quarta-feira, 8 de julho de 2009

Liguei para ele


Sábado não aguentei. Um pastor amigo meu me emprestou a conta no Skype para eu ligar para o 'marido'.

Como ele não me ligava desde a páscoa, achei que precisava fazer isso, principalmente para pedir a procuração para o divórcio aqui no Brasil.

Foi aí que descobri que ele está há mais de um mês fora da cidade, depois de ter trabalhado um mês de graça para o tio dele. A princípio ele quis desligar, dizendo que estava difícil a ligação, depois que a bateria do celular estava acabando, mas a conversa durou 45 minutos sem a bateria acabar, e eu disse para ele, pelo menos, me respeitar, porque ele não ligava desde a páscoa e agora eu é que tinha ligado.

Falei sobre o divórcio e expliquei sobre a procuração. Ele perguntou se era isso que eu queria, porque se fosse ele faria e começaria a fazer seus planos (como se já não estivesse fazendo). Disse que estava planejando um futuro comigo (então por que quis casar em 2007?) e não quis falar sobre finanças ou o trabalho de graça para o tio e o amigo.

Ele não me respondeu quando perguntei se era certo ele ter uma cozinheira e eu não ter comida em casa. Disse que vai pensar sobre a procuração, mas pediu uma nova chance. Eu disse para ele que não é possível termos um futuro porque já não temos um presente juntos. Que já não somos casados, só existe papéis, mais nada.

O mais incrível é que meu pastor me chamou para conversar na sexta à tarde e a única coisa que disse sobre o C. é que ele prometia mas não cumpria. Na última vez que C. e eu tínhamos nos falado, ele me disse com todas as letras que já tinha tomado a decisão dele e que não queria morar no Brasil, e se viesse para cá era para me visitar.

Então, no sábado, depois dessa conversa sobre divórcio, ele me diz que falou para o pastor que vem morar no Brasil.

Primeiro: o pastor não me disse nada sobre isso.

Segundo: o próprio C. já tinha me dito que a decisão dele era final.

Terceiro: Mudou de idéia ao falar em divórcio?

Qual o jogo aqui?

Percebi que não tenho como fazer muita coisa mesmo.

Fiquei mal, porque ele me disse que se eu não estivesse doente, tudo estaria bem, e isso é mentira, porque ele já fazia o que queria lá em Moçambique, me deixando sozinha enquanto ía cuidar de graça do negócio dos outros, enquanto eu pagava todas as contas, isso já seria suficiente para um surto, tirando a violência entre nós.

E a psicoterapeuta tem tentado me convencer a não me divorciar, e eu me sinto presa e ao mesmo tempo incompreendida e abandonada, porque não tenho como explicar para ninguém o que acontece, nem como acontece.

Foi uma conversa difícil, mas não gritei, apenas chorei, porque não temos mais a capacidade de nos comunicar um com o outro, não há disposição e entendimento.

Eu só queria me ver livre disso, e não me sentir pisada, abusada em minhas emoções, desprezada em minhas necessidades.

Pensar sempre nos outros tem seu preço. Quando olho no espelho hoje, quase sempre vejo uma sombra desfigurada tentando se reconfigurar.

E não importa o que eu faça, a sombra está sempre lá;

Meu pastor disse que não quer que eu ensine na Igreja porque percebe uma incoerência em minha vida: falar do meu pai, do meu marido, dele mesmo. Que sou obediente, mas existe uma diferença entre submissão e obediência.

Ao mesmo tempo, esse mesmo pastor me autoriza a pregar em outras igrejas - para mim isso é uma incoerência.

Minha consciência não me permite mais essa vida - porque se não posso ensinar onde me conhecem, que coerência há em falar aos que não me conhecem?

Por outro lado, humanamente falando, de onde poderá vir meu sustento? Não quero usar a Palavra de Deus para ganhar dinheiro, quero dedicar-me inteiramente a estudá-la, vivê-la e ensiná-la, mas de algum lugar preciso comer.

Minha cabeça, meus pensamentos, por mais que eu saiba as respostas, me torturam.

Sou uma incoerência personificada.

Prego o que não vivo.

Sou uma casada sozinha.

Pago o que não devo.

Não supero expectativas.

Afinal, agora eu sou a responsável por tudo o que me aconteceu.

E o que eu ganhei, perdi, pelas escolhas que fiz.

3 comentários:

Lúcia disse...

Ficar olhando pro passado não adianta, é como chorar o leite derramado. O importante é fazer boas escolhas daqui pra frente. Se a sua vida está nas mãos de Deus vc não precisa se preocupar com ela, e também não se preocupe com o merecimento, nós não merecemos nada mesmo, Ele faz pq nos ama, apesar de nós mesmos. Sobre a visita, eu adoraria, mas essa semana não dá, meu sogro chega sexta e amanhã vou dar uma geral na casa. Mas semana q vem marcamos.
Bjão

mariana disse...

Somente Jesus sabe o que você sente.
E com certeza Ele também tem um comentário (palavra) sobre isto.
Que em nome de Jesus você consiga enxergar, ouvir e sentir o que Ele quer te dizer neste momento. Não tenho dúvidas que está será a direção que te libertará e trará paz. Aquela que excede todo entendimento.
Deus abençoe.
mari

Marivone disse...

A psicoterapeuta está tentando te convencer a não se divorciar? Que profissional é essa que quer tentar empurrar alguém para fazer alguma coisa... Super estranho isso.

Eu acho que você deve fazer o que seu coração mandar. Chato dizer isso, mas, se fosse meu caso, já teria dado as costas para esse figura.

Abração!

Tou começando a ficar com raiva do figura!!!!!!!!

;(

Liguei para ele


Sábado não aguentei. Um pastor amigo meu me emprestou a conta no Skype para eu ligar para o 'marido'.

Como ele não me ligava desde a páscoa, achei que precisava fazer isso, principalmente para pedir a procuração para o divórcio aqui no Brasil.

Foi aí que descobri que ele está há mais de um mês fora da cidade, depois de ter trabalhado um mês de graça para o tio dele. A princípio ele quis desligar, dizendo que estava difícil a ligação, depois que a bateria do celular estava acabando, mas a conversa durou 45 minutos sem a bateria acabar, e eu disse para ele, pelo menos, me respeitar, porque ele não ligava desde a páscoa e agora eu é que tinha ligado.

Falei sobre o divórcio e expliquei sobre a procuração. Ele perguntou se era isso que eu queria, porque se fosse ele faria e começaria a fazer seus planos (como se já não estivesse fazendo). Disse que estava planejando um futuro comigo (então por que quis casar em 2007?) e não quis falar sobre finanças ou o trabalho de graça para o tio e o amigo.

Ele não me respondeu quando perguntei se era certo ele ter uma cozinheira e eu não ter comida em casa. Disse que vai pensar sobre a procuração, mas pediu uma nova chance. Eu disse para ele que não é possível termos um futuro porque já não temos um presente juntos. Que já não somos casados, só existe papéis, mais nada.

O mais incrível é que meu pastor me chamou para conversar na sexta à tarde e a única coisa que disse sobre o C. é que ele prometia mas não cumpria. Na última vez que C. e eu tínhamos nos falado, ele me disse com todas as letras que já tinha tomado a decisão dele e que não queria morar no Brasil, e se viesse para cá era para me visitar.

Então, no sábado, depois dessa conversa sobre divórcio, ele me diz que falou para o pastor que vem morar no Brasil.

Primeiro: o pastor não me disse nada sobre isso.

Segundo: o próprio C. já tinha me dito que a decisão dele era final.

Terceiro: Mudou de idéia ao falar em divórcio?

Qual o jogo aqui?

Percebi que não tenho como fazer muita coisa mesmo.

Fiquei mal, porque ele me disse que se eu não estivesse doente, tudo estaria bem, e isso é mentira, porque ele já fazia o que queria lá em Moçambique, me deixando sozinha enquanto ía cuidar de graça do negócio dos outros, enquanto eu pagava todas as contas, isso já seria suficiente para um surto, tirando a violência entre nós.

E a psicoterapeuta tem tentado me convencer a não me divorciar, e eu me sinto presa e ao mesmo tempo incompreendida e abandonada, porque não tenho como explicar para ninguém o que acontece, nem como acontece.

Foi uma conversa difícil, mas não gritei, apenas chorei, porque não temos mais a capacidade de nos comunicar um com o outro, não há disposição e entendimento.

Eu só queria me ver livre disso, e não me sentir pisada, abusada em minhas emoções, desprezada em minhas necessidades.

Pensar sempre nos outros tem seu preço. Quando olho no espelho hoje, quase sempre vejo uma sombra desfigurada tentando se reconfigurar.

E não importa o que eu faça, a sombra está sempre lá;

Meu pastor disse que não quer que eu ensine na Igreja porque percebe uma incoerência em minha vida: falar do meu pai, do meu marido, dele mesmo. Que sou obediente, mas existe uma diferença entre submissão e obediência.

Ao mesmo tempo, esse mesmo pastor me autoriza a pregar em outras igrejas - para mim isso é uma incoerência.

Minha consciência não me permite mais essa vida - porque se não posso ensinar onde me conhecem, que coerência há em falar aos que não me conhecem?

Por outro lado, humanamente falando, de onde poderá vir meu sustento? Não quero usar a Palavra de Deus para ganhar dinheiro, quero dedicar-me inteiramente a estudá-la, vivê-la e ensiná-la, mas de algum lugar preciso comer.

Minha cabeça, meus pensamentos, por mais que eu saiba as respostas, me torturam.

Sou uma incoerência personificada.

Prego o que não vivo.

Sou uma casada sozinha.

Pago o que não devo.

Não supero expectativas.

Afinal, agora eu sou a responsável por tudo o que me aconteceu.

E o que eu ganhei, perdi, pelas escolhas que fiz.