quarta-feira, 21 de outubro de 2015

DE VOLTA PRO PRESENTE


O futuro é aquele tempo que não existe, mas pelo qual vivemos. Ele é sempre uma promessa de felicidade. Um reparo dos paraísos perdidos. Um anestésico do agora. Uma droga!

Fugidio esse futuro. Quando chega, você se dá conta de que ou não chegou ou já passou. Passa tanto que fica cafona, obsoleto. E risível. Nada é mais ridículo que nossos futuros passados.

A publicidade apela sempre para ele. Nunca estamos satisfeitos. O "hoje" nunca presta. Inconjugável tempo presente. Um cachorro mordendo o próprio rabo.

"Éramos felizes e não sabíamos!" E como não sabíamos, prometeram-nos o amanhã.

Mas a vida acontece, e passa, no presente, independentemente de como a conjuguemos. Mas teimamos em fazer do verbo futuro do pretérito o núcleo do predicado de nossa existência. Verborragizamos!

Suicidamo-nos!

Uma sintaxe sem oração. Muito discurso, pouca ação! Sem conteúdo.

Aí, então, de saudosos nos tornamos saudosistas. De passantes, passadistas. (Vinicius disse não ter medo da morte, mas saudade da vida.)

Certo estava o velho e sábio Jorge Luis Borges: "já somos o passado que seremos".

Quem não se presenteia, pretere-se.

Em nome do primado da vida sobre a sintaxe, vá ler um bom livro, dar um forte abraço em alguém, tomar um sorvete duvidoso antes que derreta, apreciar um belo quadro, andar descalço, comer goiaba no pé, caminhar como seus ancestrais, tomar banho de rio, beijar a quem ama. Porque a vida urge!

Presenteie-se!

Dilson Cunha
21.10.15


fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=806206976154799&set=o.405107339540695&type=3&theater

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DE VOLTA PRO PRESENTE


O futuro é aquele tempo que não existe, mas pelo qual vivemos. Ele é sempre uma promessa de felicidade. Um reparo dos paraísos perdidos. Um anestésico do agora. Uma droga!

Fugidio esse futuro. Quando chega, você se dá conta de que ou não chegou ou já passou. Passa tanto que fica cafona, obsoleto. E risível. Nada é mais ridículo que nossos futuros passados.

A publicidade apela sempre para ele. Nunca estamos satisfeitos. O "hoje" nunca presta. Inconjugável tempo presente. Um cachorro mordendo o próprio rabo.

"Éramos felizes e não sabíamos!" E como não sabíamos, prometeram-nos o amanhã.

Mas a vida acontece, e passa, no presente, independentemente de como a conjuguemos. Mas teimamos em fazer do verbo futuro do pretérito o núcleo do predicado de nossa existência. Verborragizamos!

Suicidamo-nos!

Uma sintaxe sem oração. Muito discurso, pouca ação! Sem conteúdo.

Aí, então, de saudosos nos tornamos saudosistas. De passantes, passadistas. (Vinicius disse não ter medo da morte, mas saudade da vida.)

Certo estava o velho e sábio Jorge Luis Borges: "já somos o passado que seremos".

Quem não se presenteia, pretere-se.

Em nome do primado da vida sobre a sintaxe, vá ler um bom livro, dar um forte abraço em alguém, tomar um sorvete duvidoso antes que derreta, apreciar um belo quadro, andar descalço, comer goiaba no pé, caminhar como seus ancestrais, tomar banho de rio, beijar a quem ama. Porque a vida urge!

Presenteie-se!

Dilson Cunha
21.10.15


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