"Raça é uma ficção da modernidade (Quijano)
e racismo é uma “crença na existência das raças naturalmente hierarquizadas
pela relação intrínseca entre o físico e o moral, o físico e o intelecto, o
físico e cultural” (MUNANGA, 2013).
Vejam, negro, ~índio, oriental, branco são
categorias inventadas e produzidas pela noção de raça, elas são
propositadamente homogeneizadoras e genéricas, porque é isso que o racismo faz.
Ainda que pessoas de diferentes tons de pele e
de múltiplos fenótipos sempre tenham existido entre humanos, é anacrônico
associar isso à raça em períodos anteriores à modernidade. Ou seja, negro,
branco, ~índio, etc não existiam antes deste marco colonial, foram produzidos
por atribuições historicamente datadas.
Os conflitos e desigualdades, as guerras e suas
racionalidades foram se atualizando historicamente. Houve momentos em que essas
hierarquias se davam por diferenças étnicas, religiosas, etc. Apenas na
modernidade que a ideia de raça passa a ser uma forma de dar sentido à violência
entre determinados grupos.
Por isso que é equivocado atribuir qualquer raça
a Jesus partindo de um tom de pele.
A marcação dele como judeu sim é possível, visto
que a referência aí passa a ser étnica e não racial.
A meu ver, este recurso (de narrar Jesus como
negro, lgbt, mulher e afins) atende a este esforço de criar uma identificação
contemporânea com esta figura, que em nosso território, faz parte da violência
colonial.
O racismo é uma violência situada em um tempo e
territórios, descontextualizá-la tem como efeito afirmar que desde que existem
humanos existe racismo, o que é uma inverdade que reforça sua naturalização.
Raças nos dias de hoje não existem como verdade
biológica, mas seguem concretas do ponto de vista de seus efeitos. Chamamos de
raça social este imaginário que ainda persiste na atualização do racismo"
Geni Núñez - @genipapos
Assista a live completa "Descatequizar para descolonizar" com Geni Núñez em meu canal no Youtube - https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2152s
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