“A circuncisão pode muito bem ser um resquício de uma
tradição de sacrifício humano, com o prepúcio servindo como substituto de uma
vítima humana inteira. Alguns historiadores teorizam que uma versão arcaica da Divindade,
possivelmente uma Deusa, exigia sacrifícios humanos e mais tarde passou a
aceitar a destruição dos órgãos genitais masculinos como um substituto
suficiente para o homem inteiro; a castração pode, de fato, ter sido um
pré-requisito para o sacerdócio na era arcaica, quando a Divindade principal
era feminina e estava acostumada a ser representada por sacerdotisas. Mais
tarde, até mesmo essa exigência foi suavizada, e o prepúcio pôde substituir os
órgãos genitais e o homem.”
Blood Rites,
por Barbara Ehrenreich
Na reconstrução dos eventos históricos e da história da
religião em Judá no período período pré-exílico, os estudiosos fazem uso de
algumas fontes extrabíblicas, principalmente assírias, e uma grande quantidade
de dados arqueológicos, incluindo o corpus de inscrições.
Portanto, há uma visão relativamente coerente da história de
toda a região, incluindo Judá. No entanto, a fonte decisiva para reconstruir a
religião em Judá no século VII a.C. é - obviamente - o texto bíblico.
Entretanto, a partir desses textos aparecem dados cuja
evidência história é inexistente ou dissonante. Esse é o caso do suposto nome
de uma Divindade: Moloque. A maior parte do que é construído sobre esse nome
vem das narrativas e imaginários da Era comum, e se distanciam completamente
das referências relacionadas à denúncia das elites responsáveis pela redação
dos textos da Bíblia Hebraica.
A partir dos estudos em história, arqueologia,
historiografia, exegese bíblia, linguística, literatura e mitologias, vamos
buscar compreender o que se pode, de fato afirmar sobre esse termo hebraico
traduzido por Moloque e a que podemos relacionar a menção do sacrifício humano,
em especial de crianças, nos textos bíblicos.
Ative já o lembrete para não perder. -
https://www.youtube.com/watch?v=YUlNx9ewCcU
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