Posto foto de um livro...
comenta que tem outro do mesmo autor – como se eu não soubesse.
Posto foto de três livros
de uma coleção... comenta que faltou um volume da coleção – como se eu não
soubesse.
Faço vídeo lendo um
trecho de um livro... comenta que o autor não era isso, mas era aquilo, que
precisa esclarecer... como se eu não soubesse, como se eu tivesse dito o
contrário.
Usa intimidade para
faltar com o respeito, aproveita relacionamento pessoal para me dar aula sobre
o que não pedi explicação, tentando me convencer de algo que já sei, pois sou
formada na área – mas isso é ignorado.
Sim, sou tratada como
criança, como ignorante em assuntos de minha formação específica, com a
justificativa de que me conhecem, de que me são próximos, familiares.
Cercada de palestrinhas,
tento processar o silenciamento, a falta de respeito, de limites, de
reconhecimento. Tento não me abater pelos preconceitos, pelo machismo, pela
misoginia, pelas estruturas de poder que se sobrepõem às relações.
Difícil lidar.
Difícil calar.
É preciso resistir.
Quem tem ouvidos, ouça.
Angela Natel

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