terça-feira, 27 de junho de 2023

Dizer de novo: quando a repetição também é uma forma de amor e de cultivo.

 


É comum que crianças tenham suas histórias favoritas, pedem às pessoas cuidadoras que contem de novo a mesma história, aguardam os momentos preferidos para rirem de novo e ficam tão tranquilas em ouvir a mesma historinha que relaxam e dormem.
Talvez haja algo aí que continue conosco, nossa vontade de ouvir de novo, de retonar àquilo que gostamos, que nos faz bem (em situações saudáveis).
Ouvir de novo a mesma música, colocar o mesmo pijama, preparar o lanche de um determinado jeito, mesmo que a cada repetição tenhamos uma nova versão.
O fato é que, feliz ou infelizmente, a gente precisa atualizar, assim como não basta tomar água apenas uma vez para que a sede de uma vida toda seja saciada; não basta se alimentar apenas uma vez para que a fome desapareça para sempre.
Precisamos que seja atualizada a nossa nutrição, inclusive a afetiva.
Na melhor das hipóteses, sentir vontade de tomar água não é algo ruim se temos como saciar a sede, nem é sinal de fraqueza se precisarmos novamente receber afeto, amparo, suporte. É disso que se trata a vida.
Mais forte do que as promessas de um amor eterno é o cultivo cotidiano. Nossos povos indígenas não acumulam o tempo nem a colheita, o alimento saudável é o fresco, o tempo é sazonal.
Por isso não adianta prometer futuros, longínquos, mas atualizar o que é de agora.
"Mas a pessoa já sabe". Mesmo que saiba, precisa saber de novo, tanto aquilo que muda, quanto o que permanece. Lembremos uns aos outros o que é real para auxiliar a espantar os fantasmas dos medos de um futuro que ainda não chegou.
"Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?" Carlos Drummond.

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s 


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Dizer de novo: quando a repetição também é uma forma de amor e de cultivo.

 


É comum que crianças tenham suas histórias favoritas, pedem às pessoas cuidadoras que contem de novo a mesma história, aguardam os momentos preferidos para rirem de novo e ficam tão tranquilas em ouvir a mesma historinha que relaxam e dormem.
Talvez haja algo aí que continue conosco, nossa vontade de ouvir de novo, de retonar àquilo que gostamos, que nos faz bem (em situações saudáveis).
Ouvir de novo a mesma música, colocar o mesmo pijama, preparar o lanche de um determinado jeito, mesmo que a cada repetição tenhamos uma nova versão.
O fato é que, feliz ou infelizmente, a gente precisa atualizar, assim como não basta tomar água apenas uma vez para que a sede de uma vida toda seja saciada; não basta se alimentar apenas uma vez para que a fome desapareça para sempre.
Precisamos que seja atualizada a nossa nutrição, inclusive a afetiva.
Na melhor das hipóteses, sentir vontade de tomar água não é algo ruim se temos como saciar a sede, nem é sinal de fraqueza se precisarmos novamente receber afeto, amparo, suporte. É disso que se trata a vida.
Mais forte do que as promessas de um amor eterno é o cultivo cotidiano. Nossos povos indígenas não acumulam o tempo nem a colheita, o alimento saudável é o fresco, o tempo é sazonal.
Por isso não adianta prometer futuros, longínquos, mas atualizar o que é de agora.
"Mas a pessoa já sabe". Mesmo que saiba, precisa saber de novo, tanto aquilo que muda, quanto o que permanece. Lembremos uns aos outros o que é real para auxiliar a espantar os fantasmas dos medos de um futuro que ainda não chegou.
"Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?" Carlos Drummond.

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s