O Enuma Elish (também conhecido como
As Sete Tábuas da Criação) é o mito da criação da Mesopotâmia cujo título é
derivado das linhas iniciais da peça, “Quando no Alto”. Todas as tábuas que
contêm o mito, encontradas em Ashur, Kish, na biblioteca de Assurbanipal em
Nínive, em Sultantepe e em outros locais escavados, datam de cerca de 1200 AEC.,
mas seus colofões indicam que todas são cópias de uma versão muito mais antiga
do mito, que data de muito antes da queda da Suméria, em cerca de 1750 AEC. Como
Marduk, o campeão dos jovens Deuses em sua guerra contra Tiamat, é de origem
babilônica, acredita-se que o sumério Ea/Enki ou Enlil tenha desempenhado o
papel principal na versão original da história. A cópia encontrada em Ashur tem
o Deus Ashur no papel principal, como era o costume das cidades da Mesopotâmia.
O Deus de cada cidade era sempre considerado o melhor e mais poderoso. Marduk,
o Deus da Babilônia, só aparece de forma tão proeminente quanto na história
porque a maioria das cópias encontradas são de escribas babilônicos. Mesmo
assim, Ea ainda desempenha um papel importante na versão babilônica do Enuma
Elish ao criar os seres humanos. A história, uma das mais antigas, se não a
mais antiga do mundo, diz respeito ao nascimento dos Deuses e à criação do
universo e dos seres humanos. No início, havia apenas água indiferenciada
girando no caos. Desse redemoinho, as águas se dividiram em água doce e fresca,
conhecida como o deus Apsu, e água salgada e amarga, a deusa Tiamat. Uma vez diferenciadas,
a união dessas duas entidades deu origem aos Deuses mais jovens. Esses jovens Deuses,
entretanto, eram extremamente barulhentos, perturbando o sono de Apsu à noite e
distraindo-o de seu trabalho durante o dia. Seguindo o conselho de seu Vizir,
Mummu, Apsu decide matar os Deuses mais jovens. Tiamat, ao saber do plano,
avisa seu filho mais velho, Enki (às vezes Ea), e ele faz Apsu dormir e o mata.
Com os restos mortais de Apsu, Enki cria seu lar. Tiamat, que antes apoiava os Deuses
mais jovens, agora está furiosa por eles terem matado seu companheiro. Ela
consulta o Deus Quingu, que a aconselha a fazer guerra contra os Deuses mais
jovens. Tiamat recompensa Quingu com as Tábuas do Destino, que legitimam o
governo de um Deus e controlam os destinos, e ele as usa orgulhosamente como um
peitoral. Com Quingu como seu campeão, Tiamat convoca as forças do caos e cria
onze monstros horríveis para destruir seus filhos. Ea, Enki e os Deuses mais
jovens lutam contra Tiamat inutilmente até que, dentre eles, surge o campeão
Marduk, que jura que derrotará Tiamat. Marduk derrota Quingu e mata Tiamat com
uma flecha que a divide em duas; de seus olhos saem as águas dos rios Tigre e
Eufrates. A partir do cadáver de Tiamat, Marduk cria os céus e a terra, nomeia Deuses
para várias funções e amarra as onze criaturas de Tiamat a seus pés como
troféus (para grande adulação dos outros Deuses) antes de colocar suas imagens
em seu novo lar. Ele também recebe as Tábuas do Destino de Quingu, legitimando
assim seu reinado. Depois que os Deuses terminam de elogiá-lo por sua grande
vitória e pela arte de sua criação, Marduk consulta o deus Ea (o Deus da
sabedoria) e decide criar seres humanos a partir dos restos mortais de qualquer
um dos deuses que instigaram Tiamat à guerra. Quingu é acusado como culpado e
morto e, a partir de seu sangue, Ea cria Lullu, o primeiro homem, para ajudar
os deuses em sua eterna tarefa de manter a ordem e o caos sob controle. Como
diz o poema, “Ea criou a humanidade/ Sobre a qual impôs o serviço dos Deuses, e
libertou os Deuses” (Tábua VI.33-34). Depois disso, Marduk “organizou o mundo
subterrâneo” e distribuiu os Deuses em seus postos designados (Tabuleta
VI.43-46). O poema termina na Tábua VII com um longo elogio a Marduk por suas
realizações.
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