sábado, 28 de março de 2020

Ideolatria


Não conheço um dono da verdade que não seja violento. E não conheço nenhum caridoso que não tenha respeito generoso pelos que discordam. De qualquer ângulo, a conta é alta.
Ideolatria foi uma invenção brega, bélica, que, ironicamente, vai passar na história contra quem usou: violência estúpida.
Quando eu falo violência não estou falando de nenhum calor, nenhuma fala séria, grave, nem de vocabulário. Estou falando de uma verdade que aniquila. Verdade opressora.
Idolatria é uma tentação. Isto é: eu conheço por dentro. Esta próximo de mim.
Mas, quando uma acusação, pode ser muito violenta: quando se chama cristãos de idólatras tem muita coisa implicada.
Chamaram o Ariovaldo assim porque ele tinha interpretação diferente do cenário político. Não tem um deles capaz de provar que o Ariovaldo abriu mão de Cristo. É uma acusação desonesta demais. Temeraria. Não imagino um justo capaz de comete la.
Se eles cressem em Deus de verdade, temeriam o Juízo. Um cristão que faz pouco caso da justiça, um dia fará muito caso. A verdade é que não crêem. A consciência não deixaria. Não se pode dormir em paz sendo tão estupidamente injusto.
Mas agora temos um cenário que deveria-nos fazer pensar em idolatria:
As pessoas estão colocando uma crença aleatória por cima da própria sobrevivência, da sua saúde e dos seus, da vida. Negam os especialistas em nome da crença. Negam a ciência do mundo inteiro. Negam a liderança política de todo o globo. Minimizam os riscos. Até o clima do Brasil diferente da Itália vira argumento ao preço de palpite aleatório infundado. Com essa conta, arriscam tudo. Recusam a enxergar que todo o mundo também está preocupado com a economia. Todas as ações visam a saúde e vida em primeiro lugar, e a economia dentro do possível.
Primeiro, se sobrevive. Depois tenta se manter financeiramente. Uma questão de prioridade. Não é uma oposição absoluta. Ninguém internado se preocupa com a ausência no trabalho. Mas nao se descarta a economia. Trilhões estão sendo investidos no mundo para economia. Esse discurso é falso. Ninguém está desprezando o valor da economia.
O custo são vidas. Não se pode arriscar. O preço é alto quando ele custa nosso pais e avós.
Essa desconexão com a realidade, negação radical e insistente, baseado em bafo; ideias com risco de vidas, isso, isso sim, pode ser idolatria.
Ter que provar que a Terra não é plana é uma discussão mais legítima. Com toda estranheza. Com toda conspiração infundada. Mas nao custa sangue.
Trump pediu hoje que se produza come rapidez mais respiradores.
Não se tem em que se sustentar.
Vai negar o sangue para manter suas crenças.
Uma pessoa normal, anda sobre os pés. Mas estamos diante de um exército de pessoas que andam sob a cabeça, invertidos.
Chesterton estava certo quando disse que o louco é o que perdeu tudo exceto a razão.
Os donos da verdade não precisam de ciência, não precisam estudar, não precisa testar suas ideias. Elas são "reais" desde que eles acreditem.
Nelson Rodrigues disse que o canalha precisa de uma ideologia para se justificar. Hoje em nome de uma contra ideologia se justifica tudo. Se você diz algo como "o PT vê a China com muito bons olhos", não vai importar o dado objetivo: a importância da parceria comercial que a China tem para o país. Contra o país, maqueado de nacionalismo, se pode passar a ver a China (por mera intuição de que a verdade é a negação do inimigo), com antipatia.
O horizonte de negação exime de pensar. Basta se opor a Globo, à Folha, ao PT, a esquerda, ao comunismo.

Eric Cunha via Facebook

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Ideolatria


Não conheço um dono da verdade que não seja violento. E não conheço nenhum caridoso que não tenha respeito generoso pelos que discordam. De qualquer ângulo, a conta é alta.
Ideolatria foi uma invenção brega, bélica, que, ironicamente, vai passar na história contra quem usou: violência estúpida.
Quando eu falo violência não estou falando de nenhum calor, nenhuma fala séria, grave, nem de vocabulário. Estou falando de uma verdade que aniquila. Verdade opressora.
Idolatria é uma tentação. Isto é: eu conheço por dentro. Esta próximo de mim.
Mas, quando uma acusação, pode ser muito violenta: quando se chama cristãos de idólatras tem muita coisa implicada.
Chamaram o Ariovaldo assim porque ele tinha interpretação diferente do cenário político. Não tem um deles capaz de provar que o Ariovaldo abriu mão de Cristo. É uma acusação desonesta demais. Temeraria. Não imagino um justo capaz de comete la.
Se eles cressem em Deus de verdade, temeriam o Juízo. Um cristão que faz pouco caso da justiça, um dia fará muito caso. A verdade é que não crêem. A consciência não deixaria. Não se pode dormir em paz sendo tão estupidamente injusto.
Mas agora temos um cenário que deveria-nos fazer pensar em idolatria:
As pessoas estão colocando uma crença aleatória por cima da própria sobrevivência, da sua saúde e dos seus, da vida. Negam os especialistas em nome da crença. Negam a ciência do mundo inteiro. Negam a liderança política de todo o globo. Minimizam os riscos. Até o clima do Brasil diferente da Itália vira argumento ao preço de palpite aleatório infundado. Com essa conta, arriscam tudo. Recusam a enxergar que todo o mundo também está preocupado com a economia. Todas as ações visam a saúde e vida em primeiro lugar, e a economia dentro do possível.
Primeiro, se sobrevive. Depois tenta se manter financeiramente. Uma questão de prioridade. Não é uma oposição absoluta. Ninguém internado se preocupa com a ausência no trabalho. Mas nao se descarta a economia. Trilhões estão sendo investidos no mundo para economia. Esse discurso é falso. Ninguém está desprezando o valor da economia.
O custo são vidas. Não se pode arriscar. O preço é alto quando ele custa nosso pais e avós.
Essa desconexão com a realidade, negação radical e insistente, baseado em bafo; ideias com risco de vidas, isso, isso sim, pode ser idolatria.
Ter que provar que a Terra não é plana é uma discussão mais legítima. Com toda estranheza. Com toda conspiração infundada. Mas nao custa sangue.
Trump pediu hoje que se produza come rapidez mais respiradores.
Não se tem em que se sustentar.
Vai negar o sangue para manter suas crenças.
Uma pessoa normal, anda sobre os pés. Mas estamos diante de um exército de pessoas que andam sob a cabeça, invertidos.
Chesterton estava certo quando disse que o louco é o que perdeu tudo exceto a razão.
Os donos da verdade não precisam de ciência, não precisam estudar, não precisa testar suas ideias. Elas são "reais" desde que eles acreditem.
Nelson Rodrigues disse que o canalha precisa de uma ideologia para se justificar. Hoje em nome de uma contra ideologia se justifica tudo. Se você diz algo como "o PT vê a China com muito bons olhos", não vai importar o dado objetivo: a importância da parceria comercial que a China tem para o país. Contra o país, maqueado de nacionalismo, se pode passar a ver a China (por mera intuição de que a verdade é a negação do inimigo), com antipatia.
O horizonte de negação exime de pensar. Basta se opor a Globo, à Folha, ao PT, a esquerda, ao comunismo.

Eric Cunha via Facebook