terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Que perfeito seria um mundo sem amor!

 


Que perfeito seria um mundo sem amor!

Muitas vezes acredita-se que o que falta no mundo é amor, mas penso que este amor hegemônico se constitui justamente da falta. Quanto mais único/exclusivo, mais especial. Somos construídos pra achar desconfortável ouvir "te amo como amo todo mundo/te amo tanto quanto amo a milhares de pessoas".

O valor deste amor colonial vem da escassez, ou melhor, da concentração.

Que se tenha muito amor, mas que este amor seja só por x pessoa, na lógica da renda e a propriedade privada.

Devemos nos importar, cuidar e amar daquilo que é 'nosso', pra fora disso, a sensibilização cai mil degraus.

"Ah, mas e se expandirmos o amor para quem ele não chega?"

Se expandirmos em máxima potência ele deixa de existir, me parece, porque precisa do contraste. Novamente me lembra o dinheiro: se todo mundo tiver bilhões, ninguém terá bilhões, porque perde o valor que se dá justamente pela desigualdade brutal na concentração.

Então o desejo de ser incluído no amor colonial por vezes ou entra na lógica da exceção ou na da substituição, do descarte.

Também como o dinheiro, este tipo de amor é um privilégio que articulado com posições sociais, reifica lugares de importância no mundo.

Estamos muitas vezes com medo de perder o (pouco) amor que temos, mas penso que se nos vinculássemos de outras formas, não precisaríamos mais ter medo algum.

Se o direito à saúde, ao prazer, à dignidade não estivessem condicionados ao merecimento (no qual entra forte esse amor), penso que nossas relações conosco e com o mundo seriam muito mais leves.

Afetos singulares não são hierárquicos, muito menos homogêneos, são sobre uma diferença radical, da impossibilidade de submeter a uma competição coisas como chuva, capivara e tomate.


Não quero um mundo com mais vagas no céu, mas um mundo sem céu nem inferno.


Que nosso caminho esteja na saúde dos nossos vínculos e no afeto (de carinho e afetação).


O brilho do sol não é lindo porque o amo

Nem tampouco o arco-íris é espetacular porque o amamos

O valor de cada existência não deveria ser medido pelo tanto que é amada

Cada coisa tem em si a dignidade de sua existência e não há nada mais precioso que isso.


Geni Núñez


Fonte: https://www.instagram.com/p/CXugMy2toD1/

Nenhum comentário:

Que perfeito seria um mundo sem amor!

 


Que perfeito seria um mundo sem amor!

Muitas vezes acredita-se que o que falta no mundo é amor, mas penso que este amor hegemônico se constitui justamente da falta. Quanto mais único/exclusivo, mais especial. Somos construídos pra achar desconfortável ouvir "te amo como amo todo mundo/te amo tanto quanto amo a milhares de pessoas".

O valor deste amor colonial vem da escassez, ou melhor, da concentração.

Que se tenha muito amor, mas que este amor seja só por x pessoa, na lógica da renda e a propriedade privada.

Devemos nos importar, cuidar e amar daquilo que é 'nosso', pra fora disso, a sensibilização cai mil degraus.

"Ah, mas e se expandirmos o amor para quem ele não chega?"

Se expandirmos em máxima potência ele deixa de existir, me parece, porque precisa do contraste. Novamente me lembra o dinheiro: se todo mundo tiver bilhões, ninguém terá bilhões, porque perde o valor que se dá justamente pela desigualdade brutal na concentração.

Então o desejo de ser incluído no amor colonial por vezes ou entra na lógica da exceção ou na da substituição, do descarte.

Também como o dinheiro, este tipo de amor é um privilégio que articulado com posições sociais, reifica lugares de importância no mundo.

Estamos muitas vezes com medo de perder o (pouco) amor que temos, mas penso que se nos vinculássemos de outras formas, não precisaríamos mais ter medo algum.

Se o direito à saúde, ao prazer, à dignidade não estivessem condicionados ao merecimento (no qual entra forte esse amor), penso que nossas relações conosco e com o mundo seriam muito mais leves.

Afetos singulares não são hierárquicos, muito menos homogêneos, são sobre uma diferença radical, da impossibilidade de submeter a uma competição coisas como chuva, capivara e tomate.


Não quero um mundo com mais vagas no céu, mas um mundo sem céu nem inferno.


Que nosso caminho esteja na saúde dos nossos vínculos e no afeto (de carinho e afetação).


O brilho do sol não é lindo porque o amo

Nem tampouco o arco-íris é espetacular porque o amamos

O valor de cada existência não deveria ser medido pelo tanto que é amada

Cada coisa tem em si a dignidade de sua existência e não há nada mais precioso que isso.


Geni Núñez


Fonte: https://www.instagram.com/p/CXugMy2toD1/