha manutenção pessoal básica quanto na continuidade do tratamento médico de que necessito: R$ 2.000,00 mensais (aluguel, alimentação, higiene pessoal e medicamentos) a partir de novembro de 2015 (quando preciso mudar-me para a base em Brasília). A ideia é que amigos e colaboradores que desejem fazer parte desse ministério assumam o compromisso no valor de sua escolha para depositar com alegria mensalmente na conta abaixo:
Banco do Brasil
Agência 2823-1
C/C: 40006-8
Dessa forma podemos alcançar um sustento mensal mínimo a fim de que o trabalho possa ser realizado no campo que o Senhor Jesus tem escolhido para que eu O sirva neste momento: a base de treinamento de missionários da ALEM. É com muita alegria que me dirijo a você para expressar gratidão pelo seu apoio para com minha vida e trabalho. Assim Deus vai escrevendo Sua História através de nossas vidas como equipe. A Ele toda a glória, no nosso meio e entre todos os povos.
Pela graça e para a glória de Jesus Cristo
Angela Natel

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Outras redes:
Twitter: @AngelNN

F. W. Nietzsche, Dionísio e Cristo — por Gilles Deleuze


Em Dionísio e em Cristo o martírio é o mesmo, a paixão é a mesma. É o mesmo fenômeno, mas são dois sentidos opostos. Por um lado, a vida que justifica o sofrimento, que afirma o sofrimento; por outro, o sofrimento que acusa a vida, que testemunha contra ela, que faz da vida alguma coisa que deve ser justificada. Haver sofrido na vida significa primeiramente, para o cristianismo, que ela não é justa, que ela é essencialmente injusta, que paga com sofrimento uma injustiça essencial: ela é culpada, visto que sofre. Em seguida, significa que ela deve ser justificada, isto é, que ela deve ser redimida de sua injustiça ou salva, salva por este mesmo sofrimento que há pouco a acusava: ela deve sofrer visto que é culpada. Estes dois aspectos do cristianismo formam o que Nietzsche chama “a má consciência” ou “interiorização da dor”. Eles definem o niilismo propriamente cristão, ou seja, a maneira pela qual o cristianismo nega a vida: por um lado a máquina de fabricar culpa, a horrível equação dor-castigo; por outro lado, a máquina que multiplica a dor, a justificação pela dor, a máquina imunda. Mesmo quando o cristianismo canta o amor e a vida, que imprecações neste canto, que ódio neste amor! Ele ama a vida como a ave de rapina ama o cordeiro: tenra, mutilada, moribunda. O dialético coloca o amor cristão como uma antítese, por exemplo, como uma antítese do amor judaico. Estabelecer “antíteses” em toda parte onde há avaliações mais delicadas a serem feitas, “coordenações” a serem interpretadas, é o oficio e a missão do dialético. A flor é a antítese da folha, ela “refuta” a folha, eis aí uma descoberta célebre cara à dialética. É deste modo também que a flor do amor cristão “refuta” o ódio, isto é, de um modo inteiramente fictício. Que não se imagine que o amor se desenvolveu, como antítese do ódio judaico. Não; exatamente o contrário. O amor saiu deste ódio, expandiu-se como sua coroa, uma coroa triunfante que se alegre sob os quentes raios de tini sol de pureza, mas que, nesse domínio novo sob esse reino da luz e do sublime, persegue sempre interiorizada e, por este meio, oferecida a Deus, colocada em Deus. “Este paradoxo de um Deus crucificado, este mistério de uma inimaginável e última crueldade”, é a mania propriamente cristã, mania já totalmente dialética.
Quão estranho se tornou este aspecto ao verdadeiro Dionísio! O Dionísio de "A Origem da Tragédia" ainda “resolvia” a dor; a alegria que ele experimentava ainda era uma alegria de resolvê-la e também de leva-la à unidade primitiva. Mas agora Dionísio capitou precisamente o sentido e o valor de suas próprias metamorfoses: ele é o deus para quem a vida não é para ser justificada, para quem a vida é essencialmente justa. Mais do que isso, é ela quem se carrega, “ela afirma até mesmo o mais áspero sofrimento”. Compreendamos: ela não resolve a dor interiorizando-a, afirmando-a no elemento de sua exterioridade. E, a partir daí, a oposição entre Dionísio e Cristo se desenvolve ponto por ponto, como a afirmação da vida (sua extrema apreciação) e a negação da vida (sua depreciação extrema). A “mania” dionisíaca à mania cristã; a embriaguez dionisíaca, à uma embriaguez cristã; a laceração dionisíaca, à crucificação cristã; a ressurreição dionisíaca, a ressurreição cristã; a transvaloração dionisíaca, à transubstanciação cristã. Pois há duas espécies de sofrimentos e de sofredores. “Aqueles que sofrem de superabundância de vida” fazem do sofrimento uma afirmação, assim como fazem da embriaguez uma atividade; na laceração de Dionísio eles reconhecem a forma extrema da afirmação, sem possibilidade de subtração, de exceção nem escolha. “Aqueles que sofrem, ao contrário, de empobrecimento de vida” fazem da embriaguez uma convulsão ou torpor; fazem do sofrimento um meio de acusar a vida, de contradize-la e também um meio de justificar a vida, de resolver a contradição. Na verdade, tudo isso entra na ideia de um salvador; não há salvador mais belo que aquele que é ao mesmo tempo carrasco, vítima e consolador, a santa Trindade — o sonho prodigioso da má consciência. Do ponto de vista de um salvador, “a vida deve ser o caminho que leva à santidade”; do ponto de vista do Dionísio, a existência parece bastante santa por si mesma para justificar ainda uma imensidão de sofrimento. A laceração dionisíaca é o símbolo máximo da afirmação múltipla; a cruz de Cristo, o sinal da cruz, são a imagem da contradição de da sua resolução, a vida submetida ao trabalho do negativo. Contradição resolvida, resolução da contradição, reconciliação dos contraditórios: todas essas noções se tornaram estranhas a Nietzsche. É Zaratustra que grita: “Alguma coisa mais elevada do que a reconciliação” — a afirmação. Alguma coisa mais elevada do que toda contradição desenvolvida, resolvida, suprimida — a transvaloração. Este é o ponto em comum de Zaratustra e Dionísio: “Eu coloco em todos os abismos minha afirmação que abençoa” (Zaratustra)... mas isto, ainda uma vez, é a própria ideia de Dionísio”. A oposição entre Dionísio ou Zaratustra e o Cristo não é a dialética e sim a oposição à própria dialética: a afirmação diferencial contra a negação dialética, contra todo niilismo e contra esta forma particular do niilismo.
— Gilles Deleuze, in “Nietzsche e a Filosofia” – capítulo 01, texto “Dionísio e Cristo”, página 10.

Fonte: https://www.facebook.com/479564978876804/photos/a.479569158876386.1073741828.479564978876804/479568975543071/?type=1&theater

As injustiças da vida e os dois sentidos do sofrimento... catártico! - Angela Natel