segunda-feira, 31 de julho de 2023

A Deusa Al-Lat

 


A Deusa Al-Lat com um ramo de palmeira e um leão do templo Ba'alshamîn em Palmyra, século I EC. Damasco, Síria.

Réplica feita por Paula Turriani - @paulaturriani no Instagram

Al-Lat (árabe: اللات, romanizado: Al-Lāt, pronuncia-se [alːaːt]), também conhecida como Allat, Allatu e Alilat, é uma Deusa árabe pré-islâmica adorada sob várias associações em toda a península, inclusive em Meca, onde era adorada juntamente com Manat e al-'Uzza como uma das filhas de Alá. Seu nome é a contraparte feminina de Alá, significando simplesmente "a Deusa", com correlações em outras línguas semíticas, por exemplo, Allatu caldaica e a Elat hebraica, uma das referências à Deusa Asherah na Bíblia Hebraica.

Al-Lat é atestada nas inscrições do sul da Arábia como Lat e Latan, mas tinha mais destaque no norte da Arábia e no Hejaz, e seu culto chegava até a Síria. Os escritores da escrita safaítica frequentemente invocavam al-Lat em suas inscrições. Ela também era adorada pelos nabateus e estava associada a al-'Uzza. A presença de seu culto foi atestada em Palmyra e Hatra. Sob influência greco-romana, sua iconografia começou a mostrar os atributos de Atena, a deusa grega da guerra, bem como de sua equivalente romana Minerva.

Para Thomas Römer, determinados textos bíblicos indicam muito claramente que as tábuas da lei vieram substituir outra coisa na conhecida como arca da aliança”, como as duas pedras sagradas encontradas nos cofres beduínos pré-islâmicos. Em certas tribos árabes, tratava-se de duas Deusas, ’al-Lat e ’al-Ouzza, que foram, em seguida, substituídas por duas cópias do Corão. Existiam, igualmente, cofres com uma única divindade. Por conseguinte, pode-se imaginar que a arca transportava duas pedras sagradas ou duas estátuas simbolizando Yahweh e sua consorte Asherah.*

Al-Lat era amplamente cultuada no norte da Arábia, mas no sul da Arábia ela não era popular e não era objeto de um culto organizado, sendo que dois amuletos (com a inscrição "Lat" em um e "Latan" no outro) são a única indicação de que essa Deusa era cultuada na região. No entanto, ela parece ter sido popular entre as tribos árabes que faziam fronteira com o Iêmen.

* RÖMER, Thomas. A origem de Javé: o Deus de Israel e seu nome. São Paulo: Paulus, 2016, p.94.

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A Deusa Al-Lat

 


A Deusa Al-Lat com um ramo de palmeira e um leão do templo Ba'alshamîn em Palmyra, século I EC. Damasco, Síria.

Réplica feita por Paula Turriani - @paulaturriani no Instagram

Al-Lat (árabe: اللات, romanizado: Al-Lāt, pronuncia-se [alːaːt]), também conhecida como Allat, Allatu e Alilat, é uma Deusa árabe pré-islâmica adorada sob várias associações em toda a península, inclusive em Meca, onde era adorada juntamente com Manat e al-'Uzza como uma das filhas de Alá. Seu nome é a contraparte feminina de Alá, significando simplesmente "a Deusa", com correlações em outras línguas semíticas, por exemplo, Allatu caldaica e a Elat hebraica, uma das referências à Deusa Asherah na Bíblia Hebraica.

Al-Lat é atestada nas inscrições do sul da Arábia como Lat e Latan, mas tinha mais destaque no norte da Arábia e no Hejaz, e seu culto chegava até a Síria. Os escritores da escrita safaítica frequentemente invocavam al-Lat em suas inscrições. Ela também era adorada pelos nabateus e estava associada a al-'Uzza. A presença de seu culto foi atestada em Palmyra e Hatra. Sob influência greco-romana, sua iconografia começou a mostrar os atributos de Atena, a deusa grega da guerra, bem como de sua equivalente romana Minerva.

Para Thomas Römer, determinados textos bíblicos indicam muito claramente que as tábuas da lei vieram substituir outra coisa na conhecida como arca da aliança”, como as duas pedras sagradas encontradas nos cofres beduínos pré-islâmicos. Em certas tribos árabes, tratava-se de duas Deusas, ’al-Lat e ’al-Ouzza, que foram, em seguida, substituídas por duas cópias do Corão. Existiam, igualmente, cofres com uma única divindade. Por conseguinte, pode-se imaginar que a arca transportava duas pedras sagradas ou duas estátuas simbolizando Yahweh e sua consorte Asherah.*

Al-Lat era amplamente cultuada no norte da Arábia, mas no sul da Arábia ela não era popular e não era objeto de um culto organizado, sendo que dois amuletos (com a inscrição "Lat" em um e "Latan" no outro) são a única indicação de que essa Deusa era cultuada na região. No entanto, ela parece ter sido popular entre as tribos árabes que faziam fronteira com o Iêmen.

* RÖMER, Thomas. A origem de Javé: o Deus de Israel e seu nome. São Paulo: Paulus, 2016, p.94.