domingo, 29 de janeiro de 2023

Para além da depreciação de si ou do outro: elaborando outras formas de acolher a frustração romântica.

 


Há muitas formas de lidar com os desencontros, decepções e conflitos relacionais que surgem do amor romântico.
Talvez a depreciação seja um dos mais comuns e ela pode acontecer tanto contra si mesmo, quanto contra a outra pessoa, ou ambos.
Na depreciação de si, buscamos colocar em nossa conta a culpa pelo outro não ter nos amado como gostaríamos, nos responsabilizamos excessivamente por uma suposta falta que teríamos em beleza, inteligência, etc.
Já na depreciação do outro, há uma tentativa de se sentir melhor tentando rebaixar a outra pessoa. Essa pessoa passa a ser vilanizada, todos seus defeitos (reais ou não) são agigantados, a ela nada de positivo é atribuído.
É curioso que embora se tente elogiar a si ao rebaixar o outro, a depreciação pode ter um retorno desagradável: então essa pessoa péssima, terrível e horrorosa era quem você tanto amava?
Rebaixar dessa forma o ser amado também pode acabar informando sobre quem o amou.
Talvez para além de se demonizar ou tentar destruir a imagem do outro, outra via possa ser mais nutritiva.
Um caminho é buscar retirar-se do centro e ponderar: o desejo e as ações do outro não são nossa responsabilidade, não nos falta nem sobra nada.
A pessoa não é má nem boa por ter desejado outre, essas ações não devem ter o poder de nos deixar nem mais nem menos bonitos, interessantes, etc.
Não tentar diminuir quem algum dia amamos apenas porque essa pessoa frustrou nossa expectativa romântica é respeitar a si mesmo, é honrar as próprias escolhas, mesmo as que julgaremos depois como erradas.
Talvez nem o outro seja tão mau nem a gente seja tão boa quanto pensamos e isso é um presente.
É só indo além do bem e do mal que podemos ser, demasiadamente, gente.
(Reforço que este texto é sobre depreciação de expectativas românticas, não se aplica a depreciação em outros contextos, como de violências).

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram

Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -

https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2113s


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Para além da depreciação de si ou do outro: elaborando outras formas de acolher a frustração romântica.

 


Há muitas formas de lidar com os desencontros, decepções e conflitos relacionais que surgem do amor romântico.
Talvez a depreciação seja um dos mais comuns e ela pode acontecer tanto contra si mesmo, quanto contra a outra pessoa, ou ambos.
Na depreciação de si, buscamos colocar em nossa conta a culpa pelo outro não ter nos amado como gostaríamos, nos responsabilizamos excessivamente por uma suposta falta que teríamos em beleza, inteligência, etc.
Já na depreciação do outro, há uma tentativa de se sentir melhor tentando rebaixar a outra pessoa. Essa pessoa passa a ser vilanizada, todos seus defeitos (reais ou não) são agigantados, a ela nada de positivo é atribuído.
É curioso que embora se tente elogiar a si ao rebaixar o outro, a depreciação pode ter um retorno desagradável: então essa pessoa péssima, terrível e horrorosa era quem você tanto amava?
Rebaixar dessa forma o ser amado também pode acabar informando sobre quem o amou.
Talvez para além de se demonizar ou tentar destruir a imagem do outro, outra via possa ser mais nutritiva.
Um caminho é buscar retirar-se do centro e ponderar: o desejo e as ações do outro não são nossa responsabilidade, não nos falta nem sobra nada.
A pessoa não é má nem boa por ter desejado outre, essas ações não devem ter o poder de nos deixar nem mais nem menos bonitos, interessantes, etc.
Não tentar diminuir quem algum dia amamos apenas porque essa pessoa frustrou nossa expectativa romântica é respeitar a si mesmo, é honrar as próprias escolhas, mesmo as que julgaremos depois como erradas.
Talvez nem o outro seja tão mau nem a gente seja tão boa quanto pensamos e isso é um presente.
É só indo além do bem e do mal que podemos ser, demasiadamente, gente.
(Reforço que este texto é sobre depreciação de expectativas românticas, não se aplica a depreciação em outros contextos, como de violências).

Geni Nuñez - @genipapos no Instagram

Assista a live “Descatequizar para descolonizar”, com Geni Nuñez em meu canal no Youtube (Angela Natel) -

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