sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Viagens pela vida

Em 1995 continuei lecionando a disciplina de Ensino religioso na Escola Estadual, só que desta vez para quatorze turmas de pré, primeira, segunda séries e a turma com necessidades especiais.
Durante o segundo ano do Magistério elaborei uma pesquisa na área de retardamento mental infantil e de fonologia aplicada, bem como exerci um trabalho voluntário numa casa de recuperação para adultos marginalizados.

No intuito de aproveitar meus momentos escolares para compartilhar do evangelho da graça de Deus, numa aula de inglês em que o professor debatia conosco uma maneira diferente de proporcionar-nos uma avaliação, já que era época de páscoa, dei a idéia de cantarmos a música “Oh, happy day” como um coral para toda o colégio do período da tarde, e assim ele avaliaria nosso inglês.
E não é que ele e a turma gostaram da idéia? Resultado: tive que ir atrás da letra da música, assumir o papel do “maestro” (que a Woopy Goldberg fez em “Mudança de hábito” – só que sem o hábito) e ainda preparar uma palavra introdutória à apresentação. Na verdade, a idéia saiu “sem querer” porque, além de eu não ser naturalmente uma pessoa criativa, não achava que iriam acatar.
Na época eu lia o livro “Sal fora do saleiro”, de Caio Fábio D’Araújo Filho, que me deu boas idéias do que dizer naquela apresentação que, diga-se de passagem, foi DEZ! Fomos muito aplaudidos e o nome de Jesus foi glorificado naquela manhã.
Foi mais ou menos nessa época em que fui convidada para fazer parte da liderança dos jovens, juntamente com o M., com o C. e a B..
Comecei a trabalhar na Casa de Recuperação Esperança em Pinhais, junto com o Pastor M.. Lá eu ajudava, basicamente, na limpeza, e emprestava fitas K7 de rock cristão para os rapazes. Fiz uma boa amizade com o A. (filho da sócia do Pr. M.) e com o A. (ex drogado e agora obreiro na casa).
Mais tarde ainda tentei ministrar aulas de Bíblia para os meninos de rua de Pinhais, mas não dei conta, já que eram só meninos e todos sem acompanhamento espiritual e psicológico. Cheguei chorando compulsivamente em casa, prá nunca mais voltar. Fracassei.

Um trauma - Lembro da vez em que o pai ía ao banco e me deu carona até a escola prá tirar xerox e disse que me pegaria na volta. Lembro que, como demorei, quando percebi que ele estava demorando muito, pensei que ele já tinha vindo e ido embora. Esperei meia hora, acho, aí me desesperei, com medo de ter demorado demais. Fui às pressas prá casa e, chegando lá, não vendo o pai, pensei que ele poderia estar na escola, voltei e nada. Voltei mais uma vez prá casa, chorando, preocupada. Muito tempo depois, quando eu já tomava um achocolatado prá me acalmar, o pai chega e, só então, lembra que tinha marcado comigo. Fui esquecida. Na correria, ele lembrou de outros lugares prá ir e esqueceu, coisa normal em nossos dias, mas como marcam a vida daquele que foi esquecido.
Para um trabalho de biologia educacional sobre os distúrbios mentais, decidi fazer uma visita à Associação Ecumênica de Assitência ao Excepcional, onde tive um primeiro e emocionante contato com portadores da Síndrome de Down. Fiz um trabalho bem completo e me senti atraída para esse tipo de trabalho, mesmo não havendo continuidade para ele.

Por convicção e decisão pessoal, saí do grupo de King’s Kids e fui aceita no grupo de missionários adultos da JOCUM, participando de uma escola de inverno em Foz do Iguaçu e Paraguai. Foi uma delícia, e pude me sentir mais responsável dentro do meio missionário. Do Paraguai trouxe três bichinhos de pelúcia: um cachorrinho para a minha irmã, um macaquinho para o M. e outro cachorrinho para o E..
Lembro que, quando fui entregar o macaquinho para o M., aproveitei e contei-lhe de minha situação com o E.. A reação dele foi estranha, mas nada mudou entre a gente – pelo menos não naquela época.
Foi neste ano que conheci efetivamente o trabalho de A. P., meu verdadeiro mentor no que diz respeito a evangelismo e missões. Ele fazia parte do Conselho do Colégio onde eu estudava e era membro dos Gideões, movimento para evangelização e distribuição de Novos Testamentos em escolas outras organizações. Numa vez em que ele veio distribuir aquele livrinho de capa cinza em minha sala, fui direto falar com ele e de meu chamado missionário. A partir dali surgiu um projeto audacioso de estabelecer um Clube Bíblico uma vez por semana no intervalo das aulas no período da manhã no colégio, e eu ganhei um dos maiores amigos que já tive.
A partir daí, me envolvi também com o trabalho da Mocidade Para Cristo (MPC), que fornecia treinamentos e dava apoio para clubes bíblicos nas escolas e universidades.
Cheguei a visitar os jovens da Igreja Luterana, da qual tínhamos saído. Lá, reencontrei o R., que demonstrou ainda sentir algo por mim. Ele me acompanhou até o grupo de jovens da Shalom e, lá, me pediu um beijo. Matei a vontade da infância, mas não permiti que nos encontrássemos de novo. Não estava pronta para levar nada adiante naquela época.
No fim do ano, uma professora da Escola Estadual em especial pediu a meu supervisor que eu fosse mandada embora do cargo como conseqüência de ter feito os alunos copiarem os dez mandamentos como eles estão escritos em Êxodo 20. Essa mesma professora requisitou que as crianças arrancassem a folha na qual essa passagem tinha sido copiada. Ela nunca veio me dizer o porquê disso, mas meu supervisor, K., me “despediu” do trabalho voluntário. Era um trabalho que eu amava, e senti muito por isso.
Nesse ano trabalhei como líder dos jovens juntamente com o M., o C. e a B.. No fim do ano acabei fazendo um único número do Jornal Shalom LSD (Louvado Seja Deus), sozinha, datilografado, colado e “xerocado”, anunciando nosso jantar de encerramento, com o tema ‘A dama e o vagabundo’, em que devíamos ir a caráter.

Mais um ano da minha vida - uma página de aventuras nos meus 16 anos de idade.

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Viagens pela vida

Em 1995 continuei lecionando a disciplina de Ensino religioso na Escola Estadual, só que desta vez para quatorze turmas de pré, primeira, segunda séries e a turma com necessidades especiais.
Durante o segundo ano do Magistério elaborei uma pesquisa na área de retardamento mental infantil e de fonologia aplicada, bem como exerci um trabalho voluntário numa casa de recuperação para adultos marginalizados.

No intuito de aproveitar meus momentos escolares para compartilhar do evangelho da graça de Deus, numa aula de inglês em que o professor debatia conosco uma maneira diferente de proporcionar-nos uma avaliação, já que era época de páscoa, dei a idéia de cantarmos a música “Oh, happy day” como um coral para toda o colégio do período da tarde, e assim ele avaliaria nosso inglês.
E não é que ele e a turma gostaram da idéia? Resultado: tive que ir atrás da letra da música, assumir o papel do “maestro” (que a Woopy Goldberg fez em “Mudança de hábito” – só que sem o hábito) e ainda preparar uma palavra introdutória à apresentação. Na verdade, a idéia saiu “sem querer” porque, além de eu não ser naturalmente uma pessoa criativa, não achava que iriam acatar.
Na época eu lia o livro “Sal fora do saleiro”, de Caio Fábio D’Araújo Filho, que me deu boas idéias do que dizer naquela apresentação que, diga-se de passagem, foi DEZ! Fomos muito aplaudidos e o nome de Jesus foi glorificado naquela manhã.
Foi mais ou menos nessa época em que fui convidada para fazer parte da liderança dos jovens, juntamente com o M., com o C. e a B..
Comecei a trabalhar na Casa de Recuperação Esperança em Pinhais, junto com o Pastor M.. Lá eu ajudava, basicamente, na limpeza, e emprestava fitas K7 de rock cristão para os rapazes. Fiz uma boa amizade com o A. (filho da sócia do Pr. M.) e com o A. (ex drogado e agora obreiro na casa).
Mais tarde ainda tentei ministrar aulas de Bíblia para os meninos de rua de Pinhais, mas não dei conta, já que eram só meninos e todos sem acompanhamento espiritual e psicológico. Cheguei chorando compulsivamente em casa, prá nunca mais voltar. Fracassei.

Um trauma - Lembro da vez em que o pai ía ao banco e me deu carona até a escola prá tirar xerox e disse que me pegaria na volta. Lembro que, como demorei, quando percebi que ele estava demorando muito, pensei que ele já tinha vindo e ido embora. Esperei meia hora, acho, aí me desesperei, com medo de ter demorado demais. Fui às pressas prá casa e, chegando lá, não vendo o pai, pensei que ele poderia estar na escola, voltei e nada. Voltei mais uma vez prá casa, chorando, preocupada. Muito tempo depois, quando eu já tomava um achocolatado prá me acalmar, o pai chega e, só então, lembra que tinha marcado comigo. Fui esquecida. Na correria, ele lembrou de outros lugares prá ir e esqueceu, coisa normal em nossos dias, mas como marcam a vida daquele que foi esquecido.
Para um trabalho de biologia educacional sobre os distúrbios mentais, decidi fazer uma visita à Associação Ecumênica de Assitência ao Excepcional, onde tive um primeiro e emocionante contato com portadores da Síndrome de Down. Fiz um trabalho bem completo e me senti atraída para esse tipo de trabalho, mesmo não havendo continuidade para ele.

Por convicção e decisão pessoal, saí do grupo de King’s Kids e fui aceita no grupo de missionários adultos da JOCUM, participando de uma escola de inverno em Foz do Iguaçu e Paraguai. Foi uma delícia, e pude me sentir mais responsável dentro do meio missionário. Do Paraguai trouxe três bichinhos de pelúcia: um cachorrinho para a minha irmã, um macaquinho para o M. e outro cachorrinho para o E..
Lembro que, quando fui entregar o macaquinho para o M., aproveitei e contei-lhe de minha situação com o E.. A reação dele foi estranha, mas nada mudou entre a gente – pelo menos não naquela época.
Foi neste ano que conheci efetivamente o trabalho de A. P., meu verdadeiro mentor no que diz respeito a evangelismo e missões. Ele fazia parte do Conselho do Colégio onde eu estudava e era membro dos Gideões, movimento para evangelização e distribuição de Novos Testamentos em escolas outras organizações. Numa vez em que ele veio distribuir aquele livrinho de capa cinza em minha sala, fui direto falar com ele e de meu chamado missionário. A partir dali surgiu um projeto audacioso de estabelecer um Clube Bíblico uma vez por semana no intervalo das aulas no período da manhã no colégio, e eu ganhei um dos maiores amigos que já tive.
A partir daí, me envolvi também com o trabalho da Mocidade Para Cristo (MPC), que fornecia treinamentos e dava apoio para clubes bíblicos nas escolas e universidades.
Cheguei a visitar os jovens da Igreja Luterana, da qual tínhamos saído. Lá, reencontrei o R., que demonstrou ainda sentir algo por mim. Ele me acompanhou até o grupo de jovens da Shalom e, lá, me pediu um beijo. Matei a vontade da infância, mas não permiti que nos encontrássemos de novo. Não estava pronta para levar nada adiante naquela época.
No fim do ano, uma professora da Escola Estadual em especial pediu a meu supervisor que eu fosse mandada embora do cargo como conseqüência de ter feito os alunos copiarem os dez mandamentos como eles estão escritos em Êxodo 20. Essa mesma professora requisitou que as crianças arrancassem a folha na qual essa passagem tinha sido copiada. Ela nunca veio me dizer o porquê disso, mas meu supervisor, K., me “despediu” do trabalho voluntário. Era um trabalho que eu amava, e senti muito por isso.
Nesse ano trabalhei como líder dos jovens juntamente com o M., o C. e a B.. No fim do ano acabei fazendo um único número do Jornal Shalom LSD (Louvado Seja Deus), sozinha, datilografado, colado e “xerocado”, anunciando nosso jantar de encerramento, com o tema ‘A dama e o vagabundo’, em que devíamos ir a caráter.

Mais um ano da minha vida - uma página de aventuras nos meus 16 anos de idade.