sexta-feira, 31 de julho de 2015

Cão que late...



pois é, não morde.
É muita gente publicando suas contas em dia
Enquanto chega atrasado em compromisso.
Muita gente buscando quem lhe sorria
Mas deixando de estender o braço amigo.

Muita gente fazendo doutorado
e ignorando o próximo (ô, gente ignorante!).
É muito orientador desorientado
Mais interesseiro do que interessante.

Muita gente arrotando uma lagosta,
Enquanto se entope de sardinha.
É muito vídeo e imagem tosca
Prá quem se acha top de linha.

É muito show prá quem logo esmorece,
Muita propaganda de papel higiênico.
É muito cobertor que não aquece,
Muita doçura para um gole de arsênico.

É muito elogio prá depois vir jogar pedra.
Muita criatividade lançada pela janela.
É muito encanto que facilmente quebra
É muita escuridão prá tão pouca vela.

É muito abuso querendo consertar os outros
Da parte de quem nunca se conserta.
É muita gente querendo receber os louros
do trabalho de pouca gente alerta.

É muito rótulo prá pouco produto,
Muito barulho por nada.
É muito acessório num único adulto,
muito carro prá pouca vaga.

É muita expectativa em cima mim,
prá pouca cooperação alheia.
É muito pé descalço por aí
prá tão pouca meia.

O que estou dizendo pode parecer absurdo,
Mas vai ver só, esse é o mundo:
Cão que late, esnoba, coloca na vitrine
Não morde, não fede e nem cheira,
Não há quem o ensine.


Angela Natel – 31/07/2015

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Cão que late...



pois é, não morde.
É muita gente publicando suas contas em dia
Enquanto chega atrasado em compromisso.
Muita gente buscando quem lhe sorria
Mas deixando de estender o braço amigo.

Muita gente fazendo doutorado
e ignorando o próximo (ô, gente ignorante!).
É muito orientador desorientado
Mais interesseiro do que interessante.

Muita gente arrotando uma lagosta,
Enquanto se entope de sardinha.
É muito vídeo e imagem tosca
Prá quem se acha top de linha.

É muito show prá quem logo esmorece,
Muita propaganda de papel higiênico.
É muito cobertor que não aquece,
Muita doçura para um gole de arsênico.

É muito elogio prá depois vir jogar pedra.
Muita criatividade lançada pela janela.
É muito encanto que facilmente quebra
É muita escuridão prá tão pouca vela.

É muito abuso querendo consertar os outros
Da parte de quem nunca se conserta.
É muita gente querendo receber os louros
do trabalho de pouca gente alerta.

É muito rótulo prá pouco produto,
Muito barulho por nada.
É muito acessório num único adulto,
muito carro prá pouca vaga.

É muita expectativa em cima mim,
prá pouca cooperação alheia.
É muito pé descalço por aí
prá tão pouca meia.

O que estou dizendo pode parecer absurdo,
Mas vai ver só, esse é o mundo:
Cão que late, esnoba, coloca na vitrine
Não morde, não fede e nem cheira,
Não há quem o ensine.


Angela Natel – 31/07/2015