Gayatri Spivak afirma q
nas críticas aos efeitos das narrativas hegemônicas:
"não se trata de uma descrição de como ‘as
coisas realmente eram’ ou de privilegiar a narrativa da história como
imperialismo como a melhor versão da história. Trata-se, ao contrário, de
oferecer um relato de como uma explicação e uma narrativa da realidade foram
estabelecidas como normativas".
No último post notei o quanto a defesa da figura
de Jesus como alguém bom/iluminado/revolucionário é um consenso coletivo na
visão de muitos. Vejam, não se trata de eu querer trocar esta perspectiva do
Jesus herói pela do Jesus vilão e sim de pensar, como orienta Spivak, de q
forma que uma narrativa se fez hegemônica em detrimento de outras.
Vocês acham q bilhões de pessoas iam querer
seguir o cristianismo e defendê-lo a todo custo se a figura central fosse
descrita como alguém ruim, egoísta, escroto? Óbvio que não. Os fãs-clubes
elevam a imagem d seus ídolos porque isso informa sobre sua própria autoestima.
Tanto por isso q é comum que haja uma grande reação emocional, afinal se
gostamos de alguém lixo, isso pode informar sobre a gente também.
Diante da fartura de provas históricas da
violência cristã no planeta, restou o esforço de separar cristãos de verdade
(bons, generosos e excelentes em interpretar a "verdade") e os
cristãos de mentira (maus, péssimos intérpretes de Jesus).
O pano de fundo prossegue afirmando a
positivação original e anterior:
a) haveria um cristianismo não violento, que
coletivamente respeitaria outras cosmovisões, que admitiria a existência de
muitos deuses, etc. Esse sim seria o verdadeiro/real inspirado em Jesus, e um
outro que seria
b) um cristinianismo fake, desobediente de JC,
composto por "falsos cristãos" que coincidentemente têm protagonizado
inúmeras violências coloniais.
A opção a é imaginária, uma conjectura
histórica, já a B é a real, concreta.
Mesmo assim, séculos depois, é na opção A que o
discurso hegemônico circula.
Quando se acredita que um sistema é bom, que
apenas precisa ser melhor aplicado, desloca-se toda a responsabilidade para a
prática, como se ela não fosse guiada por uma ideologia.
Não existe descolonização sem descristianização.
- @genipapos
Assista a live completa
"Descatequizar para descolonizar" com Geni Núñez em meu canal no
Youtube - https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2152s
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