quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Convivências e a vitalidade de seus percalços.

 


Por vezes a convivência, mesmo com quem amamos (ou talvez justamente com essas pessoas), é algo irritante, chato, estressante.
O outro atrasa, se adianta, fala alto demais, baixo demais, coloca o copo fora do lugar, esquece muito, lembra demais.
Nessa soma de momentos de irritação, alguns chegam a pensar:
- "Que bom seria se tudo fosse automatizado! Se eu não tivesse mais que interagir com nenhum outro humano na rua, nos estabelecimentos, nas praças, em casa, talvez não fosse tão desgastante...Talvez lidando apenas com máquinas eu não me frustrasse tanto e quem sabe não me sentiria exposto, trouxa, pequeno, vulnerável".
Mas, apesar dessas conjecturas, e por mais chatos que alguns momentos sejam, talvez ainda seja importante afirmar o quanto de vida há nesse caos que é o encontro com o outro.
Em uma floresta, não vivem só humanos, de algum jeito os demais seres se arranjam para conviver, para que o macaco possa pular o galho, para que o tatu possa cavar seu lar e encontrar sua vizinha minhoca, para que no rio possam nadar os sapos e as cobras.
Diferente das piscinas artificiais, em cuja água só poderiam se banhar humanos, as cachoeiras, rios, mares, são habitados por milhões de seres.
Portanto, embora a colonização nos venda o isolamento dos demais seres (humanos ou não) como a única saída, trata-se de uma forma de nos enfraquecer.
Excetuando-se relações abusivas, é importante ter alguma generosidade em reafirmar o desejo de continuar tecendo vínculos, mesmos nos conflitos, mesmos nas irritações, pois não é possível amar e ser amado estando imune à vida.

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s


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Convivências e a vitalidade de seus percalços.

 


Por vezes a convivência, mesmo com quem amamos (ou talvez justamente com essas pessoas), é algo irritante, chato, estressante.
O outro atrasa, se adianta, fala alto demais, baixo demais, coloca o copo fora do lugar, esquece muito, lembra demais.
Nessa soma de momentos de irritação, alguns chegam a pensar:
- "Que bom seria se tudo fosse automatizado! Se eu não tivesse mais que interagir com nenhum outro humano na rua, nos estabelecimentos, nas praças, em casa, talvez não fosse tão desgastante...Talvez lidando apenas com máquinas eu não me frustrasse tanto e quem sabe não me sentiria exposto, trouxa, pequeno, vulnerável".
Mas, apesar dessas conjecturas, e por mais chatos que alguns momentos sejam, talvez ainda seja importante afirmar o quanto de vida há nesse caos que é o encontro com o outro.
Em uma floresta, não vivem só humanos, de algum jeito os demais seres se arranjam para conviver, para que o macaco possa pular o galho, para que o tatu possa cavar seu lar e encontrar sua vizinha minhoca, para que no rio possam nadar os sapos e as cobras.
Diferente das piscinas artificiais, em cuja água só poderiam se banhar humanos, as cachoeiras, rios, mares, são habitados por milhões de seres.
Portanto, embora a colonização nos venda o isolamento dos demais seres (humanos ou não) como a única saída, trata-se de uma forma de nos enfraquecer.
Excetuando-se relações abusivas, é importante ter alguma generosidade em reafirmar o desejo de continuar tecendo vínculos, mesmos nos conflitos, mesmos nas irritações, pois não é possível amar e ser amado estando imune à vida.

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s