terça-feira, 29 de agosto de 2023

Petrifique

 


"Homens e mulheres vivem em um palco, no qual atuam em seus papéis designados, iguais em importância. A peça não pode continuar sem os dois tipos de artistas. Nenhum deles "contribui" mais ou menos para o todo; nenhum é marginal ou dispensável. Mas o cenário é concebido, pintado e definido por homens. Os homens escreveram a peça, dirigiram o espetáculo, interpretaram os significados da ação. Eles atribuíram a si mesmos os papéis mais interessantes e heroicos, dando às mulheres os papéis coadjuvantes.

À medida que as mulheres se conscientizam da diferença na forma como se encaixam na peça, elas pedem mais igualdade na atribuição de papéis. Em alguns momentos, elas se sobressaem aos homens e, em outros, substituem um ator masculino ausente. Finalmente, depois de muita luta, as mulheres conquistam o direito de acesso à atribuição de papéis iguais, mas primeiro precisam se "qualificar". Os termos de suas "qualificações" são novamente definidos pelos homens; os homens são os juízes de como as mulheres se saem; os homens concedem ou negam a admissão. Eles dão preferência a mulheres dóceis e àquelas que se encaixam com precisão em suas descrições de cargos. Os homens punem, por meio do ridículo, da exclusão ou do ostracismo, qualquer mulher que assuma o direito de interpretar seu próprio papel ou - o pior de todos os pecados - o direito de reescrever o roteiro.

Leva um tempo considerável para as mulheres entenderem que conseguir papéis "iguais" não as tornará iguais, desde que o roteiro, os adereços, o cenário e a direção sejam firmemente mantidos pelos homens. Quando as mulheres começam a perceber isso e se reúnem entre os atos, ou mesmo durante a apresentação, para discutir o que fazer a respeito, essa peça chega ao fim."

~ Gerda Lerner, “A criação do patriarcado”

Na imagem, arte adesiva à venda por Angela Natel

Para conhecer as 25 artes disponíveis e como adquirir, acesse https://angelanatel.wordpress.com/2023/08/04/adesivos-exclusivos-adquira-ja/


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Petrifique

 


"Homens e mulheres vivem em um palco, no qual atuam em seus papéis designados, iguais em importância. A peça não pode continuar sem os dois tipos de artistas. Nenhum deles "contribui" mais ou menos para o todo; nenhum é marginal ou dispensável. Mas o cenário é concebido, pintado e definido por homens. Os homens escreveram a peça, dirigiram o espetáculo, interpretaram os significados da ação. Eles atribuíram a si mesmos os papéis mais interessantes e heroicos, dando às mulheres os papéis coadjuvantes.

À medida que as mulheres se conscientizam da diferença na forma como se encaixam na peça, elas pedem mais igualdade na atribuição de papéis. Em alguns momentos, elas se sobressaem aos homens e, em outros, substituem um ator masculino ausente. Finalmente, depois de muita luta, as mulheres conquistam o direito de acesso à atribuição de papéis iguais, mas primeiro precisam se "qualificar". Os termos de suas "qualificações" são novamente definidos pelos homens; os homens são os juízes de como as mulheres se saem; os homens concedem ou negam a admissão. Eles dão preferência a mulheres dóceis e àquelas que se encaixam com precisão em suas descrições de cargos. Os homens punem, por meio do ridículo, da exclusão ou do ostracismo, qualquer mulher que assuma o direito de interpretar seu próprio papel ou - o pior de todos os pecados - o direito de reescrever o roteiro.

Leva um tempo considerável para as mulheres entenderem que conseguir papéis "iguais" não as tornará iguais, desde que o roteiro, os adereços, o cenário e a direção sejam firmemente mantidos pelos homens. Quando as mulheres começam a perceber isso e se reúnem entre os atos, ou mesmo durante a apresentação, para discutir o que fazer a respeito, essa peça chega ao fim."

~ Gerda Lerner, “A criação do patriarcado”

Na imagem, arte adesiva à venda por Angela Natel

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