"Muito se fala que
Jesus é amor, mas que amor seria esse?
Não é suficiente falarmos de amor, de bem e de
moral descolados das lógicas que os sustentam.
A ideologia monoteísta cristã é essencialmente
violenta, pois para se provar que ama o suposto único deus verdadeiro, é
preciso que não se possa adorar outros deuses. Aliás, orienta-se que estes
sejam combatidos e odiados, como acontece no racismo religioso.
O deus monoteísta é monogâmico, diz sentir ciúme
e ira quando seu povo adora outros deuses (I Corintios 10,22).
Sim, Jesus é amor, mas amor a quem se converte à
sua ideologia, pois "quem não crer já está condenado ao inferno"
(João 3,18).
É mesmo uma escolha livre ser monoteísta cristão
quando se é proibido, ameaçado e punido o adorar a outros deuses? É a mesma
lógica na monogamia.
Por que os milagres de multiplicação dos pães e
da cura das doenças atingiram poucas pessoas e não toda a humanidade?
Sendo deus onipotente, ele teria condições de
fazê-lo, então por que não fez?
Aí que entra o livre-arbítrio e a culpa. Se
alguém não alcança a cura de suas doenças ou não tem sua fome sanada, é porque
lhe faltou fé.
A lógica capitalista empresta do cristianismo a
meritocracia. Em ambos os sistemas apenas alguns mereciam ter direito à
alimentação, moradia, saúde.
A ideologia cristã condiciona suas bênçãos
apenas a quem a ela se converte (e olhe lá). Por isso mesmo tendo poder para
tal, dentro dessa filosofia, Jesus não acabou com a fome nem com as doenças de
todos, apenas daqueles que se "arrependessem".
A lógica do milagre e da exceção fecha bem com o
vestibular celeste de Cristo: muitos seriam chamados, mas apenas poucos
escolhidos para as disputadas vagas no Reino dos céus.
Nesse sentido, o mundo não precisa de mais amor,
não se for esse amor cristão. Quanto menos desse amor, melhor.
Que o bem viver seja coletivo e o acesso ao
mínimo não seja condicionado a mérito nenhum.
Não temos que pagar uma dívida inventada para
nos causar culpa e auto ódio.
Nem tudo de bom, nem de mal, que nos acontece
merecemos, nem tudo tem um motivo e não há para todas as coisas do mundo um
propósito humanoterraplanista.
Para nos libertarmos da culpa precisamos nos
libertar do mérito."
Autoria: Geni Nuñez - @genipapos – no Instagram
Qual a problemática da
pergunta se Jesus era negro ou não? É possível uma luta anticolonial sob um
sistema monoteísta? As monoculturas servem ao capitalismo? Qual a relação entre
racismo, colonização e cristianização? Culpa, violência e outras questões numa
conversa ao vivo com Geni Nuñez. Ative o lembrete para não perder e venha
conversar conosco.
01/09 às 19h –
Descatequizar para Descolonizar – Geni Nuñez: https://www.youtube.com/watch?v=mhtXVH-kO3I


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