"Segundo a tradição
cristã, todas as pessoas já chegariam ao mundo pecadoras, herança recebida de
Eva.
Essa dívida teria sido paga por Jesus, que com
seu sangue e sacrifício teria nos comprado.
Ao quitar essa dívida, melhor dizendo, ao
renegociá-la, instaura-se uma outra ainda maior, agora com aquele que pagou o
débito anterior. Essa quitação não vem de graça, pelo contrário. Uma vez
comprados, teríamos perdido o direito a nós mesmos, (já não sois propriedade de
si mesmos; fostes comprados e pagos, I Corintios 6:19). Esse amor incondicional
é, paradoxalmente, o que mais coloca condições.
No cristianismo, o amor ao pecador, é um amor de
transição. No trajeto em que deixa de ser pecadora e se arrepende é que a
pessoa é amada.
Nessa etapa se usa uma pedagogia em duas vias:
promessas de coisas massa que acontecerão se o pecador se arrepender e ameaças
do que acontecerá caso não se arrependa.
Há duas grandes categorias de pecado: os que não
são para a morte (menos graves) e os pecados mortais, estes imperdoáveis.
"A blasfêmia contra o Espírito são será perdoada, nem neste século nem no
futuro" (Mateus, 12:31). Se o principal mandamento do cristianismo é amar
a esse deus sobre todas as coisas, o simples fato de nele não crer já é uma
blasfêmia.
É uma ideologia que demoniza todos que nela não
creem.
Esse deus ama o pecador (que se arrepende), é
sobre conversão, cura do que não é doença.
A partir do momento que o pecador se afirma
reincidindo em seu pecado grave, ele deixa de ser amado e passa a ser odiado,
condenado ao inferno. Na lista de quem não entraria no céu, essa moral equipara
ser um assassino com ser adúltero, ser assassino com se prostituir.
É por isso que, como nos ensina Nietzsche,
precisamos transvalorar os valores. Antes de cumpri-los ou não, questionarmos
sua base ética.
Aceitar o perdão antes dos perguntarmos sobre o
que de fato estamos devendo é uma armadilha.
Me recuso a ser perdoada pelo que não fiz de
errado, pois aceitar esse perdão seria assumir como verdade aquilo que não
pactuo.
Se o batismo limpa os pecados, o desbatismo nos
limpa da culpa inventada."
Autora: Geni Núñez - @genipapos
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