quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Mais um capítulo da novela

Pois é, depois de 5 meses o pastor me chamou prá conversar.
Perguntou sobre coisas inofensivas, a princípio, mas depois começou a lançar os mísseis, um a um:
Primeiro, não posso ensinar na Igreja por causa da decisão pelo divórcio. Disse que é 'colheita' da minha decisão.
Segundo, como não sou 'funcionária da Igreja', não posso esperar ajuda financeira alguma.
Terceiro, a visão da Igreja era me apoiar em meu trabalho na África, e uma vez que não estou na África, não há nenhuma indicação de apoio por parte da Igreja, muito menos de possibilidade de ministério.
Quarto e inusitado, apesar de eu não ter notícias de Charles desde de julho, hoje soube que meu pastor fala com ele quase a cada mês, e que há duas semanas Charles foi para a Nigéria (incrível, ele não tinha dinheiro para vir para cá!) ver a família, que a mãe está vendendo uma casa e quer repartir o dinheiro entre os filhos (e ele já avisou o pastor que vai investir o dinheiro em comércio, no trabalho, não usar para vir para cá) e que, portanto, nada mudou.
Vocês podem estar me perguntando: Mas, se você já decidiu pelo divórcio, então e daí para o que ele faz?
Bem, primeiro minha decisão é algo que eu tenho que ficar reforçando para a família e para o pastor que parecem não acreditar e tentam me convencer do contrário. Segundo isso não fez nada bem para minha auto-estima, já que o cara não liga desde a páscoa (em julho fui eu que liguei), não dá bola nem satisfação, enche de desculpas e mentiras e hoje meu pai ainda me conta que ele mandou mensagem pedindo perdão para meu pai por ter me abandonado.
Que droga.
Eu me sentindo a mais solitária das mulheres, precisando de um abraço, de um carinho, e ainda vendo que o único homem para quem me entreguei em toda a minha vida simplesmente não está nem aí.
E quando perguntei diretamente ao pastor se para voltar a ensinar na Igreja eu teria que manter esse casamento, ele ainda diz que é 'colheita' da minha decisão?
Eu não estou nem aí mais se não posso ensinar lá - isso é com o pastor, Deus vai pedir contas a ele das suas decisões. O que eu sei é que esse casamento não tem mais valor para Deus do que a minha saúde física, emocional e espiritual. Eu não sou um ser repartido: a parte profissional na África funciona, o resto não.
Não me encaixo em nenhum emprego, preciso me sustentar, alcançar independência financeira, mas, acima de tudo, preciso de Jesus, preciso viver para Ele em tudo o que eu faço, senão não faço sentido.
Senti dor da rejeição novamente.
Mas dessa vez não vou fugir da dor, vou sentí-la inteiramente, até que desapareça o torpor.

2 comentários:

lena casas novas disse...

Oi! Hoje o portal faz 4 anos de vida!Venha comer um pedaço de bolo!
bjs

Angela Natel disse...

Parabéns pelos 4 anos! Um abraço!

Mais um capítulo da novela

Pois é, depois de 5 meses o pastor me chamou prá conversar.
Perguntou sobre coisas inofensivas, a princípio, mas depois começou a lançar os mísseis, um a um:
Primeiro, não posso ensinar na Igreja por causa da decisão pelo divórcio. Disse que é 'colheita' da minha decisão.
Segundo, como não sou 'funcionária da Igreja', não posso esperar ajuda financeira alguma.
Terceiro, a visão da Igreja era me apoiar em meu trabalho na África, e uma vez que não estou na África, não há nenhuma indicação de apoio por parte da Igreja, muito menos de possibilidade de ministério.
Quarto e inusitado, apesar de eu não ter notícias de Charles desde de julho, hoje soube que meu pastor fala com ele quase a cada mês, e que há duas semanas Charles foi para a Nigéria (incrível, ele não tinha dinheiro para vir para cá!) ver a família, que a mãe está vendendo uma casa e quer repartir o dinheiro entre os filhos (e ele já avisou o pastor que vai investir o dinheiro em comércio, no trabalho, não usar para vir para cá) e que, portanto, nada mudou.
Vocês podem estar me perguntando: Mas, se você já decidiu pelo divórcio, então e daí para o que ele faz?
Bem, primeiro minha decisão é algo que eu tenho que ficar reforçando para a família e para o pastor que parecem não acreditar e tentam me convencer do contrário. Segundo isso não fez nada bem para minha auto-estima, já que o cara não liga desde a páscoa (em julho fui eu que liguei), não dá bola nem satisfação, enche de desculpas e mentiras e hoje meu pai ainda me conta que ele mandou mensagem pedindo perdão para meu pai por ter me abandonado.
Que droga.
Eu me sentindo a mais solitária das mulheres, precisando de um abraço, de um carinho, e ainda vendo que o único homem para quem me entreguei em toda a minha vida simplesmente não está nem aí.
E quando perguntei diretamente ao pastor se para voltar a ensinar na Igreja eu teria que manter esse casamento, ele ainda diz que é 'colheita' da minha decisão?
Eu não estou nem aí mais se não posso ensinar lá - isso é com o pastor, Deus vai pedir contas a ele das suas decisões. O que eu sei é que esse casamento não tem mais valor para Deus do que a minha saúde física, emocional e espiritual. Eu não sou um ser repartido: a parte profissional na África funciona, o resto não.
Não me encaixo em nenhum emprego, preciso me sustentar, alcançar independência financeira, mas, acima de tudo, preciso de Jesus, preciso viver para Ele em tudo o que eu faço, senão não faço sentido.
Senti dor da rejeição novamente.
Mas dessa vez não vou fugir da dor, vou sentí-la inteiramente, até que desapareça o torpor.