Você é aquele
filme que eu amo tanto que nunca mais quero rever, pois tenho receio de
perceber que talvez já não goste mais tanto assim da história, talvez as piadas
já não me façam rir e as cenas já não me emocionem.
Quero manter alguma lembrança do encanto que senti, por isso não me peça para
"voltar ao que era antes", não tem como reviver o que já foi.
Sei que a lembrança da nossa relação é muito mais bonita do que ela seria hoje
e que a edição da memória apaga uma grande parte dos desencontros para que a
saudade tome maior espaço.
Percebo que estamos em vagões diferentes do mesmo trem, habitando outros tempos
de uma mesma história.
Onde você está eu já não estou mais, te vejo e não te encontro
E é com tristeza e constrangimento que quando ouço você me chamar tento te
dizer que já não moro mais nessa casa
Não tenho como te responder, porque sou real e vivo
Diferente do amor de que você sente saudade, esse é imaginado, idealizado,
responde o que você quer, quando quer, só aceita e obedece.
Viu? Lembrando disso você já consegue perceber que não há correspondência
direta entre quem você procura em mim e quem eu sou.
Que do tecido dessa antiga relação possamos fazer outras peças, outros
encontros e arranjos, para que a lembrança deixe de ser uma gaiola do passado e
passe a ser alimento de outros amanhãs.
Geni Nuñez -
@genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal
no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s

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