Há muitas formas de lidar
com os desencontros, decepções e conflitos relacionais que surgem do amor
romântico.
Talvez a depreciação seja um dos mais comuns e
ela pode acontecer tanto contra si mesmo, quanto contra a outra pessoa, ou
ambos.
Na depreciação de si, buscamos colocar em nossa
conta a culpa pelo outro não ter nos amado como gostaríamos, nos
responsabilizamos excessivamente por uma suposta falta que teríamos em beleza,
inteligência, etc.
Já na depreciação do outro, há uma tentativa de
se sentir melhor tentando rebaixar a outra pessoa. Essa pessoa passa a ser
vilanizada, todos seus defeitos (reais ou não) são agigantados, a ela nada de
positivo é atribuído.
É curioso que embora se tente elogiar a si ao
rebaixar o outro, a depreciação pode ter um retorno desagradável: então essa
pessoa péssima, terrível e horrorosa era quem você tanto amava?
Rebaixar dessa forma o ser amado também pode
acabar informando sobre quem o amou.
Talvez para além de se demonizar ou tentar
destruir a imagem do outro, outra via possa ser mais nutritiva.
Um caminho é buscar retirar-se do centro e
ponderar: o desejo e as ações do outro não são nossa responsabilidade, não nos
falta nem sobra nada.
A pessoa não é má nem boa por ter desejado
outre, essas ações não devem ter o poder de nos deixar nem mais nem menos
bonitos, interessantes, etc.
Não tentar diminuir quem algum dia amamos apenas
porque essa pessoa frustrou nossa expectativa romântica é respeitar a si mesmo,
é honrar as próprias escolhas, mesmo as que julgaremos depois como erradas.
Talvez nem o outro seja tão mau nem a gente seja
tão boa quanto pensamos e isso é um presente.
É só indo além do bem e do mal que podemos ser,
demasiadamente, gente.
(Reforço que este texto é sobre depreciação de
expectativas românticas, não se aplica a depreciação em outros contextos, como
de violências).
Geni Nuñez - @genipapos no Instagram
Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni
Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -
https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s
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