segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Dedicação ao trabalho (1997)


Lançamos (A. e eu) o primeiro número do jornal de missões da Igreja, sob o título: ‘Missões – e as nações caminharão à tua luz! Is. 60:3’.

Escrevi o editorial para esse primeiro número, que mais parecia um monstro de Frankenstein, de tantos recortes de outros lugares que o inspiraram. O jornal era estruturado num modelo de seis páginas (uma folha de A4 e meia por exemplar), tudo fotocopiado no escritório da Igreja, com até uma seção ‘Para Rir’.
Nessa época funcionava o ‘Recanto Shalom’, com o M., um centro de recuperação para ex-drogados. A dura realidade é que escrevo em 2005, e não posso citar o nome de um que tenha sido recuperado permanentemente através deste trabalho. O versículo que lembro é “Pelo fruto os conhecereis...” - Mateus 7:15-24
Era época também em que B. e A. eram missionários enviados à Fazenda Rio Grande, para a implantação de Igrejas. O B. chegou a me dar uma única aula de missões. O resto, eu aprendi vendo no testemunho dele o que se devia fazer.
Além disso me envolvi em trabalhos com a Mocidade Para Cristo (MPC) na evangelização de escolas e universidades. De 27 de janeiro a 01 de fevereiro participei do Congresso deles em Belo Horizonte - O Geração 97. Foi maravilhoso!
Tive a oportunidade de fazer um curso básico teológico em regime externo oferecido pelo CENTRO MENONITA DE TEOLOGIA.
O segundo número do Jornal de missões, de tiragem de 100 exemplares, veio numa configuração mais elaborada, feita pelo A. no computador. Ainda nesse número escrevi o editorial sobre um acidente que tinha ocorrido na época, de um raio atingir dois rapazes que estavam sobre um monte orando. Nesse número começamos a divulgar o endereço de agências missionárias no Brasil, além de idéias para evangelismo.
Que experiência essa a do Jornal de missões! Foi mais um treinamento de Deus para a minha vida, em dar sem receber retorno aparente, em semear apesar das circuntâncias, esperar apenas fazer a vontade de Deus, sem se importar com o que as pessoas pensam, falam ou fazem.

No meu aniversário daquele ano, recebi um telefonema do E., marcando um encontro comigo no terminal de ônibus do Carmo. A tonga aqui saiu em pleno domingo de aniversário, deixando família e convidados, e esperou mais de duas horas depois da hora marcada, sem que o feliz aparecesse. Como eu podia me humilhar tanto por ele?


No 3º número do jornal, em março, também de tiragem de 100 exemplares, comecei a despejar tudo o que aprendi no Geração 97, em Belo Horizonte, com transcrições das palestras que assisti, informações missionárias mais concretas e uma empolgação fora do comum. Creio que foi um dos melhores números, tirando os erros de digitação do A., que poderiam acabar com o sentido de uma frase. A matéria principal era ‘A escola: um campus missionário diferente. A partir desse número não publicamos mais nenhum relatório sobre a casa de recuperação.
O número de abril recebeu um acréscimo no número de páginas: fomos para oito páginas (duas folhas de A4 por exemplar)! Foi uma vitória, já que muitas pessoas estavam começando a nos elogiar e a responder positivamente ao nosso trabalho. Nesse número especial de Páscoa iniciamos uma coluna intitulada ‘Levando o Evangelho à África’, onde incluímos informações sobre as necessidades do Norte da África e as oportunidades de trabalho para a expansão do Reino de Deus lá. Foi o primeiro editorial desse jornal escrito pelo A.. A matéria principal foi um resumão do capítulo 2 do livro “O clamor do Mundo”, de Oswald Smith. Outra coluna fixa inaugurada nesse número foi ‘Missões, o alvo da Igreja’, com uma entrevista a Isaías Yud, missionário da Mocidade Para Cristo.
Outra novidade foi, ao invés de apenas indicarmos literatura específica sobre missões, fazermos uma breve resenha do assunto de um único livro, a fim de despertar mais o interesse das pessoas pelas obras nessa área.

Em abril também tivemos o que chamamos de nossa 3ª Convenção Missionária, com a presença do Pr. Claudio Ebert. Foi uma bênção. Já em maio tivemos a nossa 2ª Convenção Missionária Mundial, com a presença de Gregório McNut. Nessa época, meu chamado missionário foi claramente confirmado.
No número 05 do Jornal de missões, edição especial de dia das mães, escrevemos sobre o Senegal na coluna ‘Levando o Evangelho à África’. A matéria principal foi fruto de minhas anotações numa palavra ministrada por Ricardo Gondin no Geração 97, intitulada: ‘Sem compromisso não se faz diferença’. O interessante é que eu me sentia a própria repórter, buscando matérias inéditas, trazendo informações relevantes e incentivando as pessoas naquilo que me ardia o coração: missões. Em ‘Missões: o alvo da igreja’, escrevemos sobre o chamado missionário. E lançamos na coluna ‘Para rir’ uma agulhada: “Toda vez que você abre o Jornal você vem direto para esta seção. Imagine se fosse Para Orar...”

Fiz um curso de Arte Infantil - Módulo IV - Música e teatro no Centro Cultural Guido Viaro em Curitiba, de abril a junho.
O 6º número do jornal de missões foi coroado com estatísticas da situação dos povos não-alcançados no mundo (na época, 11 mil). O A. escreveu o editorial, e lançamos a coluna ‘Janela 10-40’, para falar sobre essa região do mundo tão carente do Senhor Jesus. Nesse número acrescentamos uma página extra com uma caricatura que fiz do pastor em homenagem pelo seu aniversário no dia 1º. Em ‘Levando o Evangelho à África, escrevemos sobre a Guiné, e a matéria principal deste número foi uma visão geral do livro “Evangelizemos o mundo”, de Oswald Smith. A novidade maior foi uma entrevista com Maurão, um evangelista de mão cheia, que trabalha através de sua voz e seu violão. Em ‘Missões: o alvo da Igreja’, fizemos uma adaptação da mensagem do Pr. Cláudio Ebert em nossa Conferência Missionária. E, no lugar da seção ‘Para Rir’, nossos leitores encontraram uma seção intitulada ‘Para Orar’, com informações e pedidos de oração pela República Centro Africana.

Foi mais ou menos nessa época que começamos a ouvir e aprender sobre o trabalho em células, com o material de Ralph Neighbour.


Cheguei a me encontrar mais uma vez com E., quando ele disse que me amava e me deu uma alternativa: “Ou você vai para Brasília, ou você fica comigo”. Que dúvida! Na hora respondi que iria para Brasília, e foi uma das últimas vezes que o encontrei. Mais tarde soube que ele teve de fugir para Mandirituba porque traficantes vieram atrás de pagamento, e ele se juntou com uma mulher mais velha e mãe solteira. Na época da Universidade recebi a notícia de que a tia do E. tinha morrido, e minha mãe ainda o encontrou no enterro. Mas eu não soube mais nada dele. Há muitos outros detalhes, encontros, desencontros, brigas, sofrimento, mas não vale a pena desenterrar isso. O E. foi um furacão que passou na minha vida e deixou muitas marcas e estragos. Não vale a pena.


O número 07 do nosso jornal de missões tematizou o dia internacional do amigo, sugerindo que utilizássemos nosso círculo de relacionamentos a fim de espalhar a boa nova da salvação em Jesus. O A. escreveu o editorial. Na coluna ‘Janela 10-40’ falamos sobre os 55 países menos evangelizados e a Janela 10-40, e na coluna ‘Levando o Evangelho à África’, o país enfocado foi Burkina-Faso. Dessa vez A. ficou responsável também pela matéria principal, que foi um panorama do livro: “Amizade: a chave para a evangelização”, de Joseph C. Aldrich. Em ‘Para Orar’, abordamos as necessidades da Índia, com a frase logo abaixo: “Um cristianismo que não custa nada, não vale nada.” – já expressando o que se formava em meu coração, um sentimento claro de ‘tudo ou nada’no Reino de Deus.

Num retiro da Igreja em que o M. foi, ele me mostrou sua aliança de noivado avisando que se mudaria para a Alemanha. Foi estranho e triste, mas eu nunca mais o vi.

Um comentário:

Lúcia disse...

Acho que cheguei a ler alguns desses jornais, né? É estranho ler seus relatos das coisas que aconteceram, ver através dos seus olhos o que já vi com os meus. Bjão!

Dedicação ao trabalho (1997)


Lançamos (A. e eu) o primeiro número do jornal de missões da Igreja, sob o título: ‘Missões – e as nações caminharão à tua luz! Is. 60:3’.

Escrevi o editorial para esse primeiro número, que mais parecia um monstro de Frankenstein, de tantos recortes de outros lugares que o inspiraram. O jornal era estruturado num modelo de seis páginas (uma folha de A4 e meia por exemplar), tudo fotocopiado no escritório da Igreja, com até uma seção ‘Para Rir’.
Nessa época funcionava o ‘Recanto Shalom’, com o M., um centro de recuperação para ex-drogados. A dura realidade é que escrevo em 2005, e não posso citar o nome de um que tenha sido recuperado permanentemente através deste trabalho. O versículo que lembro é “Pelo fruto os conhecereis...” - Mateus 7:15-24
Era época também em que B. e A. eram missionários enviados à Fazenda Rio Grande, para a implantação de Igrejas. O B. chegou a me dar uma única aula de missões. O resto, eu aprendi vendo no testemunho dele o que se devia fazer.
Além disso me envolvi em trabalhos com a Mocidade Para Cristo (MPC) na evangelização de escolas e universidades. De 27 de janeiro a 01 de fevereiro participei do Congresso deles em Belo Horizonte - O Geração 97. Foi maravilhoso!
Tive a oportunidade de fazer um curso básico teológico em regime externo oferecido pelo CENTRO MENONITA DE TEOLOGIA.
O segundo número do Jornal de missões, de tiragem de 100 exemplares, veio numa configuração mais elaborada, feita pelo A. no computador. Ainda nesse número escrevi o editorial sobre um acidente que tinha ocorrido na época, de um raio atingir dois rapazes que estavam sobre um monte orando. Nesse número começamos a divulgar o endereço de agências missionárias no Brasil, além de idéias para evangelismo.
Que experiência essa a do Jornal de missões! Foi mais um treinamento de Deus para a minha vida, em dar sem receber retorno aparente, em semear apesar das circuntâncias, esperar apenas fazer a vontade de Deus, sem se importar com o que as pessoas pensam, falam ou fazem.

No meu aniversário daquele ano, recebi um telefonema do E., marcando um encontro comigo no terminal de ônibus do Carmo. A tonga aqui saiu em pleno domingo de aniversário, deixando família e convidados, e esperou mais de duas horas depois da hora marcada, sem que o feliz aparecesse. Como eu podia me humilhar tanto por ele?


No 3º número do jornal, em março, também de tiragem de 100 exemplares, comecei a despejar tudo o que aprendi no Geração 97, em Belo Horizonte, com transcrições das palestras que assisti, informações missionárias mais concretas e uma empolgação fora do comum. Creio que foi um dos melhores números, tirando os erros de digitação do A., que poderiam acabar com o sentido de uma frase. A matéria principal era ‘A escola: um campus missionário diferente. A partir desse número não publicamos mais nenhum relatório sobre a casa de recuperação.
O número de abril recebeu um acréscimo no número de páginas: fomos para oito páginas (duas folhas de A4 por exemplar)! Foi uma vitória, já que muitas pessoas estavam começando a nos elogiar e a responder positivamente ao nosso trabalho. Nesse número especial de Páscoa iniciamos uma coluna intitulada ‘Levando o Evangelho à África’, onde incluímos informações sobre as necessidades do Norte da África e as oportunidades de trabalho para a expansão do Reino de Deus lá. Foi o primeiro editorial desse jornal escrito pelo A.. A matéria principal foi um resumão do capítulo 2 do livro “O clamor do Mundo”, de Oswald Smith. Outra coluna fixa inaugurada nesse número foi ‘Missões, o alvo da Igreja’, com uma entrevista a Isaías Yud, missionário da Mocidade Para Cristo.
Outra novidade foi, ao invés de apenas indicarmos literatura específica sobre missões, fazermos uma breve resenha do assunto de um único livro, a fim de despertar mais o interesse das pessoas pelas obras nessa área.

Em abril também tivemos o que chamamos de nossa 3ª Convenção Missionária, com a presença do Pr. Claudio Ebert. Foi uma bênção. Já em maio tivemos a nossa 2ª Convenção Missionária Mundial, com a presença de Gregório McNut. Nessa época, meu chamado missionário foi claramente confirmado.
No número 05 do Jornal de missões, edição especial de dia das mães, escrevemos sobre o Senegal na coluna ‘Levando o Evangelho à África’. A matéria principal foi fruto de minhas anotações numa palavra ministrada por Ricardo Gondin no Geração 97, intitulada: ‘Sem compromisso não se faz diferença’. O interessante é que eu me sentia a própria repórter, buscando matérias inéditas, trazendo informações relevantes e incentivando as pessoas naquilo que me ardia o coração: missões. Em ‘Missões: o alvo da igreja’, escrevemos sobre o chamado missionário. E lançamos na coluna ‘Para rir’ uma agulhada: “Toda vez que você abre o Jornal você vem direto para esta seção. Imagine se fosse Para Orar...”

Fiz um curso de Arte Infantil - Módulo IV - Música e teatro no Centro Cultural Guido Viaro em Curitiba, de abril a junho.
O 6º número do jornal de missões foi coroado com estatísticas da situação dos povos não-alcançados no mundo (na época, 11 mil). O A. escreveu o editorial, e lançamos a coluna ‘Janela 10-40’, para falar sobre essa região do mundo tão carente do Senhor Jesus. Nesse número acrescentamos uma página extra com uma caricatura que fiz do pastor em homenagem pelo seu aniversário no dia 1º. Em ‘Levando o Evangelho à África, escrevemos sobre a Guiné, e a matéria principal deste número foi uma visão geral do livro “Evangelizemos o mundo”, de Oswald Smith. A novidade maior foi uma entrevista com Maurão, um evangelista de mão cheia, que trabalha através de sua voz e seu violão. Em ‘Missões: o alvo da Igreja’, fizemos uma adaptação da mensagem do Pr. Cláudio Ebert em nossa Conferência Missionária. E, no lugar da seção ‘Para Rir’, nossos leitores encontraram uma seção intitulada ‘Para Orar’, com informações e pedidos de oração pela República Centro Africana.

Foi mais ou menos nessa época que começamos a ouvir e aprender sobre o trabalho em células, com o material de Ralph Neighbour.


Cheguei a me encontrar mais uma vez com E., quando ele disse que me amava e me deu uma alternativa: “Ou você vai para Brasília, ou você fica comigo”. Que dúvida! Na hora respondi que iria para Brasília, e foi uma das últimas vezes que o encontrei. Mais tarde soube que ele teve de fugir para Mandirituba porque traficantes vieram atrás de pagamento, e ele se juntou com uma mulher mais velha e mãe solteira. Na época da Universidade recebi a notícia de que a tia do E. tinha morrido, e minha mãe ainda o encontrou no enterro. Mas eu não soube mais nada dele. Há muitos outros detalhes, encontros, desencontros, brigas, sofrimento, mas não vale a pena desenterrar isso. O E. foi um furacão que passou na minha vida e deixou muitas marcas e estragos. Não vale a pena.


O número 07 do nosso jornal de missões tematizou o dia internacional do amigo, sugerindo que utilizássemos nosso círculo de relacionamentos a fim de espalhar a boa nova da salvação em Jesus. O A. escreveu o editorial. Na coluna ‘Janela 10-40’ falamos sobre os 55 países menos evangelizados e a Janela 10-40, e na coluna ‘Levando o Evangelho à África’, o país enfocado foi Burkina-Faso. Dessa vez A. ficou responsável também pela matéria principal, que foi um panorama do livro: “Amizade: a chave para a evangelização”, de Joseph C. Aldrich. Em ‘Para Orar’, abordamos as necessidades da Índia, com a frase logo abaixo: “Um cristianismo que não custa nada, não vale nada.” – já expressando o que se formava em meu coração, um sentimento claro de ‘tudo ou nada’no Reino de Deus.

Num retiro da Igreja em que o M. foi, ele me mostrou sua aliança de noivado avisando que se mudaria para a Alemanha. Foi estranho e triste, mas eu nunca mais o vi.