Não somos iguais, percebi isso de muitas formas, uma delas
foi através de nossos tempos.
Enquanto eu desabrocho rápido, como um manjericão, você é mais como as rosas,
leva outro tempo de maturação.
Uma ideia vem para mim e eu logo já quero correr para ela, me solto e me jogo.
Você não, pondera, lembra que nem tudo precisa ser para hoje, para essa semana,
para esse ano.
Também quando vem a mágoa, a minha vai mais rápida, a sua mais devagar.
Quando termino meu almoço você ainda está na metade do seu.
Nossos metabolismos processam os alimentos e as emoções em tempos diferentes.
E não é que você faça por mal e eu por bem, são apenas outros ritmos.
E ao invés de seguirmos o mesmo caminho que nos diz que devemos nos tornar um
só, de um único jeito, em um único tempo, optamos por afirmar a radicalidade de
nossas diferenças.
E já não usamos como critério de justiça a busca pela simetria.
Não é que amamos, desejamos e sentimos coisas diversas ao mesmo tempo, é que
também nossos tempos não são os mesmos.
Por mais que gostemos de muitas coisas semelhantes, a maneira como as
vivenciamos não é a mesma, de modo que não basta procurar nos gostos em comum,
apenas, o laço que dá sentido ao encontro.
Entre o que para alguns é rápido e para outros é lento, deixamos a
arbitrariedade e não julgamos o ritmo de um pelo de outro.
E nesse movimento, já não é apenas dois para lá e dois para cá, é outra a nossa
dança, na qual rosa e manjericão são parte da mesma bênção.
Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal
no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s
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