segunda-feira, 30 de março de 2020

O cristianismo não oferece respostas sobre o coronavírus. Não se espera isso dele.



N.T. WRIGHT

Para muitos cristãos, as limitações da vida induzidas pelo coronavírus chegaram ao mesmo tempo que a Quaresma, a época tradicional de abstinência e jejum. Mas os novos regulamentos rígidos - sem teatro, escolas fechando, prisão domiciliar virtual para maiores de 70 anos - zombam de nossas pequenas disciplinas quaresmais. Ficar sem uísque ou chocolate é brincadeira de criança em comparação a não ver amigos ou netos ou ir ao pub, à biblioteca ou à igreja.

Há uma razão pela qual normalmente tentamos nos encontrar pessoalmente. Há uma razão para o confinamento solitário ser um castigo tão severo. E esta Quaresma não tem Páscoa fixa pela qual esperar. Não podemos marcar os dias. Esta é uma quietude, não de descanso, mas de tristeza equilibrada e ansiosa.

Sem dúvida, os suspeitos comuns e tolos nos questionarão por que Deus está fazendo isso conosco. Uma punição? Um aviso? Um sinal? Essas são reações cristãs em uma cultura que, gerações atrás, adotou o racionalismo: tudo deve ter uma explicação. Mas supondo que não há explicação? Supondo que a verdadeira sabedoria humana não significa ser capaz de reunir algumas especulações duvidosas e dizer: "Então está tudo bem então?" E se, afinal, houver momentos como T. S. Eliot reconheceu no início dos anos 1940, quando o único conselho é esperar sem esperança, porque estaremos esperando a coisa errada?

Os racionalistas (incluindo os racionalistas cristãos) querem explicações; Os românticos (incluindo os românticos cristãos) querem um suspiro de alívio. Mas talvez o que precisamos mais do que qualquer um seja recuperar a tradição bíblica de lamento. Lamento é o que acontece quando as pessoas perguntam: "Por quê?" e não obtém resposta. É para onde chegamos quando superamos nossa preocupação egocêntrica com nossos pecados e falhas e examinamos de maneira mais ampla o sofrimento do mundo. Já é ruim o suficiente enfrentar uma pandemia na cidade de Nova York ou Londres. Que tal um campo de refugiados lotado em uma ilha grega? E quanto a Gaza? Ou Sudão do Sul?

Nesse ponto, os Salmos, o próprio hinário da Bíblia, retornam aos seus, justamente quando algumas igrejas parecem ter desistido deles. “Sê benevolente comigo, Senhor”, reza o sexto Salmo, “pois estou definhando; Ó Senhor, cure-me, pois meus ossos estão tremendo de terror." "Por que você fica longe, ó Senhor?" pergunta o décimo salmo, queixoso. "Por que você se esconde em tempos de problemas?" E assim continua: “Até quando, ó Senhor? Você vai me esquecer para sempre?" (Salmo 13). E ainda mais aterrorizante, porque o próprio Jesus citou em sua agonia na cruz: "Meu Deus, meu Deus, por que você me abandonou?" (Salmo 22).

Sim, esses poemas costumam vir à luz no fim, com um novo senso da presença e esperança de Deus, não para explicar o problema, mas para tranquilizá-lo. Mas às vezes eles seguem o outro caminho. O Salmo 89 começa por celebrar as bondades e promessas de Deus e, de repente, muda e declara que tudo deu terrivelmente errado. E o Salmo 88 começa na miséria e termina na escuridão: “Você fez com que amigo e vizinho me evitassem; meus companheiros estão na escuridão." Uma palavra para os nossos tempos isolados.

O ponto de lamento, tecido assim no tecido da tradição bíblica, não é apenas uma saída para nossa frustração, tristeza, solidão e pura incapacidade de entender o que está acontecendo ou por quê. O mistério da história bíblica é que Deus também lamenta. Alguns cristãos gostam de pensar em Deus como acima de tudo, sabendo tudo, encarregado de tudo, calmo e não afetado pelos problemas de seu mundo. Essa não é a imagem que temos na Bíblia.

Deus se entristeceu com seu coração, declara Gênesis, pela violenta maldade de suas criaturas humanas. Ele ficou arrasado quando sua própria noiva, o povo de Israel, se afastou dele. E quando Deus voltou ao seu povo pessoalmente - a história de Jesus não tem sentido, a menos que seja disso que se trata - ele chorou no túmulo de seu amigo. São Paulo fala do Espírito Santo "gemendo" dentro de nós, como nós mesmos gememos na dor de toda a criação. A doutrina antiga da Trindade nos ensina a reconhecer o Deus Único nas lágrimas de Jesus e na angústia do Espírito.

Portanto, não faz parte da vocação cristã ser capaz de explicar o que está acontecendo e o porquê. De fato, faz parte da vocação cristã não poder explicar - e lamentar. À medida que o Espírito lamenta dentro de nós, também nos tornamos, mesmo em nosso auto-isolamento, pequenos santuários onde a presença e o amor curador de Deus podem habitar. E disso podem surgir novas possibilidades, novos atos de bondade, nova compreensão científica, nova esperança. Nova sabedoria para nossos líderes? Agora, há uma ideia.

Texto original em:

https://time.com/5808495/coronavirus-christianity/?fbclid=IwAR3cN6EfvuQUdsU_zSQgy1BXGgodJGV3hUWJ1fNOqruT3_6Krro1xneprP8




Tradução de Angela Natel​

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sábado, 28 de março de 2020

Ideolatria


Não conheço um dono da verdade que não seja violento. E não conheço nenhum caridoso que não tenha respeito generoso pelos que discordam. De qualquer ângulo, a conta é alta.
Ideolatria foi uma invenção brega, bélica, que, ironicamente, vai passar na história contra quem usou: violência estúpida.
Quando eu falo violência não estou falando de nenhum calor, nenhuma fala séria, grave, nem de vocabulário. Estou falando de uma verdade que aniquila. Verdade opressora.
Idolatria é uma tentação. Isto é: eu conheço por dentro. Esta próximo de mim.
Mas, quando uma acusação, pode ser muito violenta: quando se chama cristãos de idólatras tem muita coisa implicada.
Chamaram o Ariovaldo assim porque ele tinha interpretação diferente do cenário político. Não tem um deles capaz de provar que o Ariovaldo abriu mão de Cristo. É uma acusação desonesta demais. Temeraria. Não imagino um justo capaz de comete la.
Se eles cressem em Deus de verdade, temeriam o Juízo. Um cristão que faz pouco caso da justiça, um dia fará muito caso. A verdade é que não crêem. A consciência não deixaria. Não se pode dormir em paz sendo tão estupidamente injusto.
Mas agora temos um cenário que deveria-nos fazer pensar em idolatria:
As pessoas estão colocando uma crença aleatória por cima da própria sobrevivência, da sua saúde e dos seus, da vida. Negam os especialistas em nome da crença. Negam a ciência do mundo inteiro. Negam a liderança política de todo o globo. Minimizam os riscos. Até o clima do Brasil diferente da Itália vira argumento ao preço de palpite aleatório infundado. Com essa conta, arriscam tudo. Recusam a enxergar que todo o mundo também está preocupado com a economia. Todas as ações visam a saúde e vida em primeiro lugar, e a economia dentro do possível.
Primeiro, se sobrevive. Depois tenta se manter financeiramente. Uma questão de prioridade. Não é uma oposição absoluta. Ninguém internado se preocupa com a ausência no trabalho. Mas nao se descarta a economia. Trilhões estão sendo investidos no mundo para economia. Esse discurso é falso. Ninguém está desprezando o valor da economia.
O custo são vidas. Não se pode arriscar. O preço é alto quando ele custa nosso pais e avós.
Essa desconexão com a realidade, negação radical e insistente, baseado em bafo; ideias com risco de vidas, isso, isso sim, pode ser idolatria.
Ter que provar que a Terra não é plana é uma discussão mais legítima. Com toda estranheza. Com toda conspiração infundada. Mas nao custa sangue.
Trump pediu hoje que se produza come rapidez mais respiradores.
Não se tem em que se sustentar.
Vai negar o sangue para manter suas crenças.
Uma pessoa normal, anda sobre os pés. Mas estamos diante de um exército de pessoas que andam sob a cabeça, invertidos.
Chesterton estava certo quando disse que o louco é o que perdeu tudo exceto a razão.
Os donos da verdade não precisam de ciência, não precisam estudar, não precisa testar suas ideias. Elas são "reais" desde que eles acreditem.
Nelson Rodrigues disse que o canalha precisa de uma ideologia para se justificar. Hoje em nome de uma contra ideologia se justifica tudo. Se você diz algo como "o PT vê a China com muito bons olhos", não vai importar o dado objetivo: a importância da parceria comercial que a China tem para o país. Contra o país, maqueado de nacionalismo, se pode passar a ver a China (por mera intuição de que a verdade é a negação do inimigo), com antipatia.
O horizonte de negação exime de pensar. Basta se opor a Globo, à Folha, ao PT, a esquerda, ao comunismo.

Eric Cunha via Facebook

quinta-feira, 26 de março de 2020

Da desumanização para a humanização


Nossa hermenêutica é desafiada diariamente por Cristo.
Somos desumanizados na medida em que nosso fazer teológico se institucionaliza.
Nos distanciamos de nossa humanidade e nos tornamos seres institucionais ao defendermos uma gnose. Somos extremamente gnósticos nesse sentido: porque defendemos dogmas, paradigmas, defendemos confissões a respeito de algo e não defendemos algo.
E nos distanciamos da vida e nos desumanizamos no processo.
A gente deixa de ser como Cristo, deixa de encarnar a realidade e colocar o sapato do outro, como Cristo fez, prá defender dogmas, doutrinas.
É por isso que a nossa teologia é irrelevante ao Zeitgeist (o espírito deste tempo).
E quando ouvimos que é aceitável que morra um certo número de pessoas, isso soa como apenas um número para nós - porque a nossa perspectiva é institucional, não é humana.
Eu creio que Cristo veio para nos tornar humanos, verdadeiramente humanos, para expressarmos a imagem de Deus. E o processo de conversão é voltar os nossos olhos prá Cristo e sermos como ele.
Aí, sim a gente vai ter que sentir a dor do outro, vai ter que olhar cada vida com o valor que ela tem prá Deus.
Angela Natel

Leitura da semana: trecho de Teologia &. Negritude, de Emiliano João e D...

quarta-feira, 25 de março de 2020

QUANTAS PESSOAS VOCÊ ACHA RAZOÁVEL MORRER COM O CORONAVIRUS?


2018 FOI ONTEM

Não era preciso ser profeta nem vidente para saber que o governo Bolsonaro seria nocivo à sociedade brasileira. Decidi republicar os posts que fiz em Outubro de 2018 para relembrar aquilo que o Bolsonaro fazia questão de gritar a todos e esfregar na cara de todos, ou seja, não havia nada escondido, portanto, não deveria haver nenhuma surpresa para o que estamos vendo. No meio evangélico em que convivo, alguns persistem em enaltecer Bolsonaro e colocar toda a culpa na mídia. Outros continuam dizendo que no contexto do segundo turno, o voto em Bolsonaro era a única opção e que o que vemos hoje não era previsível, portanto não adianta olhar para 2018 a partir de agora, pois é uma avaliação que fazemos somente olhando pelo retrovisor. Ainda outros decidiram abandonar o barco e se colocar como críticos de Bolsonaro.
Neste último caso, trata-se especificamente de Guilherme de Carvalho, que fez parte do governo e tem uma posição influente no meio evangélico conservador. Em seu texto longo (18 páginas!) na Gazeta do Povo, ele diz que o governo de Bolsonaro, assim como a ideologia Bolsolavista, é anti-cristão. Ele está certo. Existem muitos problemas nesse texto do Guilherme de Carvalho, que tratarei numa próxima ocasião. Mas está aqui o outro motivo para ter decidido republicar aqui meus posts de 2018: aponto aqui diversas características anti-cristãs daquilo que Bolsonaro sempre defendeu como seus (anti-)valores.
No texto do Guilherme de Carvalho ele aponta as seguintes características como sendo anti-cristãs: 1- espírito revanchista e cheio de ressentimento, e carente de qualquer movimento dialógico e reconciliatório; 2- desprezo pelas instituições e a tentativa de governar manipulando as massas contra outras autoridades públicas; 3- desprezo pela imprensa e pela comunidade acadêmica e científica; 4- nacionalismo; 5- descuido pela pessoa humano e pelo meio ambiente, especialmente o descompromisso com os vulneráveis; 6-celebração simbólica da violência. Em meus posts eu só abordei os pontos 5 e 6, pois dei um caráter pessoal para minha crítica, como vocês verão. Mas é claro que os pontos 1-4 eram totalmente evidentes até muito antes das campanhas de 2018.
No teor de minha crítica, fui além do Guilherme de Carvalho, pois considero os (anti-)valores de Bolsonaro não somente como anti-cristãos, mas sacrílegos, uma zombaria com aquilo que é sagrado para nós, cristãos. Algo próximo daquilo que ele chama de blasfêmia do nome de Deus. Enquanto Guilherme de Carvalho, ainda hoje, acha que somente ateus e laicistas poderiam ver algum problema no slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, eu já indicava a blasfêmia disso, caracterizando-o como sacrilégio. Na época, o mesmo grupo de aplaude o texto do Guilherme de Carvalho não deu bola para o que escrevi. Existe alguma desonestidade intelectual aí, e uma lealdade de grupo injustificável. Algo que tratarei num texto futuro. Mais ainda, Guilherme de Carvalho, em seu texto, coloca todas as críticas a Bolsonaro, menos a dele é claro, e as avaliações de que esse seria o destino de seu governo, como mera histeria de uma esquerda identitária e fascista. Pois bem, sigam essa viagem no tempo, com alguns pequenos acréscimos a partir do que estamos vivendo hoje. Trata-se da minha opinião que não sendo de esquerda, nem identitário, nem fascista, nem histérico, mas que fez uma análise teológica e política crítica a Bolsonaro a partir de minha identidade como pai adotivo, missionário na área de assistência social a crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social, e cristão, ou seja, uma pessoa que, na narrativa criada por Guilherme de Carvalho, não existe, por isso mesmo é que ele ignorará tanto as minhas críticas atuais como ignorou minha crítica na época.
INTRODUÇÃO
Eu tenho diversos problemas com a política brasileira. Eu tenho sérios problemas com a candidatura do PT e acho que quem defendeu o PT no impeachment não pode, de forma alguma, defender o PT nestas eleições, pois as alianças e corroborações políticas que estão fazendo mostram um antagonismo completo com a narrativa de golpe. Para o eleitor do PT, é necessário escolher, o golpe de 2016 ou o Haddad de 2018. Fora isso, ainda acho que votar no PT em 2018 é corroborar com uma política “ficha suja”, ignorar que o PT se transformou naquilo que sempre colocou como inimigo político, portanto é um voto totalmente não à esquerda. Pior ainda, pode ser que o PT venha com espírito vingativo forte e coloque em cheque a democracia brasileira, e diversas instituições que garantem a possibilidade de bem-estar do brasileiro.
Mas os problemas que eu tenho com o Bolsonaro extrapolam tudo isso, pois ele representa uma identidade em total oposição com a minha identidade como cristão, como pai adotivo, e como servidor social que tem interesse pela vida das crianças e adolescentes que vivem nas favelas brasileiras. (Não vou nem falar sobre questões ideológicas. A força de Bolsonaro, a meu ver, é um perigo para a democracia e o bem-estar brasileiro, assim como a força do PT [poderia ser na conjuntura de 2018, mas que nunca foi antes disso]. Bolsonaro não é de direita; pelo contrário, ele demonstra o quanto deseja que o Estado controle a vida das pessoas. A diferença entre os dois – PT e Bolsonaro – é uma diferença entre um tipo de visão totalitária do Estado por outra visão totalitária do Estado. Portanto, farei uma série de posts para mostrar que o Bolsonaro vai contra a minha própria identidade. Por falar sobre identidade, os meus argumentos incluirão questões bem pessoais. Portanto, se você tem alguma estima por quem sou, por favor leve a sério o que vou falar.
1 - BOLSONARO e ADOÇÃO
Já ouvi diversas pessoas que vão votar no Bolsonaro dizendo que a minha família, formada a partir da prática da adoção, é um belo exemplo ou algo muito lindo. Saibam, portanto, que o Bolsonaro afirmou o seguinte: “O ECA tem que ser rasgado e jogado na latrina. É um estímulo à vagabundagem e à malandragem infantil”.
Ele está se referindo ao Estatuto da Criança e do Adolescente, um documento importantíssimo para o bem-estar das crianças e adolescentes em situação de risco social no Brasil. O ECA trouxe muitos benefícios sem precedentes para o cuidado dessas crianças e adolescentes, das quais mencionarei algumas no próximo post e explicarei o motivo da crítica de Bolsonaro. Aqui, me limitarei à questão da adoção.
O sistema de adoção brasileiro tem um forte respaldo legal no ECA. Na verdade, se há, hoje, alguma estrutura funcional desse sistema, o responsável por isso é o ECA. A conscientização brasileira sobre a importância da adoção procede de políticas fundamentadas no ECA. Se hoje uma criança que tem sua saúde, educação e bem-estar, de forma geral, negligenciada ou ameaçada por sua família biológica, tem a possibilidade de ser acolhida e encaminhada para adoção, devemos muito disso ao ECA.
Para tornar a coisa bem pessoal, eu realmente não sei o que seria do meu filho [e minha filha], caso o ECA não existisse. Eu temo, e muito, a eleição de um presidente que acredita que o ECA deve ser rasgado e jogado no vaso sanitário. Eu temo pelas crianças do futuro próximo, que podem ter, caso os valores estúpidos de Bolsonaro fundamentem as nossas leis sobre crianças e adolescentes, suas vidas colocadas em risco.
Conheço pessoas que acham a adoção algo lindo, mas votarão no Bolsonaro. Para esses eu digo: vote consciente de que ele tem repugnância por um documento que tem salvado a vida de muitas crianças, inclusive por meio da adoção. Se você, portanto, acha a minha família linda e um bom exemplo, por favor, considere mudar o seu voto ou, então, vote sabendo disso. Eu não posso nem considerar o Bolsonaro como meu voto, pois os valores que ele carrega, que o levam a afirmar o que ele afirmou sobre o ECA, vão contra minha identidade como pai adotivo.
2 - BOLSONARO e CRIANÇAS em FAVELAS
Já ouvi diversas pessoas que vão votar no Bolsonaro dizendo que admiram o trabalho que faço, desde 2006, com crianças e adolescentes em situação de risco. Essas duas posições não são somente incoerentes, elas são opostas. Até 2006 eu não sabia nada sobre a vida das crianças e adolescentes nas favelas brasileiras. Hoje eu conheço um pouco, não muito, mas é o suficiente para avaliar as propostas de Bolsonaro que afetarão diretamente essas pessoas. Quero falar aqui sobre a questão da educação e a questão da violência.
Sobre a educação, volto a citar o que Bolsonaro falou sobre o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente): “O ECA tem que ser rasgado e jogado na latrina. É um estímulo à vagabundagem e à malandragem infantil”. Acontece que anteriormente ao ECA, não havia no Brasil uma legislação que garantisse o direito da criança e do adolescente à educação. Se há no Brasil hoje, o oferecimento ao ensino fundamental para 98% da população, isso se deve ao ECA. A educação pública brasileira ainda é muito inadequada, obviamente, como falarei abaixo. No entanto, o ECA dá o respaldo legal para que possamos cobrar do Estado o oferecimento de educação de qualidade para todos os brasileiros.
Aí vem uma segunda questão sobre educação relacionada a Bolsonaro. Ele propõe a implementação do Ensino à Distância (EAD) para o ensino fundamental e médio. Ele diz que essa é uma forma de “combater o marxismo” e baratear os custos. Essa ideia somente pode surgir de alguém sem nenhum conhecimento do atual estado da educação pública brasileira. A maioria das crianças e adolescentes em situação de risco social que eu conheço é analfabeta, e praticamente todos são analfabetos funcionais. Não importa se estão no primeiro ou no nono ano escolar. Então, Bolsonaro quer rasgar e jogar o ECA, que dá respaldo legal para educação pública de qualidade para todos, e implementar o EAD. Por uma questão ideológica burra (acabar com o marxismo) e um interesse financeiro (baratear os custos), Bolsonaro colocará ainda mais crianças e adolescentes brasileiros no analfabetismo. Se você acha que educação é uma questão importante, então Bolsonaro não é uma opção.
Sobre a violência a questão é ainda mais séria. A crítica de Bolsonaro ao ECA se deu numa discussão sobre a violência nas favelas. Pedindo a uma criança de 4 anos que apontasse os dedos como uma arma, Bolsonaro disse que é a favor do armamento de crianças, especialmente nas favelas. Disse ele que o treinamento e armamento de crianças nas favelas deve acontecer para a luta contra os bandidos armados que ali estão. Daí a crítica de Bolsonaro ao ECA, que estabelece como crime o fornecimento de armamento para crianças.
Depois, vem a questão da proposta de Bolsonaro sobre o excludente de ilicitude. Ele deseja que o policial em ação responda a julgamento, mas não seja punido. Bolsonaro disse: “Se alguém disser que quero dar carta branca para policial militar matar, eu respondo: quero sim”. Tal proposta só pode proceder de alguém sem nenhum conhecimento sobre a relação entre os policiais e os moradores das favelas. A combinação dessas duas propostas – o armamento da população jovem das favelas e a “carta branca” – instaurarão um estado de completo terror nas favelas. Talvez ele esteja pensando que isso ajudará no combate ao crime ou ele realmente não se importa com a vida de quem vive nas favelas. Eu acredito mais na segunda opção, mas não posso afirmar o que não é possível ter certeza. [Talvez hoje seja possível dizer que a segunda opção é a verdadeira. Graças a Deus que nada disso foi implementado. Não devemos isso aos cristãos que estão ali servindo ao governo, mas às instituições democráticas que podem barrar as loucuras de Bolsonaro.]
Se o Bolsonaro for eleito e conseguir implementar o que quer sobre essas questões, eu temo pela vida das crianças e adolescentes a quem eu amo e tenho servido por todos esses anos. Elas já vivem num ambiente de stress psicológico comparado ao de guerra e isso não é somente uma ameaça ao seu direito de viver, mas também uma violência ao seu desenvolvimento cognitivo e social, ou seja, também tem a ver com educação. As propostas de Bolsonaro não levam em consideração a vida dessas crianças e adolescentes. Se você vai votar no Bolsonaro e acha o trabalho que eu faço exemplar, digno, até bonito, você deveria pensar melhor e escolher um ou outro. Assim como no caso da adoção, eu não tenho como considerar Bolsonaro uma opção de voto, pois tal escolha fere a minha identidade que já está atrelada à vida daqueles que vivem nas favelas brasileiras ou mesmo nas ruas. Bolsonaro não é meu candidato, pois eu amo essas crianças e adolescentes.
3 - MESSIAS BOLSONARO e JESUS MESSIAS
Jesus perguntou: "Por acaso sou um revolucionário perigoso, para que venham me prender com espadas e pedaços de pau?” (Marcos 14:48, Nova Versão Transformadora). Os romanos sabiam que os judeus do primeiro século eram um povo “perigoso”. Eles tinham um histórico de insubmissão aos grandes impérios e, no primeiro século a região da palestina vivia um fervor político (lembra que Herodes mandou matar as crianças de Belém para garantir que um “novo rei” não surgisse ali?).
Nesta época havia diversos grupos de rebeldes “revolucionários.” Alguns eram mais politizados, mas tantos outros eram mais como gangues que praticavam pequenos delitos para desestabilizar a ordem romana ou a Pax Romana. Estes últimos eram chamados de “bandidos” ou, no grego, λῃστής. Quando os romanos vieram prender Jesus, ele os confronta perguntando se era algum tipo de “bandido” (λῃστής). Como cristãos, sabemos que Jesus não era nenhum criminoso, mas suas ações estavam causando alvoroços na região da Judeia, o que preocupava e muito aos romanos. Jesus não era criminoso, mas para Roma ele era um “bandido” ou “revolucionário” (λῃστής). Apesar de moralmente inocente, Jesus foi culpado politicamente por Roma. E a punição desses “bandidos” ou “revolucionários” era a tortura e conseqüente morte pública. Aqueles que morreram ao lado de Jesus também eram “bandidos” ou “revolucionários” (ver Marcos 15:27). O poder de Roma como sistema político, torturou a Jesus, pois viu nele uma ameaça ao seu poder, a sua ordem, e ao bem de seus cidadãos. Permitir que Jesus, mesmo sem armas, provocasse desordem social e política dentro do Império Romano seria arriscado demais. Esse Jesus “bandido” que foi torturado pelos poderes políticos de sua época, é adorado pelos cristãos como Deus. Nada é mais sagrado a nós, cristãos, do que a morte de Jesus na cruz romana, um instrumento de tortura e morte.
Questionado por Marina Mantega sobre antigas afirmações, Bolsonaro, sem papas na língua, se defendeu: "o erro da Ditadura foi torturar e não matar". “Abominamos a tortura, mas naquele momento vivíamos na guerra fria,” justificou Bolsonaro. Muitos acham que Bolsonaro fala essas coisas por pura retórica, para provocar. Outros, com certo grau de plausibilidade, afirmam que ele fala isso, mas jamais vai instaurar tortura como prática de seu governo. A antiga desculpa de que ele fazia apologia à tortura somente no passado não cola mais, pois estas são afirmações atuais. O que importa para mim, contudo, é que esta fala está carregada de valores defendidos por Bolsonaro. Se os meus posts anteriores já indicam que Bolsonaro está longe, muito longe, de qualquer ideal cristão, agora quero sugerir que o posicionamento de Bolsonaro é sacrílego.
Se Bolsonaro falasse o que falou sobre tortura e se posicionasse como um ateu ou qualquer outra coisa, e não como cristão, eu simplesmente diria que ele é anti-cristão. No entanto, seu posicionamento como cristão torna sua fala um sacrilégio, uma zombaria com aquilo que é sagrado aos cristãos. Da mesma forma, cristãos que justificam seu voto em Bolsonaro a partir de valores cristãos, também são culpados de sacrilégio. A tortura matou o nosso Deus, portanto a tortura é prática anti-cristã. O uso da tortura para defender valores cristãos, como faz Bolsonaro e os cristãos que o defendem, é um ato de sacrilégio. Bolsonaro afirmou: “Abominamos a tortura, mas naquele momento vivíamos na guerra fria (o que implica na ameaça comunista)”. Se depois de “abominamos a tortura” você usa um “mas,” pode acreditar que seu argumento é injustificável. Veja os exemplos comparativos: “Sou completamente contra a escravidão, mas…”; “o abuso sexual infantil é repugnante, mas…”; “considero o estupro um crime hediondo, mas…”; “toda vida tem valor, mas…”. Percebem o problema?
Sua justificativa é a ameaça comunista e a possibilidade de o Brasil virar “uma grande Cuba”. Aqueles que foram torturados pela ditadura militar como poder político da época, de acordo com Bolsonaro, eram revolucionários, bandidos, ameaças à ordem brasileira. Pode ser, mas como não comparar com a relação entre Roma e Jesus? Roma justificou a tortura e a morte de Jesus por argumentos e políticas semelhantes: evitar um mal maior. Assim, votar em Bolsonaro seria, para mim, uma negação da minha identidade cristã, pois suas falas, a partir de um posicionamento cristão, é uma zombaria com a morte de Jesus, torturado pelo poder político da época. Não acredito que será possível ao cristão votar em Bolsonaro, e sua justificativa da tortura para evitar um mal maior, e, adorar a Jesus no próximo culto de domingo sem ser culpado de sacrilégio. Aos cristãos mais tradicionais, como vocês votarão em Bolsonaro e recitarão o credo no próximo domingo: “[Creio] em Jesus Cristo [que] padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado…”? Bolsonaro não é voto cristão, é voto anti-cristão e sacrílego.
LINKS DAS REFERÊNCIAS DE NOTÍCIAS QUE UTILIZEI NA ÉPOCA

Caio Peres
link da postagem original: https://www.facebook.com/notes/caio-peres/2018-foi-ontem/10159513289173496/

Virginia Ramey Mollenkott




Virginia Ramey Mollenkott (nascida em 28 de janeiro de 1932)!
#Teóloga #feminista
Professora de inglês. Autora de "Women, Men, and the Bible" (1977), "Espiritualidade sensual: fora do fundamentalismo" (1982), "O feminino divino: imagens bíblicas de Deus como mulher" (1983) e "Omnigender: A Trans-Religious Abordagem "(2001), entre outros trabalhos. A Dra. Mollenkott mora com a esposa, Judith Suzannah Tilton, em uma vila de aposentados em Nova Jersey. Os arquivos do Dr. Mollenkott residem no Centro de Estudos de Gays e Lésbicas da Escola de Religião do Pacífico, Berkeley, Califórnia. Nascida em Filadélfia, Pensilvânia.

terça-feira, 24 de março de 2020

Baco Exu do Blues - Bluesman (Official Film)

01. Baco Exu do Blues - Bluesman

Katharine Bushnell




Katharine Bushnell (5 de fevereiro de 1855 - 26 de janeiro de 1946)!
#Feminista #Médica Ativista social. #Linguista
 Estudiosa da Bíblia, autodidata. Quando jovem, Katharine trabalhou com a União de Temperança Cristã das Mulheres (WCTU) para acabar com a "escravidão branca" (prostituição forçada). Ela também passou anos aprendendo grego e hebraico por conta própria, para poder estudar o que os textos bíblicos dizem sobre as mulheres. No processo, ela descobriu que as traduções para o inglês de sua época foram intencionalmente manipuladas por estudiosos do sexo masculino para permitir a subjugação das mulheres. Em 1921, ela publicou seu trabalho clássico "A Palavra de Deus para as Mulheres". Este texto, embora hoje amplamente esquecido, antecipava a teologia feminista moderna. Citação: "Supondo que as mulheres tenham traduzido a Bíblia de tempos em tempos, existe uma probabilidade de que os homens teriam ficado satisfeitos com o resultado? Portanto, nossos irmãos não têm boas razões para reclamar se afirmarmos que eles não fizeram o melhor que poderia ter sido feito. O trabalho teria sido de uma ordem muito mais alta se tivessem ajudado as mulheres a aprender as línguas sagradas e depois lhes dado um lugar ao lado dos comitês de tradução " Nascida no Peru, Illinois. Morreu em Piedmont, Califórnia.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Jarena Lee




Jarena Lee (11 de fevereiro de 1783 - 1855?)! (O ano da morte dela pode ter sido até 1864.)
#Abolicionista Ministra itinerante #Metodista
Primeira mulher autorizada a pregar por Richard Allen (fundador da Igreja Episcopal Metodista Africana). Em meados da década de 1830, Jarena se tornou a primeira mulher afro-americana a publicar sua autobiografia. Uma versão expandida, intitulada "Experiência Religiosa e Diário de Jarena Lee, Contando Seu Chamado para Pregar o Evangelho", circulou em 1849. (Várias edições ainda estão sendo impressas.) Nasceu em Cape May, Nova Jersey. Provavelmente morreu na Filadélfia. Enterrada no Monte Pisgah A.M.E. Cemitério da igreja, Lawnside, Nova Jersey.

domingo, 22 de março de 2020

Decreto do Governo do Estado do Paraná - 21/03/2020

https://drive.google.com/open?id=1ylnlXOlDQrhhyxbmmVltg6lDqniIqzyt

Elaine Pagels




Elaine Pagels (nascida em 13 de fevereiro de 1943)!
#Feminista
Estudiosa da Bíblia. Historiadora das religiões. Professora de religião na Universidade de Princeton. Mais conhecido por seu trabalho sobre os manuscritos de Nag Hammadi. Defende por explorar conexões entre o budismo e os textos gnósticos. Autora de "Os Evangelhos Gnósticos" (1979), "Adão, Eva e a serpente: sexo e política no cristianismo primitivo" (1988), "A origem de Satanás: como os cristãos demonizaram judeus, pagãos e hereges" (1995) e "Beyond Belief: The Secret Gospel of Thomas" (2003), entre outras obras. Nascida em Palo Alto, Califórnia.

sábado, 21 de março de 2020

Live Coronavírus de 20/03 - O que o Brasil precisa fazer nos próximos dias

Anna Howard Shaw




Anna Howard Shaw (14 de fevereiro de 1847 - 2 de julho de 1919)!
Ministra #Metodista #Sufragista #Médica
Ativista de temperança. Primeira ministra na igreja metodista. Uma das primeiras mulheres nos EUA a se tornar médica. Presidente da Associação Nacional Americana de Sufrágio de Mulher, de 1904 a 1915. Nasceu em Newcastle próximo a Tyne, Inglaterra. Morreu em Moylan, Pensilvânia. Cremada.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Doris Janzen Longacre




Doris Janzen Longacre (15 de fevereiro de 1940 - 10 de novembro de 1979)!
 #Menonita #Pacifista
Defendia um estilo de vida simples. Graduada no Goshen College. Trabalhadora do Comitê Central Menonita - MCC - no Vietnã (1964-1967) e Indonésia (1971-1972). Autora dos livros de receitas "Mais com menos" (1976) e "Vivendo mais com menos" (1980). Nasceu em Newton, Kansas. Morreu em Hershey, Pensilvânia. Enterrada no cemitério de Wolf, Ephrata, Pensilvânia.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Leitura da semana: poema "Mulher de palavra", de Luz Ribeiro, do livro "...

Jane Schaberg




Jane Schaberg (20 de fevereiro de 1938 - 17 de abril de 2012)!
#Católica #Feminista
Ex-freira. Estudiosa do Novo Testamento. Professora de Estudos Religiosos e Estudos da Mulher. Autora de "A Ilegitimidade de Jesus: Uma Interpretação Teológica Feminista das Narrativas da Infância" (1990) e "Maria Madalena Entendida" (2006). Nascida em St. Louis, Missouri. Morreu em Detroit, Michigan.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Podcast Reforma Radical, do Teologia de Boteco

Saiu o podcast do papo delicioso com @cristiano_barba  para o @TeologiaBoteco 
sobre Reforma Radical e suas características pré anárquicas.

Acesse https://teologiadeboteco.com.br/2020/03/18/opodcastedelas-149-teologia-de-boteco-reforma-radical-com-angela-natel/

Elfrieda Klassen Dyck




Elfrieda Klassen Dyck (10 de março de 1917 - 20 de agosto de 2004)!
 #Menonita #Pacifista #Enfermeira.
Trabalhadora de longa data do Comitê Central Menonita (MCC). Sua família emigrou da Rússia para o Canadá em 1925, quando ela tinha 7 anos, estabelecendo-se em Winnipeg, Manitoba. Em 1942, ela começou a trabalhar na MCC, primeiro no norte de Gales e depois no norte da Inglaterra. Lá, ela conheceu Peter Dyck, que foi seu marido por 60 anos. Durante a Segunda Guerra Mundial, Elfrieda e Peter ajudaram milhares de refugiados menonitas da Rússia a se instalarem no Paraguai. Juntos, Dycks contaram sua história no livro "Up From the Rubble" (1991). Nascida em Donskoye, Neu-Samara Mennonite Settlement, Rússia. Morreu em Scottdale, Pensilvânia.

terça-feira, 17 de março de 2020

Harriet Tubman




Em 10 de março de 1913, Harriet Tubman morreu. (Nome de nascimento: Araminta Ross. Sua data de nascimento é desconhecida, mas teria sido no início da década de 1820.) #Abolicionista #Sufragista
Cristã devota propensa a visões e sonhos proféticos. Nascida em escravidão no Condado de Dorchester, Maryland. Fugiu para Filadélfia, Pensilvânia, em 1849. Fez várias viagens de volta a Maryland para resgatar familiares e amigos. Ela não tinha medo. Ao longo de sua carreira, ela ajudou muitos escravos fugitivos a atravessar a fronteira para o Canadá. Morreu em Auburn, Nova York. Enterrada no cemitério de Fort Hill, Auburn.

segunda-feira, 16 de março de 2020

Kell Smith - Mudei (Videoclipe Oficial)

Judith Plaskow




Judith Plaskow (nascida em 14 de março de 1947)!
Teóloga feminista judia. Professora de Estudos Religiosos no Manhattan College. Em 1981, ela ajudou a fundar o grupo feminista judeu B'not Esh (Filhas do Fogo). Autora de "Standing Again at Sinai: Judaism from a Feminist Perspective" (1991) e "The Coming of Lilith: Ensaios sobre feminismo, judaísmo e ética sexual" (2005), entre outros trabalhos. Nascido em Brooklyn, Nova York.

domingo, 15 de março de 2020

Fannie Lou Hamer




Em 14 de março de 1977, Fannie Lou Hamer morreu. (Nascida em 6 de outubro de 1917.)
 #Batista
 Líder de direitos civis. Ativista de registro de eleitores. Ativista antiguerra. Secretária de Campo do Comitê de Coordenação Não-Violenta de Estudantes (SNCC). Organizadora do Mississippi Freedom Summer em 1964. Vice-Presidente do Partido Democrático da Liberdade do Mississippi. Nasceu em Montgomery County, Mississippi. Morreu em Mound Bayou, Mississippi. Enterrada no Jardim Memorial Fannie Lou Hamer, Ruleville, Mississippi.

sábado, 14 de março de 2020

Audre Lorde


Audre Lorde (18 de fevereiro de 1934 - 17 de novembro de 1992)! #Feminista #Mulherista #Poeta
 Ativista dos direitos civis. Ativista anti-guerra. Ativista dos direitos dos LGBT. Romancista. Bibliotecária.
Em suas próprias palavras, ela era: "Negra, lésbica, mãe, guerreira, poeta". Autora do controverso ensaio "As ferramentas do mestre nunca desmontarão a casa do mestre". Em 1980, ela co-fundou (com Barbara Smith e Cherrie Moraga) uma editora feminista chamada "Kitchen Table: Women of Color Press", a primeira editora de mulheres de cor nos Estados Unidos. Nascida em Harlem, Nova York. Morreu em St. Croix, Ilhas Virgens. Cremadaa. Suas cinzas foram espalhadas no mar. ~ Dasérie de heróis do movimento matriarcal menonita.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Ada Maria Isasi-Diaz




Ada Maria Isasi-Diaz (22 de março de 1943 - 13 de maio de 2012)!
 #Católica #Feminista #Teóloga
Professora de Ética e Teologia na Universidade Drew. Teórica-chefe da teologia Mujerista (mulherista). Advogava pela ordenação de mulheres na igreja católica. Autora de "Teologia Mulherista: Uma Teologia para o Século XXI" (1996). Em 2007, depois que a Arquidiocese de Nova York fechou a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos no Harlem espanhol (E. 113th St. entre a 2ª e a 3ª Aves.), os paroquianos se recusaram a abandonar o local e continuaram a realizar cultos dominicais de leigos no domingo, na calçada do lado de fora do prédio fechado. Ada Maria serviu como líder de louvor não oficial do grupo até sua morte. Nasceu em Havana, Cuba. Morreu na cidade de Nova York.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Leitura da semana: "Definição de anarquia", de Malatesta, do livro "Os g...

Dorothy Hennessey




Dorothy Hennessey (24 de março de 1913 - 24 de janeiro de 2008)!
 #Católica #Franciscana #Pacifista
Ativista anti-guerra. Ativista antinuclear. Irmã religiosa, Ativista dos direitos civis. Crítica da política externa e militar dos EUA. Defendia a desobediência civil. Ativista da School of the Americas Watch, que educa o público sobre o fato de que a Escola das Américas do Exército (Fort Benning, Geórgia) ensina técnicas de tortura ao pessoal militar de aliados dos EUA na América Latina. Presa em 2000 e condenada em 2001 a seis meses de prisão. Ela tinha 88 anos na época. Nascida perto de Manchester, Iowa. Morreu em Dubuque, Iowa. Enterrada no cemitério do Monte Calvário, Dubuque.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Lois Gunden Clemens


Lois Gunden Clemens (25 de fevereiro de 1915 a 27 de agosto de 2005)!
#menonita #Pacifista #Professora
Formada na faculdade Goshen. Editora do "The Voice" (boletim informativo do Comitê de Missões e Serviços para Mulheres Menonitas). Autora de uma série de palestras sobre o papel da mulher na igreja, intitulado "Mulher Liberada" (1971). Em 2013, Lois foi homenageada pelo Estado de Israel como "Justa entre as Nações" por ajudar a abrigar crianças judias durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, Lois trabalhou com o Comitê Central Menonita para estabelecer um lar infantil em Canet Plage, sul da França. Ela passou a maior parte de 1943 como prisioneira de guerra em Baden-Baden, Alemanha. Ela foi libertada no início de 1944 e, no outono daquele ano, começou a ensinar francês no Goshen College. Nascida em Flanagan, Illinois. Morreu em Lansdale, Pensilvânia. Enterrada no cemitério menonita de Plains, 50 W. Orvilla Road, Hatfield, Pensilvânia.
 ~ Da série de heróis do movimento matriarcal menonita.

terça-feira, 10 de março de 2020

INDÍGENAS DO RN NO ATL 2020

Elizabeth Horsch Bender




Em 24 de março de 1988, Elizabeth Horsch Bender morreu. (Nascida em 7 de fevereiro de 1895.)
#Mennonita #Pacifista #Editora #Professora #Tradutora
 Ela era fluente em holandês, francês, espanhol, latim e alemão. Em 1943, fez um mestrado em literatura alemã pela Universidade de Minnesota. No início dos anos 50, Elizabeth traduziu 1.700 páginas do Mennonitisches Lexikon do alemão para o inglês. Essas páginas se tornaram o núcleo da Enciclopédia Menonita de quatro volumes, publicada pela Mennonite Publishing House entre 1955 e 1959. (Este material está agora disponível on-line no GAMEO.org e é a fonte de informações para muitos destes posts). Elizabeth era um membro de longa data da equipe editorial da Mennonite Quarterly Review. Ela também editou quase tudo escrito por seu marido, Harold S. Bender, da década de 1920 à sua morte em 1962. Ela é uma heroína desconhecida na história dos estudos menonitas / anabatistas. Nascida em Elkhart, Indiana. Morreu em Goshen, Indiana. Enterrada no cemitério Elkhart Prairie, em Goshen.

segunda-feira, 9 de março de 2020

CANCELADA


Experimento
Contrariar a estrutura
O sistema
E o dogma
E sou cancelada.

Experimento
Finalmente
Recusar-me a continuar nos joguinhos
De representação para agradar
a manter-me cúmplice
de relacionamentos abusivos
a manter-me alheia aos desmandos narcisistas
e sou cancelada.

Sim, excluída, deletada, cancelada
Tida como falsa, doente, se parar de apoiar o abuso
E a Co dependência emocional.

E se não aceitar as piadinhas machistas,
Sou louca, dramática, exagerada,
Preciso ser cancelada.
Preciso ser ignorada, mantida à distância.
Afinal, sou surtada.

Exagerada,
ódio à família, traidora, ódio aos homens,
Sou produto de meus traumas.
Assim avisam outros a meu respeito
Para manter distância,
relevar
minha teologia herege,
minha fala equivocada,
Devo ser silenciada.
Sim, cancelada
Excluída,
Isolada,
Mantida sob controle.

Quem continuará comigo?
Não sou mais um bom investimento,
Não trago o retorno e a reputação que desejam,
Sou avisada: um a menos...
Cancelada.

Nos relacionamentos familiares “incondicionais’,
Nas “amizades”,
Na pesquisa e nos “apoiadores”,
Que num clique anulam promessas e palavras.

“parabéns” sem comparecer,
Elogios sem, de fato, pagar para ver
Meu trabalho, minhas conquistas,
Sem o respeito de ouvir e celebrar, de apenas estar... e ser.

Belos discursos e militâncias vazias
Que se traduzem apenas em reverberação virtual.
Na luta do dia a dia, estou sozinha.
São apenas compartilhamentos, programas gravados
Usando minha voz, minha formação, quem sou
para a máquina da fama, do poder e do dinheiro.
Difícil quando o burguês safado aparece no reflexo do espelho do militante
Ou quando a empresa, canal, organização
Apenas funciona com a lógica do mercado
Negociando curtidas e seguidores
Ao que serve aos seus interesses....
Sim, porque sou apenas despesa,
a companhia real, respeitada,
Não existe,
fui cancelada.

Angela Natel – 09/03/2020

Marcha #8M - Mulheres da Favela Exigem Paz

Celebração do Dia Internacional da Mulher em Curitiba

Mulheres são todas loucas? Desde quando? (Com Muriel de Freitas) | Histo...

Eliza P. Gurney




Eliza P. Gurney (6 de abril de 1801 - 8 de novembro de 1881)!
Pregadora #Quacker #Pacifista #Abolicionista
 Advogada da reforma penitenciária. Casada com o inglês quacker Joseph John Gurney, cujas opiniões levaram a uma divisão entre os quackers americanos na década de 1840. Seus seguidores ficaram conhecidos como gurneyitas. Eliza nasceu na Filadélfia, Pensilvânia. Morreu em Burlington County, Nova Jersey. Enterrada no cemitério dos Amigos, Burlington, Nova Jersey.

sábado, 7 de março de 2020

Irene Morgan




Irene Morgan (9 de abril de 1917 - 10 de agosto de 2007)!
Adventista do Sétimo Dia. Ativista dos direitos civis. Em 1944, Irene foi presa na Virgínia por se recusar a sentar-se na seção segregada de um ônibus interestadual da Greyhound. Quando o xerife tentou prendê-la, ela rasgou o mandado de prisão, chutou o xerife e lutou com o deputado que tentou tirá-la do ônibus. Depois de sair da prisão, Irene o processou. Seu caso acabou chegando à Suprema Corte. Em 1946, a Corte decidiu que assentos segregados em ônibus interestaduais eram ilegais. A história de Irene inspirou a Jornada de Reconciliação de 1947, o original "Freedom Rides", onde ativistas negros e brancos andavam de ônibus juntos interestaduais pelo sul para testar a execução da decisão da Suprema Corte. Nasceu em Baltimore, Maryland. Morreu em Gloucester County, Virgínia.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Patriarcado, um violador em nosso caminho


Patriarcado, um violador em nosso caminho

5 de março de 2020

Um grito do Fórum de Gênero da Aliança de Batistas que chega às Igrejas
O patriarcado é um juiz
que nos julga por nascer,
e nosso castigo
é a violência que você não vê.
E a culpa não era minha,
nem onde estava,
nem como me vestia.
É feminicídio.
Impunidade para meu assassino.
É o desaparecimento.
É o estupro.
O violador era você. O violador é você.
São os policiais, os juízes, o estado, o Presidente. (1)
Esse foi o grito de um grupo de mulheres chilenas que ecoou em muitas partes do mundo em 2019. Na denúncia dos perpetuadores do patriarcado estão policiais, juízes, o Estado e o presidente.
E a Igreja, não deveria integrar essa lista? A Igreja tem sido mais violadora ou aliada das mulheres em suas lutas por igualdade, dignidade e direitos?
O patriarcado religioso que prevalece nas igrejas e estruturas cristãs é inimigo antigo que permanece aterrorizando a vida das mulheres. Talvez por isso gritava a escritora e artista Kate Millet: “O patriarcado tem Deus ao seu lado” (2). Historicamente, o cristianismo tem usado o nome de Deus para perpetuar e justificar o pecado do machismo e suas estruturas patriarcais.
Por isso, neste 08 de março, o Fórum de Gênero da Aliança de Batistas do Brasil faz desse dia de celebração um Grito!
“Eis que uma mulher cananeia, que tinha saído dessa região, começou a gritar…” Mateus 15:22
O grito das mulheres comprometidas com a fé cristã tem sido um grito profético de anúncio e denúncia.
Na América Latina cristã e cristianizada, o feminicídio (assassinato de mulheres por serem mulheres) mata 12 mulheres por dia, segundo dados da ONU. O Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a uma taxa de 4,8 para cada 100 mil mulheres no país. A violência de gênero que atinge mulheres, principalmente mulheres pretas e periféricas, mulheres trans e a comunidade LGBTI+ continua crescente, expressando-se de diferentes formas tanto na sociedade quanto nas igrejas.
Como anunciar o reino de justiça e igualdade, se as igrejas e instituições cristãs ensinam e reproduzem um modelo de desigualdade entre homens e mulheres?
O uso constante de uma leitura patriarcal da Bíblia e da fé cristã pelas igrejas para marginalizar, excluir e silenciar as mulheres distorce e contradiz o princípio de igualdade entre mulheres e homens e não pode ser admitido como palavra autêntica de Deus. Trata-se, pelo contrário, de reflexo do pecado sexista e machista que atingiu as tradições interpretativas da Bíblia e da tradição cristã.
Por tudo isso, gritamos!
Esse grito ecoa desde as mulheres silenciadas ou ignoradas da Bíblia.
Em Isaías 42:14 as mulheres gritam: “Fomos mantidas muito tempo em silêncio, contidas, nos calaram. Mas, agora, como mulheres em trabalho de parto, gritamos, gememos e respiramos ofegante.”
Raquel e as mulheres de Ramá também gritam: “Ouve-se uma voz em Ramá, lamentação e amargo choro. É Raquel que chora por seus filhos e recusa-se a ser consolada!” (Jeremias 31:15).
“Eis que uma mulher cananeia, que tinha saído dessa região, começou a gritar”. (Mateus 15: 22): O grito dela constrange a Jesus, e denuncia que não há justiça e igualdade na mesa da religião onde mulheres sofrem com a violência do patriarcado disfarçado de doutrina, tratadas como “cachorrinhos”, aceitando as migalhas que caem da mesa religiosa do machismo institucional.
O nosso grito é o grito abafado da filha de Davi, violada pelo seu meio-irmão dentro de sua própria casa (2 Samuel 13:1-21).
O grito da injustiça sofrida por Tamar, que teve seus direitos negados sistematicamente pelos homens da família de Judá (Gênesis 38).
É também o grito e o pranto de Ana, que sofre as dores da humilhação perpetrada pela lei patriarcal que tratava as mulheres como meras máquinas de reprodução humana (1 Samuel 1:1-20).
O nosso grito se faz choro com as amigas da filha de Jefté que, chorando, denunciam o mal que homens cometem em nome da guerra (Juízes 11:1-40).
Gritamos e bradamos pela indefesa mulher do Levita que, assim como a filha de Jefté, teve seu corpo violado, assassinado no altar do sacrifício do patriarcado bíblico (Juízes 19).
Gritamos pela silenciada mulher acusada de adultério que depõe a hipocrisia dos seus acusadores que, escondendo seus próprios pecados, vivem de pedras na mão contra a vida das mulheres.
O grito dessas mulheres da Bíblia se junta ao grito de tantas mulheres de ontem e de hoje.
Ao grito impaciente e resistente de Rosa Parks, mulher negra e crente que com seu grito derrubou a lei segregacionista nos Estados Unidos da América.
Ao grito de Margarida Alves, que até hoje anima a luta das mulheres e homens do campo: “Medo nóis tem, mas nóis não usa!”.
Ao grito de tantas mulheres pobres, negras, nas periferias das cidades, camponesas, desde as fábricas até as academias que se unem num mesmo grito: “O patriarcado é um juiz que nos julga por nascer, e nosso castigo é a violência que você não quer ver”!
Como sociedade e Igreja, somos responsáveis e temos permitido e reproduzido um sistema patriarcal que tem gerado morte às mulheres de todas as classes, gênero, raça e religiões, com um terrível agravante da violência de gênero sofrida por meninas, mulheres negras, indígenas e trans.
Com muita indignação e vergonha, nos somamos a estes gritos que clamam por justiça de gênero, a começar pelas nossas igrejas. Diante do alarmante cenário que denuncia a conivência e negligência das instituições e igrejas cristãs, nós do Fórum de Gênero da Aliança de Batistas:
  • Pedimos perdão a todas as mulheres por ser parte do problema que atenta contra suas vidas, quando deveríamos como igrejas ser espaço de cuidado e apoio para o enfrentamento das violências perpetradas contra as mulheres.
  • Pedimos perdão a Deus pelo pecado do machismo patriarcal que predomina em nossas igrejas.
  • Convocamos a todas as igrejas cristãs, as comunidades de fé das distintas religiões e diversas expressões de espiritualidade a evocar a memória de todas as mulheres e grupos que foram e são vítimas da violência machista e patriarcal, e a nos somar ao grito delas que clama por justiça de gênero.
Finalizamos dando graças ao Deus que é espírito, vento e ventre criador de todas as coisas, que tem sustentado a fé e a esperança de todas as mulheres.
Que a nossa resistência seja alimentada pela fé e pela profecia das matriarcas Sara, Hagar e Raquel na busca de “uma terra prometida”, e que assim lutemos por outro mundo e outra igreja possível.
Que nosso grito seja fortalecido pelo testemunho de Maria de Nazaré, Maria Madalena e todas as mulheres do movimento de Jesus que caminham conosco até recuperarmos “a moeda perdida” por nós mulheres de fé cristã dentro da própria casa, a igreja, que deveria ser a comunidade de iguais inaugurada por Jesus.
E quem tem ouvido, ouça o que o Espírito diz às igrejas!
(1) Un Violador en Tu Camino”. Coletivo LasTesis, em ação pelo Dia do Combate à Violência Contra a Mulher, em 25 de novembro de 2019. Santiago do Chile.
(2) MILLET, Kate. Sexual Politics. Garden City: NY, Doubled Day & Company, 1970, p. 51.
acessado em 06/03/2020 às 09:03h

O cristianismo não oferece respostas sobre o coronavírus. Não se espera isso dele.



N.T. WRIGHT

Para muitos cristãos, as limitações da vida induzidas pelo coronavírus chegaram ao mesmo tempo que a Quaresma, a época tradicional de abstinência e jejum. Mas os novos regulamentos rígidos - sem teatro, escolas fechando, prisão domiciliar virtual para maiores de 70 anos - zombam de nossas pequenas disciplinas quaresmais. Ficar sem uísque ou chocolate é brincadeira de criança em comparação a não ver amigos ou netos ou ir ao pub, à biblioteca ou à igreja.

Há uma razão pela qual normalmente tentamos nos encontrar pessoalmente. Há uma razão para o confinamento solitário ser um castigo tão severo. E esta Quaresma não tem Páscoa fixa pela qual esperar. Não podemos marcar os dias. Esta é uma quietude, não de descanso, mas de tristeza equilibrada e ansiosa.

Sem dúvida, os suspeitos comuns e tolos nos questionarão por que Deus está fazendo isso conosco. Uma punição? Um aviso? Um sinal? Essas são reações cristãs em uma cultura que, gerações atrás, adotou o racionalismo: tudo deve ter uma explicação. Mas supondo que não há explicação? Supondo que a verdadeira sabedoria humana não significa ser capaz de reunir algumas especulações duvidosas e dizer: "Então está tudo bem então?" E se, afinal, houver momentos como T. S. Eliot reconheceu no início dos anos 1940, quando o único conselho é esperar sem esperança, porque estaremos esperando a coisa errada?

Os racionalistas (incluindo os racionalistas cristãos) querem explicações; Os românticos (incluindo os românticos cristãos) querem um suspiro de alívio. Mas talvez o que precisamos mais do que qualquer um seja recuperar a tradição bíblica de lamento. Lamento é o que acontece quando as pessoas perguntam: "Por quê?" e não obtém resposta. É para onde chegamos quando superamos nossa preocupação egocêntrica com nossos pecados e falhas e examinamos de maneira mais ampla o sofrimento do mundo. Já é ruim o suficiente enfrentar uma pandemia na cidade de Nova York ou Londres. Que tal um campo de refugiados lotado em uma ilha grega? E quanto a Gaza? Ou Sudão do Sul?

Nesse ponto, os Salmos, o próprio hinário da Bíblia, retornam aos seus, justamente quando algumas igrejas parecem ter desistido deles. “Sê benevolente comigo, Senhor”, reza o sexto Salmo, “pois estou definhando; Ó Senhor, cure-me, pois meus ossos estão tremendo de terror." "Por que você fica longe, ó Senhor?" pergunta o décimo salmo, queixoso. "Por que você se esconde em tempos de problemas?" E assim continua: “Até quando, ó Senhor? Você vai me esquecer para sempre?" (Salmo 13). E ainda mais aterrorizante, porque o próprio Jesus citou em sua agonia na cruz: "Meu Deus, meu Deus, por que você me abandonou?" (Salmo 22).

Sim, esses poemas costumam vir à luz no fim, com um novo senso da presença e esperança de Deus, não para explicar o problema, mas para tranquilizá-lo. Mas às vezes eles seguem o outro caminho. O Salmo 89 começa por celebrar as bondades e promessas de Deus e, de repente, muda e declara que tudo deu terrivelmente errado. E o Salmo 88 começa na miséria e termina na escuridão: “Você fez com que amigo e vizinho me evitassem; meus companheiros estão na escuridão." Uma palavra para os nossos tempos isolados.

O ponto de lamento, tecido assim no tecido da tradição bíblica, não é apenas uma saída para nossa frustração, tristeza, solidão e pura incapacidade de entender o que está acontecendo ou por quê. O mistério da história bíblica é que Deus também lamenta. Alguns cristãos gostam de pensar em Deus como acima de tudo, sabendo tudo, encarregado de tudo, calmo e não afetado pelos problemas de seu mundo. Essa não é a imagem que temos na Bíblia.

Deus se entristeceu com seu coração, declara Gênesis, pela violenta maldade de suas criaturas humanas. Ele ficou arrasado quando sua própria noiva, o povo de Israel, se afastou dele. E quando Deus voltou ao seu povo pessoalmente - a história de Jesus não tem sentido, a menos que seja disso que se trata - ele chorou no túmulo de seu amigo. São Paulo fala do Espírito Santo "gemendo" dentro de nós, como nós mesmos gememos na dor de toda a criação. A doutrina antiga da Trindade nos ensina a reconhecer o Deus Único nas lágrimas de Jesus e na angústia do Espírito.

Portanto, não faz parte da vocação cristã ser capaz de explicar o que está acontecendo e o porquê. De fato, faz parte da vocação cristã não poder explicar - e lamentar. À medida que o Espírito lamenta dentro de nós, também nos tornamos, mesmo em nosso auto-isolamento, pequenos santuários onde a presença e o amor curador de Deus podem habitar. E disso podem surgir novas possibilidades, novos atos de bondade, nova compreensão científica, nova esperança. Nova sabedoria para nossos líderes? Agora, há uma ideia.

Texto original em:

https://time.com/5808495/coronavirus-christianity/?fbclid=IwAR3cN6EfvuQUdsU_zSQgy1BXGgodJGV3hUWJ1fNOqruT3_6Krro1xneprP8




Tradução de Angela Natel​

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Ideolatria


Não conheço um dono da verdade que não seja violento. E não conheço nenhum caridoso que não tenha respeito generoso pelos que discordam. De qualquer ângulo, a conta é alta.
Ideolatria foi uma invenção brega, bélica, que, ironicamente, vai passar na história contra quem usou: violência estúpida.
Quando eu falo violência não estou falando de nenhum calor, nenhuma fala séria, grave, nem de vocabulário. Estou falando de uma verdade que aniquila. Verdade opressora.
Idolatria é uma tentação. Isto é: eu conheço por dentro. Esta próximo de mim.
Mas, quando uma acusação, pode ser muito violenta: quando se chama cristãos de idólatras tem muita coisa implicada.
Chamaram o Ariovaldo assim porque ele tinha interpretação diferente do cenário político. Não tem um deles capaz de provar que o Ariovaldo abriu mão de Cristo. É uma acusação desonesta demais. Temeraria. Não imagino um justo capaz de comete la.
Se eles cressem em Deus de verdade, temeriam o Juízo. Um cristão que faz pouco caso da justiça, um dia fará muito caso. A verdade é que não crêem. A consciência não deixaria. Não se pode dormir em paz sendo tão estupidamente injusto.
Mas agora temos um cenário que deveria-nos fazer pensar em idolatria:
As pessoas estão colocando uma crença aleatória por cima da própria sobrevivência, da sua saúde e dos seus, da vida. Negam os especialistas em nome da crença. Negam a ciência do mundo inteiro. Negam a liderança política de todo o globo. Minimizam os riscos. Até o clima do Brasil diferente da Itália vira argumento ao preço de palpite aleatório infundado. Com essa conta, arriscam tudo. Recusam a enxergar que todo o mundo também está preocupado com a economia. Todas as ações visam a saúde e vida em primeiro lugar, e a economia dentro do possível.
Primeiro, se sobrevive. Depois tenta se manter financeiramente. Uma questão de prioridade. Não é uma oposição absoluta. Ninguém internado se preocupa com a ausência no trabalho. Mas nao se descarta a economia. Trilhões estão sendo investidos no mundo para economia. Esse discurso é falso. Ninguém está desprezando o valor da economia.
O custo são vidas. Não se pode arriscar. O preço é alto quando ele custa nosso pais e avós.
Essa desconexão com a realidade, negação radical e insistente, baseado em bafo; ideias com risco de vidas, isso, isso sim, pode ser idolatria.
Ter que provar que a Terra não é plana é uma discussão mais legítima. Com toda estranheza. Com toda conspiração infundada. Mas nao custa sangue.
Trump pediu hoje que se produza come rapidez mais respiradores.
Não se tem em que se sustentar.
Vai negar o sangue para manter suas crenças.
Uma pessoa normal, anda sobre os pés. Mas estamos diante de um exército de pessoas que andam sob a cabeça, invertidos.
Chesterton estava certo quando disse que o louco é o que perdeu tudo exceto a razão.
Os donos da verdade não precisam de ciência, não precisam estudar, não precisa testar suas ideias. Elas são "reais" desde que eles acreditem.
Nelson Rodrigues disse que o canalha precisa de uma ideologia para se justificar. Hoje em nome de uma contra ideologia se justifica tudo. Se você diz algo como "o PT vê a China com muito bons olhos", não vai importar o dado objetivo: a importância da parceria comercial que a China tem para o país. Contra o país, maqueado de nacionalismo, se pode passar a ver a China (por mera intuição de que a verdade é a negação do inimigo), com antipatia.
O horizonte de negação exime de pensar. Basta se opor a Globo, à Folha, ao PT, a esquerda, ao comunismo.

Eric Cunha via Facebook

Da desumanização para a humanização


Nossa hermenêutica é desafiada diariamente por Cristo.
Somos desumanizados na medida em que nosso fazer teológico se institucionaliza.
Nos distanciamos de nossa humanidade e nos tornamos seres institucionais ao defendermos uma gnose. Somos extremamente gnósticos nesse sentido: porque defendemos dogmas, paradigmas, defendemos confissões a respeito de algo e não defendemos algo.
E nos distanciamos da vida e nos desumanizamos no processo.
A gente deixa de ser como Cristo, deixa de encarnar a realidade e colocar o sapato do outro, como Cristo fez, prá defender dogmas, doutrinas.
É por isso que a nossa teologia é irrelevante ao Zeitgeist (o espírito deste tempo).
E quando ouvimos que é aceitável que morra um certo número de pessoas, isso soa como apenas um número para nós - porque a nossa perspectiva é institucional, não é humana.
Eu creio que Cristo veio para nos tornar humanos, verdadeiramente humanos, para expressarmos a imagem de Deus. E o processo de conversão é voltar os nossos olhos prá Cristo e sermos como ele.
Aí, sim a gente vai ter que sentir a dor do outro, vai ter que olhar cada vida com o valor que ela tem prá Deus.
Angela Natel

Leitura da semana: trecho de Teologia &. Negritude, de Emiliano João e D...

QUANTAS PESSOAS VOCÊ ACHA RAZOÁVEL MORRER COM O CORONAVIRUS?


2018 FOI ONTEM

Não era preciso ser profeta nem vidente para saber que o governo Bolsonaro seria nocivo à sociedade brasileira. Decidi republicar os posts que fiz em Outubro de 2018 para relembrar aquilo que o Bolsonaro fazia questão de gritar a todos e esfregar na cara de todos, ou seja, não havia nada escondido, portanto, não deveria haver nenhuma surpresa para o que estamos vendo. No meio evangélico em que convivo, alguns persistem em enaltecer Bolsonaro e colocar toda a culpa na mídia. Outros continuam dizendo que no contexto do segundo turno, o voto em Bolsonaro era a única opção e que o que vemos hoje não era previsível, portanto não adianta olhar para 2018 a partir de agora, pois é uma avaliação que fazemos somente olhando pelo retrovisor. Ainda outros decidiram abandonar o barco e se colocar como críticos de Bolsonaro.
Neste último caso, trata-se especificamente de Guilherme de Carvalho, que fez parte do governo e tem uma posição influente no meio evangélico conservador. Em seu texto longo (18 páginas!) na Gazeta do Povo, ele diz que o governo de Bolsonaro, assim como a ideologia Bolsolavista, é anti-cristão. Ele está certo. Existem muitos problemas nesse texto do Guilherme de Carvalho, que tratarei numa próxima ocasião. Mas está aqui o outro motivo para ter decidido republicar aqui meus posts de 2018: aponto aqui diversas características anti-cristãs daquilo que Bolsonaro sempre defendeu como seus (anti-)valores.
No texto do Guilherme de Carvalho ele aponta as seguintes características como sendo anti-cristãs: 1- espírito revanchista e cheio de ressentimento, e carente de qualquer movimento dialógico e reconciliatório; 2- desprezo pelas instituições e a tentativa de governar manipulando as massas contra outras autoridades públicas; 3- desprezo pela imprensa e pela comunidade acadêmica e científica; 4- nacionalismo; 5- descuido pela pessoa humano e pelo meio ambiente, especialmente o descompromisso com os vulneráveis; 6-celebração simbólica da violência. Em meus posts eu só abordei os pontos 5 e 6, pois dei um caráter pessoal para minha crítica, como vocês verão. Mas é claro que os pontos 1-4 eram totalmente evidentes até muito antes das campanhas de 2018.
No teor de minha crítica, fui além do Guilherme de Carvalho, pois considero os (anti-)valores de Bolsonaro não somente como anti-cristãos, mas sacrílegos, uma zombaria com aquilo que é sagrado para nós, cristãos. Algo próximo daquilo que ele chama de blasfêmia do nome de Deus. Enquanto Guilherme de Carvalho, ainda hoje, acha que somente ateus e laicistas poderiam ver algum problema no slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, eu já indicava a blasfêmia disso, caracterizando-o como sacrilégio. Na época, o mesmo grupo de aplaude o texto do Guilherme de Carvalho não deu bola para o que escrevi. Existe alguma desonestidade intelectual aí, e uma lealdade de grupo injustificável. Algo que tratarei num texto futuro. Mais ainda, Guilherme de Carvalho, em seu texto, coloca todas as críticas a Bolsonaro, menos a dele é claro, e as avaliações de que esse seria o destino de seu governo, como mera histeria de uma esquerda identitária e fascista. Pois bem, sigam essa viagem no tempo, com alguns pequenos acréscimos a partir do que estamos vivendo hoje. Trata-se da minha opinião que não sendo de esquerda, nem identitário, nem fascista, nem histérico, mas que fez uma análise teológica e política crítica a Bolsonaro a partir de minha identidade como pai adotivo, missionário na área de assistência social a crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social, e cristão, ou seja, uma pessoa que, na narrativa criada por Guilherme de Carvalho, não existe, por isso mesmo é que ele ignorará tanto as minhas críticas atuais como ignorou minha crítica na época.
INTRODUÇÃO
Eu tenho diversos problemas com a política brasileira. Eu tenho sérios problemas com a candidatura do PT e acho que quem defendeu o PT no impeachment não pode, de forma alguma, defender o PT nestas eleições, pois as alianças e corroborações políticas que estão fazendo mostram um antagonismo completo com a narrativa de golpe. Para o eleitor do PT, é necessário escolher, o golpe de 2016 ou o Haddad de 2018. Fora isso, ainda acho que votar no PT em 2018 é corroborar com uma política “ficha suja”, ignorar que o PT se transformou naquilo que sempre colocou como inimigo político, portanto é um voto totalmente não à esquerda. Pior ainda, pode ser que o PT venha com espírito vingativo forte e coloque em cheque a democracia brasileira, e diversas instituições que garantem a possibilidade de bem-estar do brasileiro.
Mas os problemas que eu tenho com o Bolsonaro extrapolam tudo isso, pois ele representa uma identidade em total oposição com a minha identidade como cristão, como pai adotivo, e como servidor social que tem interesse pela vida das crianças e adolescentes que vivem nas favelas brasileiras. (Não vou nem falar sobre questões ideológicas. A força de Bolsonaro, a meu ver, é um perigo para a democracia e o bem-estar brasileiro, assim como a força do PT [poderia ser na conjuntura de 2018, mas que nunca foi antes disso]. Bolsonaro não é de direita; pelo contrário, ele demonstra o quanto deseja que o Estado controle a vida das pessoas. A diferença entre os dois – PT e Bolsonaro – é uma diferença entre um tipo de visão totalitária do Estado por outra visão totalitária do Estado. Portanto, farei uma série de posts para mostrar que o Bolsonaro vai contra a minha própria identidade. Por falar sobre identidade, os meus argumentos incluirão questões bem pessoais. Portanto, se você tem alguma estima por quem sou, por favor leve a sério o que vou falar.
1 - BOLSONARO e ADOÇÃO
Já ouvi diversas pessoas que vão votar no Bolsonaro dizendo que a minha família, formada a partir da prática da adoção, é um belo exemplo ou algo muito lindo. Saibam, portanto, que o Bolsonaro afirmou o seguinte: “O ECA tem que ser rasgado e jogado na latrina. É um estímulo à vagabundagem e à malandragem infantil”.
Ele está se referindo ao Estatuto da Criança e do Adolescente, um documento importantíssimo para o bem-estar das crianças e adolescentes em situação de risco social no Brasil. O ECA trouxe muitos benefícios sem precedentes para o cuidado dessas crianças e adolescentes, das quais mencionarei algumas no próximo post e explicarei o motivo da crítica de Bolsonaro. Aqui, me limitarei à questão da adoção.
O sistema de adoção brasileiro tem um forte respaldo legal no ECA. Na verdade, se há, hoje, alguma estrutura funcional desse sistema, o responsável por isso é o ECA. A conscientização brasileira sobre a importância da adoção procede de políticas fundamentadas no ECA. Se hoje uma criança que tem sua saúde, educação e bem-estar, de forma geral, negligenciada ou ameaçada por sua família biológica, tem a possibilidade de ser acolhida e encaminhada para adoção, devemos muito disso ao ECA.
Para tornar a coisa bem pessoal, eu realmente não sei o que seria do meu filho [e minha filha], caso o ECA não existisse. Eu temo, e muito, a eleição de um presidente que acredita que o ECA deve ser rasgado e jogado no vaso sanitário. Eu temo pelas crianças do futuro próximo, que podem ter, caso os valores estúpidos de Bolsonaro fundamentem as nossas leis sobre crianças e adolescentes, suas vidas colocadas em risco.
Conheço pessoas que acham a adoção algo lindo, mas votarão no Bolsonaro. Para esses eu digo: vote consciente de que ele tem repugnância por um documento que tem salvado a vida de muitas crianças, inclusive por meio da adoção. Se você, portanto, acha a minha família linda e um bom exemplo, por favor, considere mudar o seu voto ou, então, vote sabendo disso. Eu não posso nem considerar o Bolsonaro como meu voto, pois os valores que ele carrega, que o levam a afirmar o que ele afirmou sobre o ECA, vão contra minha identidade como pai adotivo.
2 - BOLSONARO e CRIANÇAS em FAVELAS
Já ouvi diversas pessoas que vão votar no Bolsonaro dizendo que admiram o trabalho que faço, desde 2006, com crianças e adolescentes em situação de risco. Essas duas posições não são somente incoerentes, elas são opostas. Até 2006 eu não sabia nada sobre a vida das crianças e adolescentes nas favelas brasileiras. Hoje eu conheço um pouco, não muito, mas é o suficiente para avaliar as propostas de Bolsonaro que afetarão diretamente essas pessoas. Quero falar aqui sobre a questão da educação e a questão da violência.
Sobre a educação, volto a citar o que Bolsonaro falou sobre o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente): “O ECA tem que ser rasgado e jogado na latrina. É um estímulo à vagabundagem e à malandragem infantil”. Acontece que anteriormente ao ECA, não havia no Brasil uma legislação que garantisse o direito da criança e do adolescente à educação. Se há no Brasil hoje, o oferecimento ao ensino fundamental para 98% da população, isso se deve ao ECA. A educação pública brasileira ainda é muito inadequada, obviamente, como falarei abaixo. No entanto, o ECA dá o respaldo legal para que possamos cobrar do Estado o oferecimento de educação de qualidade para todos os brasileiros.
Aí vem uma segunda questão sobre educação relacionada a Bolsonaro. Ele propõe a implementação do Ensino à Distância (EAD) para o ensino fundamental e médio. Ele diz que essa é uma forma de “combater o marxismo” e baratear os custos. Essa ideia somente pode surgir de alguém sem nenhum conhecimento do atual estado da educação pública brasileira. A maioria das crianças e adolescentes em situação de risco social que eu conheço é analfabeta, e praticamente todos são analfabetos funcionais. Não importa se estão no primeiro ou no nono ano escolar. Então, Bolsonaro quer rasgar e jogar o ECA, que dá respaldo legal para educação pública de qualidade para todos, e implementar o EAD. Por uma questão ideológica burra (acabar com o marxismo) e um interesse financeiro (baratear os custos), Bolsonaro colocará ainda mais crianças e adolescentes brasileiros no analfabetismo. Se você acha que educação é uma questão importante, então Bolsonaro não é uma opção.
Sobre a violência a questão é ainda mais séria. A crítica de Bolsonaro ao ECA se deu numa discussão sobre a violência nas favelas. Pedindo a uma criança de 4 anos que apontasse os dedos como uma arma, Bolsonaro disse que é a favor do armamento de crianças, especialmente nas favelas. Disse ele que o treinamento e armamento de crianças nas favelas deve acontecer para a luta contra os bandidos armados que ali estão. Daí a crítica de Bolsonaro ao ECA, que estabelece como crime o fornecimento de armamento para crianças.
Depois, vem a questão da proposta de Bolsonaro sobre o excludente de ilicitude. Ele deseja que o policial em ação responda a julgamento, mas não seja punido. Bolsonaro disse: “Se alguém disser que quero dar carta branca para policial militar matar, eu respondo: quero sim”. Tal proposta só pode proceder de alguém sem nenhum conhecimento sobre a relação entre os policiais e os moradores das favelas. A combinação dessas duas propostas – o armamento da população jovem das favelas e a “carta branca” – instaurarão um estado de completo terror nas favelas. Talvez ele esteja pensando que isso ajudará no combate ao crime ou ele realmente não se importa com a vida de quem vive nas favelas. Eu acredito mais na segunda opção, mas não posso afirmar o que não é possível ter certeza. [Talvez hoje seja possível dizer que a segunda opção é a verdadeira. Graças a Deus que nada disso foi implementado. Não devemos isso aos cristãos que estão ali servindo ao governo, mas às instituições democráticas que podem barrar as loucuras de Bolsonaro.]
Se o Bolsonaro for eleito e conseguir implementar o que quer sobre essas questões, eu temo pela vida das crianças e adolescentes a quem eu amo e tenho servido por todos esses anos. Elas já vivem num ambiente de stress psicológico comparado ao de guerra e isso não é somente uma ameaça ao seu direito de viver, mas também uma violência ao seu desenvolvimento cognitivo e social, ou seja, também tem a ver com educação. As propostas de Bolsonaro não levam em consideração a vida dessas crianças e adolescentes. Se você vai votar no Bolsonaro e acha o trabalho que eu faço exemplar, digno, até bonito, você deveria pensar melhor e escolher um ou outro. Assim como no caso da adoção, eu não tenho como considerar Bolsonaro uma opção de voto, pois tal escolha fere a minha identidade que já está atrelada à vida daqueles que vivem nas favelas brasileiras ou mesmo nas ruas. Bolsonaro não é meu candidato, pois eu amo essas crianças e adolescentes.
3 - MESSIAS BOLSONARO e JESUS MESSIAS
Jesus perguntou: "Por acaso sou um revolucionário perigoso, para que venham me prender com espadas e pedaços de pau?” (Marcos 14:48, Nova Versão Transformadora). Os romanos sabiam que os judeus do primeiro século eram um povo “perigoso”. Eles tinham um histórico de insubmissão aos grandes impérios e, no primeiro século a região da palestina vivia um fervor político (lembra que Herodes mandou matar as crianças de Belém para garantir que um “novo rei” não surgisse ali?).
Nesta época havia diversos grupos de rebeldes “revolucionários.” Alguns eram mais politizados, mas tantos outros eram mais como gangues que praticavam pequenos delitos para desestabilizar a ordem romana ou a Pax Romana. Estes últimos eram chamados de “bandidos” ou, no grego, λῃστής. Quando os romanos vieram prender Jesus, ele os confronta perguntando se era algum tipo de “bandido” (λῃστής). Como cristãos, sabemos que Jesus não era nenhum criminoso, mas suas ações estavam causando alvoroços na região da Judeia, o que preocupava e muito aos romanos. Jesus não era criminoso, mas para Roma ele era um “bandido” ou “revolucionário” (λῃστής). Apesar de moralmente inocente, Jesus foi culpado politicamente por Roma. E a punição desses “bandidos” ou “revolucionários” era a tortura e conseqüente morte pública. Aqueles que morreram ao lado de Jesus também eram “bandidos” ou “revolucionários” (ver Marcos 15:27). O poder de Roma como sistema político, torturou a Jesus, pois viu nele uma ameaça ao seu poder, a sua ordem, e ao bem de seus cidadãos. Permitir que Jesus, mesmo sem armas, provocasse desordem social e política dentro do Império Romano seria arriscado demais. Esse Jesus “bandido” que foi torturado pelos poderes políticos de sua época, é adorado pelos cristãos como Deus. Nada é mais sagrado a nós, cristãos, do que a morte de Jesus na cruz romana, um instrumento de tortura e morte.
Questionado por Marina Mantega sobre antigas afirmações, Bolsonaro, sem papas na língua, se defendeu: "o erro da Ditadura foi torturar e não matar". “Abominamos a tortura, mas naquele momento vivíamos na guerra fria,” justificou Bolsonaro. Muitos acham que Bolsonaro fala essas coisas por pura retórica, para provocar. Outros, com certo grau de plausibilidade, afirmam que ele fala isso, mas jamais vai instaurar tortura como prática de seu governo. A antiga desculpa de que ele fazia apologia à tortura somente no passado não cola mais, pois estas são afirmações atuais. O que importa para mim, contudo, é que esta fala está carregada de valores defendidos por Bolsonaro. Se os meus posts anteriores já indicam que Bolsonaro está longe, muito longe, de qualquer ideal cristão, agora quero sugerir que o posicionamento de Bolsonaro é sacrílego.
Se Bolsonaro falasse o que falou sobre tortura e se posicionasse como um ateu ou qualquer outra coisa, e não como cristão, eu simplesmente diria que ele é anti-cristão. No entanto, seu posicionamento como cristão torna sua fala um sacrilégio, uma zombaria com aquilo que é sagrado aos cristãos. Da mesma forma, cristãos que justificam seu voto em Bolsonaro a partir de valores cristãos, também são culpados de sacrilégio. A tortura matou o nosso Deus, portanto a tortura é prática anti-cristã. O uso da tortura para defender valores cristãos, como faz Bolsonaro e os cristãos que o defendem, é um ato de sacrilégio. Bolsonaro afirmou: “Abominamos a tortura, mas naquele momento vivíamos na guerra fria (o que implica na ameaça comunista)”. Se depois de “abominamos a tortura” você usa um “mas,” pode acreditar que seu argumento é injustificável. Veja os exemplos comparativos: “Sou completamente contra a escravidão, mas…”; “o abuso sexual infantil é repugnante, mas…”; “considero o estupro um crime hediondo, mas…”; “toda vida tem valor, mas…”. Percebem o problema?
Sua justificativa é a ameaça comunista e a possibilidade de o Brasil virar “uma grande Cuba”. Aqueles que foram torturados pela ditadura militar como poder político da época, de acordo com Bolsonaro, eram revolucionários, bandidos, ameaças à ordem brasileira. Pode ser, mas como não comparar com a relação entre Roma e Jesus? Roma justificou a tortura e a morte de Jesus por argumentos e políticas semelhantes: evitar um mal maior. Assim, votar em Bolsonaro seria, para mim, uma negação da minha identidade cristã, pois suas falas, a partir de um posicionamento cristão, é uma zombaria com a morte de Jesus, torturado pelo poder político da época. Não acredito que será possível ao cristão votar em Bolsonaro, e sua justificativa da tortura para evitar um mal maior, e, adorar a Jesus no próximo culto de domingo sem ser culpado de sacrilégio. Aos cristãos mais tradicionais, como vocês votarão em Bolsonaro e recitarão o credo no próximo domingo: “[Creio] em Jesus Cristo [que] padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado…”? Bolsonaro não é voto cristão, é voto anti-cristão e sacrílego.
LINKS DAS REFERÊNCIAS DE NOTÍCIAS QUE UTILIZEI NA ÉPOCA

Caio Peres
link da postagem original: https://www.facebook.com/notes/caio-peres/2018-foi-ontem/10159513289173496/

Virginia Ramey Mollenkott




Virginia Ramey Mollenkott (nascida em 28 de janeiro de 1932)!
#Teóloga #feminista
Professora de inglês. Autora de "Women, Men, and the Bible" (1977), "Espiritualidade sensual: fora do fundamentalismo" (1982), "O feminino divino: imagens bíblicas de Deus como mulher" (1983) e "Omnigender: A Trans-Religious Abordagem "(2001), entre outros trabalhos. A Dra. Mollenkott mora com a esposa, Judith Suzannah Tilton, em uma vila de aposentados em Nova Jersey. Os arquivos do Dr. Mollenkott residem no Centro de Estudos de Gays e Lésbicas da Escola de Religião do Pacífico, Berkeley, Califórnia. Nascida em Filadélfia, Pensilvânia.

Baco Exu do Blues - Bluesman (Official Film)

01. Baco Exu do Blues - Bluesman

Katharine Bushnell




Katharine Bushnell (5 de fevereiro de 1855 - 26 de janeiro de 1946)!
#Feminista #Médica Ativista social. #Linguista
 Estudiosa da Bíblia, autodidata. Quando jovem, Katharine trabalhou com a União de Temperança Cristã das Mulheres (WCTU) para acabar com a "escravidão branca" (prostituição forçada). Ela também passou anos aprendendo grego e hebraico por conta própria, para poder estudar o que os textos bíblicos dizem sobre as mulheres. No processo, ela descobriu que as traduções para o inglês de sua época foram intencionalmente manipuladas por estudiosos do sexo masculino para permitir a subjugação das mulheres. Em 1921, ela publicou seu trabalho clássico "A Palavra de Deus para as Mulheres". Este texto, embora hoje amplamente esquecido, antecipava a teologia feminista moderna. Citação: "Supondo que as mulheres tenham traduzido a Bíblia de tempos em tempos, existe uma probabilidade de que os homens teriam ficado satisfeitos com o resultado? Portanto, nossos irmãos não têm boas razões para reclamar se afirmarmos que eles não fizeram o melhor que poderia ter sido feito. O trabalho teria sido de uma ordem muito mais alta se tivessem ajudado as mulheres a aprender as línguas sagradas e depois lhes dado um lugar ao lado dos comitês de tradução " Nascida no Peru, Illinois. Morreu em Piedmont, Califórnia.

Jarena Lee




Jarena Lee (11 de fevereiro de 1783 - 1855?)! (O ano da morte dela pode ter sido até 1864.)
#Abolicionista Ministra itinerante #Metodista
Primeira mulher autorizada a pregar por Richard Allen (fundador da Igreja Episcopal Metodista Africana). Em meados da década de 1830, Jarena se tornou a primeira mulher afro-americana a publicar sua autobiografia. Uma versão expandida, intitulada "Experiência Religiosa e Diário de Jarena Lee, Contando Seu Chamado para Pregar o Evangelho", circulou em 1849. (Várias edições ainda estão sendo impressas.) Nasceu em Cape May, Nova Jersey. Provavelmente morreu na Filadélfia. Enterrada no Monte Pisgah A.M.E. Cemitério da igreja, Lawnside, Nova Jersey.

Decreto do Governo do Estado do Paraná - 21/03/2020

https://drive.google.com/open?id=1ylnlXOlDQrhhyxbmmVltg6lDqniIqzyt

Elaine Pagels




Elaine Pagels (nascida em 13 de fevereiro de 1943)!
#Feminista
Estudiosa da Bíblia. Historiadora das religiões. Professora de religião na Universidade de Princeton. Mais conhecido por seu trabalho sobre os manuscritos de Nag Hammadi. Defende por explorar conexões entre o budismo e os textos gnósticos. Autora de "Os Evangelhos Gnósticos" (1979), "Adão, Eva e a serpente: sexo e política no cristianismo primitivo" (1988), "A origem de Satanás: como os cristãos demonizaram judeus, pagãos e hereges" (1995) e "Beyond Belief: The Secret Gospel of Thomas" (2003), entre outras obras. Nascida em Palo Alto, Califórnia.

Live Coronavírus de 20/03 - O que o Brasil precisa fazer nos próximos dias

Anna Howard Shaw




Anna Howard Shaw (14 de fevereiro de 1847 - 2 de julho de 1919)!
Ministra #Metodista #Sufragista #Médica
Ativista de temperança. Primeira ministra na igreja metodista. Uma das primeiras mulheres nos EUA a se tornar médica. Presidente da Associação Nacional Americana de Sufrágio de Mulher, de 1904 a 1915. Nasceu em Newcastle próximo a Tyne, Inglaterra. Morreu em Moylan, Pensilvânia. Cremada.

Doris Janzen Longacre




Doris Janzen Longacre (15 de fevereiro de 1940 - 10 de novembro de 1979)!
 #Menonita #Pacifista
Defendia um estilo de vida simples. Graduada no Goshen College. Trabalhadora do Comitê Central Menonita - MCC - no Vietnã (1964-1967) e Indonésia (1971-1972). Autora dos livros de receitas "Mais com menos" (1976) e "Vivendo mais com menos" (1980). Nasceu em Newton, Kansas. Morreu em Hershey, Pensilvânia. Enterrada no cemitério de Wolf, Ephrata, Pensilvânia.

Leitura da semana: poema "Mulher de palavra", de Luz Ribeiro, do livro "...

Jane Schaberg




Jane Schaberg (20 de fevereiro de 1938 - 17 de abril de 2012)!
#Católica #Feminista
Ex-freira. Estudiosa do Novo Testamento. Professora de Estudos Religiosos e Estudos da Mulher. Autora de "A Ilegitimidade de Jesus: Uma Interpretação Teológica Feminista das Narrativas da Infância" (1990) e "Maria Madalena Entendida" (2006). Nascida em St. Louis, Missouri. Morreu em Detroit, Michigan.

Podcast Reforma Radical, do Teologia de Boteco

Saiu o podcast do papo delicioso com @cristiano_barba  para o @TeologiaBoteco 
sobre Reforma Radical e suas características pré anárquicas.

Acesse https://teologiadeboteco.com.br/2020/03/18/opodcastedelas-149-teologia-de-boteco-reforma-radical-com-angela-natel/

Elfrieda Klassen Dyck




Elfrieda Klassen Dyck (10 de março de 1917 - 20 de agosto de 2004)!
 #Menonita #Pacifista #Enfermeira.
Trabalhadora de longa data do Comitê Central Menonita (MCC). Sua família emigrou da Rússia para o Canadá em 1925, quando ela tinha 7 anos, estabelecendo-se em Winnipeg, Manitoba. Em 1942, ela começou a trabalhar na MCC, primeiro no norte de Gales e depois no norte da Inglaterra. Lá, ela conheceu Peter Dyck, que foi seu marido por 60 anos. Durante a Segunda Guerra Mundial, Elfrieda e Peter ajudaram milhares de refugiados menonitas da Rússia a se instalarem no Paraguai. Juntos, Dycks contaram sua história no livro "Up From the Rubble" (1991). Nascida em Donskoye, Neu-Samara Mennonite Settlement, Rússia. Morreu em Scottdale, Pensilvânia.

Harriet Tubman




Em 10 de março de 1913, Harriet Tubman morreu. (Nome de nascimento: Araminta Ross. Sua data de nascimento é desconhecida, mas teria sido no início da década de 1820.) #Abolicionista #Sufragista
Cristã devota propensa a visões e sonhos proféticos. Nascida em escravidão no Condado de Dorchester, Maryland. Fugiu para Filadélfia, Pensilvânia, em 1849. Fez várias viagens de volta a Maryland para resgatar familiares e amigos. Ela não tinha medo. Ao longo de sua carreira, ela ajudou muitos escravos fugitivos a atravessar a fronteira para o Canadá. Morreu em Auburn, Nova York. Enterrada no cemitério de Fort Hill, Auburn.

Kell Smith - Mudei (Videoclipe Oficial)

Judith Plaskow




Judith Plaskow (nascida em 14 de março de 1947)!
Teóloga feminista judia. Professora de Estudos Religiosos no Manhattan College. Em 1981, ela ajudou a fundar o grupo feminista judeu B'not Esh (Filhas do Fogo). Autora de "Standing Again at Sinai: Judaism from a Feminist Perspective" (1991) e "The Coming of Lilith: Ensaios sobre feminismo, judaísmo e ética sexual" (2005), entre outros trabalhos. Nascido em Brooklyn, Nova York.

Fannie Lou Hamer




Em 14 de março de 1977, Fannie Lou Hamer morreu. (Nascida em 6 de outubro de 1917.)
 #Batista
 Líder de direitos civis. Ativista de registro de eleitores. Ativista antiguerra. Secretária de Campo do Comitê de Coordenação Não-Violenta de Estudantes (SNCC). Organizadora do Mississippi Freedom Summer em 1964. Vice-Presidente do Partido Democrático da Liberdade do Mississippi. Nasceu em Montgomery County, Mississippi. Morreu em Mound Bayou, Mississippi. Enterrada no Jardim Memorial Fannie Lou Hamer, Ruleville, Mississippi.

Audre Lorde


Audre Lorde (18 de fevereiro de 1934 - 17 de novembro de 1992)! #Feminista #Mulherista #Poeta
 Ativista dos direitos civis. Ativista anti-guerra. Ativista dos direitos dos LGBT. Romancista. Bibliotecária.
Em suas próprias palavras, ela era: "Negra, lésbica, mãe, guerreira, poeta". Autora do controverso ensaio "As ferramentas do mestre nunca desmontarão a casa do mestre". Em 1980, ela co-fundou (com Barbara Smith e Cherrie Moraga) uma editora feminista chamada "Kitchen Table: Women of Color Press", a primeira editora de mulheres de cor nos Estados Unidos. Nascida em Harlem, Nova York. Morreu em St. Croix, Ilhas Virgens. Cremadaa. Suas cinzas foram espalhadas no mar. ~ Dasérie de heróis do movimento matriarcal menonita.

Ada Maria Isasi-Diaz




Ada Maria Isasi-Diaz (22 de março de 1943 - 13 de maio de 2012)!
 #Católica #Feminista #Teóloga
Professora de Ética e Teologia na Universidade Drew. Teórica-chefe da teologia Mujerista (mulherista). Advogava pela ordenação de mulheres na igreja católica. Autora de "Teologia Mulherista: Uma Teologia para o Século XXI" (1996). Em 2007, depois que a Arquidiocese de Nova York fechou a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos no Harlem espanhol (E. 113th St. entre a 2ª e a 3ª Aves.), os paroquianos se recusaram a abandonar o local e continuaram a realizar cultos dominicais de leigos no domingo, na calçada do lado de fora do prédio fechado. Ada Maria serviu como líder de louvor não oficial do grupo até sua morte. Nasceu em Havana, Cuba. Morreu na cidade de Nova York.

Leitura da semana: "Definição de anarquia", de Malatesta, do livro "Os g...

Dorothy Hennessey




Dorothy Hennessey (24 de março de 1913 - 24 de janeiro de 2008)!
 #Católica #Franciscana #Pacifista
Ativista anti-guerra. Ativista antinuclear. Irmã religiosa, Ativista dos direitos civis. Crítica da política externa e militar dos EUA. Defendia a desobediência civil. Ativista da School of the Americas Watch, que educa o público sobre o fato de que a Escola das Américas do Exército (Fort Benning, Geórgia) ensina técnicas de tortura ao pessoal militar de aliados dos EUA na América Latina. Presa em 2000 e condenada em 2001 a seis meses de prisão. Ela tinha 88 anos na época. Nascida perto de Manchester, Iowa. Morreu em Dubuque, Iowa. Enterrada no cemitério do Monte Calvário, Dubuque.

Lois Gunden Clemens


Lois Gunden Clemens (25 de fevereiro de 1915 a 27 de agosto de 2005)!
#menonita #Pacifista #Professora
Formada na faculdade Goshen. Editora do "The Voice" (boletim informativo do Comitê de Missões e Serviços para Mulheres Menonitas). Autora de uma série de palestras sobre o papel da mulher na igreja, intitulado "Mulher Liberada" (1971). Em 2013, Lois foi homenageada pelo Estado de Israel como "Justa entre as Nações" por ajudar a abrigar crianças judias durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, Lois trabalhou com o Comitê Central Menonita para estabelecer um lar infantil em Canet Plage, sul da França. Ela passou a maior parte de 1943 como prisioneira de guerra em Baden-Baden, Alemanha. Ela foi libertada no início de 1944 e, no outono daquele ano, começou a ensinar francês no Goshen College. Nascida em Flanagan, Illinois. Morreu em Lansdale, Pensilvânia. Enterrada no cemitério menonita de Plains, 50 W. Orvilla Road, Hatfield, Pensilvânia.
 ~ Da série de heróis do movimento matriarcal menonita.

INDÍGENAS DO RN NO ATL 2020

Elizabeth Horsch Bender




Em 24 de março de 1988, Elizabeth Horsch Bender morreu. (Nascida em 7 de fevereiro de 1895.)
#Mennonita #Pacifista #Editora #Professora #Tradutora
 Ela era fluente em holandês, francês, espanhol, latim e alemão. Em 1943, fez um mestrado em literatura alemã pela Universidade de Minnesota. No início dos anos 50, Elizabeth traduziu 1.700 páginas do Mennonitisches Lexikon do alemão para o inglês. Essas páginas se tornaram o núcleo da Enciclopédia Menonita de quatro volumes, publicada pela Mennonite Publishing House entre 1955 e 1959. (Este material está agora disponível on-line no GAMEO.org e é a fonte de informações para muitos destes posts). Elizabeth era um membro de longa data da equipe editorial da Mennonite Quarterly Review. Ela também editou quase tudo escrito por seu marido, Harold S. Bender, da década de 1920 à sua morte em 1962. Ela é uma heroína desconhecida na história dos estudos menonitas / anabatistas. Nascida em Elkhart, Indiana. Morreu em Goshen, Indiana. Enterrada no cemitério Elkhart Prairie, em Goshen.

CANCELADA


Experimento
Contrariar a estrutura
O sistema
E o dogma
E sou cancelada.

Experimento
Finalmente
Recusar-me a continuar nos joguinhos
De representação para agradar
a manter-me cúmplice
de relacionamentos abusivos
a manter-me alheia aos desmandos narcisistas
e sou cancelada.

Sim, excluída, deletada, cancelada
Tida como falsa, doente, se parar de apoiar o abuso
E a Co dependência emocional.

E se não aceitar as piadinhas machistas,
Sou louca, dramática, exagerada,
Preciso ser cancelada.
Preciso ser ignorada, mantida à distância.
Afinal, sou surtada.

Exagerada,
ódio à família, traidora, ódio aos homens,
Sou produto de meus traumas.
Assim avisam outros a meu respeito
Para manter distância,
relevar
minha teologia herege,
minha fala equivocada,
Devo ser silenciada.
Sim, cancelada
Excluída,
Isolada,
Mantida sob controle.

Quem continuará comigo?
Não sou mais um bom investimento,
Não trago o retorno e a reputação que desejam,
Sou avisada: um a menos...
Cancelada.

Nos relacionamentos familiares “incondicionais’,
Nas “amizades”,
Na pesquisa e nos “apoiadores”,
Que num clique anulam promessas e palavras.

“parabéns” sem comparecer,
Elogios sem, de fato, pagar para ver
Meu trabalho, minhas conquistas,
Sem o respeito de ouvir e celebrar, de apenas estar... e ser.

Belos discursos e militâncias vazias
Que se traduzem apenas em reverberação virtual.
Na luta do dia a dia, estou sozinha.
São apenas compartilhamentos, programas gravados
Usando minha voz, minha formação, quem sou
para a máquina da fama, do poder e do dinheiro.
Difícil quando o burguês safado aparece no reflexo do espelho do militante
Ou quando a empresa, canal, organização
Apenas funciona com a lógica do mercado
Negociando curtidas e seguidores
Ao que serve aos seus interesses....
Sim, porque sou apenas despesa,
a companhia real, respeitada,
Não existe,
fui cancelada.

Angela Natel – 09/03/2020

Marcha #8M - Mulheres da Favela Exigem Paz

Celebração do Dia Internacional da Mulher em Curitiba

Mulheres são todas loucas? Desde quando? (Com Muriel de Freitas) | Histo...

Eliza P. Gurney




Eliza P. Gurney (6 de abril de 1801 - 8 de novembro de 1881)!
Pregadora #Quacker #Pacifista #Abolicionista
 Advogada da reforma penitenciária. Casada com o inglês quacker Joseph John Gurney, cujas opiniões levaram a uma divisão entre os quackers americanos na década de 1840. Seus seguidores ficaram conhecidos como gurneyitas. Eliza nasceu na Filadélfia, Pensilvânia. Morreu em Burlington County, Nova Jersey. Enterrada no cemitério dos Amigos, Burlington, Nova Jersey.

Irene Morgan




Irene Morgan (9 de abril de 1917 - 10 de agosto de 2007)!
Adventista do Sétimo Dia. Ativista dos direitos civis. Em 1944, Irene foi presa na Virgínia por se recusar a sentar-se na seção segregada de um ônibus interestadual da Greyhound. Quando o xerife tentou prendê-la, ela rasgou o mandado de prisão, chutou o xerife e lutou com o deputado que tentou tirá-la do ônibus. Depois de sair da prisão, Irene o processou. Seu caso acabou chegando à Suprema Corte. Em 1946, a Corte decidiu que assentos segregados em ônibus interestaduais eram ilegais. A história de Irene inspirou a Jornada de Reconciliação de 1947, o original "Freedom Rides", onde ativistas negros e brancos andavam de ônibus juntos interestaduais pelo sul para testar a execução da decisão da Suprema Corte. Nasceu em Baltimore, Maryland. Morreu em Gloucester County, Virgínia.

Patriarcado, um violador em nosso caminho


Patriarcado, um violador em nosso caminho

5 de março de 2020

Um grito do Fórum de Gênero da Aliança de Batistas que chega às Igrejas
O patriarcado é um juiz
que nos julga por nascer,
e nosso castigo
é a violência que você não vê.
E a culpa não era minha,
nem onde estava,
nem como me vestia.
É feminicídio.
Impunidade para meu assassino.
É o desaparecimento.
É o estupro.
O violador era você. O violador é você.
São os policiais, os juízes, o estado, o Presidente. (1)
Esse foi o grito de um grupo de mulheres chilenas que ecoou em muitas partes do mundo em 2019. Na denúncia dos perpetuadores do patriarcado estão policiais, juízes, o Estado e o presidente.
E a Igreja, não deveria integrar essa lista? A Igreja tem sido mais violadora ou aliada das mulheres em suas lutas por igualdade, dignidade e direitos?
O patriarcado religioso que prevalece nas igrejas e estruturas cristãs é inimigo antigo que permanece aterrorizando a vida das mulheres. Talvez por isso gritava a escritora e artista Kate Millet: “O patriarcado tem Deus ao seu lado” (2). Historicamente, o cristianismo tem usado o nome de Deus para perpetuar e justificar o pecado do machismo e suas estruturas patriarcais.
Por isso, neste 08 de março, o Fórum de Gênero da Aliança de Batistas do Brasil faz desse dia de celebração um Grito!
“Eis que uma mulher cananeia, que tinha saído dessa região, começou a gritar…” Mateus 15:22
O grito das mulheres comprometidas com a fé cristã tem sido um grito profético de anúncio e denúncia.
Na América Latina cristã e cristianizada, o feminicídio (assassinato de mulheres por serem mulheres) mata 12 mulheres por dia, segundo dados da ONU. O Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a uma taxa de 4,8 para cada 100 mil mulheres no país. A violência de gênero que atinge mulheres, principalmente mulheres pretas e periféricas, mulheres trans e a comunidade LGBTI+ continua crescente, expressando-se de diferentes formas tanto na sociedade quanto nas igrejas.
Como anunciar o reino de justiça e igualdade, se as igrejas e instituições cristãs ensinam e reproduzem um modelo de desigualdade entre homens e mulheres?
O uso constante de uma leitura patriarcal da Bíblia e da fé cristã pelas igrejas para marginalizar, excluir e silenciar as mulheres distorce e contradiz o princípio de igualdade entre mulheres e homens e não pode ser admitido como palavra autêntica de Deus. Trata-se, pelo contrário, de reflexo do pecado sexista e machista que atingiu as tradições interpretativas da Bíblia e da tradição cristã.
Por tudo isso, gritamos!
Esse grito ecoa desde as mulheres silenciadas ou ignoradas da Bíblia.
Em Isaías 42:14 as mulheres gritam: “Fomos mantidas muito tempo em silêncio, contidas, nos calaram. Mas, agora, como mulheres em trabalho de parto, gritamos, gememos e respiramos ofegante.”
Raquel e as mulheres de Ramá também gritam: “Ouve-se uma voz em Ramá, lamentação e amargo choro. É Raquel que chora por seus filhos e recusa-se a ser consolada!” (Jeremias 31:15).
“Eis que uma mulher cananeia, que tinha saído dessa região, começou a gritar”. (Mateus 15: 22): O grito dela constrange a Jesus, e denuncia que não há justiça e igualdade na mesa da religião onde mulheres sofrem com a violência do patriarcado disfarçado de doutrina, tratadas como “cachorrinhos”, aceitando as migalhas que caem da mesa religiosa do machismo institucional.
O nosso grito é o grito abafado da filha de Davi, violada pelo seu meio-irmão dentro de sua própria casa (2 Samuel 13:1-21).
O grito da injustiça sofrida por Tamar, que teve seus direitos negados sistematicamente pelos homens da família de Judá (Gênesis 38).
É também o grito e o pranto de Ana, que sofre as dores da humilhação perpetrada pela lei patriarcal que tratava as mulheres como meras máquinas de reprodução humana (1 Samuel 1:1-20).
O nosso grito se faz choro com as amigas da filha de Jefté que, chorando, denunciam o mal que homens cometem em nome da guerra (Juízes 11:1-40).
Gritamos e bradamos pela indefesa mulher do Levita que, assim como a filha de Jefté, teve seu corpo violado, assassinado no altar do sacrifício do patriarcado bíblico (Juízes 19).
Gritamos pela silenciada mulher acusada de adultério que depõe a hipocrisia dos seus acusadores que, escondendo seus próprios pecados, vivem de pedras na mão contra a vida das mulheres.
O grito dessas mulheres da Bíblia se junta ao grito de tantas mulheres de ontem e de hoje.
Ao grito impaciente e resistente de Rosa Parks, mulher negra e crente que com seu grito derrubou a lei segregacionista nos Estados Unidos da América.
Ao grito de Margarida Alves, que até hoje anima a luta das mulheres e homens do campo: “Medo nóis tem, mas nóis não usa!”.
Ao grito de tantas mulheres pobres, negras, nas periferias das cidades, camponesas, desde as fábricas até as academias que se unem num mesmo grito: “O patriarcado é um juiz que nos julga por nascer, e nosso castigo é a violência que você não quer ver”!
Como sociedade e Igreja, somos responsáveis e temos permitido e reproduzido um sistema patriarcal que tem gerado morte às mulheres de todas as classes, gênero, raça e religiões, com um terrível agravante da violência de gênero sofrida por meninas, mulheres negras, indígenas e trans.
Com muita indignação e vergonha, nos somamos a estes gritos que clamam por justiça de gênero, a começar pelas nossas igrejas. Diante do alarmante cenário que denuncia a conivência e negligência das instituições e igrejas cristãs, nós do Fórum de Gênero da Aliança de Batistas:
  • Pedimos perdão a todas as mulheres por ser parte do problema que atenta contra suas vidas, quando deveríamos como igrejas ser espaço de cuidado e apoio para o enfrentamento das violências perpetradas contra as mulheres.
  • Pedimos perdão a Deus pelo pecado do machismo patriarcal que predomina em nossas igrejas.
  • Convocamos a todas as igrejas cristãs, as comunidades de fé das distintas religiões e diversas expressões de espiritualidade a evocar a memória de todas as mulheres e grupos que foram e são vítimas da violência machista e patriarcal, e a nos somar ao grito delas que clama por justiça de gênero.
Finalizamos dando graças ao Deus que é espírito, vento e ventre criador de todas as coisas, que tem sustentado a fé e a esperança de todas as mulheres.
Que a nossa resistência seja alimentada pela fé e pela profecia das matriarcas Sara, Hagar e Raquel na busca de “uma terra prometida”, e que assim lutemos por outro mundo e outra igreja possível.
Que nosso grito seja fortalecido pelo testemunho de Maria de Nazaré, Maria Madalena e todas as mulheres do movimento de Jesus que caminham conosco até recuperarmos “a moeda perdida” por nós mulheres de fé cristã dentro da própria casa, a igreja, que deveria ser a comunidade de iguais inaugurada por Jesus.
E quem tem ouvido, ouça o que o Espírito diz às igrejas!
(1) Un Violador en Tu Camino”. Coletivo LasTesis, em ação pelo Dia do Combate à Violência Contra a Mulher, em 25 de novembro de 2019. Santiago do Chile.
(2) MILLET, Kate. Sexual Politics. Garden City: NY, Doubled Day & Company, 1970, p. 51.
acessado em 06/03/2020 às 09:03h