sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Algumas das lições que (re)aprendi em 2018:


1. Bandido bom não é bandido morto. Cada um de nós carrega o potencial criminoso, uma vez que nascemos com uma natureza corrupta e destinada à destruição. Bandido bom é aquele a quem é dada a chance e as condições para uma nova vida.
2. De nada vale estar em um “ministério” ou posição de influência, se não trato com respeito e dignidade a todos os que me cercam ou tenho contato.
3. Ninguém precisa de minha esmola. Dar do que me sobra não faz de mim uma pessoa melhor – só revela a ganância que habita em mim. O verdadeiro sacrifício é repartir do que tenho, mesmo que não me sobre. Uma atitude assim me ensina que somos todos iguais e carentes da mesma graça.
4. Ao proferir condenação a outro coloco-me em posição superior e reconheço que meus erros e pecados são de menor valor. Isso deflagra uma atitude hipócrita e moralista de quem vê o cisco do olho alheio sem se importar com a própria trave.
5. Convivo com a tentação de, caso erre, culpar o diabo e, caso acerte, dizer que foi Deus. Com isso, acabo não assumindo responsabilidade sobre meus atos, muito menos sobre suas consequências. Além disso, corro o sério risco de não reconhecer a ação de Deus por trás de toda e qualquer situação, inclusive das que me fazem sofrer.
6. Tenho a tendência de emitir julgamento a respeito de qualquer coisa sem refletir sobre as complexidades da vida e do ser humano. Isso pode causar distanciamento das pessoas com as quais posso aprender e a quem posso ajudar e servir. Lidar com situações de forma generalizada me tira da realidade e me faz exigir dos outros o que não podem oferecer.
7. Educação sem pensamento crítico é adestramento. Ensinar não é dar respostas prontas, mas caminhar junto e trocar vida e experiência.
8. Lidar com as questões da vida em termos de bem e mal, numa polarização extrema, é ignorar a própria vida e Aquele que é o verdadeiro protagonista dela em todas as suas dimensões.
9. Sempre procurarei um bode expiatório, um elemento que chamarei de “mau” para culpar por aquilo que considero a causa de meu sofrimento no momento. Isso é uma atitude natural a cada um de nós, o que não a justifica.
10. Vivemos em busca de heróis, salvadores da Pátria, pessoas que encarnem a libertação de nossos problemas. Isso porque possivelmente nosso inconsciente tente nos avisar dessa maneira o quanto somos impotentes diante dos desafios da vida. Entretanto, nenhuma pessoa neste mundo poderá encarnar a salvação de que realmente necessitamos, uma vez que isso já foi realizado há mais de dois mil anos atrás. Expectativas demais sobre qualquer outra pessoa nesse sentido só trarão inevitáveis frustrações e podem sobrecarregar quem for seu alvo.
11. Rótulos, estigmas e comparações são extremamente nocivos a qualquer pessoa. Nenhum nome, rótulo, designação é capaz de representar adequada e completamente a complexidade humana.
12. Somos todos iguais, independentemente de nossa condição, qualquer que seja. Privilégios podem ser agradáveis para quem os recebe, mas causam mais mal do que bem.
13. Não, não há oportunidades iguais para as mulheres, e isso sinto na pele, seja como linguista, teóloga, professora, escritora ou qualquer outra função que ocupe, em qualquer lugar. Títulos falam alto, mas se um homem tiver um título terá a preferência (e às vezes terá a preferência mesmo sem titulo, apenas por ser homem). Para conquistar um espaço sem ser indicado por alguém já consagrado, as mulheres precisam ralar muito mais do que os homens.
14. Caso alguém confesse que tem alguma doença mental (transtornos, psicoses, etc), mesmo sendo tratado e em perfeitas condições de trabalho, será discriminado, não importa a instituição.
15. Um evangelho que não tenha como referência a pessoa de Jesus Cristo é falso. Doutrinas e ritos ou qualquer manifestação religiosa não substitui a pessoa de Cristo, Sua obra e referência.
16. A indústria da moda (vestuário, em sua maioria) não está preocupada em atender adequadamente pessoas que não se encaixem no padrão de beleza instituído culturalmente. Por isso não me importo de preferir roupas e calçados masculinos quando estes atendem ao meu tamanho e preferência.
17. Não existe ‘chamado missionário’. A responsabilidade em participar da Missão de Deus em revelar a pessoa de Jesus ao mundo é de todo cristão, da Igreja como um todo. Não é possível terceirizar o trabalho missionário me contentando em orar por missões ou sustentar financeiramente algum missionário sem fugir dessa responsabilidade que é de cada um de nós.
18. Prefiro morrer do que matar. Nesse sentido, não consigo, por respeito à minha própria consciência, concordar com o porte de armas ou seu uso. Ainda tenho dificuldades em conciliar a ideia de ser cristã e apoiar o uso de armas, porém reconheço que sou limitada, mas assim como respeito quem pensa diferente, espero que respeitem meu pensamento também.
19. Definitivamente, a gente não colhe o que planta. Conhecendo-me como me conheço sei do que sou capaz e do que já pensei, falei ou fiz nesta vida. Minha consciência (de que o que todos os seres humanos naturalmente merecem seja o inferno) não me permite entender que qualquer coisa boa que me sobrevenha eu tenha sido capaz de gerar por mim mesma. Entendo também que o texto bíblico utilizado de forma generalizada para embasar a ideia de que colhemos o que plantamos tem sido interpretado fora de seu contexto e de maneira equivocada por muitos. Assim, entendo que tudo o que é bom e/ou proveitoso é resultado única e exclusivamente da graça de Deus sobre nós.
20. Corremos o risco de tentar gerenciar a obra e a missão de Deus. Isso quando tentamos controlar o que e como Deus faz as coisas na vida de outras pessoas, também na tentativa de reproduzirmos o que nos acontece em outrem. Porém isso pode cegar nosso entendimento quanto à multiforme graça de Deus e o tratar personalizado na vida de cada um. Ao tentar determinar como e quando as pessoas devem agir em sua vida diária em seu ministério, tento me colocar no lugar de Deus ou como gerente de Sua ação. Nesse sentido, ainda que justifiquemos que estamos cuidando uns dos outros, a linha tênue entre cuidado e controle pode ser ultrapassada, causando um grande equívoco em nossa verdadeira vocação e podendo arruinar e oprimir a vida de outras pessoas.
21. Discordar não significa não saber ser contrariado.
22. Nenhuma autoridade está acima da lei.
23. É muito perigoso quando confundo Deus com Organizações, Instituições, CNPJ, prédios, estatutos ou partidos políticos. Acabo me colocando em defesa do indefensável, a despeito do que fui realmente chamada a fazer e a quem devo servir.
24. Não temos autorização para usar o nome de Deus para fins politico-partidários. Usar Deus como justificativa de uso de poder de uns sobre outros é característica do Anticristo e seu anti-Reino.
Puxa! 2018 foi um ano de muitas lições. Com certeza ainda tenho muito a aprender. Talvez eu mude de ideia, talvez não. O mais importante é não ficar parado, buscar o aprendizado, nunca deixar de caminhar.
Tenham um feliz fim de ano!
Grande abraço
Angela Natel

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Algumas das lições que (re)aprendi em 2018:


1. Bandido bom não é bandido morto. Cada um de nós carrega o potencial criminoso, uma vez que nascemos com uma natureza corrupta e destinada à destruição. Bandido bom é aquele a quem é dada a chance e as condições para uma nova vida.
2. De nada vale estar em um “ministério” ou posição de influência, se não trato com respeito e dignidade a todos os que me cercam ou tenho contato.
3. Ninguém precisa de minha esmola. Dar do que me sobra não faz de mim uma pessoa melhor – só revela a ganância que habita em mim. O verdadeiro sacrifício é repartir do que tenho, mesmo que não me sobre. Uma atitude assim me ensina que somos todos iguais e carentes da mesma graça.
4. Ao proferir condenação a outro coloco-me em posição superior e reconheço que meus erros e pecados são de menor valor. Isso deflagra uma atitude hipócrita e moralista de quem vê o cisco do olho alheio sem se importar com a própria trave.
5. Convivo com a tentação de, caso erre, culpar o diabo e, caso acerte, dizer que foi Deus. Com isso, acabo não assumindo responsabilidade sobre meus atos, muito menos sobre suas consequências. Além disso, corro o sério risco de não reconhecer a ação de Deus por trás de toda e qualquer situação, inclusive das que me fazem sofrer.
6. Tenho a tendência de emitir julgamento a respeito de qualquer coisa sem refletir sobre as complexidades da vida e do ser humano. Isso pode causar distanciamento das pessoas com as quais posso aprender e a quem posso ajudar e servir. Lidar com situações de forma generalizada me tira da realidade e me faz exigir dos outros o que não podem oferecer.
7. Educação sem pensamento crítico é adestramento. Ensinar não é dar respostas prontas, mas caminhar junto e trocar vida e experiência.
8. Lidar com as questões da vida em termos de bem e mal, numa polarização extrema, é ignorar a própria vida e Aquele que é o verdadeiro protagonista dela em todas as suas dimensões.
9. Sempre procurarei um bode expiatório, um elemento que chamarei de “mau” para culpar por aquilo que considero a causa de meu sofrimento no momento. Isso é uma atitude natural a cada um de nós, o que não a justifica.
10. Vivemos em busca de heróis, salvadores da Pátria, pessoas que encarnem a libertação de nossos problemas. Isso porque possivelmente nosso inconsciente tente nos avisar dessa maneira o quanto somos impotentes diante dos desafios da vida. Entretanto, nenhuma pessoa neste mundo poderá encarnar a salvação de que realmente necessitamos, uma vez que isso já foi realizado há mais de dois mil anos atrás. Expectativas demais sobre qualquer outra pessoa nesse sentido só trarão inevitáveis frustrações e podem sobrecarregar quem for seu alvo.
11. Rótulos, estigmas e comparações são extremamente nocivos a qualquer pessoa. Nenhum nome, rótulo, designação é capaz de representar adequada e completamente a complexidade humana.
12. Somos todos iguais, independentemente de nossa condição, qualquer que seja. Privilégios podem ser agradáveis para quem os recebe, mas causam mais mal do que bem.
13. Não, não há oportunidades iguais para as mulheres, e isso sinto na pele, seja como linguista, teóloga, professora, escritora ou qualquer outra função que ocupe, em qualquer lugar. Títulos falam alto, mas se um homem tiver um título terá a preferência (e às vezes terá a preferência mesmo sem titulo, apenas por ser homem). Para conquistar um espaço sem ser indicado por alguém já consagrado, as mulheres precisam ralar muito mais do que os homens.
14. Caso alguém confesse que tem alguma doença mental (transtornos, psicoses, etc), mesmo sendo tratado e em perfeitas condições de trabalho, será discriminado, não importa a instituição.
15. Um evangelho que não tenha como referência a pessoa de Jesus Cristo é falso. Doutrinas e ritos ou qualquer manifestação religiosa não substitui a pessoa de Cristo, Sua obra e referência.
16. A indústria da moda (vestuário, em sua maioria) não está preocupada em atender adequadamente pessoas que não se encaixem no padrão de beleza instituído culturalmente. Por isso não me importo de preferir roupas e calçados masculinos quando estes atendem ao meu tamanho e preferência.
17. Não existe ‘chamado missionário’. A responsabilidade em participar da Missão de Deus em revelar a pessoa de Jesus ao mundo é de todo cristão, da Igreja como um todo. Não é possível terceirizar o trabalho missionário me contentando em orar por missões ou sustentar financeiramente algum missionário sem fugir dessa responsabilidade que é de cada um de nós.
18. Prefiro morrer do que matar. Nesse sentido, não consigo, por respeito à minha própria consciência, concordar com o porte de armas ou seu uso. Ainda tenho dificuldades em conciliar a ideia de ser cristã e apoiar o uso de armas, porém reconheço que sou limitada, mas assim como respeito quem pensa diferente, espero que respeitem meu pensamento também.
19. Definitivamente, a gente não colhe o que planta. Conhecendo-me como me conheço sei do que sou capaz e do que já pensei, falei ou fiz nesta vida. Minha consciência (de que o que todos os seres humanos naturalmente merecem seja o inferno) não me permite entender que qualquer coisa boa que me sobrevenha eu tenha sido capaz de gerar por mim mesma. Entendo também que o texto bíblico utilizado de forma generalizada para embasar a ideia de que colhemos o que plantamos tem sido interpretado fora de seu contexto e de maneira equivocada por muitos. Assim, entendo que tudo o que é bom e/ou proveitoso é resultado única e exclusivamente da graça de Deus sobre nós.
20. Corremos o risco de tentar gerenciar a obra e a missão de Deus. Isso quando tentamos controlar o que e como Deus faz as coisas na vida de outras pessoas, também na tentativa de reproduzirmos o que nos acontece em outrem. Porém isso pode cegar nosso entendimento quanto à multiforme graça de Deus e o tratar personalizado na vida de cada um. Ao tentar determinar como e quando as pessoas devem agir em sua vida diária em seu ministério, tento me colocar no lugar de Deus ou como gerente de Sua ação. Nesse sentido, ainda que justifiquemos que estamos cuidando uns dos outros, a linha tênue entre cuidado e controle pode ser ultrapassada, causando um grande equívoco em nossa verdadeira vocação e podendo arruinar e oprimir a vida de outras pessoas.
21. Discordar não significa não saber ser contrariado.
22. Nenhuma autoridade está acima da lei.
23. É muito perigoso quando confundo Deus com Organizações, Instituições, CNPJ, prédios, estatutos ou partidos políticos. Acabo me colocando em defesa do indefensável, a despeito do que fui realmente chamada a fazer e a quem devo servir.
24. Não temos autorização para usar o nome de Deus para fins politico-partidários. Usar Deus como justificativa de uso de poder de uns sobre outros é característica do Anticristo e seu anti-Reino.
Puxa! 2018 foi um ano de muitas lições. Com certeza ainda tenho muito a aprender. Talvez eu mude de ideia, talvez não. O mais importante é não ficar parado, buscar o aprendizado, nunca deixar de caminhar.
Tenham um feliz fim de ano!
Grande abraço
Angela Natel