domingo, 9 de junho de 2019

Pentecostes e o testemunho às nações

Introdução
Originalmente, o dia de Pentecostes era a Festa das Primícias (Lv. 23.19-22), celebrada 7 semanas após a Páscoa no tempo da colheita do trigo. No tempo do Judaísmo do 2º. templo foi considerado o dia em que Moisés recebeu a lei no Monte Sinai e por isso atraía muitos peregrinos de todo lugar. Atos 2 nos mostra que havia ali judeus que moravam em Jerusalém, mas também judeus tementes a Deus de todas as partes do mundo – todo o Israel estava lá.

PARALELO 1 – Antigo Testamento
1)    Deus está interessado em todas as nações e não somente em um único povo.
Gn. 1-11 – a origem de toda a humanidade
Deus não é Deus somente de um grupo de pessoas, mas é Deus de todos os povos.
CRIAÇÃO – CORRUPÇÃO – DILÚVIO – NAÇÕES - Alternância entre Narrativas (todo) e Genealogias (zoom):
Caim e Abel – genealogia
Noé/Dilúvio – genealogia
Torre de Babel – genealogia
- Consciência de grupos de pessoas e sua importância
- tema teológico de inclusividade e não de exclusividade
A história de Babel trouxe um fim à esperança e às tentativas da humanidade de encontrar seus próprios meios de bênção.

2)    Chamado para testemunhar – a parte em prol do todo.
Gn. 12:1-3 – chamado de Abraão (a graça se manifestou antes da lei e das obras).
O plano de salvação de Deus é via eleição. Abraão é escolhido para que a bênção de Deus atinja as 70 nações espalhadas pela face da terra.
Deus quer abençoar todos os povos através de um mediador. - Isaías 42:6; 49:6.
Abraão não é chamado para ‘evangelizar’ e ‘converter’ os povos pagãos, mas para que sua presença seja uma bênção para eles. Abraão é chamado para ser bênção, em vez de uma atividade a ser exercida: SER e não FAZER.
Abraão se torna o referencial para quem é abençoado por Deus. 
As narrativas dos patriarcas mostram com eles se tornaram uma bênção para a sua época e potencialmente para todo o mundo.
Israel deveria ser missionário de Deus às nações. Para ser bênção para as nações, Israel precisa somente ser fiel a Javé.
Abraão e Israel foram chamados por causa do propósito missionário de Deus de se tornar uma bênção para todas as nações.
De acordo com o teólogo protestante alemão Horst Seebass (1934-2015), o conceito de eleição de uma parte em prol do todo já está implícito no termo bachar = escolher (eleição) no hebraico (AT). Sempre que o termo aparece relacionado a pessoas, trata-se da separação de um grupo de pessoas para servir o todo. Israel foi escolhido entre as nações para servi-las.

3)    O testemunho é este:
Modelo de missão no AT – as pessoas vêm para Israel para conhecer o Deus verdadeiro.
A escolha de Abraão tinha um propósito mais amplo de Deus: a salvação de todas as pessoas.
BÊNÇÃO – generosidade característica de Deus que dá de forma abundante tudo de bom para suas criaturas e sua contínua renovação da abundância da vida criada. Provisão para o florescimento humano. Não se restringe a coisas, é também relacional. Ser abençoado não significa apenas conhecer as dádivas de Deus, mas também o próprio Deus em suas ofertas generosas.
A bênção se dá através de um relacionamento com Deus. A bênção conecta a criação com a salvação.
À medida que as pessoas agradecem a Deus pelas suas dádivas, Deus se torna conhecido como o bom Criador que proporciona o desenvolvimento das pessoas.


PARALELO 2 – Novo Testamento
1b) Deus está interessado em todas as nações e não somente em um único povo.
O livro de Atos é uma narrativa da expansão missionária que inicia com um pequeno grupo de discípulos em Jerusalém e se expande através de limites étnicos, religiosos e geográficos significativos para terminar com o evangelho sendo anunciado para judeus e gentios em Roma, sem distinção.
Atos 2 nos mostra que Deus está intervindo com seu plano de salvação.

2b) Chamados para testemunhar – a parte em prol do todo.
At.1/Lc.24 – chamado dos discípulos (a graça se manifestou antes da lei e das obras).
O plano de salvação de Deus é via eleição. Deus quer abençoar todos os povos através de um mediador.
Os cristãos que são ricamente abençoados por Deus agora se doam e doam o que possuem para ajudar as pessoas ao seu redor. Não se trata de fazer algo para ter um retorno, mas de abençoar as pessoas. A presença da Igreja poderia ser conhecida por sua generosidade para com todas as pessoas.
Atos 1.8 precisa ser lido no contexto de Lucas 24.46-49.
Os estágios do testemunho dos discípulos devem ser vistos etnicamente e teologicamente, bem como geograficamente. O 1º. estágio é Jerusalém onde Jesus completou a sua obra e onde Israel deveria ser restaurado como o remanescente dos judeus que criam nele como Messias. O 2º. estágio era Judéia-Samaria – os dois locais estão interligados pelo mesmo artigo no grego – que se referem ao antigo reino de Judá e Israel. Finalmente o testemunho apostólico vai até os confins da terra, uma expressão chave que vem de Isaías 49.6 (citação dela em At 13.47) e mostra que Deus quer que sua salvação alcance a todos os povos.
Não somos chamados para convencer nem converter ninguém. Isso é obra do Espirito Santo.
Pentecostes é um evento central – sem a vinda do Espírito Santo não haveria profecia, nem pregação, nem missão, nem conversão e nenhum movimento do cristianismo por toda a terra.
Com a vinda do Espírito, os discípulos vão se envolver na missão de Deus (como está implícito nas palavras de Jesus em Lc.24:48; cf. At. 13:47), que está ministrando a toda a nação.
Para Lucas, os judeus presentes em Jerusalém no dia de Pentecostes (At.2) são representantes das nações de onde vieram e dos dialetos locais dessas nações.
A lista nas nações que temos em At.2.9-12 que amplia o v. 5 é similar à lista das nações da tradição judia das nações baseada em Gênesis 10 e que está presente parcialmente em Isaías 66.18,19, onde Javé promete reunir todas as nações e línguas.
Temos em Atos 2.2-4 alusões a Babel, além das alusões a Gênesis 10.
Pentecostes seria Babel ao contrário, ou seja, a presença do Espírito agora unindo outra vez as nações com uma linguagem comum.
Pedro interpreta o evento da vinda do Espírito Santo de acordo com Joel 2:28-32, onde Deus prometeu derramar Seu Espírito sobre toda a carne (todo o Israel).
A expressão “toda a carne” que em Joel se refere primariamente aos judeus recebe uma nova ênfase na pregação de Pedro quando ele fala do perdão dos pecados e o dom do Espírito para “todos os que estão longe” (Atos 2.39) (provavelmente se refere à promessa feita a Abraão, onde todas as nações serão abençoadas através dele).
A narrativa de Lucas mostra que o Espírito é recebido também em outras situações além do evento em Pentecostes: os samaritanos (At 8.14-17); os gentios (10.44-48; 11.15-18); e os discípulos de João Batista (19.1-7) - estágios cruciais da expansão missionária.

3b) O testemunho é este:
A bênção se dá através de um relacionamento com Deus. Somente pela graça é que as pessoas são abençoadas.
O Libertador veio da descendência de Abraão. Paulo interpreta a promessa a Abraão como se aplicando a um único descendente dele, Jesus Cristo, como bênção para Israel e para todas as nações. – Gálatas 3:6-9,16.
Em nome de Jesus se proclama “o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações” (Lc.24:47). Jesus é entronizado como Senhor e Cristo (At 2.34,35). O perdão dos pecados está disponível a todos através dele.
A mensagem missionária proclamada pelos discípulos são “as boas novas do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo” (8.12; 28.23,31).
O livro de Atos mostra que o Espírito Santo vem para a salvação das pessoas (2:38), para a adoração, oração, separação e envio específico de pessoas (Atos 13) entre outras coisas.
Em Atos 2.14-39, no seu sermão Pedro especifica o conteúdo do testemunho dos discípulos em Jerusalém. Esse testemunho é sobre a morte e ressurreição de Jesus e o perdão dos pecados de acordo com as Escrituras (cf. Lc 24.46,47).
Pedro caminha da passagem de Joel mencionando as pessoas que clamam pelo nome do Senhor que serão salvas (21), para enfatizar a crucificação de Jesus (22,23), depois a sua ressurreição e exaltação como Messias (33-36). Depois da exaltação Jesus derramou o seu Espírito. A salvação vem para todos os que clamam pelo nome do Senhor (Joel 2.32; Atos 2.21) e incentiva a clamarem pelo nome do Senhor Jesus se arrependendo e sendo batizado em seu nome para o perdão dos pecados (cf. Lc 24.47).
O testemunho de Pedro foi dado para o povo de Deus. Mas fica evidente nesse texto que a vinda do Espírito sobre um Israel renovado e purificado vai, em última análise, apontar adiante para uma bênção universal como os profetas já tinham indicado (Is 42.6; 49.6).
O relato de Pentecostes acaba em Atos 2.41, mas temos que ler a continuidade de 2.42-47.
Aqui temos a figura da comunidade de Jerusalém – o remanescente de Israel, restaurado e que recebe nova vida do Cristo exaltado através do Espírito Santo. Esse grupo de pessoas se preocupa com o próximo (2.44,45); é caraterizado pela devoção ao ensino dos apóstolos, a comunhão, o partir do pão e a oração (42). Essa comunidade se torna o modelo que o Israel antigo deveria ter sido (Êx 19.5,6). Eles não somente estão juntos com alegria, com o coração sincero adorando a Deus, mas contam com a simpatia de todo povo, e diariamente o Senhor acrescenta outros israelitas que estão sendo salvos. Essa comunidade restaurada é apresentada por Lucas como um modelo dos propósitos de Deus para todo o mundo.
Angela Natel 

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Pentecostes e o testemunho às nações

Introdução
Originalmente, o dia de Pentecostes era a Festa das Primícias (Lv. 23.19-22), celebrada 7 semanas após a Páscoa no tempo da colheita do trigo. No tempo do Judaísmo do 2º. templo foi considerado o dia em que Moisés recebeu a lei no Monte Sinai e por isso atraía muitos peregrinos de todo lugar. Atos 2 nos mostra que havia ali judeus que moravam em Jerusalém, mas também judeus tementes a Deus de todas as partes do mundo – todo o Israel estava lá.

PARALELO 1 – Antigo Testamento
1)    Deus está interessado em todas as nações e não somente em um único povo.
Gn. 1-11 – a origem de toda a humanidade
Deus não é Deus somente de um grupo de pessoas, mas é Deus de todos os povos.
CRIAÇÃO – CORRUPÇÃO – DILÚVIO – NAÇÕES - Alternância entre Narrativas (todo) e Genealogias (zoom):
Caim e Abel – genealogia
Noé/Dilúvio – genealogia
Torre de Babel – genealogia
- Consciência de grupos de pessoas e sua importância
- tema teológico de inclusividade e não de exclusividade
A história de Babel trouxe um fim à esperança e às tentativas da humanidade de encontrar seus próprios meios de bênção.

2)    Chamado para testemunhar – a parte em prol do todo.
Gn. 12:1-3 – chamado de Abraão (a graça se manifestou antes da lei e das obras).
O plano de salvação de Deus é via eleição. Abraão é escolhido para que a bênção de Deus atinja as 70 nações espalhadas pela face da terra.
Deus quer abençoar todos os povos através de um mediador. - Isaías 42:6; 49:6.
Abraão não é chamado para ‘evangelizar’ e ‘converter’ os povos pagãos, mas para que sua presença seja uma bênção para eles. Abraão é chamado para ser bênção, em vez de uma atividade a ser exercida: SER e não FAZER.
Abraão se torna o referencial para quem é abençoado por Deus. 
As narrativas dos patriarcas mostram com eles se tornaram uma bênção para a sua época e potencialmente para todo o mundo.
Israel deveria ser missionário de Deus às nações. Para ser bênção para as nações, Israel precisa somente ser fiel a Javé.
Abraão e Israel foram chamados por causa do propósito missionário de Deus de se tornar uma bênção para todas as nações.
De acordo com o teólogo protestante alemão Horst Seebass (1934-2015), o conceito de eleição de uma parte em prol do todo já está implícito no termo bachar = escolher (eleição) no hebraico (AT). Sempre que o termo aparece relacionado a pessoas, trata-se da separação de um grupo de pessoas para servir o todo. Israel foi escolhido entre as nações para servi-las.

3)    O testemunho é este:
Modelo de missão no AT – as pessoas vêm para Israel para conhecer o Deus verdadeiro.
A escolha de Abraão tinha um propósito mais amplo de Deus: a salvação de todas as pessoas.
BÊNÇÃO – generosidade característica de Deus que dá de forma abundante tudo de bom para suas criaturas e sua contínua renovação da abundância da vida criada. Provisão para o florescimento humano. Não se restringe a coisas, é também relacional. Ser abençoado não significa apenas conhecer as dádivas de Deus, mas também o próprio Deus em suas ofertas generosas.
A bênção se dá através de um relacionamento com Deus. A bênção conecta a criação com a salvação.
À medida que as pessoas agradecem a Deus pelas suas dádivas, Deus se torna conhecido como o bom Criador que proporciona o desenvolvimento das pessoas.


PARALELO 2 – Novo Testamento
1b) Deus está interessado em todas as nações e não somente em um único povo.
O livro de Atos é uma narrativa da expansão missionária que inicia com um pequeno grupo de discípulos em Jerusalém e se expande através de limites étnicos, religiosos e geográficos significativos para terminar com o evangelho sendo anunciado para judeus e gentios em Roma, sem distinção.
Atos 2 nos mostra que Deus está intervindo com seu plano de salvação.

2b) Chamados para testemunhar – a parte em prol do todo.
At.1/Lc.24 – chamado dos discípulos (a graça se manifestou antes da lei e das obras).
O plano de salvação de Deus é via eleição. Deus quer abençoar todos os povos através de um mediador.
Os cristãos que são ricamente abençoados por Deus agora se doam e doam o que possuem para ajudar as pessoas ao seu redor. Não se trata de fazer algo para ter um retorno, mas de abençoar as pessoas. A presença da Igreja poderia ser conhecida por sua generosidade para com todas as pessoas.
Atos 1.8 precisa ser lido no contexto de Lucas 24.46-49.
Os estágios do testemunho dos discípulos devem ser vistos etnicamente e teologicamente, bem como geograficamente. O 1º. estágio é Jerusalém onde Jesus completou a sua obra e onde Israel deveria ser restaurado como o remanescente dos judeus que criam nele como Messias. O 2º. estágio era Judéia-Samaria – os dois locais estão interligados pelo mesmo artigo no grego – que se referem ao antigo reino de Judá e Israel. Finalmente o testemunho apostólico vai até os confins da terra, uma expressão chave que vem de Isaías 49.6 (citação dela em At 13.47) e mostra que Deus quer que sua salvação alcance a todos os povos.
Não somos chamados para convencer nem converter ninguém. Isso é obra do Espirito Santo.
Pentecostes é um evento central – sem a vinda do Espírito Santo não haveria profecia, nem pregação, nem missão, nem conversão e nenhum movimento do cristianismo por toda a terra.
Com a vinda do Espírito, os discípulos vão se envolver na missão de Deus (como está implícito nas palavras de Jesus em Lc.24:48; cf. At. 13:47), que está ministrando a toda a nação.
Para Lucas, os judeus presentes em Jerusalém no dia de Pentecostes (At.2) são representantes das nações de onde vieram e dos dialetos locais dessas nações.
A lista nas nações que temos em At.2.9-12 que amplia o v. 5 é similar à lista das nações da tradição judia das nações baseada em Gênesis 10 e que está presente parcialmente em Isaías 66.18,19, onde Javé promete reunir todas as nações e línguas.
Temos em Atos 2.2-4 alusões a Babel, além das alusões a Gênesis 10.
Pentecostes seria Babel ao contrário, ou seja, a presença do Espírito agora unindo outra vez as nações com uma linguagem comum.
Pedro interpreta o evento da vinda do Espírito Santo de acordo com Joel 2:28-32, onde Deus prometeu derramar Seu Espírito sobre toda a carne (todo o Israel).
A expressão “toda a carne” que em Joel se refere primariamente aos judeus recebe uma nova ênfase na pregação de Pedro quando ele fala do perdão dos pecados e o dom do Espírito para “todos os que estão longe” (Atos 2.39) (provavelmente se refere à promessa feita a Abraão, onde todas as nações serão abençoadas através dele).
A narrativa de Lucas mostra que o Espírito é recebido também em outras situações além do evento em Pentecostes: os samaritanos (At 8.14-17); os gentios (10.44-48; 11.15-18); e os discípulos de João Batista (19.1-7) - estágios cruciais da expansão missionária.

3b) O testemunho é este:
A bênção se dá através de um relacionamento com Deus. Somente pela graça é que as pessoas são abençoadas.
O Libertador veio da descendência de Abraão. Paulo interpreta a promessa a Abraão como se aplicando a um único descendente dele, Jesus Cristo, como bênção para Israel e para todas as nações. – Gálatas 3:6-9,16.
Em nome de Jesus se proclama “o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações” (Lc.24:47). Jesus é entronizado como Senhor e Cristo (At 2.34,35). O perdão dos pecados está disponível a todos através dele.
A mensagem missionária proclamada pelos discípulos são “as boas novas do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo” (8.12; 28.23,31).
O livro de Atos mostra que o Espírito Santo vem para a salvação das pessoas (2:38), para a adoração, oração, separação e envio específico de pessoas (Atos 13) entre outras coisas.
Em Atos 2.14-39, no seu sermão Pedro especifica o conteúdo do testemunho dos discípulos em Jerusalém. Esse testemunho é sobre a morte e ressurreição de Jesus e o perdão dos pecados de acordo com as Escrituras (cf. Lc 24.46,47).
Pedro caminha da passagem de Joel mencionando as pessoas que clamam pelo nome do Senhor que serão salvas (21), para enfatizar a crucificação de Jesus (22,23), depois a sua ressurreição e exaltação como Messias (33-36). Depois da exaltação Jesus derramou o seu Espírito. A salvação vem para todos os que clamam pelo nome do Senhor (Joel 2.32; Atos 2.21) e incentiva a clamarem pelo nome do Senhor Jesus se arrependendo e sendo batizado em seu nome para o perdão dos pecados (cf. Lc 24.47).
O testemunho de Pedro foi dado para o povo de Deus. Mas fica evidente nesse texto que a vinda do Espírito sobre um Israel renovado e purificado vai, em última análise, apontar adiante para uma bênção universal como os profetas já tinham indicado (Is 42.6; 49.6).
O relato de Pentecostes acaba em Atos 2.41, mas temos que ler a continuidade de 2.42-47.
Aqui temos a figura da comunidade de Jerusalém – o remanescente de Israel, restaurado e que recebe nova vida do Cristo exaltado através do Espírito Santo. Esse grupo de pessoas se preocupa com o próximo (2.44,45); é caraterizado pela devoção ao ensino dos apóstolos, a comunhão, o partir do pão e a oração (42). Essa comunidade se torna o modelo que o Israel antigo deveria ter sido (Êx 19.5,6). Eles não somente estão juntos com alegria, com o coração sincero adorando a Deus, mas contam com a simpatia de todo povo, e diariamente o Senhor acrescenta outros israelitas que estão sendo salvos. Essa comunidade restaurada é apresentada por Lucas como um modelo dos propósitos de Deus para todo o mundo.
Angela Natel