segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Por um amor além das coincidências.

 


Vemos coincidência no cotidiano quando dois eventos acontecem ao mesmo tempo, ou são muito próximos, ou muito semelhantes, etc.
Dentre os muitos tipos de coincidência, darei ênfase aqui àquela que diz respeito ao tempo.
"Estava pensando naquela pessoa e ela me mandou mensagem na mesma hora" é um exemplo de coincidência pela simultaneidade.
Nesse caso, é justamente pela incidência compartilhada do tempo que entendemos que houve ali uma conexão, afinal, se a mensagem chegasse anos depois, talvez não tivéssemos essa mesma impressão.
Em outras situações, como a do ciúme ou inveja algo semelhante pode acontecer. Atrelamos a postura de outra pessoa a nós, como se fosse, necessariamente, algum tipo de provocação.
E é a partir dessa proximidade excessiva que temos com o contexto que a comparação acontece: por que fez isso com aquela pessoa e não comigo? Por que já está desse jeito e não de outro?
Se nos distanciamos e pensamos que a mensagem que a pessoa enviou a outra, o beijo, o sorriso, a lágrima, talvez não tenham tanto assim a ver conosco, conseguimos nos desobrigar um pouco desse fardo.
Mesmo quando há relação conosco, ainda há uma parte muito íntima no modo cada pessoa sente e vive suas próprias questões.
Esse movimento de nos colocarmos como ponto de referência para o que acontece no mundo, uma espécie de terraplanismo sutil, pode ser acompanhado inclusive de muita culpa, porque daí passamos a atribuir a nós mesmos a causa e o efeito de tudo de ruim que nos acontece.
Mas e se em vez de criarmos conexões apenas de mão dupla conosco, exercitarmos uma expansão?
Uma teia infinita de pontos de contato?
Poderemos pensar que, mais do que uma predestinação (de tempo, de espaço, de pessoa), mais que uma coerência interna ou uma lógica na vida, só poderemos degustar nossas alegrias sem buscar nelas tanto sentido.
Em vez de só ver graça em olhar para o céu quando coincide de aparecer uma estrela cadente, há que se admirá-lo mesmo antes, mesmo depois dela passar.
Não é preciso tanta coincidência para se amar a vida.

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s


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Por um amor além das coincidências.

 


Vemos coincidência no cotidiano quando dois eventos acontecem ao mesmo tempo, ou são muito próximos, ou muito semelhantes, etc.
Dentre os muitos tipos de coincidência, darei ênfase aqui àquela que diz respeito ao tempo.
"Estava pensando naquela pessoa e ela me mandou mensagem na mesma hora" é um exemplo de coincidência pela simultaneidade.
Nesse caso, é justamente pela incidência compartilhada do tempo que entendemos que houve ali uma conexão, afinal, se a mensagem chegasse anos depois, talvez não tivéssemos essa mesma impressão.
Em outras situações, como a do ciúme ou inveja algo semelhante pode acontecer. Atrelamos a postura de outra pessoa a nós, como se fosse, necessariamente, algum tipo de provocação.
E é a partir dessa proximidade excessiva que temos com o contexto que a comparação acontece: por que fez isso com aquela pessoa e não comigo? Por que já está desse jeito e não de outro?
Se nos distanciamos e pensamos que a mensagem que a pessoa enviou a outra, o beijo, o sorriso, a lágrima, talvez não tenham tanto assim a ver conosco, conseguimos nos desobrigar um pouco desse fardo.
Mesmo quando há relação conosco, ainda há uma parte muito íntima no modo cada pessoa sente e vive suas próprias questões.
Esse movimento de nos colocarmos como ponto de referência para o que acontece no mundo, uma espécie de terraplanismo sutil, pode ser acompanhado inclusive de muita culpa, porque daí passamos a atribuir a nós mesmos a causa e o efeito de tudo de ruim que nos acontece.
Mas e se em vez de criarmos conexões apenas de mão dupla conosco, exercitarmos uma expansão?
Uma teia infinita de pontos de contato?
Poderemos pensar que, mais do que uma predestinação (de tempo, de espaço, de pessoa), mais que uma coerência interna ou uma lógica na vida, só poderemos degustar nossas alegrias sem buscar nelas tanto sentido.
Em vez de só ver graça em olhar para o céu quando coincide de aparecer uma estrela cadente, há que se admirá-lo mesmo antes, mesmo depois dela passar.
Não é preciso tanta coincidência para se amar a vida.

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s