Sonho um dia em que eu
consiga me aposentar de dar explicações.
Pessoas que me vêem usando uma camiseta que
demonizam, que viram uma postagem minha nas redes sociais, que me ouviram em
algo que acionou o piloto automático da mente condicionada a classificar em
determinados estereótipos… Todas essas pessoas que não fazem ideia do que é liberalismo
teológico me chamam de liberal. E, por mais que me esforce, permaneço sendo
rotulada e posta de lado por quem não se dá ao trabalho de caminhar comigo no
dia a dia. Adianta esclarecer?
E ainda há alunos que, por mais malabarismos eu
faça, vão entender o que desejam ou estão previamente programados a entender,
recusando-se terminantemente a deixar suas contestações na frente e sua
maledicência por trás.
Enquanto se propagar que a teologia pessoal é
dona da verdade, não tenho como me dobrar à classe religiosa evangélica.
Não me associo a nenhum fundamentalismo, não me
fecho numa postura incapaz de aprender e mudar.
Cansei… Triste, percebo minha incapacidade em
ensinar quem não deseja aprender. Cansada de dar tantas explicações, fazer
tantos esclarecimentos, ainda ando sobre a corda bamba da dependência
financeira exatamente por ter decidido não viver um teatro.
Afinal, ninguém pede explicação de quem aparenta
seguir as regras (ainda mais quando se trata de um homem) mesmo não as seguindo
realmente. O importante é a aparência, a representação.
E porque a aparência é o que mais importa, os
mesmos que dizem defender uma mudança interior são os que se contentam em falar
de mim com base em uma roupa que visto ou uma postagem nas redes.
Quero aprender a descer do prédio das disputas
doutrinárias para desfrutar a vida. Quero, também, não me importar em ser
contradita ou demolida em meus argumentos quando há honestidade na conversa
pessoal, e não lacrações na internet. A honestidade que abraço não carece de
explicação, refutação ou contradição.
Estou no caminho, e à procura de amigos leais.
Quero caminhar e estender a mão a todo o que não
barganha amizade.
Oferecerei a mão a quem não trata companheirismo
como um jogo de interesses.
Angela Natel
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