quinta-feira, 24 de agosto de 2023

A apropriação das identidades indígenas é racista.

 


A apropriação colonial e racista não invade apenas nossos territórios terra, mas também tenta roubar nossas identidades.
E dizem: "eu tenho cabelo de índio, olho de índio, disseram que pareço mais índio que muitos por aí, acho que minha tataravó era índia".
Usam como argumentos esses estereótipos racistas completamente esvaziados de identidade étnica, cosmogônica, de língua, de costumes, de modos de vida.
Muitos começam a "arriscar" quais seriam os povos de seus supostos antepassados a partir de cidades, estados, ignorando que isso não confirma nada, visto que, por muitos motivos, nossos ancestrais mudavam de território.
Acham ainda, que o direito à autodeclaração é individual, sendo que o "auto" é de povo, pois identidade indígena é sempre coletiva.
E munidos da arrogância não indígena, chegam a inverter dizendo que nós indígenas que somos racistas e etnocidas por não concordarmos com o roubo e apropriação de nossas identidades.
Ser indígena não é ser "puro" geneticamente, não deixa de sê-lo quem mora na cidade, quem perdeu total ou parcialmente o contato com a língua, mas é preciso que essa memória seja coletiva, que haja reconhecimento ou acolhimento coletivo do próprio povo. Esse critério não é colonialista, é anticolonial.
Talvez toda pessoa brasileira tenha "sangue indígena", mas a afirmação de nossos povos não é genética, é cultural, espiritual, política.
Se nada disso construiu a subjetivação de alguém, então não cabe tomar para si uma identidade que não lhe diz respeito.
Uma coisa é fortalecer uma memória inviabilizada, recortada, outra é inventar essa memória a partir de estereótipos racistas de "aparência indígena", violentando parentes que fogem a esse estereótipo.
Honrem suas avós, bisavós e tataravós sendo apoiadores do movimento indígena, procurem elaborar sua vergonha e vazio de serem brancos/não indígenas, apoiando nossas lutas.

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s


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A apropriação das identidades indígenas é racista.

 


A apropriação colonial e racista não invade apenas nossos territórios terra, mas também tenta roubar nossas identidades.
E dizem: "eu tenho cabelo de índio, olho de índio, disseram que pareço mais índio que muitos por aí, acho que minha tataravó era índia".
Usam como argumentos esses estereótipos racistas completamente esvaziados de identidade étnica, cosmogônica, de língua, de costumes, de modos de vida.
Muitos começam a "arriscar" quais seriam os povos de seus supostos antepassados a partir de cidades, estados, ignorando que isso não confirma nada, visto que, por muitos motivos, nossos ancestrais mudavam de território.
Acham ainda, que o direito à autodeclaração é individual, sendo que o "auto" é de povo, pois identidade indígena é sempre coletiva.
E munidos da arrogância não indígena, chegam a inverter dizendo que nós indígenas que somos racistas e etnocidas por não concordarmos com o roubo e apropriação de nossas identidades.
Ser indígena não é ser "puro" geneticamente, não deixa de sê-lo quem mora na cidade, quem perdeu total ou parcialmente o contato com a língua, mas é preciso que essa memória seja coletiva, que haja reconhecimento ou acolhimento coletivo do próprio povo. Esse critério não é colonialista, é anticolonial.
Talvez toda pessoa brasileira tenha "sangue indígena", mas a afirmação de nossos povos não é genética, é cultural, espiritual, política.
Se nada disso construiu a subjetivação de alguém, então não cabe tomar para si uma identidade que não lhe diz respeito.
Uma coisa é fortalecer uma memória inviabilizada, recortada, outra é inventar essa memória a partir de estereótipos racistas de "aparência indígena", violentando parentes que fogem a esse estereótipo.
Honrem suas avós, bisavós e tataravós sendo apoiadores do movimento indígena, procurem elaborar sua vergonha e vazio de serem brancos/não indígenas, apoiando nossas lutas.

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s