quinta-feira, 7 de julho de 2016

Mitologia Grega: o Mito de Procusto e a intolerância humana

De volta à Mitologia. Estive lendo sobre a história do personagem Procusto um bandido gigante que armava uma arapuca para seus “visitantes”, em sua casa tinha uma cama feita de ferro, que tinha exatamente a sua medida.  Os viajantes que passavam pela serra de Elêusis eram "convidados" a se deitarem na cama de Procusto.




O bandido, então, amarrava a sua vítima  naquela cama. Se a pessoa fosse maior do que a cama, ele simplesmente cortava fora o que sobrava. Se fosse menor, ele a espichava e esticava até caber naquela medida.
Procusto significa "o esticador", em referência ao castigo que aplicava às suas vítimas. A mesma personagem é às vezes referida como Polipémon ou Damastes.
Impossível não se perceber a analogia do mito. Ele representa claramente a intolerância do homem em relação ao outro. Quantas vezes o espírito de Procusto apareceu na história da humanidade? Ele esteve presente no massacre que os Europeus praticaram contra os habitantes do continente americano. Esteve presente na crueldade da escravidão negra. No absurdo do holocausto. Onde o ser humano por se achar superior ao outro, por considerar  que o outro na cabe nas suas medidas resolve subjugá-lo, enquadrá-lo, civilizá-lo...
Em toda a história da humanidade o homem intolerante tentou enquadrar em seus padrões de comportamento todos os considerados diferentes. Não poucas vezes ele usou a figura e o nome de Deus para fazer o “enquadramento”. Foi assim na inquisição e na caça as bruxas. E tem sido assim nos dias atuais, infelizmente.
A deusa Atena incomodada pelo clamor das vítimas de Procusto vai procurar o malfeitor e tenta convencê-lo a mudar de atitude, mas fica estarrecida quando ele argumentou que estava fazendo o correto, pois sua cama estava apenas fazendo justiça acabando com as diferenças entre os homens. Mas, não é a diversidade uma característica de homens e mulheres?  Então,  por que insistir em obrigar homens e mulheres a viverem segundo os mesmo padrões e ideais, forçando-os a ajustar suas vidas aos conceitos pré-estabelecidos? Fazendo isso em nome de Deus. E, em nome de fazê-los felizes.
O gigante bandido e intolerante da mitologia grega está sempre à solta em nosso mundo. Seu espírito aparece sempre que o homem mutila o outro, senão fisicamente, mas psicologicamente, quando este não se enquadra em seus padrões estabelecidos.
Infelizmente, não poucas vezes, a escola também tem sua cama de Procusto. E nela alunos, “diferentes”, têm sido mutilados em suas características em nome do padrão social. Para caberem na cama escolar são podados em suas almas. Não é isso que fazemos quando temos uma única forma de avaliar uma turma de 30 alunos? Quando os medimos da mesma forma? Não estaria o insucesso dos alunos, o alto índice de reprovação e evasão ligado a essa tentativa de enquadrá-los nos padrões. Não deveria a escola procurar uma forma de conviver com os mais diferentes  “tipos” de pessoas que formam o mosaico escolar? Mesmo, que para tanto, se precisem quebrar paradigmas educacionais. E termos um novo olhar, ou melhor, “olhares”, a pessoa de nosso(a) aluno(a).
O monstro mitológico  teve o mesmo fim de suas vítimas. Foi capturado pelo herói Teseu. Que o amarrou em sua própria cama cortando- lhe a cabeça e os pés.
Enquanto isso, a humanidade ainda luta para “matar” o monstro da intolerância que fez e faz muitos estragos em nossa sociedade. 


fonte: http://www.profjuliososa.com.br/2013/04/mitologia-grega-o-mito-de-procusto-e.html

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Mitologia Grega: o Mito de Procusto e a intolerância humana

De volta à Mitologia. Estive lendo sobre a história do personagem Procusto um bandido gigante que armava uma arapuca para seus “visitantes”, em sua casa tinha uma cama feita de ferro, que tinha exatamente a sua medida.  Os viajantes que passavam pela serra de Elêusis eram "convidados" a se deitarem na cama de Procusto.




O bandido, então, amarrava a sua vítima  naquela cama. Se a pessoa fosse maior do que a cama, ele simplesmente cortava fora o que sobrava. Se fosse menor, ele a espichava e esticava até caber naquela medida.
Procusto significa "o esticador", em referência ao castigo que aplicava às suas vítimas. A mesma personagem é às vezes referida como Polipémon ou Damastes.
Impossível não se perceber a analogia do mito. Ele representa claramente a intolerância do homem em relação ao outro. Quantas vezes o espírito de Procusto apareceu na história da humanidade? Ele esteve presente no massacre que os Europeus praticaram contra os habitantes do continente americano. Esteve presente na crueldade da escravidão negra. No absurdo do holocausto. Onde o ser humano por se achar superior ao outro, por considerar  que o outro na cabe nas suas medidas resolve subjugá-lo, enquadrá-lo, civilizá-lo...
Em toda a história da humanidade o homem intolerante tentou enquadrar em seus padrões de comportamento todos os considerados diferentes. Não poucas vezes ele usou a figura e o nome de Deus para fazer o “enquadramento”. Foi assim na inquisição e na caça as bruxas. E tem sido assim nos dias atuais, infelizmente.
A deusa Atena incomodada pelo clamor das vítimas de Procusto vai procurar o malfeitor e tenta convencê-lo a mudar de atitude, mas fica estarrecida quando ele argumentou que estava fazendo o correto, pois sua cama estava apenas fazendo justiça acabando com as diferenças entre os homens. Mas, não é a diversidade uma característica de homens e mulheres?  Então,  por que insistir em obrigar homens e mulheres a viverem segundo os mesmo padrões e ideais, forçando-os a ajustar suas vidas aos conceitos pré-estabelecidos? Fazendo isso em nome de Deus. E, em nome de fazê-los felizes.
O gigante bandido e intolerante da mitologia grega está sempre à solta em nosso mundo. Seu espírito aparece sempre que o homem mutila o outro, senão fisicamente, mas psicologicamente, quando este não se enquadra em seus padrões estabelecidos.
Infelizmente, não poucas vezes, a escola também tem sua cama de Procusto. E nela alunos, “diferentes”, têm sido mutilados em suas características em nome do padrão social. Para caberem na cama escolar são podados em suas almas. Não é isso que fazemos quando temos uma única forma de avaliar uma turma de 30 alunos? Quando os medimos da mesma forma? Não estaria o insucesso dos alunos, o alto índice de reprovação e evasão ligado a essa tentativa de enquadrá-los nos padrões. Não deveria a escola procurar uma forma de conviver com os mais diferentes  “tipos” de pessoas que formam o mosaico escolar? Mesmo, que para tanto, se precisem quebrar paradigmas educacionais. E termos um novo olhar, ou melhor, “olhares”, a pessoa de nosso(a) aluno(a).
O monstro mitológico  teve o mesmo fim de suas vítimas. Foi capturado pelo herói Teseu. Que o amarrou em sua própria cama cortando- lhe a cabeça e os pés.
Enquanto isso, a humanidade ainda luta para “matar” o monstro da intolerância que fez e faz muitos estragos em nossa sociedade. 


fonte: http://www.profjuliososa.com.br/2013/04/mitologia-grega-o-mito-de-procusto-e.html