segunda-feira, 26 de setembro de 2022

A positivação de Jesus e alguns de seus efeitos psicossociais na manutenção colonial

 


Gayatri Spivak afirma q nas críticas aos efeitos das narrativas hegemônicas:
"não se trata de uma descrição de como ‘as coisas realmente eram’ ou de privilegiar a narrativa da história como imperialismo como a melhor versão da história. Trata-se, ao contrário, de oferecer um relato de como uma explicação e uma narrativa da realidade foram estabelecidas como normativas".
No último post notei o quanto a defesa da figura de Jesus como alguém bom/iluminado/revolucionário é um consenso coletivo na visão de muitos. Vejam, não se trata de eu querer trocar esta perspectiva do Jesus herói pela do Jesus vilão e sim de pensar, como orienta Spivak, de q forma que uma narrativa se fez hegemônica em detrimento de outras.
Vocês acham q bilhões de pessoas iam querer seguir o cristianismo e defendê-lo a todo custo se a figura central fosse descrita como alguém ruim, egoísta, escroto? Óbvio que não. Os fãs-clubes elevam a imagem d seus ídolos porque isso informa sobre sua própria autoestima. Tanto por isso q é comum que haja uma grande reação emocional, afinal se gostamos de alguém lixo, isso pode informar sobre a gente também.
Diante da fartura de provas históricas da violência cristã no planeta, restou o esforço de separar cristãos de verdade (bons, generosos e excelentes em interpretar a "verdade") e os cristãos de mentira (maus, péssimos intérpretes de Jesus).
O pano de fundo prossegue afirmando a positivação original e anterior:
a) haveria um cristianismo não violento, que coletivamente respeitaria outras cosmovisões, que admitiria a existência de muitos deuses, etc. Esse sim seria o verdadeiro/real inspirado em Jesus, e um outro que seria
b) um cristinianismo fake, desobediente de JC, composto por "falsos cristãos" que coincidentemente têm protagonizado inúmeras violências coloniais.
A opção a é imaginária, uma conjectura histórica, já a B é a real, concreta.
Mesmo assim, séculos depois, é na opção A que o discurso hegemônico circula.
Quando se acredita que um sistema é bom, que apenas precisa ser melhor aplicado, desloca-se toda a responsabilidade para a prática, como se ela não fosse guiada por uma ideologia.
Não existe descolonização sem descristianização. - 
@genipapos

Assista a live completa "Descatequizar para descolonizar" com Geni Núñez em meu canal no Youtube - https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2152s


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A positivação de Jesus e alguns de seus efeitos psicossociais na manutenção colonial

 


Gayatri Spivak afirma q nas críticas aos efeitos das narrativas hegemônicas:
"não se trata de uma descrição de como ‘as coisas realmente eram’ ou de privilegiar a narrativa da história como imperialismo como a melhor versão da história. Trata-se, ao contrário, de oferecer um relato de como uma explicação e uma narrativa da realidade foram estabelecidas como normativas".
No último post notei o quanto a defesa da figura de Jesus como alguém bom/iluminado/revolucionário é um consenso coletivo na visão de muitos. Vejam, não se trata de eu querer trocar esta perspectiva do Jesus herói pela do Jesus vilão e sim de pensar, como orienta Spivak, de q forma que uma narrativa se fez hegemônica em detrimento de outras.
Vocês acham q bilhões de pessoas iam querer seguir o cristianismo e defendê-lo a todo custo se a figura central fosse descrita como alguém ruim, egoísta, escroto? Óbvio que não. Os fãs-clubes elevam a imagem d seus ídolos porque isso informa sobre sua própria autoestima. Tanto por isso q é comum que haja uma grande reação emocional, afinal se gostamos de alguém lixo, isso pode informar sobre a gente também.
Diante da fartura de provas históricas da violência cristã no planeta, restou o esforço de separar cristãos de verdade (bons, generosos e excelentes em interpretar a "verdade") e os cristãos de mentira (maus, péssimos intérpretes de Jesus).
O pano de fundo prossegue afirmando a positivação original e anterior:
a) haveria um cristianismo não violento, que coletivamente respeitaria outras cosmovisões, que admitiria a existência de muitos deuses, etc. Esse sim seria o verdadeiro/real inspirado em Jesus, e um outro que seria
b) um cristinianismo fake, desobediente de JC, composto por "falsos cristãos" que coincidentemente têm protagonizado inúmeras violências coloniais.
A opção a é imaginária, uma conjectura histórica, já a B é a real, concreta.
Mesmo assim, séculos depois, é na opção A que o discurso hegemônico circula.
Quando se acredita que um sistema é bom, que apenas precisa ser melhor aplicado, desloca-se toda a responsabilidade para a prática, como se ela não fosse guiada por uma ideologia.
Não existe descolonização sem descristianização. - 
@genipapos

Assista a live completa "Descatequizar para descolonizar" com Geni Núñez em meu canal no Youtube - https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I&t=2152s