sexta-feira, 1 de julho de 2022

Coliseu

 


Coliseu


Tantos apertos de um lado e do outro

Gritos alvoroçados

Muitos se espremem para ver o espetáculo

Ansiosos e hipnotizados.


Suor que escorre pelos rostos

Todo desconforto vale a pena

Não importa a fome que massacra o corpo

Contanto que eletrizante seja a cena.


Então os tambores soam, impetuosos

Arrepio que corre a pele toda

Tremores chacoalham os corpos

Sob o escaldante sol a trompa soa.


Entram eles, espetáculo público,

Todos os que consideramos a escória da humanidade:

Os falhos, inferiores, os que nos decepcionam de súbito

Os subordinados, os vis, os que traem lealdade.


Sim, o massacre vai começar

E as feras são, devidamente, soltas,

Exposição pública, flagelo, palavras ao ar,

E muitas formas de violência para serem servidas estão prontas.


A laceração do outro excita

E traz satisfação

A posição de juiz é atraente e evita

Que sejamos o alvo da humilhação.


Assim esquecemos a fome

A injustiça e nossa própria responsabilidade.

Damos para cada demônio um nome

E tratamos tudo com leviandade.


Dessa forma, nos justificamos a nós mesmos

E endeusamos nosso comportamento

Jogamos todas as palavras torpes que temos

A fim de produzir um belo julgamento.


Ao ignorar que podemos estar errados

Celebramos um belo espetáculo

De carne, sangue, pele e vísceras no tablado

De nosso santo tabernáculo.


Angela Natel

.

Este poema é parte integrante de meu e-book intitulado "Pedaços de Humanidade", disponível em formato Kindle pela Amazon.

https://www.amazon.com.br/PEDA%C3%87OS-HUMANIDADE-Imagens-reflex%C3%B5es-humanizar-ebook/dp/B08N5GQDGC

Nenhum comentário:

Coliseu

 


Coliseu


Tantos apertos de um lado e do outro

Gritos alvoroçados

Muitos se espremem para ver o espetáculo

Ansiosos e hipnotizados.


Suor que escorre pelos rostos

Todo desconforto vale a pena

Não importa a fome que massacra o corpo

Contanto que eletrizante seja a cena.


Então os tambores soam, impetuosos

Arrepio que corre a pele toda

Tremores chacoalham os corpos

Sob o escaldante sol a trompa soa.


Entram eles, espetáculo público,

Todos os que consideramos a escória da humanidade:

Os falhos, inferiores, os que nos decepcionam de súbito

Os subordinados, os vis, os que traem lealdade.


Sim, o massacre vai começar

E as feras são, devidamente, soltas,

Exposição pública, flagelo, palavras ao ar,

E muitas formas de violência para serem servidas estão prontas.


A laceração do outro excita

E traz satisfação

A posição de juiz é atraente e evita

Que sejamos o alvo da humilhação.


Assim esquecemos a fome

A injustiça e nossa própria responsabilidade.

Damos para cada demônio um nome

E tratamos tudo com leviandade.


Dessa forma, nos justificamos a nós mesmos

E endeusamos nosso comportamento

Jogamos todas as palavras torpes que temos

A fim de produzir um belo julgamento.


Ao ignorar que podemos estar errados

Celebramos um belo espetáculo

De carne, sangue, pele e vísceras no tablado

De nosso santo tabernáculo.


Angela Natel

.

Este poema é parte integrante de meu e-book intitulado "Pedaços de Humanidade", disponível em formato Kindle pela Amazon.

https://www.amazon.com.br/PEDA%C3%87OS-HUMANIDADE-Imagens-reflex%C3%B5es-humanizar-ebook/dp/B08N5GQDGC