domingo, 11 de setembro de 2011

Aborto



Tudo o que me lembro
Tubos, mesas, janelas caiadas
A velha e suja, limpa mais uma vez,
Olhos rastejando para cima de mim
Olhos rolando em minhas coxas
Cavalos de metal roendo
Meus restos mortos...
Saia de mim todo esse sangue, ossos...
Despedaçados como cones de sorvete moles
Eu não poderia tê-la olhando para mim grávida,
Não poderia ter os meus amigos vendo isso
Morrendo, pendurado entre as minhas pernas.
Então, eu não disse nada,
Nem um suspiro
Ou um grito rápido para tirar aqueles olhos de cima de mim,
Tirar aquelas hastes de aço de mim
Isso dói
Isso dói.
Ninguém veio
Porque ninguém sabia.
Uma vez
Eu estava grávida
E envergonhada
De mim mesma.
(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de uma mulher que tinha recém realizado um aborto)

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Aborto



Tudo o que me lembro
Tubos, mesas, janelas caiadas
A velha e suja, limpa mais uma vez,
Olhos rastejando para cima de mim
Olhos rolando em minhas coxas
Cavalos de metal roendo
Meus restos mortos...
Saia de mim todo esse sangue, ossos...
Despedaçados como cones de sorvete moles
Eu não poderia tê-la olhando para mim grávida,
Não poderia ter os meus amigos vendo isso
Morrendo, pendurado entre as minhas pernas.
Então, eu não disse nada,
Nem um suspiro
Ou um grito rápido para tirar aqueles olhos de cima de mim,
Tirar aquelas hastes de aço de mim
Isso dói
Isso dói.
Ninguém veio
Porque ninguém sabia.
Uma vez
Eu estava grávida
E envergonhada
De mim mesma.
(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de uma mulher que tinha recém realizado um aborto)