Por vezes a convivência,
mesmo com quem amamos (ou talvez justamente com essas pessoas), é algo
irritante, chato, estressante.
O outro atrasa, se adianta, fala alto demais,
baixo demais, coloca o copo fora do lugar, esquece muito, lembra demais.
Nessa soma de momentos de irritação, alguns
chegam a pensar:
- "Que bom seria se tudo fosse
automatizado! Se eu não tivesse mais que interagir com nenhum outro humano na
rua, nos estabelecimentos, nas praças, em casa, talvez não fosse tão desgastante...Talvez
lidando apenas com máquinas eu não me frustrasse tanto e quem sabe não me
sentiria exposto, trouxa, pequeno, vulnerável".
Mas, apesar dessas conjecturas, e por mais
chatos que alguns momentos sejam, talvez ainda seja importante afirmar o quanto
de vida há nesse caos que é o encontro com o outro.
Em uma floresta, não vivem só humanos, de algum
jeito os demais seres se arranjam para conviver, para que o macaco possa pular
o galho, para que o tatu possa cavar seu lar e encontrar sua vizinha minhoca,
para que no rio possam nadar os sapos e as cobras.
Diferente das piscinas artificiais, em cuja água
só poderiam se banhar humanos, as cachoeiras, rios, mares, são habitados por
milhões de seres.
Portanto, embora a colonização nos venda o
isolamento dos demais seres (humanos ou não) como a única saída, trata-se de
uma forma de nos enfraquecer.
Excetuando-se relações abusivas, é importante
ter alguma generosidade em reafirmar o desejo de continuar tecendo vínculos,
mesmos nos conflitos, mesmos nas irritações, pois não é possível amar e ser
amado estando imune à vida.
Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal
no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s

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