quinta-feira, 28 de abril de 2016

Repúdio ao Projeto 'Escola sem partido'

Meu repúdio ao Projeto, à ideia da Escola sem partido, que alguns querem arrastar para todo o país. Assino embaixo do comentário de Leandro Karnal (abaixo da imagem).
Para quem não sabe do que se trata, por 18 votos a oito, os deputados estaduais de Alagoas decidiram, em votação no fim da tarde desta terça-feira (26), derrubar o veto do governador Renan Filho (PMDB) ao projeto Escola Livre. Agora, os professores são obrigados a manter "neutralidade" em sala de aula e estão impedidos de "doutrinar" e "induzir" alunos em assuntos políticos, religiosos e ideológicos, sob pena até de demissão.


Agradeço aos muitos envios do texto da lei aprovada em Alagoas. Li várias vezes. Ainda não superei o impacto. É um monstro jurídico que afronta a Constituição, restaura a mordaça ditatorial e demonstra uma sanha reacionária intensa. Pode dar margem a uma intensa onda conservadora e, como sempre, invocando altos princípios de neutralidade e cuidado com os alunos, cria a figura hedionda da censura a partir de um ponto de vista arcaico de sociedade. Em nome de um bem cínico (se estão preocupados com as crianças por que não fazem escola materialmente dignas?) atacam a essência do conhecimento. O texto é burro, a intenção é estapafúrdia, o resultado será um desastre. Ainda bem que Alagoas não tem nenhum problema grave a resolver no momento e pode se dedicar a isto. Imagine se o Estado tivesse violência ou desigualdade de renda ou microcefalia às dúzias e os deputados estivessem investindo pesado em calar críticos. Seria um horror, não é? Mas, vamos ao lado positivo. Haveria?

- os deputados federais brasileiros, após as declarações estapafúrdias de voto, tinham recebido a taça de ouro da infâmia e da limitação retórica. O Brasil inteiro sentiu vergonha daqueles seres. Em pouco tempo, as excelências de Brasília perderam o posto para os estaduais de Alagoas que estão com a taça platinum mega blaster. Provamos que Tiririca estava errado quando dizia: pior que tá não fica. Ficou. Tem um alçapão no fundo do poço da dignidade parlamentar e Alagoas descobriu antes de todos.

- as forças obscuras estão com medo dos professores. Talvez seja a melhor notícia. Temos um poder que não suspeitávamos. Eles sabem que somos inimigos do mundo reacionário deles, que garante boquinhas e prebendas. Acabamos de ser homenageados de forma indireta. Funciona como a exposição de arte "degenerada" que os nazistas fizeram: figurar nela era um ponto muito positivo. O sol há de voltar, mas ingressamos numa terrível noite escura. Tudo feito em nome de misericórdia e da justiça, aliás, este era o lema da Inquisição...

Leandro Karnal
fonte: https://www.facebook.com/prof.leandrokarnal/photos/a.1603727593202940.1073741829.1603132246595808/1710190025890029/?type=3&theater

terça-feira, 19 de abril de 2016

segunda-feira, 18 de abril de 2016

MPEACHMENT A teatralização da política

O poder político é sempre uma teatrocracia, isso é o que, em suma, nos ensina o francês Georges Balandier. A legitimição do poder pela força é coisa de um governo débil. Ele é sempre uma ação encenada. Se depender apenas da força, por mais forte que possa ser, um governo fica vulnerável. Nesse sentido, um poder vai ser efetivo quanto mais for capaz de representar aquilo que de fato não seja na essência.

A teatralização é o que torna o poder deglutível. A adesão a ele é emocional e é provocada na cerimonialização, dramatização, espetaculização e sacralização dos símbolos e na atuação dos agentes no caldeirão social.

Todo o cenário do impeachment é isso: uma grande encenação. Os gestos são largos, espalhafatosos, messiânicos, grandiloquentes. Você é convidado a dar um ar de gravidade à coisa. As paixões são provocadas ao máximo. Mas não deixa de ser um grande teatro. Nada é tão sério quanto parece ainda que a coisa seja mais séria do que possa parecer.

Na sociedade do espetáculo, os truques são feitos a um palmo de nosso nariz mas não percebemos. Nossa boa fé é boa demais para descrer que haja boa fé nos atores que encenam o poder. Se Giddens nos fala da fé tecnológica, qu nos faz embarcar em um avião sem medo, tem de haver também a fé política. O poder precisa ser percebido diferentemente do que é.

O voto mais honesto nesse teatro dos horrores de ontem foi o do ex-dirigente do Corinthians Andrés Sanchez. Foi o que demonstrou mais desprezo pela encenação toda. Uma postura niilista com relação às verdades representadas. Foi o gesto de quem queria nos dizer "vocês não sabem da missa um terço". Esse é o tipo de gesto que se entrega, portanto, não interessa ao palco onde as decisões são tomadas.

Nós também encenamos, do contrário, nos sentiríamos patéticos. Somos constantemente provocados a reaffurmarmos a fé nas bandeiras que ostentamos. O poder é difuso e se manifesta também na relação "eu comigo mesmo". Precisamos crer para acreditar. O poder tem que me ser legítimo também. Enganamo-nos para que não nos enganem. Recusamos ser nossos próprios tiranos. A isso chamamos vagamente de consciência, o espaço mental de nosso descarrego existencial.

Se você quiser fazer o teste do ridículo da sua assistência a tal teatralização, permita-se a tortura de rever o espetáculo. Agora, com o sangue frio, sem as fímbrias das emoções do calor das horas, sua leitura será outra. Aí, então, como Macbeth de Shakespeare, você vai perceber que "a vida é uma simples sombra que passa (...); é uma história contada por um idiota, cheia de ruído e de furor e que nada significa”.

Talvez seja maturidade, ou quem sabe loucura, tornar-se um Andrés Sanchez. Na medida em que a vida tenha se tornado também um grande teatro, um desfile de aparências en detrimento das essências, o representar tenha se tornado nosso último refúgio. E, então, como diria o grande dramaturgo e escritor irlandês Samuel Beckett, "não tenho nada para dizer, mas só eu sei dizer isso".

E toquemos a vida.

Dilson Cunha
18.04.16


fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=899282470180582&set=a.419744141467753.1073741834.100002965120447&type=3&theater

sexta-feira, 15 de abril de 2016

A fenda brasileira

A violência simbólica deixa feridas muitas vezes imperceptíveis no futuro de um país


Muro colocado diante do Congresso, em Brasília, para separar os manifestantes contra e a favor do Governo.  REUTERS

Nos últimos anos, e com maior intensidade nos últimos meses, uma boa parte da sociedade brasileira tem se radicalizado na sua própria visão da situação política interna. Razões abundam para cada porção ideologizada da sociedade que faz interpretações. A radicalização tende a priorizar e reforçar o posicionamento próprio gerando um isolamento gradual daqueles que estão do outro lado. As fronteiras imaginárias são a vitória de um tipo de compreensão que acha melhor a exclusão de seus oponentes.
Talvez esta seja a questão mais perigosa que esteja atravessando o Brasil hoje: a fenda social, além da institucional. Uma fenda que os argentinos conhecemos e reproduzimos historicamente com uma habilidade artesanal inigualável. Nós somos especialistas em estabelecer formas de discurso que constituem binômios radicais que produzem a separação de todo aquele que pensa diferente: é o fim do pluralismo. É um círculo vicioso que reproduz modos discursivos e de ação que procuram fixar fronteiras e marginalizar todo aquele que pensa de outro jeito. Nesta dinâmica não tem direita ou esquerda: todos reagem do mesmo jeito. Na construção desta fenda, a mídia joga um rol central como geradora de visões muitas vezes distorcidas dos acontecimentos. A manipulação midiática também faz parte do problema.
Nas últimas semanas alguns dirigentes políticos tem incrementado este nível de rispidez social nos debates. A promoção sutil ou explicita da violência (verbal ou física) numa autoridade pública é inaceitável. Um grande poder implica em uma grande responsabilidade (isso cabe também para mídia). O que fica para os que seguem cegamente aquele que consideram seu líder? As mudanças devem começar pelo discurso dos representantes políticos, qualquer que sejam suas responsabilidades.
Ao mesmo tempo, a democracia não é só aquela que pende das instituições da República. Também existe uma democracia no modo pelo qual os cidadãos se comunicam, reagem e compartilham (ou não) o cotidiano. Podemos ser cidadãos antidemocráticos? Sim. Toda vez que anulamos a palavra diferente à nossa, que rotulamos com ironia aqueles que pensam de maneiras distintas de construir uma sociedade. Os modos que a linguagem assume não são insignificantes: nas ocasiões trata-se da precedência às ações.
É muito simples agredir nas redes e acabar bloqueando a aqueles (outrora amigos) que postam posições políticas com as quais não concordamos. É simples insultar alguém na rua (mas não acaba sendo muito democrático).
Esse tipo de violência simbólica deixa feridas muitas vezes imperceptíveis no futuro de um país. Esse modo de dialogar no cotidiano não é algo sem importância e produz cicatrizes. Na Argentina, por exemplo, desde a última década muitas famílias se separaram depois de anos de divisão política. Muitos amigos deixaram de se falar. O tecido social nem sempre é forte, pode se rasgar sim.
Talvez fosse bom que cada um de nós, não importa o ponto de vista que se tenha, seja ainda mais responsável pela própria animosidade. É preciso continuar atacando a corrupção sem justificar os crimes (que não pertencem a uma só parcela isolada).

A indignação frente aos males sociais é entendível. Porém não podemos deixar de ter o respeito que a democracia precisa. Caso contrário, a fenda se engrandece, nos divide e poderemos cair nela. Naquele caso ficará cada vez mais difícil entreolharmos pacificamente aos olhos do amanhã. Sim, o amanhã tem que nos que encontrar juntos... convivendo.

Nicolás José Isola, filósofo argentino, é pesquisador e doutor em Ciências Sociais. Twitter:@NicoJoseIsola

fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/14/opinion/1460654729_261346.html?id_externo_rsoc=FB_CM

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Jogo dos rótulos


Para quem gosta de reduzir as pessoas a conceitos fechados e incompletos em si mesmos.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Sociedade de Inquisidores


Triste é quando se olha para quem está falando antes de ouvir o que é dito.
Rotulam e condenam antes de prestar atenção na verdade, independentemente de quem a pronuncia.
Não se ouve mais, apenas o que nos resta é o julgamento de quem está falando.
Uma pena...
Há pouca disposição de aprender.
Assim se formam os críticos do amanhã, levados de um lado para o outro pela manipulação dos enunciados, constantemente enraivecidos com os enunciadores.
Uma sociedade de inquisidores.

Angela Natel

terça-feira, 5 de abril de 2016

Batman X Superman – o drama da mãe em comum



E lá vamos nós assistir ao filme que tem dado o que falar há muito tempo. Spoilers à parte, a crítica já tinha previsto um desastre de bilheteria, e os quadrinhos prepararam para o que iríamos ver.
Acabei me apaixonando pelo vilão – como de costume – muito bem delineado, com diálogos brilhantes e muito Nietzsche por detrás.
Mas a polarização de forças chamou a atenção de qualquer maneira, mostrando uma manipulação ferrenha que bem poderia ser chamada de República Federativa do Brasil.
Sim, eu vou falar de política, bem como de teologia. O Filme Batman X Superman é um retrato bem colocado de nossa situação. No fim das contas há os que torcem para o de vermelho e os demais, porém tudo muito bem arquitetado por alguém por debaixo dos panos (que não aparenta torcer para ninguém além dele mesmo).
E o que me assusta mais, nessa situação, é o ódio ferrenho que observo nos ataques verbais aparentemente justificados. Até parece que a teologia tem se reduzido a uma posição política, uma vez que quem decide se posicionar como lhe é de direito, mas não concorda com boa parte do grupo, é automaticamente lançado na fogueira da inquisição hipócrita que assola os que se esquecem que nossa salvação não se relaciona de forma alguma com o posicionamento político que assumimos. Não, não se relaciona. Aliás, se fôssemos realmente analisar, a anarquia é a forma que mais se adequaria aos interesses do Reino de Deus – diga-se de passagem.
Mas por aí vai: uns gritam para matar o de vermelho, outros querem uma solução sobrenatural (como se Deus vestisse a camisa de algum partido ou juiz humano), outros ainda só querem ver o circo pegar fogo – ops, não tem Coringa nessa história.
E, de repente, o inesperado acontece: o nome da mãe do Batman é Martha – assim como o nome da mãe (adotiva) do Superman!
Sim, esse foi o turning point da história: temos, afinal, a mesma mãe!
E, simples assim, a história muda de rumo, de foco, de intensidade até. Aliás, foi só depois disso que a Mulher Maravilha decide ajudar – ah, a esperteza das mulheres!
Então, penso que parte da solução para nossos óculos turvos da hipocrisia, da desumanidade em nossos argumentos e da falta de senso ao não permitir a livre expressão do outro encontra-se na conscientização de que temos, afinal, os mesmos progenitores – somos todos filhos de Eva – a nossa Martha -  e por isso nosso inimigo é comum.
Não nos cabe, portanto, jogar a primeira pedra, como se fôssemos os reis da cocada preta.
Não nos cabe argumentar com o outro sem levarmos em conta que nossa posição diante de Deus é a mesma, e que nenhum posicionamento político é capaz de melhorar nossa condição de pecadores.
Não nos cabe reduzir o bem ou o mal a uma cor – não, o diabo não veste vermelho – nem um acerto definir uma única pessoa como salvadora da pátria.
Ao lembrarmos de nossa mãe Eva em comum, nos conscientizemos de que o mundo não é polarizado em duas vertentes, mas que todos estamos sujeitos a uma manipulação que nos carregaria ao precipício da destruição mútua.
Só espero que o arrependimento e a mudança de conduta para com quem pensa diferente não aconteça num ponto em que estragos maiores já tenham sido feitos. Nesse caso, toda uma vida de bom testemunho pode ser jogada fora quando o discurso político se torna mais importante que os valores do Reino de Deus – e digo isso no sentido de evitarmos condenar alguém por causa de sua posição política – ou apenas condenar, já que esta não é uma tarefa que nos cabe.
Todos possuem o direito à livre expressão de pensamento, e o direito de não ser condenado por isso. Negar esse direito é desumanizar o outro, endeusar-se a si mesmo e colocar-se acima da lei.
Temos a mesma mãe, olhemos para o inimigo comum: o que poda nosso direito de compartilhar o solo de nossa pátria com liberdade.
Ofensas e discurso de ódio e condenação apenas revelam nosso ímpeto em atirar a primeira pedra, sem levarmos em conta o Único que tem o direito de fazê-lo: Cristo.


Angela Natel – 05/04/2016

segunda-feira, 4 de abril de 2016

VAI TE AJUDAR, LEIA ATÉ O FIM! DISCIRNA!!

A religião, historicamente, sempre foi usada como ferramenta de manipulação das massas pela política. Constantino que o diga... A simbiose entre estas duas potestades, produz, ao menos, quatro fenômenos sócio-religiosos, conforme a seguir.
O primeiro é a criação de uma cultura do medo, onde os sacerdotes são alçados a uma categoria de mitos divinizados, pois, tocar no “Ungido”, é tocar em Deus! Com o policiamento comportamental, pessoas são controladas pela via do medo do castigo, seja ele em forma de disciplina eclesiástica pública, seja pela via do bullying fraterno, onde os “irmãos” se afastam daquele que violou o código de conduta coletiva, seja pela ação raivosa de “Deus”, que pune quem não segue a “regra do jogo”. Para a religião, não basta o sacerdote se interpor entre os homens e o Criador, ela precisa controlar também as relações entre os homens e seus semelhantes.
O segundo é a alienação do fiel quanto às dinâmicas da vida, ou seja, quanto mais religião, mais separação do “mundo”, é o noeploatonismo embalado para consumo religioso. Desde há muito, a igreja prega um Evangelho que exclui o indivíduo da realidade cotidiana, suprimindo dele o apreço pela arte, pela cultura, pela política, pela economia. A alienação religiosa é um poderoso meio de controle, cria uma geração de descerebrados, produz na linha de série da igreja-indústria gente que lê a bíblia, mas não lê o jornal, indivíduos que se envolvem com a agenda de programas da denominação, mas que não tem tempo para ir ao cinema, a um show artístico, ou até para investir nos estudos e na profissão. A religião produz um apagão intelectual, isola o sujeito entre as paredes do templo, torna a existência um subproduto das doutrinas da igreja, tenciona impermeabilizar o contato com o mundo real.
O terceiro é a conformação com a miséria, uma vez que o religioso é ensinado que a vida aqui na Terra deve ser uma experiência de sofrimento e renúncia, de privação e desprazer. A verdade é que crente bom é crente pobre! Transportar toda alegria e prazer que alguém pode experimentar para uma vida vindoura, com a promessa de um paraíso perfeito, tem por finalidade produzir uma letargia existencial, um anestesiamento de mente, cultivar a cultura da subserviência, induzir uma subjugação social, levar o povo a ser domesticado tornando-o inofensivo. Ora, essa doutrinação foi largamente utilizada, sobretudo, na América Latina, marcada historicamente por governos totalitários e ditatoriais, pobreza extrema, tanto no campo quanto nas cidades, além de baixos níveis de escolarização e acesso a serviços essenciais. Bem afirmou Dom Hélder Câmara, “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista”.
Por último, temos a rendição da crença às questões metafísicas, ou seja, quanto mais “espiritual” melhor, quanto mais à fé aponte para o sobrenatural, mas riqueza haverá na experiência com o sagrado. A metafísica religiosa amputa uma parte essencial da doutrina de Jesus, que é a preocupação com a justiça e com os dramas sociais, produz uma espiritualidade mágica, catártica e performática, revela um Deus fantasioso e vicia os “pagantes” à necessidade do espetáculo. Por isso, tanto “demônio” e tantos “milagres”! Vender religião é vender, sobretudo, o impossível, o intangível, e a metafísica religiosa se locupleta desta necessidade do ser humano de alcançar o divino para entretê-lo com a pirotecnia litúrgica, cultos teatrais com efeitos spilberguianos, muitos carismas disponíveis para uso, mas quase nenhum caráter que seja apto para torná-los úteis a qualquer coisa proveitosa para o bem.
Em minha experiência pastoral, tenho encontrado um sem número de pessoas marcadas por todos ou alguns destes tópicos acima. A violência religiosa é uma violência contra a alma humana, é um estupro da consciência, produz, por vezes, danos irreparáveis. Num tempo e numa sociedade onde o matrimônio está cada vez mais fragilizado, o casamento entre política e religião continua firme, e dando muitos frutos...
Carlos Moreira.

Repúdio ao Projeto 'Escola sem partido'

Meu repúdio ao Projeto, à ideia da Escola sem partido, que alguns querem arrastar para todo o país. Assino embaixo do comentário de Leandro Karnal (abaixo da imagem).
Para quem não sabe do que se trata, por 18 votos a oito, os deputados estaduais de Alagoas decidiram, em votação no fim da tarde desta terça-feira (26), derrubar o veto do governador Renan Filho (PMDB) ao projeto Escola Livre. Agora, os professores são obrigados a manter "neutralidade" em sala de aula e estão impedidos de "doutrinar" e "induzir" alunos em assuntos políticos, religiosos e ideológicos, sob pena até de demissão.


Agradeço aos muitos envios do texto da lei aprovada em Alagoas. Li várias vezes. Ainda não superei o impacto. É um monstro jurídico que afronta a Constituição, restaura a mordaça ditatorial e demonstra uma sanha reacionária intensa. Pode dar margem a uma intensa onda conservadora e, como sempre, invocando altos princípios de neutralidade e cuidado com os alunos, cria a figura hedionda da censura a partir de um ponto de vista arcaico de sociedade. Em nome de um bem cínico (se estão preocupados com as crianças por que não fazem escola materialmente dignas?) atacam a essência do conhecimento. O texto é burro, a intenção é estapafúrdia, o resultado será um desastre. Ainda bem que Alagoas não tem nenhum problema grave a resolver no momento e pode se dedicar a isto. Imagine se o Estado tivesse violência ou desigualdade de renda ou microcefalia às dúzias e os deputados estivessem investindo pesado em calar críticos. Seria um horror, não é? Mas, vamos ao lado positivo. Haveria?

- os deputados federais brasileiros, após as declarações estapafúrdias de voto, tinham recebido a taça de ouro da infâmia e da limitação retórica. O Brasil inteiro sentiu vergonha daqueles seres. Em pouco tempo, as excelências de Brasília perderam o posto para os estaduais de Alagoas que estão com a taça platinum mega blaster. Provamos que Tiririca estava errado quando dizia: pior que tá não fica. Ficou. Tem um alçapão no fundo do poço da dignidade parlamentar e Alagoas descobriu antes de todos.

- as forças obscuras estão com medo dos professores. Talvez seja a melhor notícia. Temos um poder que não suspeitávamos. Eles sabem que somos inimigos do mundo reacionário deles, que garante boquinhas e prebendas. Acabamos de ser homenageados de forma indireta. Funciona como a exposição de arte "degenerada" que os nazistas fizeram: figurar nela era um ponto muito positivo. O sol há de voltar, mas ingressamos numa terrível noite escura. Tudo feito em nome de misericórdia e da justiça, aliás, este era o lema da Inquisição...

Leandro Karnal
fonte: https://www.facebook.com/prof.leandrokarnal/photos/a.1603727593202940.1073741829.1603132246595808/1710190025890029/?type=3&theater

Norma Braga: Perspectivas pós-deflagração de impeachment

Norma Braga: Perspectivas pós-deflagração de impeachment: Muita gente no Facebook está reclamando da qualidade dos deputados. Citaram até os cabelos malfeitos (também notei as cores heterodoxas e ...

MPEACHMENT A teatralização da política

O poder político é sempre uma teatrocracia, isso é o que, em suma, nos ensina o francês Georges Balandier. A legitimição do poder pela força é coisa de um governo débil. Ele é sempre uma ação encenada. Se depender apenas da força, por mais forte que possa ser, um governo fica vulnerável. Nesse sentido, um poder vai ser efetivo quanto mais for capaz de representar aquilo que de fato não seja na essência.

A teatralização é o que torna o poder deglutível. A adesão a ele é emocional e é provocada na cerimonialização, dramatização, espetaculização e sacralização dos símbolos e na atuação dos agentes no caldeirão social.

Todo o cenário do impeachment é isso: uma grande encenação. Os gestos são largos, espalhafatosos, messiânicos, grandiloquentes. Você é convidado a dar um ar de gravidade à coisa. As paixões são provocadas ao máximo. Mas não deixa de ser um grande teatro. Nada é tão sério quanto parece ainda que a coisa seja mais séria do que possa parecer.

Na sociedade do espetáculo, os truques são feitos a um palmo de nosso nariz mas não percebemos. Nossa boa fé é boa demais para descrer que haja boa fé nos atores que encenam o poder. Se Giddens nos fala da fé tecnológica, qu nos faz embarcar em um avião sem medo, tem de haver também a fé política. O poder precisa ser percebido diferentemente do que é.

O voto mais honesto nesse teatro dos horrores de ontem foi o do ex-dirigente do Corinthians Andrés Sanchez. Foi o que demonstrou mais desprezo pela encenação toda. Uma postura niilista com relação às verdades representadas. Foi o gesto de quem queria nos dizer "vocês não sabem da missa um terço". Esse é o tipo de gesto que se entrega, portanto, não interessa ao palco onde as decisões são tomadas.

Nós também encenamos, do contrário, nos sentiríamos patéticos. Somos constantemente provocados a reaffurmarmos a fé nas bandeiras que ostentamos. O poder é difuso e se manifesta também na relação "eu comigo mesmo". Precisamos crer para acreditar. O poder tem que me ser legítimo também. Enganamo-nos para que não nos enganem. Recusamos ser nossos próprios tiranos. A isso chamamos vagamente de consciência, o espaço mental de nosso descarrego existencial.

Se você quiser fazer o teste do ridículo da sua assistência a tal teatralização, permita-se a tortura de rever o espetáculo. Agora, com o sangue frio, sem as fímbrias das emoções do calor das horas, sua leitura será outra. Aí, então, como Macbeth de Shakespeare, você vai perceber que "a vida é uma simples sombra que passa (...); é uma história contada por um idiota, cheia de ruído e de furor e que nada significa”.

Talvez seja maturidade, ou quem sabe loucura, tornar-se um Andrés Sanchez. Na medida em que a vida tenha se tornado também um grande teatro, um desfile de aparências en detrimento das essências, o representar tenha se tornado nosso último refúgio. E, então, como diria o grande dramaturgo e escritor irlandês Samuel Beckett, "não tenho nada para dizer, mas só eu sei dizer isso".

E toquemos a vida.

Dilson Cunha
18.04.16


fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=899282470180582&set=a.419744141467753.1073741834.100002965120447&type=3&theater

A fenda brasileira

A violência simbólica deixa feridas muitas vezes imperceptíveis no futuro de um país


Muro colocado diante do Congresso, em Brasília, para separar os manifestantes contra e a favor do Governo.  REUTERS

Nos últimos anos, e com maior intensidade nos últimos meses, uma boa parte da sociedade brasileira tem se radicalizado na sua própria visão da situação política interna. Razões abundam para cada porção ideologizada da sociedade que faz interpretações. A radicalização tende a priorizar e reforçar o posicionamento próprio gerando um isolamento gradual daqueles que estão do outro lado. As fronteiras imaginárias são a vitória de um tipo de compreensão que acha melhor a exclusão de seus oponentes.
Talvez esta seja a questão mais perigosa que esteja atravessando o Brasil hoje: a fenda social, além da institucional. Uma fenda que os argentinos conhecemos e reproduzimos historicamente com uma habilidade artesanal inigualável. Nós somos especialistas em estabelecer formas de discurso que constituem binômios radicais que produzem a separação de todo aquele que pensa diferente: é o fim do pluralismo. É um círculo vicioso que reproduz modos discursivos e de ação que procuram fixar fronteiras e marginalizar todo aquele que pensa de outro jeito. Nesta dinâmica não tem direita ou esquerda: todos reagem do mesmo jeito. Na construção desta fenda, a mídia joga um rol central como geradora de visões muitas vezes distorcidas dos acontecimentos. A manipulação midiática também faz parte do problema.
Nas últimas semanas alguns dirigentes políticos tem incrementado este nível de rispidez social nos debates. A promoção sutil ou explicita da violência (verbal ou física) numa autoridade pública é inaceitável. Um grande poder implica em uma grande responsabilidade (isso cabe também para mídia). O que fica para os que seguem cegamente aquele que consideram seu líder? As mudanças devem começar pelo discurso dos representantes políticos, qualquer que sejam suas responsabilidades.
Ao mesmo tempo, a democracia não é só aquela que pende das instituições da República. Também existe uma democracia no modo pelo qual os cidadãos se comunicam, reagem e compartilham (ou não) o cotidiano. Podemos ser cidadãos antidemocráticos? Sim. Toda vez que anulamos a palavra diferente à nossa, que rotulamos com ironia aqueles que pensam de maneiras distintas de construir uma sociedade. Os modos que a linguagem assume não são insignificantes: nas ocasiões trata-se da precedência às ações.
É muito simples agredir nas redes e acabar bloqueando a aqueles (outrora amigos) que postam posições políticas com as quais não concordamos. É simples insultar alguém na rua (mas não acaba sendo muito democrático).
Esse tipo de violência simbólica deixa feridas muitas vezes imperceptíveis no futuro de um país. Esse modo de dialogar no cotidiano não é algo sem importância e produz cicatrizes. Na Argentina, por exemplo, desde a última década muitas famílias se separaram depois de anos de divisão política. Muitos amigos deixaram de se falar. O tecido social nem sempre é forte, pode se rasgar sim.
Talvez fosse bom que cada um de nós, não importa o ponto de vista que se tenha, seja ainda mais responsável pela própria animosidade. É preciso continuar atacando a corrupção sem justificar os crimes (que não pertencem a uma só parcela isolada).

A indignação frente aos males sociais é entendível. Porém não podemos deixar de ter o respeito que a democracia precisa. Caso contrário, a fenda se engrandece, nos divide e poderemos cair nela. Naquele caso ficará cada vez mais difícil entreolharmos pacificamente aos olhos do amanhã. Sim, o amanhã tem que nos que encontrar juntos... convivendo.

Nicolás José Isola, filósofo argentino, é pesquisador e doutor em Ciências Sociais. Twitter:@NicoJoseIsola

fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/14/opinion/1460654729_261346.html?id_externo_rsoc=FB_CM

Jogo dos rótulos


Para quem gosta de reduzir as pessoas a conceitos fechados e incompletos em si mesmos.

Sociedade de Inquisidores


Triste é quando se olha para quem está falando antes de ouvir o que é dito.
Rotulam e condenam antes de prestar atenção na verdade, independentemente de quem a pronuncia.
Não se ouve mais, apenas o que nos resta é o julgamento de quem está falando.
Uma pena...
Há pouca disposição de aprender.
Assim se formam os críticos do amanhã, levados de um lado para o outro pela manipulação dos enunciados, constantemente enraivecidos com os enunciadores.
Uma sociedade de inquisidores.

Angela Natel

Batman X Superman – o drama da mãe em comum



E lá vamos nós assistir ao filme que tem dado o que falar há muito tempo. Spoilers à parte, a crítica já tinha previsto um desastre de bilheteria, e os quadrinhos prepararam para o que iríamos ver.
Acabei me apaixonando pelo vilão – como de costume – muito bem delineado, com diálogos brilhantes e muito Nietzsche por detrás.
Mas a polarização de forças chamou a atenção de qualquer maneira, mostrando uma manipulação ferrenha que bem poderia ser chamada de República Federativa do Brasil.
Sim, eu vou falar de política, bem como de teologia. O Filme Batman X Superman é um retrato bem colocado de nossa situação. No fim das contas há os que torcem para o de vermelho e os demais, porém tudo muito bem arquitetado por alguém por debaixo dos panos (que não aparenta torcer para ninguém além dele mesmo).
E o que me assusta mais, nessa situação, é o ódio ferrenho que observo nos ataques verbais aparentemente justificados. Até parece que a teologia tem se reduzido a uma posição política, uma vez que quem decide se posicionar como lhe é de direito, mas não concorda com boa parte do grupo, é automaticamente lançado na fogueira da inquisição hipócrita que assola os que se esquecem que nossa salvação não se relaciona de forma alguma com o posicionamento político que assumimos. Não, não se relaciona. Aliás, se fôssemos realmente analisar, a anarquia é a forma que mais se adequaria aos interesses do Reino de Deus – diga-se de passagem.
Mas por aí vai: uns gritam para matar o de vermelho, outros querem uma solução sobrenatural (como se Deus vestisse a camisa de algum partido ou juiz humano), outros ainda só querem ver o circo pegar fogo – ops, não tem Coringa nessa história.
E, de repente, o inesperado acontece: o nome da mãe do Batman é Martha – assim como o nome da mãe (adotiva) do Superman!
Sim, esse foi o turning point da história: temos, afinal, a mesma mãe!
E, simples assim, a história muda de rumo, de foco, de intensidade até. Aliás, foi só depois disso que a Mulher Maravilha decide ajudar – ah, a esperteza das mulheres!
Então, penso que parte da solução para nossos óculos turvos da hipocrisia, da desumanidade em nossos argumentos e da falta de senso ao não permitir a livre expressão do outro encontra-se na conscientização de que temos, afinal, os mesmos progenitores – somos todos filhos de Eva – a nossa Martha -  e por isso nosso inimigo é comum.
Não nos cabe, portanto, jogar a primeira pedra, como se fôssemos os reis da cocada preta.
Não nos cabe argumentar com o outro sem levarmos em conta que nossa posição diante de Deus é a mesma, e que nenhum posicionamento político é capaz de melhorar nossa condição de pecadores.
Não nos cabe reduzir o bem ou o mal a uma cor – não, o diabo não veste vermelho – nem um acerto definir uma única pessoa como salvadora da pátria.
Ao lembrarmos de nossa mãe Eva em comum, nos conscientizemos de que o mundo não é polarizado em duas vertentes, mas que todos estamos sujeitos a uma manipulação que nos carregaria ao precipício da destruição mútua.
Só espero que o arrependimento e a mudança de conduta para com quem pensa diferente não aconteça num ponto em que estragos maiores já tenham sido feitos. Nesse caso, toda uma vida de bom testemunho pode ser jogada fora quando o discurso político se torna mais importante que os valores do Reino de Deus – e digo isso no sentido de evitarmos condenar alguém por causa de sua posição política – ou apenas condenar, já que esta não é uma tarefa que nos cabe.
Todos possuem o direito à livre expressão de pensamento, e o direito de não ser condenado por isso. Negar esse direito é desumanizar o outro, endeusar-se a si mesmo e colocar-se acima da lei.
Temos a mesma mãe, olhemos para o inimigo comum: o que poda nosso direito de compartilhar o solo de nossa pátria com liberdade.
Ofensas e discurso de ódio e condenação apenas revelam nosso ímpeto em atirar a primeira pedra, sem levarmos em conta o Único que tem o direito de fazê-lo: Cristo.


Angela Natel – 05/04/2016

VAI TE AJUDAR, LEIA ATÉ O FIM! DISCIRNA!!

A religião, historicamente, sempre foi usada como ferramenta de manipulação das massas pela política. Constantino que o diga... A simbiose entre estas duas potestades, produz, ao menos, quatro fenômenos sócio-religiosos, conforme a seguir.
O primeiro é a criação de uma cultura do medo, onde os sacerdotes são alçados a uma categoria de mitos divinizados, pois, tocar no “Ungido”, é tocar em Deus! Com o policiamento comportamental, pessoas são controladas pela via do medo do castigo, seja ele em forma de disciplina eclesiástica pública, seja pela via do bullying fraterno, onde os “irmãos” se afastam daquele que violou o código de conduta coletiva, seja pela ação raivosa de “Deus”, que pune quem não segue a “regra do jogo”. Para a religião, não basta o sacerdote se interpor entre os homens e o Criador, ela precisa controlar também as relações entre os homens e seus semelhantes.
O segundo é a alienação do fiel quanto às dinâmicas da vida, ou seja, quanto mais religião, mais separação do “mundo”, é o noeploatonismo embalado para consumo religioso. Desde há muito, a igreja prega um Evangelho que exclui o indivíduo da realidade cotidiana, suprimindo dele o apreço pela arte, pela cultura, pela política, pela economia. A alienação religiosa é um poderoso meio de controle, cria uma geração de descerebrados, produz na linha de série da igreja-indústria gente que lê a bíblia, mas não lê o jornal, indivíduos que se envolvem com a agenda de programas da denominação, mas que não tem tempo para ir ao cinema, a um show artístico, ou até para investir nos estudos e na profissão. A religião produz um apagão intelectual, isola o sujeito entre as paredes do templo, torna a existência um subproduto das doutrinas da igreja, tenciona impermeabilizar o contato com o mundo real.
O terceiro é a conformação com a miséria, uma vez que o religioso é ensinado que a vida aqui na Terra deve ser uma experiência de sofrimento e renúncia, de privação e desprazer. A verdade é que crente bom é crente pobre! Transportar toda alegria e prazer que alguém pode experimentar para uma vida vindoura, com a promessa de um paraíso perfeito, tem por finalidade produzir uma letargia existencial, um anestesiamento de mente, cultivar a cultura da subserviência, induzir uma subjugação social, levar o povo a ser domesticado tornando-o inofensivo. Ora, essa doutrinação foi largamente utilizada, sobretudo, na América Latina, marcada historicamente por governos totalitários e ditatoriais, pobreza extrema, tanto no campo quanto nas cidades, além de baixos níveis de escolarização e acesso a serviços essenciais. Bem afirmou Dom Hélder Câmara, “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista”.
Por último, temos a rendição da crença às questões metafísicas, ou seja, quanto mais “espiritual” melhor, quanto mais à fé aponte para o sobrenatural, mas riqueza haverá na experiência com o sagrado. A metafísica religiosa amputa uma parte essencial da doutrina de Jesus, que é a preocupação com a justiça e com os dramas sociais, produz uma espiritualidade mágica, catártica e performática, revela um Deus fantasioso e vicia os “pagantes” à necessidade do espetáculo. Por isso, tanto “demônio” e tantos “milagres”! Vender religião é vender, sobretudo, o impossível, o intangível, e a metafísica religiosa se locupleta desta necessidade do ser humano de alcançar o divino para entretê-lo com a pirotecnia litúrgica, cultos teatrais com efeitos spilberguianos, muitos carismas disponíveis para uso, mas quase nenhum caráter que seja apto para torná-los úteis a qualquer coisa proveitosa para o bem.
Em minha experiência pastoral, tenho encontrado um sem número de pessoas marcadas por todos ou alguns destes tópicos acima. A violência religiosa é uma violência contra a alma humana, é um estupro da consciência, produz, por vezes, danos irreparáveis. Num tempo e numa sociedade onde o matrimônio está cada vez mais fragilizado, o casamento entre política e religião continua firme, e dando muitos frutos...
Carlos Moreira.