Fé alienada
Que não se responsabiliza
por nada
Bota tudo na conta de
Deus
- ou do diabo.
Deus no controle
Quando o que mais importa
é você
Enquanto milhares ao seu
redor morrem
O que importa é você.
E quanto aos outros que
sofrem
A culpa é da vítima
Que não tem uma fé como a
sua
Que é o que importa.
Fé alienada
Que cria seu próprio
mundo
Para fugir da realidade
E da responsabilidade.
Fé alienada
Envolvida em frases repetidas
Como um mantra
Pra te fazer esquecer
Que há outros diferentes
de você
Que há uma realidade
Que você não quer se
mexer pra mudar.
Fé alienada
Que ignora suas
incoerências
Que só se preocupa com
sua reputação
E com as aparências.
Fé alienada, sim,
Que se omite, que se cala
diante da injustiça
Mas se diz profeta e usa
Deus pra obter favores
E é incapaz de reconhecer
quando machuca outros.
Fé com cheiro de cadáver
De onde quero distância,
Que faz favores e os usa
Para desviar a atenção de
sua falta de amor
Fé alienada
Que não expõe outros de
um jeito
Mas os expõe de outro
Que não quer admitir.
São palavras vazias
Uma vida de hipocrisia
Um rastro de dor deixado
Por onde seu narcisismo
passou.
Fé alienada
Num Deus de barganhas e
escolhas aleatórias
Um Deus que está no
controle porque é de controle que seus servos gostam, não de solidariedade,
responsabilidade e cooperação.
Porque quem tem controle
não serve, não tem empatia, não se importa com o outro, não fala ao coração.
Angela Natel
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