É notável o aumento da influência política de certos setores do evangelicalismo brasileiro (1). Entretanto, se considerarmos que os evangélicos arrogam para si a característica de leitores e praticantes da Bíblia, é legítimo questionar se essa busca pela influência política tem respaldo nas Escrituras Sagradas.
Talvez, uma das justificativas para a busca da influência política seja a relevância dos valores cristãos para a sociedade. Assim, a Igreja torna-se uma guerreira contra os "valores do mundo" para a implantação da ética e da moral cristãs. Mas o que a Bíblia diz sobre esta guerra moral ? Aliás, existe realmente uma guerra moral contra o mundo ?
Vejamos o que o apóstolo Paulo tem a dizer sobre isso :
"Pois nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas contra governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais." Ef. 6 : 12.
" Com isso, porém, não me referia a descrentes que vivem em imoralidade sexual, ou são avarentos, ou exploram os outros, ou adoram ídolos. Vocês teriam de sair deste mundo para evitar pessoas desse tipo. O que eu queria dizer era que vocês não devem se associar a alguém que afirma ser irmão mas vive em imoralidade sexual, ou é avarento, ou adora ídolos, ou insulta as pessoas, ou é bêbado ou explora os outros. Nem ao menos comam com gente assim. Não cabe a mim julgar os de fora, mas certamente cabe a vocês julgar os que estão dentro. Deus julgará os de fora. Portanto, eliminem o mal do meio de vocês." 1 Co. 5 : 10 - 12.
Ora, se a luta do cristão não é contra a sociedade civil estabelecida, mas contra seres espirituais, isso já é motivo suficiente para não haver uma busca por relevância política.
Além disso, Paulo, aos coríntios, afirma que a luta pela santidade não é contra os de fora da igreja, mas contra aqueles que se dizem cristãos, mas estão longe do padrão do Cristo estando dentro da igreja. Quanto aos que vivem fora da igreja, não é tarefa do cristão legislar sobre o seu comportamento, pois Deus se encarregará disso.
Assim, se certos setores da igreja evangélica buscam uma relevância política na tentativa de implantar uma suposta moralidade cristã, eles o fazem à parte daquilo que a Bíblia nos autoriza como cristãos. Além disso, a igreja passa a ser apenas um instrumento para cooptar votos de eleitores conservadores para um projeto de poder que não teve nada a ver com o Reino de Deus, simplesmente porque a Igreja de Cristo não é um projeto de poder.
(1) https://exame.abril.com.br/…/como-os-evangelicos-aumentam-…/. Acesso em 13/09/2019
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