É difícil tirar um tempo e escrever em prosa a respeito do meu presente. O passado já está escrito, apenas transcrevo aqui. Mas o recurso que tenho utilizado recentemente é restringir a descrição de meus dias atuais à forma poética, menos óbvia de ser compreendida ao mesmo tempo em que serve de catarse para o que me ocorre.
Tenho sofrido por falar a verdade, por dizer o que sinto, por expressar o que me ocorre, seja em incompreensão da família, seja em recusa de ajuda financeira ou simplesmente pela quebra do contato.
Amigos se foram.
Boa parte da família me ignora - inclusive quem me era mais chegado.
Ouço rumores, me acham desviada - seja pelo corte de cabelo ou tatuagens (que, a propósito, não usei dinheiro de oferta para pagá-las, elas é que me foram ofertadas).
Tenho 31 anos e me tratam como se eu tivesse 5.
Estou temporariamente impossibilitada de trabalhar, em tratamento médico, mas não importa, ninguém se acha responsável por isso. Igreja não é para isso, não é?
Família não tem obrigação de ajudar, ninguém tem a obrigação de ajudar, e ainda tenho que ficar ouvindo o pai falando que a qualquer momento a missão pode cortar a ajuda mensal e eu não tenho nem sou nada.
Como se ele precisasse me dizer essas coisas...
Mês a mês o sufoco de depender de quem não tem obrigação nenhuma para comigo, e se as coisas apertam, não tenho o que fazer.
Se desabafo com meus pais, eles usam isso contra mim.
E ainda posso ouvir palavras como: foi você que escolheu isso prá tua vida, como se cada um amasse ouvir as consequências de seus erros jogadas em sua cara dia após dia.
A verdade é que as pessoas não tem boas coisas para dizer, por isso só falam besteira.
Por isso desabafo em poesia, porque assim torna a réplica um pouco mais difícil.
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