sexta-feira, 7 de julho de 2023

Para além do consumismo de relações: acolhendo a parcialidade das escolhas.

 


Enquanto escuto uma música, não escuto outras tantas
Enquanto estudo um tema, não estudo outros tantos
Enquanto estou em uma cidade, não estou em outras tantas
Se não dá pra degustar todos os gostos, todas as músicas, todas as cidades exatamente ao mesmo tempo
Como decidimos o que nos ocupará?
É sempre uma aposta, uma vez que não temos como saber como teria sido se tivéssemos optado por outra via
Poderia ter sido melhor, pior ou apenas diferente, não temos como saber, nem como a tudo controlar, há muitos fatores que nos excedem
Na não monogamia isso continua, mesmo que tenhamos vários vínculos, não teremos outros tantos
Não adianta querer ser, saber e viver tudo ao mesmo tempo em uma mesma vida, senão corre-se o risco de não conseguir degustar nada
Toda experiência é parcial e mesmo assim pode ser mágica e nutritiva
Não nos cobremos tanto pelas palavras, vínculos, que (não) tivemos, livros que ainda não lemos, línguas que não falamos, não temos como dar conta de tudo, não porque se é fraco ou limitado, mas porque é da condição de estar vivo
Ainda que tenhamos as mesmas letras, o jeito que a gente combina nossas palavras, erros, sorrisos é que é singular
É desse conjunto que se faz nossa personalidade, o que nos torna únicos
Por isso que é de pedacinhos, de um pouquinho aqui e outro lá que se faz a vida
Nos resta, na medida dos possíveis, sustentarmos nossos desejos
E encontrar, dentre tantas músicas, pessoas, cidades, temas, aquelas que, ainda que provisoriamente, façam sentido para nós
Não por serem as melhores, mais bonitas, mais inteligentes do mundo, mas por serem aquelas com quem nossa saúde e alegria conflui
Artesania dos afetos não rima com consumismo.

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s 


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Para além do consumismo de relações: acolhendo a parcialidade das escolhas.

 


Enquanto escuto uma música, não escuto outras tantas
Enquanto estudo um tema, não estudo outros tantos
Enquanto estou em uma cidade, não estou em outras tantas
Se não dá pra degustar todos os gostos, todas as músicas, todas as cidades exatamente ao mesmo tempo
Como decidimos o que nos ocupará?
É sempre uma aposta, uma vez que não temos como saber como teria sido se tivéssemos optado por outra via
Poderia ter sido melhor, pior ou apenas diferente, não temos como saber, nem como a tudo controlar, há muitos fatores que nos excedem
Na não monogamia isso continua, mesmo que tenhamos vários vínculos, não teremos outros tantos
Não adianta querer ser, saber e viver tudo ao mesmo tempo em uma mesma vida, senão corre-se o risco de não conseguir degustar nada
Toda experiência é parcial e mesmo assim pode ser mágica e nutritiva
Não nos cobremos tanto pelas palavras, vínculos, que (não) tivemos, livros que ainda não lemos, línguas que não falamos, não temos como dar conta de tudo, não porque se é fraco ou limitado, mas porque é da condição de estar vivo
Ainda que tenhamos as mesmas letras, o jeito que a gente combina nossas palavras, erros, sorrisos é que é singular
É desse conjunto que se faz nossa personalidade, o que nos torna únicos
Por isso que é de pedacinhos, de um pouquinho aqui e outro lá que se faz a vida
Nos resta, na medida dos possíveis, sustentarmos nossos desejos
E encontrar, dentre tantas músicas, pessoas, cidades, temas, aquelas que, ainda que provisoriamente, façam sentido para nós
Não por serem as melhores, mais bonitas, mais inteligentes do mundo, mas por serem aquelas com quem nossa saúde e alegria conflui
Artesania dos afetos não rima com consumismo.

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s