sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Oração na noite


Mais do que nunca, hoje eu preciso escrever...
Acho que a saudade do frio e da chuva eu já matei (até mais do que devia), e agora há tanto prá pensar...
Paizinho, quando olho prá trás, para as lembranças e escritos de três anos atrás, NAQUELA época, puxa, o que foi que aconteceu? Parece que o George (o furacão que tem assolado o sul dos EUA) passou pela minha vida e, sei, não sou mais a mesma pessoa.
É tudo tão diferente e confuso. Confuso porque nada está sob controle (ou, pelo menos, sob o MEU controle), e diferente, muito diferente do que eu poderia imaginar.
Hoje faz um mês que o M. casou. Como eu sinto a falta dele! Se tem alguém que conseguiu deixar uma profunda marca e uma grande saudade quando partiu, esse alguém foi o M.. Ah, Pai, cuida dele! Dá-lhe alegria, onde quer que ele esteja, e abençoa sua nova família com amor e paz sem fim. Tu sabes como ele é especial e merece muito mais do que isso.
Cheguei a pensar no E. também, mas concluí que, no final das contas, o que aconteceu foi que eu havia me acostumado (eta, costume bom) com a idéia de ficar com ele. Ele estava lá, eu aqui. Quando a gente se encontrava, saíam algumas faíscas que poderiam repercutir em beijos ou numa boa briga. Tudo era muito inconstante, e eu sofri prá caramba, principalmente por nunca estar certa de nossa situação. Foi tão difícil, mas eu não tinha coisa melhor...
O S. não lembra ao certo como nos conhecemos. Eu não consigo esquecer a imagem dele entrando na Igreja e sentando numa das cadeiras em nosso círculo. Ele estava de jeans azul. Ele diz que só lembra o dia em que conversamos pela primeira vez (e isso foi só duas semanas depois), no culto em que testemunhei e o Pr. M. fez o apelo missionário (e ele foi lá prá frente). engraçado, não lembro de ter conversado com ele naquela noite...
É tudo muito esquisito prá mim, até parece uma novela! Graças a Deus não houve nenhum desencontro (pelo menos até aqui).
Ah, Pai, me perdoe, esse “Graças a Deus” virou uma mania tão comum que até perdeu a Tua personalidade! Graças ao Senhor, a Ti, o meu Deus, é que estamos bem até hoje!
Muito obrigada pelos brincos que ganhei do pai hoje, são lindos! Obrigada pelos papéis de presente e o cartão que pude comprar (para mais tarde dar para o S.).
Eu me sinto tão cautelosa quanto a esse relacionamento que parece que estou andando sobre ovos: qualquer gesto, qualquer diferença, procuro observar e pensar bem se não há nada errado, e qualquer coisinha eu já sinto que ele vai vir e dizer que não é isso, que pensou melhor, que não me ama mais...
Será que irei sofrer tudo outra vez? Será que vai demorar prá chegar a hora em que eu poderei me sentir segura nos braços de alguém? Será que vale a pena confiar e descansar agora? Como saberei a hora certa de agir, de dar o passo seguinte?
Ah, Jesus, eu tenho tanto medo...
medo de ser rejeitada novamente;
medo de ser humilhada novamente;
medo de ser posta em segundo plano novamente;
medo, muito medo de não ser amada;
medo de viver na incerteza, e ter de conviver com ela mantendo aparente segurança;
medo de não suportar outro relacionamento;
medo de não saber portar-me sabiamente numa relação;
medo de magoar o S.;
medo de iludí-lo, pintando-me como não sou na realidade;
medo de revelar-me a ele;
medo do que ele pode me revelar;
sim, Deus, eu tenho muito medo, também por nós dois, nossas vidas, nossas escolhas, medo de sentir dor, medo de partir, medo de sofrer, medo, medo, medo...
E finalmente consigo descrever e resumir o que se passa dentro de mim. É isso, Pai, e nada mais.
Me ajuda, Senhor, a pensar numa coisa de cada vez, ser prudente – sim – mas também ousada quando necessário! Ajuda-me a não temer o desconhecido; dá-me sabedoria e graça a fim de não me portar inconvenientemente.
É, eu adoraria me casar com o S., mas acho cedo e difícil demais afirmar isso publicamente. Minha vida não é mais a mesma, e eu não tenho mais dezesseis anos (sem compromissos ou responsabilidades a longo prazo). Eu cresci, não é, Paizinho? O Senhor fez-me grande, mais velha, e eu nem percebi. Eu olho minhas coisas e às vezes nem acredito que tenho tudo isso!
Eu já estou andando de avião sozinha, retirando dinheiro no cartão, fazendo compras, economizando, planejando cortinas prá nova casa, pensando em filhos...Olha só o que aconteceu comigo!!!
Será que eu vou entrar na UnB? Será que eu vou dar conta da faculdade?
E aí eu penso no S., em como nossos caminhos se cruzaram e ainda são tão diferentes...
Olha, Pai, Jesus foi suficiente prá restabelecer a comunhão antes perdida, e consertar o caminho obscuro da minha vida. Não sei o dia de amanhã, não sei quando voltarás prá nos buscar, não sei Tua vontade clara a respeito do meu relacionamento com o S., minha (ou nossa?) filiação à ALEM, minha entrada na Universidade e o trabalho de campo. O que sei é que me amas, me perdoas pela inconstância e medo, e quer o melhor para mim.
O que sei é que já venceste todas as barreiras e já pagaste o preço do meu sofrimento. Se tenho que sofrer, que seja por Ti somente, se tenho que morrer (ou viver) que seja para a Tua glória, pois Tens o nome que está acima de todo nome, és Jesus, és o meu Deus!
A Ti entrego todas estas preocupações e ansiedades. A Ti consagro cada um de meus pensamentos, cada atitude e cada palavra que eu pronunciar, pois sei que cuidarás de defletorizar minha vida como bem Te apraz.
Sê comigo nesta noite, e pelo resto de minha vida...


(28 de setembro de 1998)

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Oração na noite


Mais do que nunca, hoje eu preciso escrever...
Acho que a saudade do frio e da chuva eu já matei (até mais do que devia), e agora há tanto prá pensar...
Paizinho, quando olho prá trás, para as lembranças e escritos de três anos atrás, NAQUELA época, puxa, o que foi que aconteceu? Parece que o George (o furacão que tem assolado o sul dos EUA) passou pela minha vida e, sei, não sou mais a mesma pessoa.
É tudo tão diferente e confuso. Confuso porque nada está sob controle (ou, pelo menos, sob o MEU controle), e diferente, muito diferente do que eu poderia imaginar.
Hoje faz um mês que o M. casou. Como eu sinto a falta dele! Se tem alguém que conseguiu deixar uma profunda marca e uma grande saudade quando partiu, esse alguém foi o M.. Ah, Pai, cuida dele! Dá-lhe alegria, onde quer que ele esteja, e abençoa sua nova família com amor e paz sem fim. Tu sabes como ele é especial e merece muito mais do que isso.
Cheguei a pensar no E. também, mas concluí que, no final das contas, o que aconteceu foi que eu havia me acostumado (eta, costume bom) com a idéia de ficar com ele. Ele estava lá, eu aqui. Quando a gente se encontrava, saíam algumas faíscas que poderiam repercutir em beijos ou numa boa briga. Tudo era muito inconstante, e eu sofri prá caramba, principalmente por nunca estar certa de nossa situação. Foi tão difícil, mas eu não tinha coisa melhor...
O S. não lembra ao certo como nos conhecemos. Eu não consigo esquecer a imagem dele entrando na Igreja e sentando numa das cadeiras em nosso círculo. Ele estava de jeans azul. Ele diz que só lembra o dia em que conversamos pela primeira vez (e isso foi só duas semanas depois), no culto em que testemunhei e o Pr. M. fez o apelo missionário (e ele foi lá prá frente). engraçado, não lembro de ter conversado com ele naquela noite...
É tudo muito esquisito prá mim, até parece uma novela! Graças a Deus não houve nenhum desencontro (pelo menos até aqui).
Ah, Pai, me perdoe, esse “Graças a Deus” virou uma mania tão comum que até perdeu a Tua personalidade! Graças ao Senhor, a Ti, o meu Deus, é que estamos bem até hoje!
Muito obrigada pelos brincos que ganhei do pai hoje, são lindos! Obrigada pelos papéis de presente e o cartão que pude comprar (para mais tarde dar para o S.).
Eu me sinto tão cautelosa quanto a esse relacionamento que parece que estou andando sobre ovos: qualquer gesto, qualquer diferença, procuro observar e pensar bem se não há nada errado, e qualquer coisinha eu já sinto que ele vai vir e dizer que não é isso, que pensou melhor, que não me ama mais...
Será que irei sofrer tudo outra vez? Será que vai demorar prá chegar a hora em que eu poderei me sentir segura nos braços de alguém? Será que vale a pena confiar e descansar agora? Como saberei a hora certa de agir, de dar o passo seguinte?
Ah, Jesus, eu tenho tanto medo...
medo de ser rejeitada novamente;
medo de ser humilhada novamente;
medo de ser posta em segundo plano novamente;
medo, muito medo de não ser amada;
medo de viver na incerteza, e ter de conviver com ela mantendo aparente segurança;
medo de não suportar outro relacionamento;
medo de não saber portar-me sabiamente numa relação;
medo de magoar o S.;
medo de iludí-lo, pintando-me como não sou na realidade;
medo de revelar-me a ele;
medo do que ele pode me revelar;
sim, Deus, eu tenho muito medo, também por nós dois, nossas vidas, nossas escolhas, medo de sentir dor, medo de partir, medo de sofrer, medo, medo, medo...
E finalmente consigo descrever e resumir o que se passa dentro de mim. É isso, Pai, e nada mais.
Me ajuda, Senhor, a pensar numa coisa de cada vez, ser prudente – sim – mas também ousada quando necessário! Ajuda-me a não temer o desconhecido; dá-me sabedoria e graça a fim de não me portar inconvenientemente.
É, eu adoraria me casar com o S., mas acho cedo e difícil demais afirmar isso publicamente. Minha vida não é mais a mesma, e eu não tenho mais dezesseis anos (sem compromissos ou responsabilidades a longo prazo). Eu cresci, não é, Paizinho? O Senhor fez-me grande, mais velha, e eu nem percebi. Eu olho minhas coisas e às vezes nem acredito que tenho tudo isso!
Eu já estou andando de avião sozinha, retirando dinheiro no cartão, fazendo compras, economizando, planejando cortinas prá nova casa, pensando em filhos...Olha só o que aconteceu comigo!!!
Será que eu vou entrar na UnB? Será que eu vou dar conta da faculdade?
E aí eu penso no S., em como nossos caminhos se cruzaram e ainda são tão diferentes...
Olha, Pai, Jesus foi suficiente prá restabelecer a comunhão antes perdida, e consertar o caminho obscuro da minha vida. Não sei o dia de amanhã, não sei quando voltarás prá nos buscar, não sei Tua vontade clara a respeito do meu relacionamento com o S., minha (ou nossa?) filiação à ALEM, minha entrada na Universidade e o trabalho de campo. O que sei é que me amas, me perdoas pela inconstância e medo, e quer o melhor para mim.
O que sei é que já venceste todas as barreiras e já pagaste o preço do meu sofrimento. Se tenho que sofrer, que seja por Ti somente, se tenho que morrer (ou viver) que seja para a Tua glória, pois Tens o nome que está acima de todo nome, és Jesus, és o meu Deus!
A Ti entrego todas estas preocupações e ansiedades. A Ti consagro cada um de meus pensamentos, cada atitude e cada palavra que eu pronunciar, pois sei que cuidarás de defletorizar minha vida como bem Te apraz.
Sê comigo nesta noite, e pelo resto de minha vida...


(28 de setembro de 1998)