quarta-feira, 8 de junho de 2022

Sonho

 


Sonho um dia em que eu consiga me aposentar de dar explicações.
Pessoas que me vêem usando uma camiseta que demonizam, que viram uma postagem minha nas redes sociais, que me ouviram em algo que acionou o piloto automático da mente condicionada a classificar em determinados estereótipos… Todas essas pessoas que não fazem ideia do que é liberalismo teológico me chamam de liberal. E, por mais que me esforce, permaneço sendo rotulada e posta de lado por quem não se dá ao trabalho de caminhar comigo no dia a dia. Adianta esclarecer?
E ainda há alunos que, por mais malabarismos eu faça, vão entender o que desejam ou estão previamente programados a entender, recusando-se terminantemente a deixar suas contestações na frente e sua maledicência por trás.
Enquanto se propagar que a teologia pessoal é dona da verdade, não tenho como me dobrar à classe religiosa evangélica.
Não me associo a nenhum fundamentalismo, não me fecho numa postura incapaz de aprender e mudar.
Cansei… Triste, percebo minha incapacidade em ensinar quem não deseja aprender. Cansada de dar tantas explicações, fazer tantos esclarecimentos, ainda ando sobre a corda bamba da dependência financeira exatamente por ter decidido não viver um teatro.
Afinal, ninguém pede explicação de quem aparenta seguir as regras (ainda mais quando se trata de um homem) mesmo não as seguindo realmente. O importante é a aparência, a representação.
E porque a aparência é o que mais importa, os mesmos que dizem defender uma mudança interior são os que se contentam em falar de mim com base em uma roupa que visto ou uma postagem nas redes.
Quero aprender a descer do prédio das disputas doutrinárias para desfrutar a vida. Quero, também, não me importar em ser contradita ou demolida em meus argumentos quando há honestidade na conversa pessoal, e não lacrações na internet. A honestidade que abraço não carece de explicação, refutação ou contradição.
Estou no caminho, e à procura de amigos leais.
Quero caminhar e estender a mão a todo o que não barganha amizade.
Oferecerei a mão a quem não trata companheirismo como um jogo de interesses.
Angela Natel


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Sonho

 


Sonho um dia em que eu consiga me aposentar de dar explicações.
Pessoas que me vêem usando uma camiseta que demonizam, que viram uma postagem minha nas redes sociais, que me ouviram em algo que acionou o piloto automático da mente condicionada a classificar em determinados estereótipos… Todas essas pessoas que não fazem ideia do que é liberalismo teológico me chamam de liberal. E, por mais que me esforce, permaneço sendo rotulada e posta de lado por quem não se dá ao trabalho de caminhar comigo no dia a dia. Adianta esclarecer?
E ainda há alunos que, por mais malabarismos eu faça, vão entender o que desejam ou estão previamente programados a entender, recusando-se terminantemente a deixar suas contestações na frente e sua maledicência por trás.
Enquanto se propagar que a teologia pessoal é dona da verdade, não tenho como me dobrar à classe religiosa evangélica.
Não me associo a nenhum fundamentalismo, não me fecho numa postura incapaz de aprender e mudar.
Cansei… Triste, percebo minha incapacidade em ensinar quem não deseja aprender. Cansada de dar tantas explicações, fazer tantos esclarecimentos, ainda ando sobre a corda bamba da dependência financeira exatamente por ter decidido não viver um teatro.
Afinal, ninguém pede explicação de quem aparenta seguir as regras (ainda mais quando se trata de um homem) mesmo não as seguindo realmente. O importante é a aparência, a representação.
E porque a aparência é o que mais importa, os mesmos que dizem defender uma mudança interior são os que se contentam em falar de mim com base em uma roupa que visto ou uma postagem nas redes.
Quero aprender a descer do prédio das disputas doutrinárias para desfrutar a vida. Quero, também, não me importar em ser contradita ou demolida em meus argumentos quando há honestidade na conversa pessoal, e não lacrações na internet. A honestidade que abraço não carece de explicação, refutação ou contradição.
Estou no caminho, e à procura de amigos leais.
Quero caminhar e estender a mão a todo o que não barganha amizade.
Oferecerei a mão a quem não trata companheirismo como um jogo de interesses.
Angela Natel