segunda-feira, 6 de junho de 2022

Heterossexualidade, racismo e intolerância:

 


Heterossexualidade não é uma entre várias opções, ela é a hegemonia, é a norma, é tida como a verdade natural da sexualidade. Ela sequer costuma ser nomeada, justamente porque é posta num lugar de representante do que é normal.
Brancos não sofrem racismo porque a branquitude é justamente a posição de privilégio racial.
Nesse sentido, o cristianismo, em nosso território, não é uma das religiões entre muitas possíveis, mas é precisamente a dominação colonial, é o extermínio de outras espiritualidades.
1 a cada 3 pessoas no planeta se afirma cristã, no Brasil cerca de 90% da população se entende cristã, um feito que se deu às custas do projeto colonial de catequização e evangelização que segue a cada dia mais forte.
Se intolerância religiosa é não respeitar e reconhecer outros credos como legítimos e verdadeiros, então a ideologia cristã é essencialmente intolerante, pois é o que a Bíblia prega e é isso que as igrejas perpetuam: que só existe um único deus verdadeiro, que todos os outros são falsos e que quem ama a Jesus segue suas palavras e deve combater "a mentira".
Assim como não faz sentido que uma campanha de respeito à diversidade sexual peça por respeito a heteros, também seria absurdo campanhas antirracistas que incluíssem brancos como vítimas de "racismo reverso".
É extremamente cínico e perverso que todas as imagens de divulgação a respeito da intolerância religiosa coloquem padres e pastores junto com representantes de espiritualidade indígena e afro, quando esses últimos são as vítimas da dominação colonial que os primeiros representam.
Não existe intolerância religiosa contra cristianismo porque ele sequer é posto como uma religião entre muitas, ele se afirma como a verdade sobre as "seitas". Ele é o Deus com letra maiúscula, os demais todos minúsculos.
Os não indígenas têm mais facilidade em conceber o fim do mundo que o fim da colonização.
O cristianismo é a bússola moral do projeto colonial. O "lado bom" faz parte do "lado mau", o amor a alguns é o ódio a outros, o céu de alguns o inferno de muitos, enfim, toda a composição de uma vida moralista que precisa acabar.
Não existe descolonização sem descristianização.

Geni Nuñez

Fonte: https://www.instagram.com/p/CK9LQJEH4w9/?igshid=MDJmNzVkMjY=


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Heterossexualidade, racismo e intolerância:

 


Heterossexualidade não é uma entre várias opções, ela é a hegemonia, é a norma, é tida como a verdade natural da sexualidade. Ela sequer costuma ser nomeada, justamente porque é posta num lugar de representante do que é normal.
Brancos não sofrem racismo porque a branquitude é justamente a posição de privilégio racial.
Nesse sentido, o cristianismo, em nosso território, não é uma das religiões entre muitas possíveis, mas é precisamente a dominação colonial, é o extermínio de outras espiritualidades.
1 a cada 3 pessoas no planeta se afirma cristã, no Brasil cerca de 90% da população se entende cristã, um feito que se deu às custas do projeto colonial de catequização e evangelização que segue a cada dia mais forte.
Se intolerância religiosa é não respeitar e reconhecer outros credos como legítimos e verdadeiros, então a ideologia cristã é essencialmente intolerante, pois é o que a Bíblia prega e é isso que as igrejas perpetuam: que só existe um único deus verdadeiro, que todos os outros são falsos e que quem ama a Jesus segue suas palavras e deve combater "a mentira".
Assim como não faz sentido que uma campanha de respeito à diversidade sexual peça por respeito a heteros, também seria absurdo campanhas antirracistas que incluíssem brancos como vítimas de "racismo reverso".
É extremamente cínico e perverso que todas as imagens de divulgação a respeito da intolerância religiosa coloquem padres e pastores junto com representantes de espiritualidade indígena e afro, quando esses últimos são as vítimas da dominação colonial que os primeiros representam.
Não existe intolerância religiosa contra cristianismo porque ele sequer é posto como uma religião entre muitas, ele se afirma como a verdade sobre as "seitas". Ele é o Deus com letra maiúscula, os demais todos minúsculos.
Os não indígenas têm mais facilidade em conceber o fim do mundo que o fim da colonização.
O cristianismo é a bússola moral do projeto colonial. O "lado bom" faz parte do "lado mau", o amor a alguns é o ódio a outros, o céu de alguns o inferno de muitos, enfim, toda a composição de uma vida moralista que precisa acabar.
Não existe descolonização sem descristianização.

Geni Nuñez

Fonte: https://www.instagram.com/p/CK9LQJEH4w9/?igshid=MDJmNzVkMjY=