terça-feira, 1 de junho de 2010

Minha resposta

Ao que respondi:

Bem, eu fui luterana durante toda a minha infância ao mesmo tempo em que passei por inúmeras dificuldades familiares. Minha infância foi marcada por medo, sofrimento e muito ódio.

Na Igreja tudo era muito mecânico, artificial. Eu me esforçava para obter reconhecimento do meu pai em tudo o que eu fazia. Participava assiduamente das escolas bíblicas, teatros, gincanas e demais atividades promovidas pela comunidade eclesiástica, mas não fazia a mínima idéia do que fazer para ser salva, ou se era preciso fazer algo, já que não me lembro de ter ouvido qualquer coisa a respeito.

Minhas lembranças mais fortes são as do meu período escolar (4 a 14 anos), em que eu me dedicava muito. Estudei em escolas públicas que eu considerava minha verdadeira casa, pois me recordo de detalhes de todos os anos que passei lá. Na escola comecei a me envolver com brincadeiras de chamar espíritos e a ensiná-las a outras crianças e, aos 8 anos, cheguei a "ler" cartas de tarô na hora do intervalo para meus colegas, que me emprestavam o baralho. Me acostumei a fazer essas brincadeiras também com minha irmã, com quem praticava pequenos furtos a supermercados.

Aos 10 anos comecei a freqüentar um "Clubinho Bíblico" realizado por senhoras menonitas, às sextas feiras, e dirigido a meninas de idade entre 12 e 18 anos. Como minha irmã só podia sair caso eu a acompanhasse, pude conhecer o amor de Deus "antes do tempo", pois as senhoras menonitas faziam questão de me lembrar que ainda eu não deveria vir. Minha irmã acabou seguindo seu caminho, estudando, etc., e eu me dedicava à escola e ao clubinho, tirando sempre as melhores notas e decorando todos os versículos indicados. Cheguei a ler toda a Bíblia aos 11 anos de idade e comecei a assistir semanalmente estudos bíblicos transmitidos pela televisão em forma de aulas por uma missionária chamada Valnice Milhomens. Me alimentei como nunca da Palavra de Deus.

Nesta época minha mãe havia fugido de casa e acabou encontrando uma senhora Menonita que lhe falou do amor de Deus. Depois de se entregar a Cristo, minha mãe voltou para casa e, então, entre 12 e 13 anos, renunciei a todas as antigas práticas para me render ao senhorio de Jesus Cristo. O clima em casa começou a mudar, e foi marcado pelo perdão e pela aceitação. Meu pai se converteu ao cristianismo e decidimos, como família, nos transferirmos para uma Igreja Menonita de fala portuguesa que se reunia perto de casa, e de onde meus pais conheciam alguns amigos. Nós 4 fomos batizados no mesmo dia quando eu tinha 13 anos e começamos a freqüentar assiduamente os cultos numa pequena sala.

Um ano depois (eu estava com 14 anos), minha mãe ouviu numa rádio cristã a respeito de um acampamento de inverno que seria realizado pela JOCUM (Jovens Com Uma Missão) nas férias de julho, de uma semana. Naquela época não sabíamos o que era JOCUM, mas tínhamos ouvido falar que era algo muito bom, então minha irmã e eu fomos para o acampamento.

Naquelas férias Deus mudou meus planos de vida. Durante aquela semana vimos de tudo: possessão demoníaca, libertação, unidade, adoração, vida de verdade e muitos testemunhos missionários. Lá eu fui confrontada pela primeira vez com a necessidade de obreiros para o campo missionário.

O acampamento era de Segunda a Sábado e, no último dia, pela manhã, busquei de Deus, pela primeira vez na minha vida, uma orientação quanto ao que Ele queria que eu fizesse. Como resposta, meditei no texto de Atos 22:21:
"Então o Senhor me disse: 'Vá, eu o enviarei para longe aos gentios'."(NVI)


Naquele dia foi falado a respeito da capacitação sobrenatural do Espírito Santo para realizarmos a obra de Deus. Oraram por mim e meu corpo amoleceu na hora. A palavra ministrada naquele dia foi a de Atos 20:24:
"Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus."(NVI)

Depois um missionária da JOCUM testemunhou sobre seu ministério em África, mostrando fotos e contando situações que faziam queimar meu coração. Não pude explicar muita coisa na época, só tive a certeza de que essa é a vontade de Deus para a minha vida: viver para testemunhar do evangelho de Sua graça aonde Ele me enviar. Foi mais uma decisão baseada na Palavra de Deus.

Sempre quis ser professora e, aos 15 anos, comecei a fazer o curso de magistério (no qual sou formada atualmente) e viajando nas férias com equipes da JOCUM para impactos evangelísticos em diversas regiões do Brasil (Cuiabá, Foz do Iguaçu, São Paulo). Continuei estudando a Bíblia e fiz diversos cursos na área teológica, bíblica e de ensino. Fui professora de escola dominical e professora de ensino bíblico em um escola pública durante 2 anos. Assistindo ainda aquelas aulas bíblicas pela televisão, tive a oportunidade de ver um pouco do trabalho do missionário Reinhard Bunke em África. Eu chorava muito ao ver o povo africano pela televisão. Além disso me envolvi em trabalhos com a Mocidade Para Cristo (MPC) na evangelização de escolas e universidades (cheguei a participar de um Congresso deles em Belo Horizonte).

Desde aquela época venho buscando o tempo e o "modo" de Deus realizar a Sua vontade em minha vida, sempre com o apoio e a bênção de meus pais e da Igreja local, sob a orientação dos pastores. Aos 19 anos fui para Brasília fazer o Curso de Lingüística e Missiologia da Associação Lingüística Evangélica Missionária (ALEM) vinculada à Sociedade Internacional de Lingüística (SIL) - e filiada à Wycliffe Bible Translations. O curso durou 6 meses e foi seguido de um Acampamento de Sobrevivência nas Selvas, do qual fiz parte por 7 semanas entre os índios numa ilha no Pará - Brasil.

Lá recebi a confirmação de Deus de que esta é a vontade de Deus para a minha vida através da paz que senti em meu coração ao estar envolcida em tempo integral no trabalho missionário. Fui orientada pela missão a fazer uma faculdade, já que o intuito era sair do país. Aos 21 anos iniciei a faculdade de letras português-inglês em Curitiba, na qual me formei em janeiro de 2005.

Atualmente sou membro efetivo da Associação Lingüística Evangélica Missionária - ALEM, com sede em Brasília-DF, onde moro provisoriamente. Os planos são de em fevereiro de 2006 eu viajar para Guiné Bissau com o casal com quem formo a equipe do Projeto PES.

Mas existem alguns problemas:

Tanto eu, como minha família, pastores e discipuladora concordamos que não devo retornar à África solteira. Isso por diversas razões. Uma delas foram visões que Deus deu antes de eu viajar para Moçambique, em que eu iria primiro sozinha e depois me casaria e então iria definitivamente para a África. Outra razão é que não poderei morar com a equipe, pois na África é muito comum a poligamia. Se eu morar com I. e B., então as pessoas pensarão que é um homem com duas esposas. Por isso, se não me casar, terei que morar sozinha, e isso é bem perigoso no meio de uma tribo. A mulher solteira não tem muita autoridade em povos tribais como os do norte da África, muito influenciado pelo islamismo.

Ainda existe a questão do sustento. Para viver em Moçambique era bem mais barato do que para viver em Guiné Bissau. Eu vivia com 250 a 300 dólares sem muitas dificuldade. Para Guiné Bissau precisarei de, no mínimo 800 dólares mensais. I. e B. não têm nem metade do sustento que precisam, pois são eles mais duas crianças (duas filhas, uma com 5 e outra com 1 ano de idade). Eu, pelo menos, tenho um pouco mais da metade. Mas I. disse que não posso ir a guiné Bissau sem eles, portanto, a data de fevereiro de 2006 é apenas uma idéia, não um plano certo. O que I. disse é que só vamos quando ele conseguir todo o sustento para sua família.

Outra questão é que não tenho sentido paz com relação à equipe do Projeto PES. O casal é uma bênção, mas até hoje só nos reunimos como equipe uma única vez e não planejamos muita coisa.

Sinto muitas saudades de Moçambique, das pessoas de lá, do trabalho, e me sinto dividida entre as necessidades. Por isso não adianta fazermos as coisas por causa das necessidades que existem, pois todos precisam. O que devemos fazer - e é o que tenho buscado - é saber exatamente onde Deus quer que eu trabalhe.

Prá dizer a verdade, até hoje nunca tive dúvidas a respeito do próximo passo que devo dar, mas agora sinto que estou diante de uma encruzilhada, e não tenho mais nenhuma resposta. Escrevi uma carta à mão de 10 folhas grandes de cadernos escritas dos dois lados e enviei ao A., que me respondeu dizendo que eu não era obrigada a ficar aqui nem ir para Guiné Bissau, mas se eu soubesse o que fazer, com certeza já teria feito alguma alguma coisa.

A D., meus pais e até minha irmã têm me ligado e conversado muito comigo. Não me importo com minha própria vida, eu já não tenho nada a perder, o que eu quero é saber qual o próximo passo, o que devo fazer a seguir. Se Deus não me responder, não me der outra direção, então ficarei onde estou e caminharei para Guiné Bissau como o planejado.

É como se eu tivesse queimado todas as pontes atrás de mim, não há volta. E não vejo outra vida que não seja na África. A questão é: onde, exatamente, na África? Só Deus sabe...

Bem, a única ordem que recebi do A. - que é meu pai espiritual e meu conselheiro imediato - é que devo ainda passar uma semana em Curitiba antes de me mudar definitivamente para a África. Isso talvez acontecerá em dezembro ou janeiro.

Acho que é isso. Qualquer outra dúvida, por favor, escreva. Para mim é mais fácil escrever do que falar, por incrível que pareça.

Um grande abraço cheio de saudades

Considerei importante ele começar a conhecer minha história e, principalmente, perceber que gosto e preciso escrever.

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Minha resposta

Ao que respondi:

Bem, eu fui luterana durante toda a minha infância ao mesmo tempo em que passei por inúmeras dificuldades familiares. Minha infância foi marcada por medo, sofrimento e muito ódio.

Na Igreja tudo era muito mecânico, artificial. Eu me esforçava para obter reconhecimento do meu pai em tudo o que eu fazia. Participava assiduamente das escolas bíblicas, teatros, gincanas e demais atividades promovidas pela comunidade eclesiástica, mas não fazia a mínima idéia do que fazer para ser salva, ou se era preciso fazer algo, já que não me lembro de ter ouvido qualquer coisa a respeito.

Minhas lembranças mais fortes são as do meu período escolar (4 a 14 anos), em que eu me dedicava muito. Estudei em escolas públicas que eu considerava minha verdadeira casa, pois me recordo de detalhes de todos os anos que passei lá. Na escola comecei a me envolver com brincadeiras de chamar espíritos e a ensiná-las a outras crianças e, aos 8 anos, cheguei a "ler" cartas de tarô na hora do intervalo para meus colegas, que me emprestavam o baralho. Me acostumei a fazer essas brincadeiras também com minha irmã, com quem praticava pequenos furtos a supermercados.

Aos 10 anos comecei a freqüentar um "Clubinho Bíblico" realizado por senhoras menonitas, às sextas feiras, e dirigido a meninas de idade entre 12 e 18 anos. Como minha irmã só podia sair caso eu a acompanhasse, pude conhecer o amor de Deus "antes do tempo", pois as senhoras menonitas faziam questão de me lembrar que ainda eu não deveria vir. Minha irmã acabou seguindo seu caminho, estudando, etc., e eu me dedicava à escola e ao clubinho, tirando sempre as melhores notas e decorando todos os versículos indicados. Cheguei a ler toda a Bíblia aos 11 anos de idade e comecei a assistir semanalmente estudos bíblicos transmitidos pela televisão em forma de aulas por uma missionária chamada Valnice Milhomens. Me alimentei como nunca da Palavra de Deus.

Nesta época minha mãe havia fugido de casa e acabou encontrando uma senhora Menonita que lhe falou do amor de Deus. Depois de se entregar a Cristo, minha mãe voltou para casa e, então, entre 12 e 13 anos, renunciei a todas as antigas práticas para me render ao senhorio de Jesus Cristo. O clima em casa começou a mudar, e foi marcado pelo perdão e pela aceitação. Meu pai se converteu ao cristianismo e decidimos, como família, nos transferirmos para uma Igreja Menonita de fala portuguesa que se reunia perto de casa, e de onde meus pais conheciam alguns amigos. Nós 4 fomos batizados no mesmo dia quando eu tinha 13 anos e começamos a freqüentar assiduamente os cultos numa pequena sala.

Um ano depois (eu estava com 14 anos), minha mãe ouviu numa rádio cristã a respeito de um acampamento de inverno que seria realizado pela JOCUM (Jovens Com Uma Missão) nas férias de julho, de uma semana. Naquela época não sabíamos o que era JOCUM, mas tínhamos ouvido falar que era algo muito bom, então minha irmã e eu fomos para o acampamento.

Naquelas férias Deus mudou meus planos de vida. Durante aquela semana vimos de tudo: possessão demoníaca, libertação, unidade, adoração, vida de verdade e muitos testemunhos missionários. Lá eu fui confrontada pela primeira vez com a necessidade de obreiros para o campo missionário.

O acampamento era de Segunda a Sábado e, no último dia, pela manhã, busquei de Deus, pela primeira vez na minha vida, uma orientação quanto ao que Ele queria que eu fizesse. Como resposta, meditei no texto de Atos 22:21:
"Então o Senhor me disse: 'Vá, eu o enviarei para longe aos gentios'."(NVI)


Naquele dia foi falado a respeito da capacitação sobrenatural do Espírito Santo para realizarmos a obra de Deus. Oraram por mim e meu corpo amoleceu na hora. A palavra ministrada naquele dia foi a de Atos 20:24:
"Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus."(NVI)

Depois um missionária da JOCUM testemunhou sobre seu ministério em África, mostrando fotos e contando situações que faziam queimar meu coração. Não pude explicar muita coisa na época, só tive a certeza de que essa é a vontade de Deus para a minha vida: viver para testemunhar do evangelho de Sua graça aonde Ele me enviar. Foi mais uma decisão baseada na Palavra de Deus.

Sempre quis ser professora e, aos 15 anos, comecei a fazer o curso de magistério (no qual sou formada atualmente) e viajando nas férias com equipes da JOCUM para impactos evangelísticos em diversas regiões do Brasil (Cuiabá, Foz do Iguaçu, São Paulo). Continuei estudando a Bíblia e fiz diversos cursos na área teológica, bíblica e de ensino. Fui professora de escola dominical e professora de ensino bíblico em um escola pública durante 2 anos. Assistindo ainda aquelas aulas bíblicas pela televisão, tive a oportunidade de ver um pouco do trabalho do missionário Reinhard Bunke em África. Eu chorava muito ao ver o povo africano pela televisão. Além disso me envolvi em trabalhos com a Mocidade Para Cristo (MPC) na evangelização de escolas e universidades (cheguei a participar de um Congresso deles em Belo Horizonte).

Desde aquela época venho buscando o tempo e o "modo" de Deus realizar a Sua vontade em minha vida, sempre com o apoio e a bênção de meus pais e da Igreja local, sob a orientação dos pastores. Aos 19 anos fui para Brasília fazer o Curso de Lingüística e Missiologia da Associação Lingüística Evangélica Missionária (ALEM) vinculada à Sociedade Internacional de Lingüística (SIL) - e filiada à Wycliffe Bible Translations. O curso durou 6 meses e foi seguido de um Acampamento de Sobrevivência nas Selvas, do qual fiz parte por 7 semanas entre os índios numa ilha no Pará - Brasil.

Lá recebi a confirmação de Deus de que esta é a vontade de Deus para a minha vida através da paz que senti em meu coração ao estar envolcida em tempo integral no trabalho missionário. Fui orientada pela missão a fazer uma faculdade, já que o intuito era sair do país. Aos 21 anos iniciei a faculdade de letras português-inglês em Curitiba, na qual me formei em janeiro de 2005.

Atualmente sou membro efetivo da Associação Lingüística Evangélica Missionária - ALEM, com sede em Brasília-DF, onde moro provisoriamente. Os planos são de em fevereiro de 2006 eu viajar para Guiné Bissau com o casal com quem formo a equipe do Projeto PES.

Mas existem alguns problemas:

Tanto eu, como minha família, pastores e discipuladora concordamos que não devo retornar à África solteira. Isso por diversas razões. Uma delas foram visões que Deus deu antes de eu viajar para Moçambique, em que eu iria primiro sozinha e depois me casaria e então iria definitivamente para a África. Outra razão é que não poderei morar com a equipe, pois na África é muito comum a poligamia. Se eu morar com I. e B., então as pessoas pensarão que é um homem com duas esposas. Por isso, se não me casar, terei que morar sozinha, e isso é bem perigoso no meio de uma tribo. A mulher solteira não tem muita autoridade em povos tribais como os do norte da África, muito influenciado pelo islamismo.

Ainda existe a questão do sustento. Para viver em Moçambique era bem mais barato do que para viver em Guiné Bissau. Eu vivia com 250 a 300 dólares sem muitas dificuldade. Para Guiné Bissau precisarei de, no mínimo 800 dólares mensais. I. e B. não têm nem metade do sustento que precisam, pois são eles mais duas crianças (duas filhas, uma com 5 e outra com 1 ano de idade). Eu, pelo menos, tenho um pouco mais da metade. Mas I. disse que não posso ir a guiné Bissau sem eles, portanto, a data de fevereiro de 2006 é apenas uma idéia, não um plano certo. O que I. disse é que só vamos quando ele conseguir todo o sustento para sua família.

Outra questão é que não tenho sentido paz com relação à equipe do Projeto PES. O casal é uma bênção, mas até hoje só nos reunimos como equipe uma única vez e não planejamos muita coisa.

Sinto muitas saudades de Moçambique, das pessoas de lá, do trabalho, e me sinto dividida entre as necessidades. Por isso não adianta fazermos as coisas por causa das necessidades que existem, pois todos precisam. O que devemos fazer - e é o que tenho buscado - é saber exatamente onde Deus quer que eu trabalhe.

Prá dizer a verdade, até hoje nunca tive dúvidas a respeito do próximo passo que devo dar, mas agora sinto que estou diante de uma encruzilhada, e não tenho mais nenhuma resposta. Escrevi uma carta à mão de 10 folhas grandes de cadernos escritas dos dois lados e enviei ao A., que me respondeu dizendo que eu não era obrigada a ficar aqui nem ir para Guiné Bissau, mas se eu soubesse o que fazer, com certeza já teria feito alguma alguma coisa.

A D., meus pais e até minha irmã têm me ligado e conversado muito comigo. Não me importo com minha própria vida, eu já não tenho nada a perder, o que eu quero é saber qual o próximo passo, o que devo fazer a seguir. Se Deus não me responder, não me der outra direção, então ficarei onde estou e caminharei para Guiné Bissau como o planejado.

É como se eu tivesse queimado todas as pontes atrás de mim, não há volta. E não vejo outra vida que não seja na África. A questão é: onde, exatamente, na África? Só Deus sabe...

Bem, a única ordem que recebi do A. - que é meu pai espiritual e meu conselheiro imediato - é que devo ainda passar uma semana em Curitiba antes de me mudar definitivamente para a África. Isso talvez acontecerá em dezembro ou janeiro.

Acho que é isso. Qualquer outra dúvida, por favor, escreva. Para mim é mais fácil escrever do que falar, por incrível que pareça.

Um grande abraço cheio de saudades

Considerei importante ele começar a conhecer minha história e, principalmente, perceber que gosto e preciso escrever.