"Homens e mulheres
vivem em um palco, no qual atuam em seus papéis designados, iguais em
importância. A peça não pode continuar sem os dois tipos de artistas. Nenhum
deles "contribui" mais ou menos para o todo; nenhum é marginal ou
dispensável. Mas o cenário é concebido, pintado e definido por homens. Os
homens escreveram a peça, dirigiram o espetáculo, interpretaram os significados
da ação. Eles atribuíram a si mesmos os papéis mais interessantes e heroicos,
dando às mulheres os papéis coadjuvantes.
À medida que as
mulheres se conscientizam da diferença na forma como se encaixam na peça, elas
pedem mais igualdade na atribuição de papéis. Em alguns momentos, elas se
sobressaem aos homens e, em outros, substituem um ator masculino ausente.
Finalmente, depois de muita luta, as mulheres conquistam o direito de acesso à
atribuição de papéis iguais, mas primeiro precisam se "qualificar".
Os termos de suas "qualificações" são novamente definidos pelos
homens; os homens são os juízes de como as mulheres se saem; os homens concedem
ou negam a admissão. Eles dão preferência a mulheres dóceis e àquelas que se
encaixam com precisão em suas descrições de cargos. Os homens punem, por meio
do ridículo, da exclusão ou do ostracismo, qualquer mulher que assuma o direito
de interpretar seu próprio papel ou - o pior de todos os pecados - o direito de
reescrever o roteiro.
Leva um tempo
considerável para as mulheres entenderem que conseguir papéis
"iguais" não as tornará iguais, desde que o roteiro, os adereços, o
cenário e a direção sejam firmemente mantidos pelos homens. Quando as mulheres
começam a perceber isso e se reúnem entre os atos, ou mesmo durante a
apresentação, para discutir o que fazer a respeito, essa peça chega ao
fim."
~ Gerda Lerner,
“A criação do patriarcado”
Na imagem, arte adesiva à venda por Angela Natel
Para conhecer
as 25 artes disponíveis e como adquirir, acesse https://angelanatel.wordpress.com/2023/08/04/adesivos-exclusivos-adquira-ja/
Nenhum comentário:
Postar um comentário