"Já há um certo
consenso no reconhecimento das violências historicamente produzidas pelo
cristianismo e suas instituições aqui em nosso território e em grande parte do
planeta.
Então como explicar sua defesa mesmo em setores
dissidentes? Isso pode ocorrer através de algumas estratégias como:
- Tentar diferenciar instituições cristãs de
Cristo, sendo que as primeiras em sua violência distoariam radicalmente da
verdadeira mensagem de Jesus.
- Todos os discursos de ódio cristãos seriam
leituras e interpretações equivocadas da real palavra de Jesus: amor,
compaixão, caridade e afins.
É portanto na figura dele que grupos dissidentes
buscam a ressignificação e defesa do suposto cristianismo verdadeiro. Assim,
quanto mais violento o cristianismo, tanto mais defendido é, pois se atribui
tais violências aos "falsos" cristãos. O que não se reconhece é que
as práticas de violência não são um erro do fã clube, mas uma continuidade da
própria ideologia cristã, em si mesma violenta.
Uma religião ser do amor, da caridade e do
perdão não é suficiente para confirmar sua defesa. Lembremos: todas as
opressões ocorrem justamente em nome do bem, do amor e as guerras em nome da
paz.
Se na luta por ressignificação do cristianismo,
tiramos dele o monoteísmo, o céu, o inferno, a culpa e o pecado, tiramos dele
todas as suas bases ideológicas. Um jesus que não é o salvador, que não condena
ninguém ao inferno precisa ser um jesus sem céu e salvação. Um jesus que não se
estrutura pela noção de pecado tem seu sacrifício de pagamento da dívida
anulado.
O monoteísmo cristão precisa deslegitimar a
existência de outros deuses para se afirmar, e isso não é um detalhe, é toda
sua base para a conversão. Um monoteísmo de múltiplos deuses não deixaria de
ser monoteísta?
É possível ressignificar a monogamia dizendo que
nela há a escolha livre de cultivar múltiplos vínculos?
Ou ressignificar o monossexismo dizendo que nele
várias sexualidades são possíveis?
Ou que a monocultura da soja é sobre florestas?
Talvez, mas particularmente, prefiro destinar
minhas energias em combater todas as monoculturas, em vez de atribuir a elas
uma essência positiva.
Descatequizar para descolonizar.
Geni Núñez @genipapos
Não perca a live com Geni
Nuñez em meu canal - 01/09 às 19h – Descatequizar para Descolonizar – ative o
lembrete para não perder: https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I
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