terça-feira, 6 de abril de 2021

Brincando com a morte

 

Há muitas maneiras de se brincar com a morte:

Ameaças, armas de brinquedo, entretenimento,

Naturalização da violência.

 

Também acontece quando desistimos da vida

E aos poucos nos entregamos

A rotinas que aos poucos nos tiram a saúde

E a sanidade.

 

Assassinato, suicídio, pandemia, genocídio.

Etnocídio, apagamento, silenciamento.

E assim pregamos a vida brincando com a morte

Nossa e dos outros.

 

Nos omitimos com a injustiça,

Recusamo-nos a tomar posição

Deixamos ao “Deus dará” as circunstâncias

E não nos responsabilizamos, não agimos, não.

 

E a morte torna-se aliada,

Deixamos seu rastro por onde passamos.

Fazemos mal, apoiamos linchamento,

Ignoramos violências e nos rendemos aos nossos prazeres.

Justificamos o fato de não ouvirmos o grito de socorro alheio

Porque tínhamos boa intenção, porque queríamos agradar.

E o que vão pensar?

 

Assim pregamos discursos de vida

Gerando frutos de morte,

De escárnio, de desprezo e manutenção de uma vida

Pautada sobre a morte.

 

Se mata aos poucos

E finge não ouvir os gritos de alerta,

Morre aos poucos

E diz se assustar com a morte à espreita.

 

Ilusão. Religiosidade que flerta com a morte.

Que prega ser indestrutível

Enquanto esmaga sob seus pés as vidas

Que não se lhes submete.

 

Angela Natel

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Brincando com a morte

 

Há muitas maneiras de se brincar com a morte:

Ameaças, armas de brinquedo, entretenimento,

Naturalização da violência.

 

Também acontece quando desistimos da vida

E aos poucos nos entregamos

A rotinas que aos poucos nos tiram a saúde

E a sanidade.

 

Assassinato, suicídio, pandemia, genocídio.

Etnocídio, apagamento, silenciamento.

E assim pregamos a vida brincando com a morte

Nossa e dos outros.

 

Nos omitimos com a injustiça,

Recusamo-nos a tomar posição

Deixamos ao “Deus dará” as circunstâncias

E não nos responsabilizamos, não agimos, não.

 

E a morte torna-se aliada,

Deixamos seu rastro por onde passamos.

Fazemos mal, apoiamos linchamento,

Ignoramos violências e nos rendemos aos nossos prazeres.

Justificamos o fato de não ouvirmos o grito de socorro alheio

Porque tínhamos boa intenção, porque queríamos agradar.

E o que vão pensar?

 

Assim pregamos discursos de vida

Gerando frutos de morte,

De escárnio, de desprezo e manutenção de uma vida

Pautada sobre a morte.

 

Se mata aos poucos

E finge não ouvir os gritos de alerta,

Morre aos poucos

E diz se assustar com a morte à espreita.

 

Ilusão. Religiosidade que flerta com a morte.

Que prega ser indestrutível

Enquanto esmaga sob seus pés as vidas

Que não se lhes submete.

 

Angela Natel